909 palavras

Enquanto Lúcifer contemplava sua nova vida, uma risada debochada ecoou na imponente mansão. Uma presença sinistra se manifestou na sala, e Lúcifer sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A voz, repleta de sarcasmo e desdém, veio de Nefelim, um antigo companheiro que, como Lúcifer, havia caído dos altos céus.

Apresento a vocês Nefelim 

Nefelim emergiu das sombras, revelando sua figura esguia e majestosa. Seus olhos cintilavam com uma malícia milenar, e um sorriso debochado adornava seus lábios. Ele não perdeu tempo ao provocar Lúcifer.

— Veja só quem resolveu adotar um novo estilo de vida. Piscinas e carros esportivos? Na verdade, você aprendeu a abraçar os prazeres terrenos, Lúcifer. Mas me diga, o que exatamente você busca nesse mundano redentor?

Lúcifer encarou Nefelim com uma mistura de desconfiança e cautela. Ele se lembrava bem das traições e das artes desse anjo caído. A presença de Nefelim era como uma sombra do passado, relembrando antigas alianças quebradas.

— O que você quer aqui, Nefelim? Não vejo você há eras, e agora aparece como se fosse parte do meu passado que eu preferiria esquecer.

Nefelim riu, um som estridente que ressoava pela mansão.

— Oh, Lúcifer, você sempre foi tão dramático. Vim ver com meus próprios olhos essa farsa de redenção que você está tentando. Afinal, todos sabemos que você não é digno dela. Você é o príncipe das trevas, incapaz de se libertar do pecado que corre em suas veias.

O olhar desafiador de Nefelim cortou Lúcifer como uma lâmina afiada. O antigo anjo caído sabia como provocar as feridas mais profundas, como qualquer comédia humana.

— Você acredita mesmo que pode escapar de quem você é? Que pode desfazer séculos de escuridão com um lampejo de suposta redenção? Não seja ingênuo, Lúcifer. As sombras sempre encontrarão seu caminho de volta.

Lúcifer, embora incomodado pela presença de Nefelim, não permitiu que suas palavras minassem a determinação recém-descoberta. Ele fixou seu olhar nos olhos solicitados por Nefelim.

— Você pode rir, Nefelim, mas algo mudou em mim. Não vou permitir que você, ou qualquer outro, me impeça de buscar a redenção. Seja qual for o destino que me aguarde, é uma escolha que só eu posso fazer.

Nefelim zumbiu mais uma vez, aproximando-se de Lúcifer com uma expressão mordaz.

— Você sempre foi o todo ambicioso, Lúcifer. A redenção é um conto de fadas que você nunca poderá alcançar. O que você acredita ser mudança é apenas uma ilusão temporária. Eventualmente, a escuridão retornará, e você será novamente consumido por ela.

Lúcifer sentiu a tensão aumentar, mas manteve sua postura firme.

— A escuridão pode ser parte de mim, Nefelim, mas não é toda a minha história. Eu vou seguir o caminho que escolhi, mesmo que você não compreende. Agora, saia da minha presença. Este é o meu lar agora, e não permitirei que sombras do passado obscureçam o meu futuro.

Nefelim lançou um olhar penetrante para Lúcifer antes de recuar para as sombras de onde veio. Sua risada ecoou pelo corredor da mansão, mas Lúcifer apareceu inabalável. A redenção poderia ser um desafio monumental, mas ele estava determinado a enfrentá-lo.

Lúcifer, olhando para além das sombras que Nefelim deixou para trás, permitiu-se sorrir. Seu encontro com o antigo anjo caído reforçou sua resolução de buscar a redenção, não importando as vozes do passado que tentassem dissuadi-lo.

O eco das palavras de Nefelim ressoou no coração de Lúcifer, como uma sugestão persistente que se recusava a desaparecer. A sombra do passado pairava sobre ele enquanto ponderava sobre as provocadoras observações do anjo caído. A desconfiança de Nefelim em relação à redenção de Lúcifer era evidente em seu deboche.

— Você realmente acredita que pode escapar do seu destino, Lúcifer? A redenção é um conto de fadas inventado pelos mesmos seres que nos baniram. Não importa o quanto você tente, você continuará a ser o que sempre foi.

A voz de Nefelim reverberava, misturando-se com a escuridão que permeava a mansão. Lúcifer, apesar de sua confiança recentemente adquirida, sentiu uma pontada de dúvida. O anjo caído, ao desaparecer entre as sombras, deixou para trás uma sensação de inquietação.

A mente de Lúcifer estava em tumulto, e ele se passou para o terraço da mansão, onde a noite escura e estrelada proporcionou um cenário sombrio e introspectivo. Ele contemplou as palavras de Nefelim, questionando se a busca pela redenção era realmente alcançado.

Enquanto a brisa noturna acariciava seu rosto, Lúcifer revisitou a imagem de Charlotte, uma médica cuja posse e compaixão o intrigado. No entanto, as palavras de Nefelim ecoavam em sua mente, insinuando que até mesmo a boa semente poderia ser manchada pelo pecado.

— Você pensa mesmo que uma mulher como ela poderia ser sua redenção? As aparências enganam, Lúcifer. Todos têm pecados, e ela não é exceção. Você está apenas iludindo a si mesmo, acreditando que a redenção pode vir de onde menos espera.

A risada de Nefelim ressoava na mente de Lúcifer, desafiando suas esperanças recém-descobertas. Ele ficou ali, na penumbra do terraço, confrontando as incertezas que sua jornada para a redenção agora apresentada. A boa semente, antes de ver como uma possível luz em seu caminho, agora parecia ofuscada por dúvidas semeadas por Nefelim.