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Após sua humilhação no Rio dos Excrementos, Lúcifer foi enviado para um destino ainda mais degradante: a recepção da escadaria circular dos bilhões de degraus, uma estrutura colossal que se estendia até o infinito, ligando o reino terreno ao reino celestial. Cada degrau era uma oportunidade para as almas recém-chegadas ascenderem aos céus, em busca de redenção e paz eterna.

A atmosfera ao redor da escadaria era carregada de uma energia única, uma mistura de esperança e temor que pairava no ar. Luzes cintilantes iluminavam o caminho dos que subiam, enquanto uma suave melodia ecoava suavemente, convidando as almas a seguirem em frente em sua jornada espiritual.

À medida que as almas se aproximavam, uma sensação de expectativa pairava sobre elas. Alguns estavam cheios de alegria e gratidão por alcançarem este momento tão aguardado, enquanto outros estavam repletos de ansiedade e incerteza sobre o que os aguardava além.

Lúcifer, vestido com o humilde macacão bege dos estagiários celestiais, observava atentamente cada alma que subia os degraus. Seu olhar perspicaz captava as nuances de suas expressões, os traços de suas vidas passadas gravados em seus rostos cansados ou radiantes de esperança.

As almas subiam os degraus em um fluxo constante e interminável, cada uma com sua própria história, suas próprias dores e alegrias, suas próprias buscas por redenção. Alguns caminhavam com determinação, ansiosos para deixar para trás o peso de seus pecados terrenos, enquanto outros hesitavam, temerosos do desconhecido que os aguardava no topo da escadaria.

Apesar da magnitude da tarefa diante dele, Lúcifer surpreendeu a todos com sua abordagem única e peculiar. Ele não apenas recebia as almas com um sorriso irônico nos lábios, mas também as instruía com uma mistura de humor sarcástico e gentileza fingida, transformando até mesmo a tarefa mais desagradável em um espetáculo de entretenimento sombrio.

Enquanto observava o fluxo interminável de almas subindo os degraus, Lúcifer se viu intrigado pela diversidade e complexidade da condição humana. Cada alma tinha sua própria jornada, suas próprias lutas e triunfos, suas próprias esperanças e medos. E ele, apesar de sua natureza rebelde e desafiadora, não pôde deixar de sentir uma pontada de empatia por aqueles que buscavam redenção e salvação.

No entanto, para surpresa de todos, Lúcifer enfrentou o desafio com um humor sarcástico e uma habilidade surpreendente. No meio do tumulto de mil almas novas, ele brincava e fazia piadas, dando as boas-vindas de maneira inusitada a cada uma delas.

— Senha 21! Venha para o Setor 9, pelo jardim da borboleta verde de um olho e dois narizes, atrás daquele morro. Seja bem-vindo! Lúcifer anunciava, com um sorriso travesso nos lábios.

— Senha 22! Olha, meu senhor, seu novo crachá. O senhor vai trabalhar nas engrenagens das nuvens, pois estamos tendo problemas com excesso de chuvas em alguns países da Terra, e vimos que a torneira tem alguns vazamentos. Seja bem-vindo! Ele continuava dirigindo-se a um homem com gentileza que nunca ninguém viu.

Enquanto Lúcifer surpreendia a todos com sua nova abordagem, Mazikeen observava com uma mistura de terror e perplexidade. Ela sabia que seu irmão era capaz de resistir a qualquer provação, mas nunca imaginara que ele pudesse transformar até mesmo o trabalho mais desagradável em um espetáculo de humor ácido e charme cativante.

Porém, no fundo, de sua mente sombria, Mazikeen também sabia que isso não duraria para sempre. Eventualmente, a verdadeira natureza de Lúcifer emergiria, e ele enfrentaria os desafios mais difíceis que o céu poderia oferecer. E ela estaria lá, observando, pronta para intervir quando chegasse o momento de desafiar seu irmão uma vez mais.

No entanto, nos recessos mais profundos de sua mente, Lúcifer sabia que sua estadia na recepção da escadaria circular era apenas o começo de uma provação muito maior. Os desafios que o aguardavam no céu eram mais intensos e perigosos do que ele poderia imaginar, e ele estava determinado a enfrentá-los com coragem e determinação, não importasse o custo.