Capítulo 13- Novo mundo
Alexandre ficou pasmo ao saber da notícia pelo amigo, não estava acreditando que havia dormido por oito anos. Já se passava em sua cabeça todos os momentos que perdeu, todas as mudanças que possivelmente aconteceram no mundo, e o mais importante, como que ficou o seu cargo no trabalho que lutou tanto para conquistar.
— Mano, seu rosto tá com um branco azedo, você está bem? Quer que eu chame a enfermeira?— perguntou Rafael, com o semblante sério, mas com um pequeno sorriso de canto de boca.
— É claro que eu não estou bem! Eu dormi tudo isso mesmo? Eu não acredito… devo ter perdido muita coisa…— jogou sua cabeça para trás com força, se deitando no processo, e ficou encarando a lâmpada presa no teto. A máquina ao lado denunciava as mudanças nos batimentos cardíacos do rapaz, acelerando cada vez que ele se alterava — O que foi que eu perdi?
— Bom, deixa eu ver…a Katrina se casou finalmente com o Will, e já espera um filho, ou talvez dois, considerando o tamanho da barriga…— segurou um pouco o riso — ou apenas engordou mesmo — mostrou o seu contentamento em sua face.
— Eu não sabia que a Katy gostava do Will — falou, se levantando novamente e ficando sentado em cima da cama — O que mais eu perdi?
— Eu fui considerado o homem mais bonito do mundo, virei modelo super famoso e estou namorando um dos melhores jogadores do mundo que não quero revelar quem é. É um segredo só nosso, mas tudo que eu posso dizer é que ele é português, sabe… — passou a mão entre os seus fios de cabelo e os prendeu por detrás da orelha.
— Sério mesmo? Que mudança, hein. Você não…— parou de falar quando seu amigo começou a rir sem parar — O que foi? — perguntou confuso.
— Desculpa aí, mano, mas eu não me aguentei. — limpa as lágrimas que escorreram do seu olho direito — Eu não acredito que você estava realmente acreditando nessas histórias — gargalhou mais um pouco mais — Você é muito fácil de enganar.
— Então…nada disso que você falou é verdade? — socou o Rafael quando o mesmo negou com a cabeça, ainda rindo descontroladamente. — Seu babaca! Vai tomar no seu…
— Foi mal aí, Alex. Não podia perder a oportunidade de te trollar assim. — se recompôs.
— Fala a verdade, seu palhaço, por quanto tempo eu fiquei em coma? — perguntou ele, com um semblante mais sério.
— Você ficou dormindo feito a bela adormecida por duas semanas inteiras.
— Por duas semanas? Ainda é muito tempo! — exclamou. Embora tenha se sentido um pouco mais aliviado por não ter sido por oito anos, mas mesmo assim, ainda estava preocupado. — O que foi que aconteceu comigo?
— Eu não sei, Alex. O mundo tem andado tão estranho ultimamente, que eu não sei de mais nada — Ele olha para a barriga do amigo, e retira a faixa presa nela — Viu só? Como que me explica isso?
Alexandre, sem entender o Rafael, olha para a própria barriga, não vendo nada de diferente nela.
— Explicar o que? — pergunta ele confuso.
— Eu soube que você veio pra cá com um oco enorme na barriga, agora tá aí, totalmente curado e sem nenhuma cicatriz — Volta a encarar a face do amigo — Você é um deles?— perguntou sério.
— Deles? Quem?
— Você é um dos humanos modificados?
— Humanos modificados? Como assim?
Rafael olha o jovem sentado na cama mais fixamente, o fitando diretamente no olho.
— Que bom! — suspirou em alívio — Ainda bem que é você mesmo. Deve ter entrado em coma antes de começar a subjugação da raça humana.
— Eu não estou te entendendo, Rafa, o que é que você está dizendo? Subjugação da raça humana? O que é isso?
Rafael respirou fundo, elaborando o que iria dizer ao amigo.
— Presta atenção no que eu vou dizer, Alex. Pode parecer muita maluquice minha, mas é a mais pura verdade! — seu semblante ficou ainda mais sério — Tudo começou há alguns dias atrás, sendo bem provável que tenha começado depois que você ficou nesse estado. Era uma manhã como todas as outras, ou pelo menos é o que eu pensava…
Pov Rafael, duas semanas antes.
Acordei antes do meu despertador para fazer a minha corrida matinal, me sentindo bastante energético para correr. Troco de roupa e calço o meu tênis que eu tanto adorava, por ele ser confortável para correr. Em seguida, prendo o meu cabelo em um rabo de cavalo e me caminho para a cozinha para pegar a minha garrafinha de água para poder sair. Feito isso, escolho uma música para tocar no meu celular, e a conecto no meu fone de ouvido via Bluetooth. Prendo o meu celular no meu suporte de braço e saio para correr em seguida.
Corro livremente pela estrada, sentindo os ventos soprarem em minha face. Eu amava essa sensação de liberdade logo de manhã, me sentia mais leve, mais forte e, definitivamente, mais vivo. Entretanto, dessa vez, senti algo diferente, algo que eu não sei explicar o que é, mas sei que alguma coisa havia mudado. O clima naquela manhã estava mais pesado, mais denso, sentia uma energia ruim pairando no ar, tanto, que eu até tive que parar para tomar um fôlego. Eu mal tinha começado a correr e já estava todo suado.
Depois de alguns minutos tomando um fôlego, eu voltei a correr, porém, correndo em ritmo mais lento para não me cansar tão cedo novamente.
Eu estava atravessando um parque, e uma cena em um canto mais afastado de onde eu estava, perto das árvores do lugar, me chamou atenção. Um homem, aparentemente um morador de rua pela vestimenta, estava levantando uma árvore e a com as próprias mãos como se fosse um simples graveto. Eu fiquei curioso por achar que aquilo se tratava de um treinamento para algum show que iria rolar, então decidi me aproximar para poder ver melhor. Péssima ideia. Assim que me viu, percebi um sorriso maldoso e um olhar ameaçador vindo de sua face. Ele agarrou uma árvore ao lado e a puxou até arrancá-la do chão, a erguendo por cima de sua cabeça. Deu outro sorriso tenebroso que fez emitir um "alerta de perigo" por todo o meu corpo, que antes que eu percebesse, já estava correndo dali. Percebendo a minha intenção de fugir, o homem arremessou a árvore com a intenção de me acertar, por pouco eu consegui me esquivar da árvore e escapar daquele parque.
Saindo dali, mais coisas bizarras estavam acontecendo. Em um instante, um vento forte começou a soprar por toda a cidade, seguida por chuvas pesadas e raios e trovões que caiam nas casas e automóveis sem aviso. Eu tentei correr o mais rápido que eu podia, mas o vento que estava soprando contra mim, me impedia disso, me tornando mais lento. Um raio tentou me atingir, como se estivesse vivo, porém, outro vento que me empurrou na direção contrária me ajudou a escapar, me fazendo voar para bem longe daquele lugar.
O encontro dos ventos se tornou um grande furacão, me fazendo voar em círculos sem controle. O desespero e um forte enjoo tomaram conta do meu corpo, fora o medo e a confusão que rondavam a minha cabeça. O meu celular foi jogado para longe, depois que desprendeu do meu braço, e o objeto que prendia o meu cabelo, se perdeu com o vento que acabou soltando e libertando os fios do meu cabelo que dançavam no ar.
Pouco a pouco, minha respiração estava se acabando, pela falta de oxigênio que conseguia entrar em meus pulmões. Estava me sufocando, perdendo a consciência…morrendo. Esse era para ser o meu fim, o fim da minha jornada, o fim da minha vida, o fim…de tudo.
De repente, eu estava de volta em casa, com as roupas encharcadas e o cabelo todo desgrenhado. Não sabia como, e nem o que havia ocorrido, mas eu dou graças a Deus por ainda estar vivo. Fecho a porta e corro para o meu quarto para fechar as janelas, que me lembrei que havia deixado elas abertas, porque o tempo ainda estava tempestuoso.
Fechei as janelas e sentei na minha cama. Peguei o controle remoto da Televisão na cômoda ao lado, ligando ela, e coloco nos noticiários. Precisava saber sobre a situação da cidade, devia tá passando alguma coisa que falava sobre isso na televisão.
TV on
… repito, notícias urgentes!!! Toda a Grécia está em caos. O estranho surgimento de terremotos tem deixado os moradores preocupados. As escalas apontam que Terremotos de magnitude acima de 9 têm sido mais frequentes. O céu que estava previsto para estar ensolarado, está completamente cinzento com nuvens de chuva a cobrindo…eu estou recebendo notícias que as marés estão subindo mais que o previsto, deixando alguns edifícios submersos. Os meteorologistas não conseguem explicar a súbita mudança climática, que está ocorrendo no mundo inteiro,
*uma explosão podia-se ser ouvida no fundo, fazendo a repórter se virar assustada*
… um posto de gasolina acabou de explodir após ser atingido por um raio. O tempo está uma loucura aqui, é recomendável que… aaaargh!
*O sinal é cortado*
— Tivemos um problema técnico. Logo… — dizia um jornalista, antes de eu trocar de canal.
… estamos recebendo vários relatos de pessoas que afirmam ter visto conhecidos usarem superpoderes fora do comum. Alguns dizem que viram pessoas voando, outros dizem que viram gigantes andando e sumindo no horizonte…
— Socorro,Socorro!!! — apareceu um homem de meia idade atrás do jornalista — Me ajude! Eu vi… eu vi…!
— Senhor, o que o senhor viu?
— Os alienígenas!!! Eles estão entre nós!!! — o desespero se tornou alegria no rosto do velho homem — Eu avisei!!!Não estava ficando louco...! — saiu correndo e pulando de felicidade.
— Testemunhos como esse, estão se tornando cada vez mais frequentes. De um dia para o outro, a pacata cidade de Nova Gallifrey, se tornou o centro do maior cataclismo que esse mundo já viu. Ainda não se sabe o que motivou essas estranhas mudanças. Teorias apontam que o contínuo descarregamento de produtos tóxicos nas represas, têm contaminado a água e as pessoas que a bebem, causando as alucinações e as paranóias no povo local.
*Mudei novamente de canal*
... humanos modificados, como estão sendo chamados aqueles que receberam poderes durante a noite, estão sendo contidos pelas forças militares. O exército foi convocado para ajudar os policiais a conter a situação que está totalmente fora de controle. Eles estão equipados com armamentos pesados e estão autorizados a usar se necessário…
*Alguém falou alguma coisa no ponto eletrônico que o repórter estava usando*
…eu acabei de saber que alguns dos humanos modificados se renderam, e estão sendo levados para algum lugar que eles mantém guardado a sete chaves.
As pessoas estão entrando em pânico, vizinhos matando vizinhos, amigos matando amigos, as ruas não são mais seguras. Fiquem em casa e se escondam até que essa situação esteja controlada.
TV off
Os dias que passaram foram devastadores. Muitas mortes ocorreram depois disso. Tínhamos medo de sair na rua e o pior, medo dos vizinhos mais próximos ou de nós mesmos.
O exército marchava diariamente nas ruas e até invadiam as casas em busca daqueles que estavam "infectados", e os levavam para algum lugar que eu desconheço. Mas como era esperado, muitos desses humanos modificados revidaram, causando caos e catástrofe por onde passavam.
Tudo isso mudou há cerca de quatro dias atrás, quando algo enorme apareceu no céu cobrindo todo ele. Se revelou sendo um aglomerado de terra voadora, maior que uma montanha normal. Parecia haver alguma coisa em cima dessa terra, mas eu não conseguia enxergar o que era por estar acima das nuvens. Eu fiquei pasmo com aquela coisa, mas por alguma razão que desconheço, me parecia familiar, como se eu já tivesse visto aquilo antes. Ele continuou fazendo a sua viagem, escurecendo os lugares por onde passava, até eu perdê-lo de vista por medo de sair na rua.
Tomei um susto quando a televisão ligou sem aviso, mesmo eu tendo a desligado. Procurei o controle e ele estava no mesmo lugar que eu havia deixado. Confesso que achei aquilo estranho. Peguei o objeto e apertei para desligar a televisão, mas não estava funcionando, ela não desligava, então eu optei por desligá-la pelo botão da TV mesmo, entretanto também não ia. Na terceira tentativa, uma energia estática percorreu o meu dedo me dando um choque de leve, fazendo-me afastar da televisão. Determinado, eu ia puxar o fio da TV para desligá-la à força, mas uma imagem que apareceu na tela, me chamou atenção, me fazendo sentar para assistir.
Um homem com os cabelos e barba grisalhos, e o corpo todo trincado de causar inveja nos mais jovens, e um olhar que brilhava de tão intenso, provavelmente refletia alguma luz no local, e sua vestimenta…bom, não sei o que era aquilo que ele vestia, mas até que gostei. Ele apareceu todo imponente com outras pessoas atrás com vestimenta parecida e alguns usavam até armaduras com alguns objetos em mãos.
Na televisão
Humanos tolos! Como ousaram se esquecer de quem são os seus Deuses? Ainda tiveram a petulância de procriarem e se auto declararem que são os soberanos do mundo. Isso é inaceitável!!! Os seus deuses estão de volta! E não será tolerado qualquer tipo de rebelião ou rebeldia.
* Seus olhos pareciam mais intensos e acima de sua cabeça, os raios riscavam o céu mais enlouquecidos.*
Mas…podem tentar se quiserem.
* Sua face encontra-se um sorriso debochado*
Contudo, para os tolos que ousarem se opor a nós, não teremos misericórdia! Morrerão como os ratos que são! E está na hora de tomarmos o que é nosso!
Eu sou Zeus!Deus dos Deuses, e soberano de todo o universo. Se curvem e rezem para o seu Deus!
*Podia-se ser ouvido os barulhos dos trovões a distância, antes da imagem sair fora do ar*
Pov Rafael, presente
— Um dia depois, o exército se juntou com algumas pessoas locais e juntos, tentaram atacar a morada onde os considerados "os novos deuses do mundo" estavam. Não tiveram nem chance. Mesmo usando todos os armamentos que tinham, tanques de guerra e aviões de caça, não chegaram nem perto de encostar um dedo neles — respirei fundo — Só para mostrar um pouco dos seus reais poderes, eles devastaram um país inteiro os afundando no fundo do oceano, e outro, engolindo em mares de chamas. O nosso país, assim como todos os outros, se renderam perante eles — respirei fundo novamente, e encarei os olhos incrédulos do Alex — Agora estamos nessa situação, sem termos escapatória.
— Então…o mundo foi…
— Dominado por eles. — completei a frase dele — Agora temos que rezar para eles, e inclusive, colocar adorações em seus templos que foram construídos em homenagem a eles. O mundo já não é o mesmo, Alex, você vai ver assim que sair daqui.
— E o que aconteceu com os nossos amigos? O que aconteceu com a Katy e o…Will? — ele parecia pensar sobre o assunto, e ao que parece, a sua cabeça começou a doer.
— Eu procurei por eles, mas eu não os encontrei — lembrar disso me faz ficar triste, o que estava visível no meu semblante — Espero que eles estejam bem, até a chata da Katrina.
— Eu também espero.
— Vejo que você acordou. — entrou um médico no quarto — Deixa eu ver…— começou a analisar o aparelho que media os batimentos cardíacos do Alex e depois passou a avaliar ele — Os seus sinais vitais estão bem, assim como o resto — ele me encarou e depois voltou a sua atenção para o Alexandre — Não vejo motivos para te mantermos mais tempo aqui.
— Ele já pode ir, doutor? — perguntei ansioso.
— Sim, o seu amigo já pode ter alta — falou o médico, se dirigindo para sair do quarto, mas sem antes parar por uns instantes — Garotos, tomem cuidado lá fora. Não esqueçam de agradecer aos Deuses por ainda permanecerem vivos. — disse por fim, antes de sair.
Eu não disse nada, apenas ajudei o Alexandre a se levantar dali para podermos irmos embora o quanto antes.
— Saiba que lá fora o babado está fortíssimo — falei para o Alex, assim que o mesmo terminou de se trocar — O mundo já não é mais o mesmo, amigo, esteja preparado para tudo.
Assim que eu percebi que ele tinha entendido, pegamos o elevador e saímos daquele hospital. Será que ele ficará bem? Tenho medo de como ele possa reagir a esse novo mundo.
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