Capítulo 12- O Começo do despertar
Pov Katrina
Eu não acredito que estragou o meu vestido novo! Tudo por culpa daquele babaca do Rafael que me empurrou na piscina. Que ódio daquele idiota! Ainda bem que o Will não estava lá para ver a cena, porque seria bastante vergonhoso se ele tivesse visto. Não que eu me importe com o que ele pensa de mim, não é nada disso que está pensando, só me incomodaria que mais pessoas vissem eu me afogando daquele jeito, pois sim, eu não sei nadar, e se afogar em uma piscina, é um mico e tanto.
Termino de me banhar e começo a me enxaguar. Pego a toalha e o envolvo em volta do meu corpo prendendo-o no meu busto. Dou uma rápida secada em meus cachos com uma outra toalha que deixei pendurada no box do banheiro embora eles não estivessem molhados, e caminho para pôr o meu amado pijama que havia separado mais cedo em cima da minha cama. Assim que terminei de me vestir, pego o meu celular, e me jogo em cima da minha cama. Verifiquei as minhas mensagens no WhatsApp, mas não tinha nenhuma importante que merecesse a minha atenção. Havia somente mensagens de homens chatos que se jogavam para cima de mim. Não posso culpá-los, não é? Afinal, quem é que resistiria a uma morena como eu? Sou gata demais! Embora, no momento,eu não estava afim de me amarrar a ninguém…ninguém em particular. Eu só quero curtir a vida, apenas isso.
Olhei as notificações nas minhas redes sociais e elas estavam bombando. As fotos que eu havia tirado na festa chegaram a mais de 80 mil curtidas. Muitas pessoas estavam me invejando, sinal que eu estava um arraso. Muitas delas comentaram sobre a festa, e tirando alguns haters, todas foram positivas. Alguns elogiaram o tema, outros a escolha do DJ, o lugar, e é claro, a maioria, eu. Recebi vários convites de pessoas pedindo que eu organizasse as festas delas, muitas dessas pessoas eram pessoas famosas.
Não respondi ninguém, apenas desliguei o aparelho e me deitei para dormir. Estava precisando do meu sono de beleza, e algo me dizia, que amanhã o dia vai ser puxado. No momento em que fechei os meus olhos, senti um desconforto na minha barriga que me avisava que eu ainda não tinha jantado.
— Que merda! Não dá pra te enganar com apenas folhas, não é mesmo? — discutia com o meu estômago, me forçando a levantar da cama e me encaminhar para a cozinha em busca de alguma coisa para preenchê-lo. — Só porque eu quero me manter em forma, você decide se manifestar? — Abro o armário e começo a procurar o pote de biscoito que eu sempre mantinha guardado em casos de emergência como esse, e assim que o encontro, o coloco sobre a mesa, enquanto eu abro a geladeira e pego uma jarra de suco de laranja, despejando o conteúdo dentro de um copo de vidro vazio que estava em cima da pia — somente três e já basta por hoje, entendeu? Porque senão, daqui a pouco eu viro uma baleia.
Caminho de volta para o meu quarto assim que termino de me alimentar. Eu já estava bochechando, pois o cansaço e o sono já haviam tomado o meu corpo. Encosto a porta assim que entro, e me direciono para a minha cama, porém, a janela que se abre com um forte soprar do vento chama a minha atenção. Vou até ela no intuito de fechá-la, mas sem sucesso, ela estava emperrada. Teimosa como sou, me esforço mais uma vez, entretanto, paro para observar o Céu noturno que é preenchido por brilhosas luzes vermelhas como uma aurora boreal. Eu fiquei admirada com esse evento misterioso, mas quando penso em pegar o meu celular para filmar, sou surpreendida por um facho de luz que direciona em minha direção, me atingindo e me fazendo cair no carpete do quarto. Meu corpo começou a queimar em consequência, uma queimação que atinge todo o meu interior, embora o exterior estivesse normal,e à medida que ela aumentava,a minha consciência diminuia, e uma outra crescia tentando tomar o meu lugar. Eu já não estava mais no controle das minhas ações, era coadjuvante do meu próprio corpo, e por estranho que pareça, eu estava em paz com isso.
— Está tudo bem, eu assumo daqui! — Foi a última coisa que eu escutei antes de perder totalmente a minha consciência.
Pov Narrador
O corpo de Katrina pairava no ar, emitindo um forte lampejo de coloração alaranjada que iluminava o quarto inteiro. As suas roupas rasgavam, a deixando exposta pelo súbito crescimento que seu corpo sofria, a tornando mais alta e mais robusta, ganhando também alguns músculos em seus braços finos e engrossando ainda mais as suas pernas torneadas. Preenchendo o seu corpo nu, um manto branco surgiu em seu corpo, seguida por uma armadura de guerra dourada que a protegia, junto com um capacete imperial espartano de mesma cor cobrindo a sua cabeça. Uma lança afiada apareceu em sua mão direita, e um escudo grande e dourado surgiu em sua mão esquerda.
Após se transformar, a luz cessou-se, revelando uma bela Deusa guerreira. Ela se encarava através do reflexo do escudo, e logo deduziu o que estava acontecendo, sem precisar que ninguém revelasse para ela o ocorrido.
— Zeus! — sem dizer mais nenhuma palavra, ela se transformou em um mocho-galego de plumagem de cor variadas, um castanho com manchas brancas e voou através da janela aberta.
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As misteriosas luzes vermelhas que paravam no céu noturno, invadiam os lares de todos que tinham os genes específicos de seus ancestrais que um dia foram Deuses, unificando-se com eles e os despertando de seus sono.
Aqueles que tinham o sangue das divindades correndo em suas veias, transformaram em semideuses e ganharam poderes divinos além de suas imaginações, mesmo eles não tendo ideia disso ainda.
Para aqueles que dormem tranquilamente em suas camas, à noite segue silenciosa e calma, com os pensamentos de mais um dia comprido, mas para aqueles que vivem a vida noturna, já perceberam as mudanças no ambiente, e podiam sentir, que coisas terríveis estavam chegando para agitar a pequena cidade pacata.
Enquanto isso, em um porão…
— Há, há, há, há…,isso! Sinto o meu poder crescendo! — disse Zeus, se vangloriando pela sua conquista, mostrando raios azuis de suas mãos. — Tá na hora de conquistar o que é meu! — Nesse momento, um raio poderoso veio de encontro dele, atravessando o teto acima, e o atingindo em cheio. — Há,Há,Há,Há… — seu corpo jovial começou a amadurecer, transformando-se de um corpo magro e fraco, para um bem definido com os seus músculos em destaque. Seus cabelos antes bagunçados, ficaram mais compridos e grisalhos, junto com uma barba longa de mesma cor. Agora um homem maduro estava ali presente, ou melhor dizendo, um Deus que retornou ao seu ápice. — Agora sim, eu estou de volta! — ele lança um olhar mortal em direção ao jovem debilitado por perda de sangue — Eu poderia te matar agora com facilidade…— levanta o pescoço do Alexandre — mas eu disse que não mataria você…agradeça o seu amigo por isso… ou não! Eu disse que você não morreria pelas minhas mãos, mas pelo estado que está, eu duvido que vai sobreviver se continuar perdendo sangue desse jeito, há, há, há! Pobrezinho, como os humanos são tão frágeis? Eu vou te dar misericórdia e ajudá-lo a partir mais rápido para que pare de sofrer. — seu olhar brilhou intensamente, e com um simples assobio, um grande abutre veio voando pelo buraco do teto e pousou nos braços de Zeus — eu vou deixar uma amiga para lhe fazer companhia.
Assim que o Deus do Olimpo desapareceu em meio a um trovão, a ave voou para mais perto do corpo ferido do Alexandre, e sem demora, começou a bicar o seu corpo ensanguentado até abrir um buraco nele e começou a devorar o seu intestino.
O Alex mal tinha forças para falar, muito menos para espantar aquela ave que se alimentava dele, só conseguia ficar parado sentindo as dores de ser devorado vivo. Ele já não tinha mais esperanças de sair vivo daquele lugar, só rezava, em pensamentos, para que o abutre terminasse logo o serviço para que ele pudesse se encontrar com a mãe no pós vida. Com muito esforço, encarava o céu tempestuoso, imaginando a sua partida para lá. Depois de abrir os olhos lentamente após piscar, repara em uma ave se aproximando, o que achou ser uma pequena coruja, e com o piscar novamente de seus olhos, uma mulher alta de armadura dourada estava parada em sua frente, e na ponta de sua lança, estava a cabeça do animal que o devorava.
— Eu sei que Zeus esteve aqui. Posso sentir a energia dele no ar…— ela repara no jovem ensanguentado em sua frente, e nos sinais que estavam no chão em volta do corpo dele. — Entendi, você deve ser a chave para tudo isso… Que destino cruel, jovem humano — ela estava prestes a virar de costas e sair dali, mas um cheiro vindo do corpo do Alexandre, chamou a sua atenção — Não pode ser…Você não é…não, é impossível! — olhou mais atentamente pro rapaz — Você é um humano de sorte? Não, é algo mais. Você não pode morrer aqui, e não vai. Eu vou te salvar, não se preocupe, eu manterei você salvo.
O Alexandre não conseguia ouvir nada do que a Deusa falava, pois a sua audição estava muito prejudicada, e suas forças para se manter acordado, chegaste ao seu limite.
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Sentindo sua cabeça doer, o Alexandre se levanta devagarinho ainda com os olhos fechados.
— Ai que dor de cabeça… — ele abre os olhos e encontra o Rafael dormindo em uma cadeira ao seu lado — O que foi que aconteceu? Onde estou? — perguntou ao amigo, reparando que não estava em seu quarto. Com as cortinas azuis claros e a máquina que media os seus batimentos cardíacos ao lado de sua cama, deduziu estar em um quarto de hospital.
— Que bom, Alex, finalmente você acordou — sorriu ao ver ele acordado, dando-lhe um abraço tão forte que o deixou com falta de ar — Desculpe! — voltou a sentar em seu assento.
— O que foi que aconteceu? Porquê que eu estou aqui? O que é isso na minha barriga? — reparou que a sua barriga estava toda enrolada com faixas brancas.
— Do que se lembra, Alex? Sabe quem fez isso com você? — apontou para a barriga do amigo.
— Ai. Não — sua cabeça começa a doer. Ele tenta se lembrar do ocorrido, mas isso forçava as dores em sua cabeça — Não consigo me lembrar de nada, só de… — uma imagem aparece como em um flash — me lembro de alguém com olhos brilhantes, mas não sei quem é… O que houve comigo?
— Eu não sei. Recebi uma ligação de alguém misterioso que não queria se identificar, falando que você estava internado aqui em estado grave — Seus olhos fitam os do amigo, demonstrando tristeza e preocupação — Eu vim o mais rápido que eu pude. Cheguei aqui e você estava nesse estado, não querendo acordar — ele volta a encarar as feridas na barriga do Alexandre — Os médicos não conseguiram explicar o que houve com você, falaram que você devia ter sofrido ataque de algum animal, e teria sorte se conseguisse sair vivo dessa.
Querendo animar o Rafael após ver sua cara abatida, o Alexandre abre um sorriso e fala da maneira mais calma e brincalhona possível.
— Calma aí, mano, eu não morri, não é mesmo? — sua face demonstra um sorriso sincero — tô aqui, vivinho da silva. Não pense que eu tô morto só porque eu dormi por um dia — da forma mais carinhosa, dá um tapinha nas costas do amigo. Rafael, entretanto, o olha como se escondesse alguma coisa — O que foi? O que você não está me contando?
Sabendo que não conseguiria esconder a verdade por muito tempo do jovem na cama, o Rafael decide revelar a real situação.
— Alex… a verdade é que…— fez uma pausa, como se procurasse a melhor forma de dizer o que queria — a verdade é que você não dormiu por apenas um dia…— fez outra pausa, reparando na mudança na face do amigo.
— Por quanto tempo eu fiquei em coma, Rafael? — Perguntou, impaciente.
— Alex, você ficou em coma por… oito anos! — revelou.
— O que…?— disse por fim, em choque com o que acabou de saber.
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ΩNotas do autorΩ
Haters: termo usado para as pessoas que postam críticas negativas na Internet sem fundamentos, só por diversão.
Mocho-galego: ave de rapina noturna de pequeno porte. (Uma pequena coruja)
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