CAPÍTULO 28 - O confronto das sombras
1549 palavras
O coração de Lúcifer batia descompassado no peito enquanto ele percorria freneticamente os corredores do hospital em busca de respostas. Cada passo parecia ecoar o eco do medo que se instalava em sua mente. Ele tentava se manter calmo, mas a sensação de apreensão tomava conta de si, como um manto de sombras que se fechava ao seu redor.
Charlotte e Sophia haviam desaparecido sem deixar rastros, e Lúcifer sentia o peso dessa ausência como um fardo insuportável. Cada minuto sem notícias delas era uma agonia crescente, uma tormenta que ameaçava consumi-lo por completo.
Ele vasculhou freneticamente os registros do hospital, ligou para todos os contatos de Charlotte, verificou os registros de voos e até mesmo buscou por pistas em suas últimas conversas. Mas tudo em vão. O silêncio pairava sobre ele como um véu opressivo, tornando cada esforço em vão. O senhor do submundo, o terrível senhor das trevas e não conseguia encontrar uma mulher e uma criança.
A sensação de impotência o dominava, fazendo-o questionar suas próprias capacidades. Ele era o senhor do inferno, o portador da luz caída, mas diante desse desafio, sentia-se tão frágil e vulnerável quanto qualquer outro ser humano.
A incerteza o corroía por dentro, alimentando seus temores mais sombrios. Ele não podia perder Charlotte e Sophia, não podia suportar a ideia de uma vida sem elas. Determinado a encontrá-las, Lúcifer mergulhou de cabeça nessa busca desesperada, mesmo que isso significasse enfrentar seus próprios demônios e desafiar o destino mais uma vez.
Desesperado, ele revirou a casa em busca de alguma pista, qualquer sinal que pudesse explicar o desaparecimento repentino de sua amada. Mas nada além do silêncio vazio da casa vazia o aguardava.
No entanto, nos primeiros dias de seu desaparecimento, Lúcifer conseguiu alguns contatos básicos com ela, ainda que breves e superficiais. Através de ligações telefônicas, Charlotte sempre alegava estar em plantão e mal conseguia trocar mais do que duas palavras, antes de desligar abruptamente. Contudo, conforme os dias se arrastavam, mesmo essa linha de comunicação esguia havia sido cortada. Seu celular permanecia desligado, deixando Lúcifer em um mar de preocupações e incertezas, sem qualquer pista sobre o paradeiro de sua amada e sua filha.
Cada segundo que passava sem notícias aumentava o pânico de Lúcifer. Ele se culpava por não ter percebido os sinais, por não ter estado lá quando Charlotte mais precisou. Uma sensação de impotência o consumia, pois ele não conseguia proteger aquelas que amava.
Enquanto a incerteza o devorava por dentro, ele jurou encontrar Charlotte e Sophia, não importava o custo. Ele estava disposto a enfrentar qualquer obstáculo, a mergulhar nos abismos mais sombrios para trazê-las de volta para casa.
Lúcifer estava na casa de Charlotte, revirando cada canto em busca de qualquer pista que pudesse revelar o destino de sua amada e de sua filha. O desespero borbulhava em seu peito, uma mistura ardente de angústia e raiva. Cada quarto, cada móvel, parecia sussurrar o vazio que agora preenchia sua vida.
Foi então que, de repente, a presença sombria de Nefelim se materializou diante dele. Suas asas negras, esvoaçavam em uma aura de imponência, sua figura imponente parecia ocupar todo o espaço ao redor. Um sorriso de deboche dançava em seus lábios enquanto ele observava Lúcifer com olhos penetrantes, como se estivesse se deliciando com o tormento do outro.
— Como se sente, Lúcifer, ao saber que Charlotte desapareceu junto com sua cria? Provocou Nefelim, sua voz ecoando com um tom gélido e zombeteiro.
— Aquela bastardinha, filha de uma lata de lixo, arrancada do lixo e agora desaparecida. É fascinante ver como o todo-poderoso, o grande Lúcifer, sofre por uma simples mortal. Como é bom testemunhar sua agonia, saber que até mesmo você, um ser tão poderoso, é vulnerável à perda e ao desespero. Falava Nefelim debochado.
Lúcifer cerrou os punhos com fúria contida, a raiva borbulhando sob a superfície de sua expressão impassível.
— O que você sabe sobre isso? Questionou ele, sua voz ecoando com uma intensidade que revelava seu desespero. Onde está Charlotte? O que você fez com ela?
Nefelim apenas riu, uma risada fria e cortante que ecoou pelas paredes vazias da casa.
— Ah, Lúcifer, você acha que eu teria algo a ver com o desaparecimento dela? Não, não, não. Isso é tudo obra do destino, daquilo que está além do seu controle e do meu. Mas não se preocupe, logo você descobrirá a verdade. E então, meu caro, a verdade será ainda mais dolorosa do que você pode imaginar.
Nefelim continuou a rir, sua risada ecoando pelas paredes como um eco macabro. Seus olhos brilhavam com um malicioso deleite enquanto ele encarava Lúcifer com desdém.
— Ah, Lúcifer, você realmente não tem ideia do que está acontecendo, não é mesmo? Provocou Nefelim, sua voz ressoando com uma crueldade inabalável. Sua amada, Charlotte, está sofrendo neste momento. Ela está sofrendo, oh, sim, ela está. E tudo por sua causa.
Lúcifer sentiu uma onda de desespero e ira se erguer dentro de si enquanto escutava as palavras venenosas de Nefelim.
— O que você fez com ela? Exigiu ele, sua voz carregada de urgência e fúria.
Nefelim se aproximou lentamente, seus passos ecoando pelo chão de maneira sinistra.
— Eu não fiz nada, meu caro, disse ele, sua voz gotejando com um veneno gelado. Eu simplesmente abri os olhos dela para a verdade. A verdade sobre você, Lúcifer. Ela agora sabe o que você realmente é.
Lúcifer sentiu seu coração se apertar com um misto de medo e angústia.
— O que você disse a ela? Perguntou ele, sua voz trêmula com a antecipação do que estava por vir.
Nefelim sorriu maliciosamente.
— Eu disse a ela a verdade, Lúcifer. A verdade sobre sua natureza, sobre suas intenções. Eu disse a ela que você a usou, que ela não passava de um brinquedo em seu jogo de redenção e prazer. Disse a ela como você a vê, uma simples prostituta criada por seu pai para lhe servir... E ela, agora, se sente suja, usada, um mero objeto criado para seu prazer.
As palavras de Nefelim atingiram Lúcifer como um golpe, uma cruel revelação que ameaçava dilacerar seu coração. Ele sentiu uma dor dilacerante ao imaginar Charlotte enfrentando essa verdade, enfrentando sua própria dor e desespero.
— Você é um monstro, murmurou Lúcifer, sua voz carregada de desespero. Como você pode fazer isso com ela?
Nefelim riu, um som frio e cortante foi falando:
— Eu sou apenas o mensageiro, Lúcifer. A verdade é dolorosa, mas alguém precisava dizer a ela. E agora, ela está aí, sofrendo, questionando sua própria existência. Parabéns a mim por ter a coragem de contar a ela a verdade. Ela é até corajosa, você sabe. Nem mesmo correu de medo, quando ouviu tudo que eu disse.
Nefelim soltou uma risada sombria, seu olhar carregado de malícia enquanto encarava Lúcifer com desdém.
— Ah, Lúcifer, você realmente acredita que eu mereço algum tipo de prêmio divino por minha boa ação? Debochou ele, sua voz ecoando pelo ambiente com um tom de escárnio... contar a verdade não faz de mim um herói? Ou será que apenas revela sua verdadeira natureza já não me daria um prêmio de boa ação? Você é o senhor das trevas, o arauto do sofrimento, e seu amor por ela não passa de um mero gesto de manipulação.
Lúcifer sentiu a ira borbulhar dentro de si diante das palavras insolentes de Nefelim.
— Você não entende nada, retrucou ele, sua voz carregada de fúria reprimida. Charlotte merece saber a verdade, mesmo que seja dolorosa, mas eu que deveria lhe contar no momento certo e da forma correta.
Nefelim apenas riu, seu riso ecoando pelo ambiente como uma cacofonia sinistra.
— Ah, sim, a 'verdade'... A verdade é apenas uma arma em suas mãos, Lúcifer. Uma ferramenta para alimentar seu ego, para justificar suas ações. Mas no final das contas, você não passa de um anjo caído, um ser amaldiçoado destinado ao sofrimento eterno. Eu só facilitei para você e contei da forma informando a ela cada detalhe.
Lúcifer cerrou os punhos com força, sua mente turva com uma mistura de raiva e desespero. Ele sabia que Nefelim estava tentando provocá-lo, jogá-lo ainda mais na escuridão de sua própria angústia, mas ele se recusava a ceder à manipulação do anjo renegado.
— Saia daqui, rosnou ele, sua voz carregada de uma determinação fria. Não tenho mais tempo para suas palavras vazias. Vá embora antes que eu me arrependa, de não te mandar de volta para o abismo de onde veio.
Nefelim apenas sorriu, seus olhos brilhando com uma malícia sombria.
— Você pode tentar me banir, Lúcifer, mas nunca conseguirá escapar de sua própria natureza. Você é o príncipe das trevas, e seu destino está selado. Terá de voltar para aquele inferno, onde irá ficar pela eternidade, sabendo o quanto você fez uma mortal sofrer.
Com um último olhar de desafio, Nefelim desapareceu diante dos olhos de Lúcifer, deixando-o sozinho com suas próprias dúvidas e temores. A presença do anjo renegado deixou um ar de inquietação no ar, uma lembrança sombria de que o mal sempre estaria à espreita, esperando para reivindicar sua próxima vítima.Nefelim desapareceu como uma sombra fugaz, deixando para trás apenas o eco de suas palavras carregadas de malícia. Lúcifer permaneceu ali, cercado pelo vazio da casa e pelo peso sufocante de suas palavras, mergulhado em uma tormenta de incertezas e temores.
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