1 - Helen
Bom agora é pra valer, um curso bom e que realmente quero fazer!
— Ah, psicologia não é para mim... — digo após a segunda apresentação da noite.
— Calma, mocinha, nem começou às matérias. — Uma mulher sorri me dando tapinhas no ombro. — Você é jovem e inteligente. Vai pegar rápido.
Sorrio de volta, viro para frente e reviro os olhos, ela parece meu pai falando.
— Sou, Luíza Ribeiro. Como se chama?
— Helen. — Viro para a mulher. — Helen Benacci.
Não posso chamá-la de senhora ela parece tão nova quanto eu, mas fala como meu pai.
— Acha que psicologia não será sua praia? — diz tentando puxar assunto.
— Pensa que me engana, mas está nervosa, estou vendo. — digo notando seu nervosismo.
— Estou mesmo. — diz arrumando os cabelos atrás da orelha e encolhe os ombros. — Até parece que é minha primeira faculdade.
Abro um sorriso. Parece que encontrei alguém como eu, indecisa.
— Já tentou fazer qual curso?
— Já fiz na verdade. — Ela sorri, ainda nervosa. — Fiz comércio exterior com ênfase em gestão empresarial e marketing.
Ah, perfeito uma nerd. Vou dar um jeito de cair fora.
Viro para frente e vejo um cara bonitão entrar. Ele usa jaqueta de couro está de camiseta branca por baixo, uma calça jeans largada e botas que parecem caras. Tem cabelos castanhos e bem descolado, vai passando pelas meninas apenas lançando um sorriso digno de uma troca de calcinha e agora olha em minha direção e sorri.
Aí meu Deus, ele sorriu para mim e está vindo em minha direção. Sinto minhas mãos suarem de nervosismo e disfarço o olhar.
O cara é um deus grego e sabe disso.
— Aí gatinha, como foi seu dia? — olho mais uma vez, ele cumprimenta Luíza, só que na bochecha.
Tá brincando que a nerd está pegando o cara?
— Olha, trouxe um banquete ruivo para mim? — Ele vira para mim com o sorriso lindo que eu disse que tem. — Vermelho, é minha nova cor favorita.
— Oi! — digo sem graça.
— Hum, é tímida gracinha? — Ele arrumar meu cabelo atrás da orelha. — Adoro isso.
— Para de assustar a menina, Lucas. — Luíza, lhe dá um tapa no ombro. — Esta é a Helen. Ela acabou de chegar aqui.
— Hum, se quiser posso te apresentar uns lugares do campus e quem sabe já não nos conhecemos, talvez sem tanta roupa. — Mexe as sobrancelhas e acabo rindo.
— Você se acha demais não é... Lucas. — digo o nome dele arrastado.
— Olha... Ela morde. — diz rindo e segura à cintura da Luíza. — Gata, vou dar um rolê mais tarde está a fim?
— Não Lucas, sabe que tenho Carlos. — diz afastando e olhamos o novo professor entrando.
— Boa noite a todos. Sou Oswald e gosto de começar minha aula de forma dinâmica, então, vamos juntar grupinhos de três a quatro pessoas.
— Aí Ruiva, se quiser pode se juntar a nós. — diz o tal Lucas.
— Quem disse que já somos nós? — Luíza diz rindo e finjo uma tosse para disfarçar. Sem sucesso.
— Nossa, magoou meu coração, gatinha. — diz fingindo tristeza e começo gargalhar.
— Algo errado, aí no grupinho? — Oswald, diz nos olhando.
— Nada não professor, só que as duas estão aqui quase saindo nos tapas para saber com quem quero ficar. — diz Lucas abraçando nós duas pelos ombros. — Eu já disse gatas, tem Lucas para todas, é só saber dividir.
E assim surgiu nossa amizade.
Fizemos nosso primeiro trabalho e descobrimos muita coisa um sobre o outro.
Luíza é empresária e mãe de um menino de 10 anos, está recentemente divorciada, porque o imbecil a traiu com a secretária. E Lucas, tem um passado um tanto conturbado... Enfim, coisas que eles pretendem esquecer assim como eu pretendo esquecer o que houve no meu passado.
Seis meses mais tarde, início do segundo semestre.
— Helen?! — Ouço uma voz grave me chamando e viro. — Ei Helen está linda. — Para na minha frente. — Não me conhece mais?
Claro que conheço. Impossível não lembrar-me desses olhos azuis penetrantes. ERICK.
Ele está bem mais forte agora, com uma barba rala que lhe dá um ar mais misterioso e está mais alto também, mas seus olhos continuam me hipnotizando.
— Oi. Claro que lembro. Erick. — arrumo meu cabelo que continua voando. — Quanto tempo.
— Você ficou linda de ruivo. — Sorri de lado e continua me olhando. — Como você está?
— Estou bem, Erick, e você?
— Estou levando a vida. — Morde o lábio. — Cara, você está mesmo uma mulher e tanto.
— Cresci bastante, né? — digo sem graça com seu olhar. — Você mudou muito também está incrível e mais forte.
Sei que ele está pensando em me chamar para sair, conheço esses olhares, mas não sei se devo dar mais uma chance. Ele nunca se interessou mesmo por mim.
— Você deve estar irritada comigo, né? — diz mordendo o lábio.
— Nunca mais te vi, como poderia? — digo sorrindo para ele.
— Sei que estou te devendo. — diz baixando o olhar.
— Não me deve nada, Erick. — digo por não me importar com o dinheiro. — Na verdade, talvez deva. — Ele me olha. — Uma explicação sobre seu sumiço seria bem útil.
— Ae, Ruiva. — Lucas chega abraçando minha cintura. — Estava demorando muito gata.
Erick se encolhe e viro para Lucas.
— Encontrei um amigo, Adônis. — digo seu apelido que detesta. — Esse é o Erick. — apresento e Lucas o encara, de cara emburrada.
— E ae. — diz cumprimentando com um aceno de cabeça. — Vamos Ruiva, está nos atrasando.
— Até mais, Erick. — digo saindo com Lucas agarrado a minha cintura. — O que está fazendo?
— Te salvando de si mesma. — Continua me guiando ao brinquedo. — Esse não é o imbecil que te usou tempo atrás para conseguir dinheiro?
— Também é o cara gentil, que salvou minha vida. — Olho para trás Erick está nos olhando. — Ele ia me explicar porque sumiu.
— E você com certeza iria acreditar. — Revira os olhos me encarando. — Escuta Ruiva, ele não é bom pra você, sério, desencana. — segura meu rosto.
— Tá. — digo ainda sem gostar.
Aproveitamos o restante da noite e passo a madrugada pensando em Erick, ele está ainda mais bonito e parece continuar com sua gentileza como sempre, queria ter tido tempo para conversar com ele.
Acordo 11h e desço para tomar café, como estou estudando meus pais voltaram a me bancar e só preciso ir à empresa quando tem eventos importantes ou quando sou solicitada em reunião.
Meu pai continua o mesmo empresário centrado de sempre e mamãe, agora além de ajudar na empresa, tem as ações sociais que patrocina.
— Senhorita Helen, Flávio, pediu para avisar que tem um rapaz do outro lado da rua, esperando para falar com a senhorita. — Me informa Eva, servindo o café.
— E porque a pessoa está na rua, não na sala, como todos?
— Não sei menina, só pediram para te informar.
— Tá, vou ver quem é então. — levanto indo até a porta e logo vejo meus seguranças. — Sabe quem está me esperando?
— Não senhorita, ele não quis entrar, disse que ficaria te esperando lá fora e que a senhorita o conhecia.
— Sem nomes? — digo franzindo a testa
— Não está armado, senhorita, o revistamos. Seus olhos são azuis, não sei se ajuda.
— Claro. — Sorrio só pode ser Erick. — Vou lá ver o que ele quer.
— Estaremos por perto. — Me informa, não pergunta.
— Erick. — Abro o portão o chamando ele levanta a cabeça e sorri para mim. — oi, bom dia como está?
— Estou bem Helen, queria saber se poderia falar com você um instante?
— Claro, vem. Vamos entrar. — O chamo, ele não se move.
— Melhor não. — Viro o encarando. — Não sou tão chique para entrar na sua casa.
— Achei que éramos amigos. — digo um tanto chateada, mas sorrio. — Acho que exagerei de novo, desculpe. — Paro na frente dele. — O que precisa?
— Vim pagar a você o que devia. — Coloca a mão no bolso e dois dos meus seguranças param ao meu lado. — É só dinheiro. — Erick, diz mostrando um bolo de notas para meus seguranças.
— Meninos, por favor, me deem espaço, ok? — digo os afastando. — Erick, não quero seu dinheiro.
— Não é meu, estou te devendo e agora consegui o total, com juros, claro. — Sorri de lado.
— Já disse que não quero isso, você estava precisando e depois sumiu, acho que deve ter seus motivos. — Empurro sua mão com o dinheiro, rejeitando.
— Helen, eu sinto muito ter sumido. — diz fechando os olhos e suspira. — Juro que não quis me afastar de você, eu gostava muito de conversar com você, mas as coisas saíram do controle. — Passa as mãos sobre os cabelos, os bagunçando.
— Então... Como disse, não precisa me pagar. — digo séria. — Preciso entrar Erick, tenho coisas á fazer.
Digo apenas para entrar e ficar longe dele, talvez Lucas tenha razão ele não é para mim. Eu só queria que ele sentisse o mesmo que eu sentia por ele, mas está na cara que eu era mesmo uma boba. E com a sensação estranha que estou sentindo agora parece que continuo sendo.
— Helen, espera! — Sinto-o segurar meu braço e me virar para encará-lo. — Não era só isso.
Antes que eu note, ele me beija, e claro, meus seguranças logo nos separam.
Não sei se fico com raiva deles ou aliviada.
— Quem pensa que é rapaz?
— Para. — digo a Hugo. — Eu resolvo isso, saiam daqui. — digo agora irritada.
— Desculpa Helen, não deveria ter te beijado. — diz passando as mãos sobre os cabelos. — Desculpa, não era o planejado. — Me encara e segura minhas mãos. — Olha, eu sou um trapalhão. — ri de lado e acabo rindo. — Eu queria e deveria ter te beijado desde quando te conheci anos atrás, mas nunca fiz e agora... Bom queria ter feito direito claro, mas fiquei com medo de te perder de novo.
— Não se perde o que não tem Erick, somos amigos e acho que isso não mudou.
— Sim, mas quero mais que isso, quero que seja minha namorada.
Pisco umas vezes e solto sua mão. Algo dentro de mim e a voz de Lucas na minha cabeça estão dizendo NÃO, mas de alguma forma, acho que deveria aceitar, sei lá, ele é lindo e tem olhos azuis como eu amo.
— Erick, eu...
— Espera, só escuta, tá legal? — Me encara. — Sou um idiota por não ter te procurado quando tudo melhorou, mas realmente achei que ia te esquecer, só que não foi assim. E agora que te reencontrei, queria ter uma chance, mas então ontem no parque vi você com o cara loiro lá e achei que estavam juntos, só que fiquei olhando e você não parecem namorados, então pensei que podia tentar... É isso. — diz tudo de uma só vez então para respirando.
— Eu não sei Erick, você some do nada, não deixa explicação e também não sou mais uma menininha, agora estou focada nos estudos e...
— Eu sei que vacilei gatinha, mas estou mudado, queria uma chance.
— Podemos sair para nos conhecer direito, pode ser? — Ele abre um sorriso lindo. — Que tal amanhã? À noite. Podemos ir a algum restaurante, não sei.
— Tem um lugar bacana na Pedroso Agnes, conhece o Lions?
— Nunca fui para lá, mas já ouvi falar.
— Venho te buscar se quiser.
— Manda o endereço, vou pilotando.
— Adoro moto, também piloto. — diz com seu sorriso de lado. — Me dá seu numero de novo, vou te mandar o endereço e a hora.
— Beleza.
Essa foi à primeira noite que saímos juntos e depois de varias noites de diversão resolvi lhe dar uma chance, não que Lucas e Luíza, concordassem com isso.
— Você só pode estar de brincadeira que deu uma chance ao cara. — Lucas me olha negando com a cabeça — Eu já disse, ele só vai te usar Ruiva, sério mesmo. O cara nem mesmo tem um emprego fixo.
— Ele está em uma fase difícil, tá legal. — Protesto.
— Olha Helen, sabe que não sou de ficar dando opiniões ou falando nada sobre os caras com quem você sai, mas preciso dizer que esse aí, apesar de não o conhecer, não está me cheirando nada bem. — diz Luíza ainda centrada em seu trabalho com o notebook. — Posso arrumar algo para ele na Ribeiro se quiser.
— Ele já está vendo um lance aí. — digo mexendo em minha corrente.
— Como quiser então. — diz e olha para Lucas. — Como está sua mãe?
— Está melhor depois do susto. — ele sorri e senta ao nosso lado. — Tive que cancelar uma porção de gatas da agenda, mas minha mãe é prioridade.
— Ainda acho que deveria namorar sério, Lucas. — diz Luíza parando de digitar e o encara. — Deve ter uma mulher bacana por ai.
— Emy, não vamos voltar a isso, Jenny, era a única mulher bacana que existia no mundo e ela me deixou, então não... — faz uma pausa e a encara sério. — Não insiste, gosto da minha vida livre.
— Tá legal, não está mais aqui quem falou. — Ela diz e me encara. — E você? Esse lance com o tal Erick, vai durar até quando?
— Estamos indo devagar, mas é um lance sério, Emy.
— Se você está bem, fico bem também. — Diz ela levantando e sorrindo. — Vamos meninos, temos uma aula chata para encarar.
— Falou a mamãe. — digo abraçando Lucas pela cintura e sorrimos. — Maninho, precisamos arrumar um pai para o Carlos, me ajuda?
— Não pode ser eu? — Ele retribui meu abraço e vamos seguindo Luíza que para nos encarando.
— Acho que incesto não é algo legal, melhor arrumar outro. — digo apenas a provocando.
— Querem calar a boca, os dois pervertidos.
— Estamos tendo uma conversa de irmão, dá licença, mamãe. — Lucas me beija na cabeça sorrindo.
— Estão falando da minha vida eu sou a mais interessada e não sou mamãe. — reclama e entramos no elevador. — Onde fui me meter? — suspira fechando os olhos.
— Fala a verdade. — Lucas diz e a abraça, faço o mesmo do outro lado. — Você não vive mais sem nós dois. — Nós três rimos.
Luíza, é uma espécie de mãe mesmo. Além de nos dá liberdade e nos transmitir confiança, ela é mãe de verdade, e tem uma visão bem mais ampla que nós dois juntos. Lucas, é um irmão que nunca tive, já pensei em dar uns amassos com ele, mas não rolou, depois que falamos sobre nossos passados, o conheço bem e não brincaria com ele, além disso, ele é pior que meus seguranças, não sei nem como não revista o banheiro antes de eu usar.
3 meses mais tarde
— Emy, vou te falar uma coisa, não critica, tá legal?
— Não me diga que está grávida e que vai abortar, por que não vou querer saber isso.
— Não, louca. — digo olhando espantada para ela. — É sobre o Erick. — Mordo o lábio.
Depois que o apresentei aos meus amigos, as coisas não ficaram tão elegantes como deveriam ser, eles não gastaram nada do meu namorado, só que acho que é apenas implicância, já que mal trocaram palavras.
— Decidiu acabar com ele, ótimo. — recolhe os pratos da mesa.
— Não. Falei para oficializarmos. — Recolho nossas taças e coloco na pia junto com os pratos. — Sabe... Falar com meus pais, sair nas revistas e tal.
— Sabe que não aprovo seu namoro. — me encara secando as mãos com o pano de prato. — Erick, não é o que aparenta ser Hel, sério mesmo, o cara não é legal.
— Sem critica, Emy, por favor.
— O.K. — Ela suspira e senta me encarando. — E o que ele disse?
— Disse que está com medo, que não quer ficar saindo em revistas e que é melhor ficarmos, sem compromisso. — ela ergue a sobrancelha irritante para mim. — Para... Não é isso. — digo na defensiva. — Ele me fez uma proposta diferente.
— Que tipo de proposta, Helen? — Estreita os olhos.
— Seremos namorados oficiais, mas ao mesmo tempo somos livres.
— Isso é normal, ninguém é preso nem mesmo casado, não compreendi.
— Não... Funciona assim... — explico com detalhes.
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