PRÓLOGO - ALEXANDRE
14 anos antes de conhecer Helen.
Final de Novembro.
Vejo meu pai mais uma vez cuidando do gado e meu irmão correndo feito louco atrás de um dos cavalos, Rick, um dos mais antigos animais da fazenda, acho que está aqui desde quando mudamos.
A vida aqui não é agitada, exceto claro, quando meu irmão resolve aprontar.
Estou vindo da faculdade onde acabo de me inscrever, serei um veterinário em breve se assim passar nessa prova que acabei de fazer.
— Alex. — Meu irmão grita e vem feito um foguete em minha direção. — Porque demorou tanto para chegar?
— Já está querendo que eu faça seu trabalho, não é? — lhe dou um abraço.
Jake, é cinco anos mais novo que eu, portanto está com 13 agora, e detesta a tranquilidade que vivemos, meus pais não entendem, mas compreendo já que nessa idade eu também vivia no mundo da fantasia. Não que eu seja velho agora, mas meu pai sempre me colocou como segundo homem da casa e na sua ausência eu que cuido de tudo.
— Cara, você precisa me explicar como segurar o Rick, ele é uma praga.
— Ele não é nada disso. — digo revirando os olhos. — Você que fica o espantando com essa cara feia.
— Acho que ele gosta se cara feia, está acostumado com a sua. — diz e sai correndo.
— Se você fosse menos idiota e infantil já teria pegado o Rick. — Vou até onde está os cavalos e chamo, Rick, seguido de um assobio. — Viu só?! — Ergo a sobrancelha de forma arrogante para meu irmão, mas ele mereceu.
Rick, que estava do outro lado, fugindo, e rapidamente veio em minha direção, parando a minha frente.
— Isso mesmo garoto. Olha como é inteligente. Que esperto. — digo acariciando sua cabeça.
— Esperto nada, é um cavalo idiota, eu tinha comida e ele não veio buscar. — Rick, relincha e dou risada. — Vai ficar sem, seu cavalo idiota. — Mostra a maçã. Fruta predileta de Rick.
Apenas provocando meu irmão, estalo a língua e Rick, vai em direção a mão dele para pegar. Jake se espanta e xinga.
— Ele achou que estava oferecendo, maninho. — digo acariciando a cabeça de Rick e rindo. — Vem garoto tem uma cesta cheia de maçãs para você na cozinha.
— Como faz isso? — pergunta, Jake, mordendo a maçã que salvou.
— Vamos prender o Rick, com os outros e conversamos J.
Meu irmão me vê como um super-herói, assim como eu via meu pai, e tem vontade de aprender, apesar de não ser apaixonado pela natureza como eu. Só que papai está cada dia mais impaciente.
— Jake!!! — Papai, grita de onde está e encolhemos os ombros.
— Eu falo com ele, mano. — digo lhe entregando as rédeas de Rick. — Garotão, comporte-se e te levo para dar uma volta lá na campina. — finjo segredo. — Tem um monte de grama fresquinha lá. — Rick relincha e lhe faço carinho. — Gostou, não é? — Papai grita mais uma vez e meu irmão sai.
Vou para onde papai está e lhe dou um abraço forte, por detrás.
— Não vem me bajular seu sapeca. — vira e me olha. — Filho, achei que era seu irmão, onde ele está? — Olha em volta e me olha novamente sorrindo. — Não te vi chegar, como foi sua prova? — Abre um sorriso e deixa a ferramenta de lado. — Já disse que me orgulho de você?
— Ele foi levar, Rick, para o estábulo. — Lhe dou um beijo na testa. — Não sei o resultado ainda, só acho que me dei bem.
— Estou certo que sim. Você é inteligente, vai passar. — Me dá um soco no ombro. — Pede para seu irmão vir fazer o trabalho dele. Está me enrolando.
— Eu faço pai, o que era?
— Não. — Me impede de tirar a camiseta. — Filho... — Suspira e fecha os olhos. — Você é responsável, é meu orgulho, e sei que está cuidando do seu irmão, mas preciso que entenda que protegê-lo, não vai torná-lo um homem maduro.
Olho para ele e meu peito de enche de orgulho também. Ele é um pai e tanto.
— Alex, você será o responsável quando eu morrer. — Vou falar, ele me impede, erguendo a mão. — Vai demorar eu sei, mas se caso ocorrer antes da data que eu agendei. — diz com um sorriso largo. — Preciso que me ajude a criar um homem de verdade, filho.
— Entendi, pai. — Lhe dou um sorriso também. — Vou chamá-lo.
Quando eu tinha sete anos, meu pai teve um ataque cardíaco leve e ficou internado um tempo, quando voltou eu estava aflito e ele me encarou com um sorriso frouxo e me disse que estava bem, depois de uns dias, já recuperado, ele me chamou a campina e sentamos em baixo de uma macieira.
Papai, me deu um papel sorrindo, olhei para ele e ele disse apenas: leia.
Estava escrito que eu não me preocupasse, pois, ele estaria comigo todo o tempo, na minha adolescência, formatura e casamento.
Por isso disse isso com relação não morrer agora.
Meses mais tarde
— Passei!!!! — Dou um grito e começo pular feito louco ao ver a nota e meu nome na tela do computador. — Passei, mano.
— Caramba, sério? — Ele levanta da cama e tira o fone de ouvido. — Lê, você é o melhor. — Me abraça forte.
— Vou falar para o papai. — digo contente e saio do quarto correndo para ir até o escritório do lado de fora. — Mãe, mãe. — Desço correndo a escada e vejo minha mãe na sala.
Assim que entro vejo meu pai do outro lado da sala na lareira.
— Que bom que está aqui papai. — paro no meio da sala. — Passei na faculdade. Passei pai. Passei mãe.
— Esse é meu garoto. — Papai vem me abraçar. — Vou explodir de orgulho.
— Querido, você não pode explodir agora. — diz minha mãe puxando-o para me abraçar também. — Amor, eu sabia que iria passar. — Segura meu rosto e me beija, com os olhos mareados.
— Nem acredito nisso. — Beijo meus pais, ainda sem acreditar.
— Filho você é inteligente, eu disse. — Papai diz e abraça minha mãe. — Fizemos um trabalho perfeito, não é? Dois homens perfeitos.
— Ou três, né?! — Mamãe diz sem graça e fico perdido.
— Querida! — Papai a beija e chama meu irmão que logo desce. — Meninos, talvez logo teremos um outro menino pela casa. — Olhamos um para o outro. Ainda mais surpresos.
Dois meses mais tarde...
Meu celular toca no meio da aula e levo um susto.
São quase dez da noite e minha mãe nunca me liga tão cedo. Mesmo estando apenas no início do ano letivo ela sabe que saio às onze.
Atendo e minha mãe está aos prantos, pior, não consigo entender muita coisa só... pai... ataque... hospital.
Minha mente logo se desperta e levanto arrumando minhas coisas em desespero, enquanto, falo com ela.
EU — Qual hospital mãe? Mãe??? — meu professor olha para mim, mas não me importo. — Mãe, droga fala comigo.
JAKE — Lê, corre aqui, a mãe desmaiou e papai não sei onde está!
EU — Onde você estava?
JAKE — Na casa da Larissa, quando entrei ela estava falando e chorando e então caiu aqui. — diz agoniado e sei que está assustado.
EU — Chego em cinco minutos, papai está no hospital, pelo que entendi.
JAKE — O quê? Como?
EU — Não sei. Mamãe estava alterada. Falei para não sair, caramba! — acabo gritando e entro no carro. — Chama a ambulância, para mamãe, agora. — Desligo e saio feito louco.
Cinco minutos e estou em casa, nem desligo o carro, e saio correndo.
— Como ela está? — Mamãe está chorando e já voltou do desmaio, está abraçada a Jake que também está assustado.
Concentre-se, Alexandre, concentra... Mamãe está bem e papai confia em mim. — repito para mim e me controlo.
— Meu amor. — mamãe sai dos braços do meu irmão e me encara. — Viu seu pai?
— Não mãe, vim direto para cá. — Beijo sua testa, enquanto, ela continua chorando. — A senhora está bem?
— Seu pai está morrendo, amor, precisa ir vê-lo, por favor, vai lá.
— Ele não vai morrer, mamãe, não vai. — limpo seus olhos, preocupado com sua gestação que já é de alto risco. — Fica tranquila ele vai estar aqui logo. — tento passar firmeza, mas não faço ideia de como ele está. — Jake, vai estar com a senhora, tá bom, volto assim que der mamãe. — Beijo sua testa, e ela se encolhe nos braços do Jake. — Cuida dela.
Ele também está tentando ser forte mesmo com olhos mareados faz que sim e consola minha mãe.
Novamente entro em meu carro e vou acelerado para o hospital.
Estou angustiado, sei que não tenho mais 7 anos para acreditar no que meu pai escreveu, mas lá no fundo, minha mente quer acreditar que ele poderia estar certo. Chego ao único pronto socorro da região e vou até a recepção.
— Senhor, Jean Rangel, por favor.
— Calma, menino, seu pai vai ficar bem. — Ouço a doutora, Karine, médica que faz o acompanhamento dele, e viro para vê-la.
— Como ele está? — Vou até ela.
— Primeiro, se acalma. — diz séria me encarando e tira a mascara. — O estado do seu pai é delicado, menino, vamos precisar colocar marca passo, não tem jeito. — Fecho os olhos com força. — Alexandre, é para o bem dele, ele perdeu o fôlego quase por completo desta vez, seu coração não está mais com antes, precisa convencê-lo. — Segura minha mão. — Vou te deixar um instante com ele.
Ela me guia até o quarto, onde meu pai está, com o aparelho de oxigênio sobre o rosto e vários fios medindo seus batimentos.
— Filhão, o que faz aqui? Não deveria estar estudando? — diz baixo e tenta sorrir.
— Pai, precisamos conversar. — digo sério e sento ao seu lado. — O senhor precisa aceitar a cirurgia. — Ele se mexe e o impeço. — Escuta papai, o senhor sabe que te amamos e que precisamos do senhor, mamãe está grávida e como vai criar outra criança se não se cuidar? — digo, sério demais para quem está falando com o pai. — Pai, por favor. — Seguro sua mão. — É a melhor opção, para o senhor viver melhor.
— Está bem filho, vamos fazer isso — suspira e fecha os olhos. —, mas se eu morrer nessa cirurgia, você será o homem da casa e vai cuidar do seu novo irmão como te ensinei. — diz sorrindo e deita novamente.
— Só espero que não venha uma menina. — digo sorrindo e papai ri também.
Saio e aviso a médica que o convenci. Imediatamente, ela vai preparar a sala para fazer a cirurgia... Pelo visto está mesmo, preocupada. Sento na sala de espera e pego o celular para avisar minha mãe, o mesmo toca assim que pego. É meu irmão.
ELE — Mano?
EU — Sim, tenho boas noticias.
ELE — Mamãe, está bem?
EU — Mamãe? Ela está com você. — fico sem entender. — O que foi Jake?
ELE — Quando a ambulância chegou a examinou e ela já estava bem, mas estava com sangramento.
EU — Ela bateu a cabeça quando caiu? — Me repreendo por não ter visto.
ELE — Não aí, mano. — diz fazendo careta, tenho certeza. — Os médicos a levaram para o P.S. onde você está com papai, disseram algo sobre aborto, não sei bem.
EU — Por que, não me ligou na hora? — digo indo à recepção novamente.
ELE — Eu liguei, mas só chamou agora. — justifica. — Sabe como ela está?
EU — Nem sabia que ela estava aqui, como vou saber? — digo irritado e pergunto a recepcionista. — Senhora, Alessandra Rangel, por favor?
— Acabou de entrar na sala com a ginecologista, Alexandre, logo ela será liberada.
— Sabe o que houve?
— Ela teve um aborto espontâneo, por conta do nervoso, suponho. — diz me dando um sorriso sem graça. — Sinto muito, rapaz.
— Obrigado. — digo a ela e me afasto.
EU — Maninho, mamãe perdeu o bebê mesmo e papai vai colocar marca passo, não sei que horas volto para casa. Pode ficar sozinho essa noite?
ELE — Já sou homem, Lê. — Bufa e sei que está revirando os olhos. — Quando chegar me liga, que abro o portão.
EU — O.K. Tranca tudo, não esquece. — faço uma pausa, ainda perplexo com tudo da noite. — Ei, maninho.
ELE — Que é?
EU — Amo você
ELE — Também te amo, babão. — ri e desliga.
Uma noite de cão, é assim que posso definir, essa noite.
Meses mais tarde...
Estamos de recesso no meio do ano e acabo de sair da casa de Cibele, uma amiga que está me ajudando com o trabalho do curso. Ela está afim de algo mais, porém, não faz meu tipo, além disso, já tenho namorada e gosto muito dela.
Chego em casa e vou direto onde está meu irmão cuidando dos cavalos.
— E aí, maninho?
— Ae Lê, olha só como esse garotão está esperto. — diz dando tapinhas no lombo de um dos novos cavalos.
Ele monta e começa dar uns galopes no espaço onde montamos para deixá-los mais a vontade, então para, e desce na minha frente.
— Viu só, ele sabe galopar muito bem.
Os últimos meses estamos fazendo muito mais que fazíamos para manter tudo sob controle, com a cirurgia de papai, ele está sem poder fazer muita coisa e não tem andando com um humor dos melhores, porém, estamos cuidado de sua saúde. E Jake, não só pegou gosto pela fazenda, como também, tem se interessado pelos animais e tem aprendido cada coisa que falo.
— Alex, meu filho, seu pai pediu que o encontrasse na campina, agora. — Minha mãe grita da varanda da casa e deixo meu irmão, indo até ela.
— Ele foi para lá sozinho? Sabe que é perigoso ficar andando sozinho por ai. — digo deixando minha mala com ela e pego a sela de Rick. — Faz tempo que ele saiu, mãe?
— Não muito, mas foi galopando com Betina. — Me informa e meu coração paralisa, se ele tiver outro enfarte pode cair e quebrar o pescoço ou sei lá o quê. — Sabe como ele anda impaciente, meu amor. — diz me pedindo desculpas.
— Sei sim, a senhora não poderia impedir a teimosia dele, sabe disso. — a tranquilizo e lhe dou um beijo na testa. — Vou ver o que ele quer. Logo voltamos.
— Vai com Deus, meu amor. — diz, como sempre, fazendo o sinal da cruz.
Subo em Rick o mais rápido que consigo e galopo, como sempre, sem medo de nada, adoro a sensação de liberdade que ele me trás. Avisto Betina e deixo Rick junto com ela na grama alta, então vou até meu pai que olha a fazenda, sentado no mesmo lugar que me entregou a carta. Ele parece tão debilitado, nunca o vi assim antes.
— Pai? — Chamo antes de aproximar.
Ele vira para mim com os olhos lacrimejando e meu coração para, me dizendo não ser algo bom.
— Senta aqui, garotão. — bate ao seu lado, onde tem um papel sobre a grama.
— Pai, está se sentindo bem? — Sento pegando o papel. — O que significa isso?
— Leia. — diz e abro o papel. Algo me diz que não vou gostar do conteúdo.
Filho, sei que te fiz uma promessa e sempre as cumpro, mas desta vez não poderei cumprir na integra, meu coração não quer mais colaborar e mesmo te amando como amo, não vou poder estar presente como prometi, mas quero que saiba que não importa quantos anos passem e nem quantas dificuldades tenha, mesmo não estando na sua presença como pessoa física, para todos verem, estarei sempre presente ao seu lado, pode sempre contar comigo.
Sinto que não vou durar mais tanto tempo aqui nessa terra e acho que deixei um bom legado a você, seu irmão e sua mãe. Se eu não estiver mais aqui, daqui uns dias, cuide de tudo para mim e não esqueça que confio em você sempre, não importa o que aconteça, vou sempre estar com você
Termino de ler com o coração apertado.
— Pai...
— Alexandre, sei que não é mais criança, filho, e sei que estou te deixando responsabilidade demais, mas é algo que não vou poder mudar, sinto que logo não vou estar mais aqui. — Me olha chorando. — Desculpa, filho.
— Pai, não fala isso. — O abraço com força e começo chorar também. — O senhor, ainda tem muito para viver, ainda estou no inicio da faculdade.
— Sinto muito não poder cumprir a promessa de estar lá vendo você. — Afasta, limpando meus olhos, mesmo com os dele cheios de lágrimas. — Vou estar ao seu lado, você vai saber disso, mas não vou estar nas fotografias filho, sinto muito mesmo.
— Pai, não fala besteira o senhor está bem, falta só 4 anos e meio e o senhor vai estar comigo. — digo sério e irritado com o assunto. — Não aceito essa carta. — Lhe entrego o papel.
— É sua, filho, não vou pegar de volta. — diz limpando as lágrimas e levanta olhando novamente a fazenda. — Esse sempre foi meu lugar favorito, conversamos muito aqui, lembra?
— Vamos continuar, pai. — digo com a voz embargada.
— Não. Não vamos, filho, mas quando trouxer seus filhos aqui vai sentir minha presença, quando estiver mal e precisar desabafar, vou estar aqui com você, sempre filho. — Vem até mim que não consigo parar de chorar, ele bate em minhas bochechas, sorrindo. — Te amo, filho, nunca se esqueça disso. — Me abraça forte e quase não o solto.
Na manhã seguinte, acordo com minha mãe chorando de forma histérica e corro até seu quarto. Ela está debruçada sobre meu pai, mas ele não se mexe. Logo entendo o que está havendo e tiro-a de cima dele, a confortando.
Ela se bate histérica em meus braços e começa dizer que não pode, não agora, porque, coisas que eu também pergunto, mas sei que não vou ter respostas.
5 anos antes de conhecer Helen,
Acho que fiz um bom trabalho.
Foi difícil superar a perda de meu pai, principalmente, quando se tem apenas 18 anos e assume a responsabilidade de uma casa.
Minha primeira dificuldade foi consolar a família, eles são importantes para mim e precisava lhes dar conforto, mesmo com meu coração em pedaços.
Depois tive que começar e reviver... Estudar e fazer o que tanto sonhei... E graças a Deus, a fazenda de papai estava bem encaminhada.
Hoje estou trabalhando na clínica de um dos meus professores da faculdade e apesar de ele ser bem exigente, é um professor e tanto, mesmo depois da formatura me ensina tudo que sabe, só que agora na prática.
Mamãe resolveu que não quer mais se casar e agora se dedica a igreja e a cuidar do nosso bem estar, e Jake, como disse de inicio, acho que fiz um bom trabalho. Está trabalhando no centro, em uma das farmácias da região e está cursando o primeiro semestre de farmácia.
Bom... Agora estou com 27 anos e além de ser veterinário, sou empresário com a fazenda de meu pai, posso dizer que estou bem, agora é só pedir a Vanessa em casamento e tudo vai ficar mais perfeito.
Estamos namorando há 2 anos e ela é bem legal. Mesmo não gostando muito de sossego, é tranquila. Trabalha e está no segundo ano de jornalismo.
— Ae, chefia, preciso voltar ao trabalho. — Jake, me tira dos pensamentos.
— Falou como se trabalhasse de verdade. — digo lhe dando um meio abraço. — Já almoçou? — Olho meu prato ainda cheio sobre a mesa.
— Mano, você anda bem desligado. — Bate em meu ombro. — Está tudo bem?
— Está sim. — O encaro, orgulhoso. — Só que você não tá ficando nada aqui, chega, come e sai.
— Maninho, trabalho no centro e de carro demora, você sabe. Se tivesse minha moto, ficaria mais tempo.
Ele está falando a um tempo dessa moto que tanto quer, mês que vem é seu aniversário e vou adiantar seu presente.
— Está certo. — digo lhe dando um soco no ombro. — Ia ser surpresa, mas beleza. Vou te dar sua moto. — Ele abre um sorriso enorme e me abraça forte. — Só que precisa ser responsável, O. K?
— Falou o paizão — me zoa e vai até minha mãe pedindo sua bênção. — Tenho que ir ou vou atrasar mãe. — Ela faz o sinal da cruz lhe abençoando, como sempre, e ele lhe beija a testa. — Te amo mãe. Tchau chefia.
— Vai com Deus, maninho. — digo sentindo uma sensação estranha no peito.
— Querido, está tudo bem?
— Sim mãe, por quê?
— Está com uma cara estranha e não comeu nada, quer outra coisa?
— Não mamãe, está tudo bem. — A tranquilizo, mas acabo dizendo. — Senti uma coisa estranha no peito agora. — Mamãe deixa cair os pratos de sua mão, que espatifa no chão. — Mamãe. Cuidado. — Vou até ela que começa chorar. — Meu Deus! Mãe, o que foi? — Ela começa soluçar e falar ao mesmo tempo abafado em meu peito e demoro para entender que falei besteira. — Mãe, escuta, não é isso. Não estou morrendo, calma. — A abraço forte. — Eu quis dizer, uma sensação ruim mãe, não dor no peito.
— Filho, por favor, vai ao médico, vê se está tudo bem. — diz beijando minha mão várias vezes, ainda chorando.
— Mãe, se acalma. — Puxo-a mais uma vez e beijo sua testa. — Não é nada disso, estou bem de saúde, é só aquela sensação que diz que está para acontecer algo que possa me magoar de alguma forma. Só isso. — A abraço mais uma vez forte e beija o alto da sua cabeça.
Quando ela finalmente se acalma, volto aos meus afazeres na fazenda.
Mais tarde vou a casa de Vanessa e estou preparado para dar o próximo passo. Ela mora sozinha, mas está conversando com uma amiga na sala, entro e vou a cozinha imaginando onde posso colocar o anel que comprei, então vou em silencio. Porém, a conversa dela na sala me chama atenção.
— Como está o namoro com o Alex?
— Como sempre, ele é muito bom de cama, mas não tem a mente aberta, só pensa naquela fazenda medíocre. — paraliso e ao invés de ir à cozinha, aproximo mais da porta da sala. — Não vejo a hora de ele resolver me pedir para casarmos e vou voando para Nova Iorque, nunca mais veremos esse lugar horrível. — diz rindo.
— E se ele não quiser sair daqui? — Ângela pergunta.
— Ele está comendo na minha mão amiga, e outra, sei convencê-lo quando quero, ele vai comigo para Nova Iorque sim, é só ele pedir para casarmos que vou convencê-lo.
— Por que continua namorando, se ele é tão chato assim?
— Ele é legal, algumas vezes, mas o cara é veterinário e ainda é empresário, amiga, quem vai deixar isso passar?
Meu peito dói e imagino que seja esse o motivo pelo qual senti a dor na hora do almoço.
Olho a aliança em minha mão e nego com a cabeça. Saio da mesma forma que entrei, em silencio, e vou até a campina. Preciso respirar.
No dia seguinte, compro a moto para meu irmão e vou até o trabalho de Vanessa, ela me recebe sorrindo e vem me beijar, então a impeço.
— O que foi Alex? Aconteceu algo ruim?
— Acho que deu tempo de não acontecer. — digo ainda amargo depois de que escutei ontem. — Vim para saber onde posso deixar suas coisas.
— Que coisas? — ela me encara, franzindo a testa.
— As coisas que deixou na minha casa, dias atrás.
— Por que está trazendo minhas coisas de volta Alex?
— Estou terminando com você, Vanessa, acho que suas coisas vão atrapalhar meu espaço medíocre.
Ela arregala os olhos e compreende.
— Alex, você escutou isso onde? — tenta segurar minha mão e afasto. — Alex, por favor, era só uma brincadeira com a Ângela ontem, eu amo você.
— Sei que ama. O fato de eu ser um veterinário e empresário, eu sei. — A encaro ainda sério. — Deixaria suas coisas na sua casa, mas acho que não vai querer mais o cara medíocre lá, então, vou deixar aqui mesmo. — Vou à picape, pego a mala que arrumei e deixo na porta da loja. — Passar bem, Vanessa, talvez já esteja pronta para ir a Nova Iorque.
— Alex, eu...
Saio deixando-a trabalhar em paz, paro no posto de gasolina e já bloqueio seu numero para não saber nada mais sobre ela. Volto para casa, agora mais tranquilo do que quando fui falar com ela.
Tem dois meses que meu irmão está com sua moto andando para cima e para baixo todo contente, ele adora, mas ainda prefiro minha Picape, é mais confortável e dá para dar uns amassos com mais tranquilidade.
Depois de dois anos com Vanessa eu já estava enferrujado, e claro, esses últimos meses, estou aproveitando a vida. Hoje Jake saiu desde cedo dizendo que ia a um baile e que iria se divertir, como sempre, lhe dei um sermão para ter cuidado com drogas e para maneirar na bebida e mais uma vez ele me chamou de chato e quase me mata dizendo que sabe o que faz.
De certa forma, me arrependi de ter lhe dado à moto, ele adora festa e não se controla quando está bebendo, quando usava o carro, eu sempre ia encontra-lo em algum lugar, mas agora com a moto ele vai e volta quando quer.
Olho o relógio com os olhos cansados, são 02h27 da manhã e nada dele ligar ou chegar em casa, deve ter dormido por lá. Esfrego o rosto cansado e vou para sala pegar um pouco de vinho, preciso relaxar.
— Mãe? — Levo um susto ao vê-la acordada e andando de um lado para o outro. — Mãe, o que houve?
— Estou com um mau pressentimento, filho, muito mau.
— Como assim, mãe? — Vou até ela.
— Não sei. — Me olha espantada. — Seu irmão já chegou?
— Ainda não mãe, deve ter dormido onde estava.
— Não foi isso, aconteceu alguma coisa, tenho certeza. — diz negando com a cabeça e começa rezar diante da imagem de Jesus sobre a lareira.
Estou cansado e trabalhei feito camelo hoje, preciso deitar e dormir um pouco, então como sei que ela não vai sossegar até saber que está tudo bem, vou tentar acalmá-la.
— Vou até o local da festa, mãe. Já deve ter acabado essa hora, mas se ele estiver lá volto e se estiver bêbedo o trago de volta.
— Não vai amor, não posso perder vocês dois de uma vez, não aguento isso. — Me abraça. — Por favor, não vai.
— Mãe, não vai perder ninguém, ele está bem. — digo vendo meu celular vibrar sobre a mesa de centro. — Faz assim, continua rezando aí, vou ver se consigo falar com ele, tá bom. — Beijo sua testa de olho na tela ainda acesa.
Mamãe se vira e antes mesmo de atender sei que não é algo bom.
ELA — É da casa dos Rangel? — A voz de uma mulher soa do outro lado. Vou até o corredor e sussurro que sim. — Com quem eu falo, por favor?
EU — Alexandre Rangel.
ELA — O senhor conhece, Jake Rangel?
EU — Sim, meu irmão, por quê?
ELA — Ele está no Pronto Socorro, acaba de sofrer um acidente e está passando por cirurgia no momento, desculpe não ter ligado antes, mas só agora foi encontrado os documentos com telefone, senhor.
EU — Como ele está? — Passo a mãos sobre o rosto, tentando prender o choro.
ELA — Ele estava pilotando a moto em alta velocidade, senhor Alexandre, e colidiu com um carro que vinha na via contrária. Sinto muito.
EU — Aí meu Deus! — Exclamo ainda sem acreditar. — Estou indo.
ELA — Senhor, ele está em cirurgia e vai demorar, não poderá vê-lo, só ligamos para informar.
EU — O.K. — digo e viro vendo minha mãe de pé na porta da varanda me olhando com olhos cheios de lágrimas.
— Ele morreu, não foi?
— Mãe, não. — coloco o celular no bolso e vou até ela, consolando-a. — Ele sofreu um acidente mãe, mas está vivo, está em cirurgia.
Droga, esse negócio de ser forte está me cansando. Quando o universo vai ser bom comigo e me deixar respirar em paz?
2 anos antes de conhecer Helen, 3 anos depois do acidente.
Jake, não está nada bem.
Depois do acidente e da cadeira de rodas, ele desabou de vez, não sei mais o que fazer.
O pior é que no inicio ele até que estava tentando na fisioterapia, mas agora nem mesmo animo para isso ele tem e não importa o quanto insistimos ele não quer ir mais.
Estou para entrar em desespero, não consigo vê-lo desse jeito, ele era tão ativo, tinha toda a vida pela frente, e se não tivesse lhe dado àquela moto talvez ele não estivesse assim, tudo minha culpa.
Ainda ouço a médica dizer "Se ele estivesse em um carro, isso talvez teria sido evitado, mas com uma moto, foi impossível."
Culpado. Culpado é isso que eu sou.
— Senhor Rangel, está tudo bem? — Jorge, um dos empregados da fazenda me chama. — Precisa de algo?
— Uma nova vida, seria pedir muito? — Tento brincar.
— Só se acredita em reencarnação. — ele diz rindo. — Aqui está os relatórios que me pediu menino, tudo revisado.
— Obrigado, Jorge. — tento sorri.
— Como está o moleque?
— Pior, agora nem quer se alimentar direito.
— Já tentou leva-lo a um psicólogo?
— Ele se rejeita a ir de todos os jeitos, não posso amarrá-lo.
— Entendo. — Ele sorri e me olha com pena. — Uma pena que não se formou em psicologia, não é? Talvez compreendesse o que está rolando com ele. — diz e sai.
Fico aqui pensando que faz sentido, sou irmão dele e por minha culpa ele está assim, talvez comigo ele converse com mais tranquilidade, mas como posso falar com ele sem estudar sobre o assunto? Pensa Alexandre, pensa.
Começo procurar vídeos de como ser um psicólogo e varias matérias sobre pessoas que estão entrando em depressão e noto que o assunto é bem mais complexo, precisa mesmo explorar a fundo. Confesso que fico com medo, pois, pessoas depressivas tendem a tentar suicido, ás vezes, e ele sabe bem o uso de medicamentos, não posso deixar isso acontecer, vou dar um jeito.
Entro no site da faculdade e faço minha inscrição, agora é tudo bem mais fácil que anos atrás, logo estarei fazendo psicologia.
Não se preocupe mano, vou te ajudar.
Como nosso garotão é um protetor de tudo que envolve natureza, não poderia deixar de dizer que o capitulo dele foi postado gentilmente em um dia especial.
O Dia Mundial da Água é comemorado anualmente em 22 de março.
Esta data foi criada com o objetivo de alertar a população internacional sobre a importância da preservação da água para a sobrevivência de todos os ecossistemas do planeta.
Para isso, todos os anos o Dia Mundial da Água aborda um tema específico sobre este mineral de extrema e absoluta importância para a existência da vida.
A conscientização sobre a urgência da economia deste recurso natural é uma das principais metas desse dia.
A água limpa e potável é um direito humano garantido por lei desde 2010, de acordo com a Organização das Nações Unidas – ONU.
Pensem nisso galera.
Boa leitura!
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