Cap.1
Era mais um dia de aula comum, um daqueles em que eu não sou notada por ninguém além de Marcus, meu melhor e único amigo. Ele estava andando até o meu armário para irmos para sala de aula, seu andar tímido representava o que nós éramos, desajustados. Ele mantinha seus ombros encolhidos e a blusa verde dentro da calça caqui marrom. Eu pelo menos tinha senso de estilo.
— Bom dia Hana. — Ele me deu o sorriso tímido de sempre, que deixava seus olhos castanhos brilhantes com uma dose da nossa pouca emoção feliz diária. — Teve pesadelos hoje?
Eu vinha tendo pesadelos todos os dias desde que fiz 17 anos, sonho com mulheres em fogueiras ardentes, florestas em chamas e animais mortos, virei vegetariana depois disso. Mas nessa noite em específico, apesar de me deixar assustada de alguma maneira, não tive nenhum pesadelo. Sonhei com Marcus, com seus lábios nos meus, com sua pele suada e com sua boca pronunciando meu nome como se fosse uma súplica.
— O mesmo de sempre. Fogo para todos os lados. — Não era uma mentira completa.
— Se eu pudesse teria os pesadelos no seu lugar. — Ele coloca uma de suas mãos grandes e pesadas no topo da minha cabeça, em uma tentativa de me confortar. — Podemos fazer algo para te distrair, que tal acamparmos como quando éramos crianças?
— E ouvir um discurso da sua mãe de que homens e mulheres não deveriam ser amigos e que no acampamento faremos coisas que cultuem o diabo? — falei a última palavra sussurrando, como se o maior pecado do mundo fosse dizer esse nome em voz alta.
— E se eu não contar para minha mãe?
— Então você não saí de casa. — Cruzei os braços depois de fechar meu armário, em seguida revirei os olhos e segurei sua mão indo em direção a sala.
Os olhares de repulsa que davam para nós era constante, no início a gente até se importava com isso, mas notamos que não iria fazer diferença, sempre seríamos julgados por sermos diferentes. Ele por não ser um atleta ou não sonhar em ser algo que ajude a cidade como um policial ou bombeiro e eu por não andar com saias curtas e depois ir aos domingos na igreja local orar por salvação e para que o esperma do meu namorado não dê frutos. Eu nem namoro.
Já na sala não conversamos mais, nós sempre prestamos atenção na aula com muito afinco e concentração, tentando tirar notas excelentes e adiantarmos nossas férias. A escola tem uma política de que se o aluno conseguir uma média acima de oito em todas as matérias até o terceiro bimestre não precisa mais ir para escola, já foi considerado que passou de ano. Quando setembro chega eu e Marcus passeamos pela cidade deserta de jovens no horário escolar, vamos a biblioteca e estudamos, aprendendo mais do que aprenderíamos se tivéssemos na escola.
Nessa cidade a educação das crianças não é o mais importante e sim o ensino religioso em específico, grande decepção eu e Marcus somos para nossos pais. Juramos um ao outro que quando nos formarmos no ano que vem iremos para faculdade, juntos, moraremos em uma cidade grande e poderíamos dividir o apartamento. Seríamos nós para sempre.
Talvez, por todo o meu futuro eu enxergar ao seu lado que hoje o meu sonho só teve ele, talvez eu esteja me apaixonando todo dia um pouco sem ao menos notar.
Hoje é o último dia do terceiro bimestre e como esperado estamos livre desse inferno de julgamento e risadas em nossas costas, hoje as pessoas sentem apenas inveja da nossa liberdade. É o dia em que nos sentimos triunfantes.
Logo na hora do intervalo somos liberados pelo diretor que já avisou nossos pais, que não estavam nem um pouco surpresos com isso. Como de costume nesse dia, como um desconto por todos os sermões religiosos e os cadeados que são colocados na gente, nossos pais nos deixam ficar na rua até um pouco mais tarde que o normal, ou seja, às 18 horas devemos estar em casa, ao invés de as 16 horas. Com a maior parte do dia livre para fazermos o que quisermos, Marcus tem a ideia de ir até sua mãe falar sobre o acampamento que deseja que fassamos. Apesar de ainda achar que nenhum de nossos pais vai permitir, com mais ênfase na mãe dele, concordo que não custa nada tentar.
A mãe dele trabalha de costureira na cidade, o que não é pouca coisa já que todo mundo ama uma roupa feita sob medida aqui. Quando chegamos lá ela está com um lindo vestido de baile com lantejoulas douradas na máquina de costura, o fim do ano está perto e logo teremos o baile dos formandos, então ela deve estar com muito serviço.
— Dona Ester tudo bem? — A cumprimento com um beijo na bochecha e recebo outro em troca. Ela sempre foi muito amável comigo apesar de não gostar da amizade que tenho com seu filho, acho que ela só é assim pois sou a única menina que chega perto dele e ela deve torcer por um casamento religioso entre nós, já que meus pais são participativos na igreja, logo eu sou de boa família por seus olhos. Se ela soubesse a quantidade de problemas que enfrentamos não pensaria assim.
— Tudo sim minha querida, e com você? — Ela não parou de fazer o vestido mas olhou rapidamente entre mim e seu filho, ela sabia que nada de bom vinha quando os dois iam até ela juntos.
— Estou ótima, obrigada por perguntar. — Sorri de maneira mais angelical possível, eu precisava parecer a pessoa mais inocente do mundo para que eu e Marcus conseguíssemos o que queremos.
— Bom, vocês dois juntos é sinônimo de interesse em algo. — Ela olhou para o filho e sorriu ardilosamente. Aquela mulher alta de cabelo preto e pele negra, o qual foi puxada por seu filho, sabia que o que quer que fosse, queríamos muito e que devia ser algo proibido por ela ou por meus pais.
— Mãe, vou direto ao ponto, queremos acampar juntos e sozinhos. — O rosto de Dona Ester parece ter sido desconfigurado com a carranca que ela mostrou para nós. — Não nos olhe desse jeito. Já somos praticamente adultos e sabemos das responsabilidades que precisamos ter. Vamos lá mãe você não confia na educação que deu ao seu filho? Não confia na educação que os pais da Hana deram para ela? Queremos apenas relembrar quando éramos criança e o pai dela nos levava para pescar. Mas desde que ele virou pasto na cidade não tem mais tempo de fazer esses passeios conosco. É pedir muito abrir uma exceção para seu filho no último ano de escola dele o qual você sabe que me saí muito bem.
— Esse é um argumento razoável. — Ela admitiu. — Mas vocês dois tem que dar algo em troca para mim e para os pais dela.
— O que você quiser mãe. — Marcus prometeu.
— Vocês vão a Igreja no próximo domingo e terão que dar algum testemunho, e pelo amor de Deus, um que não nos envergonhe. — Essa última parte ela disse olhando diretamente para mim.
— Eu acho uma troca razoável. — Falei dando de ombros. — Vale a pena.
— Eu concordo. — Marcus falou e em seguida apertou a mão de sua mãe, selando o acordo.
— Eu falo com seus pais por você Hana. — Ester apesar de durona tinha um coração de ouro. Ela sabia que eu tinha muita dificuldade em falar com meus pais desde que meu pai se tornou pastor e minha mãe virou quase uma primeira dama da cidade. — Vamos deixar isso para vocês irem amanhã e voltarem na segunda antes do almoço.
— Pode ser. — Eu concordei e Marcus apenas balançou a cabeça indicando o mesmo.
Agradecemos novamente o apoio e saímos dali antes que ela mudasse de ideia sobre algo.
— Acho que precisamos comprar algumas coisas para amanhã, não acampamos desde pequenos e eu tenho certeza que não consigo entrar no meu saco de dormir da época. — Marcus riu e segurou minha mão enlaçando nossos dedos, nós sempre andávamos assim, não era estranho, não era com segundas intenções, era apenas... Certo.
Fomos a loja esportiva que tem na cidade, perto da praça central e da igreja. Lá compramos uma barraca espaçosa, um culler, dois sacos de dormir, corda, uma lamparina, uma espécie de fogão onde colocaríamos o álcool e acenderíamos o fogo para cozinhar, mas apenas algumas coisas pois Marcos e eu amamos fogueira. Depois disso achamos melhor irmos ao supermercado comprar mantimentos que deem para dois dias para nós dois, o que é muita comida pois apesar de magro Marcus come por ele e mais dois, eu sempre brinco com ele dizendo que em seus estômago tem um buraco negro sugando a comida. "Ou um verme", a mãe dele me completou uma vez em um jantar com minha família, rimos até hoje desse dia.
No supermercado compramos pão, maionese, picles de pepino, rosbife, cenouras, Cup Noodles, sal grosso, batatas, alguns biscoitos, água e refrigerante. Pareceu ser o suficiente para dois dias, até porquê muita coisa iríamos encontrar no local.
A compra estava feita e só faltava organizar tudo, iríamos acordar de madrugada para aproveitarmos o dia já que o local que costumávamos acampar é um pouco distante. Marcus me deixou em casa com tudo que compramos e disse que voltaria em torno de uma hora com sua mala e a permissão da sua mãe de dormir na casa dela, até porquê eles realmente nunca tiveram problemas com isso, era a casa do pastor. Nada poderia acontecer ali.
Enquanto ele estava fora decidi fazer o mesmo e fui para o meu quarto organizar minha mochila. Coloquei um biquíni, pois lembro de ter um rio lá que dá para nadar, um shorts jeans, uma calça de moletom, e um vestido florido para tirar algumas fotos, até porquê as pessoas podem até me achar feia ou esquisita mas eu me acho linda. Encaro o espelho do meu armário sorrindo, diferente dos meus pais eu tenho cabelos ruivos como uma chama. Quando nasci acharam que minha mãe o tinha traído mas ele disse que sua mãe também tinha o cabelo dessa cor e que poderia ser algum resquício da sua genética. É a única coisa que sei da minha avó.
Também coloquei na bolsa um casaco, algumas blusas leves e um chapéu de palha para evitar o sol. Estava tudo abarrotado.
Na bolsa de mão pus alguns cremes para pele, protetor solar, repelente, chinelo, calcinha e sutiã. Especificadamente escondi ao fundo um de renda, pensando ainda no sonho que tive e com uma pontada de esperança pulsando dentro da minha calcinha.
Marcus se acha feio e já me confidenciou seus problemas de auto estima muitas vezes, mas eu o acho lindo. Com sua pele negra brilhante que me dá inveja por ser eu ser branca e pálida, seus olhos com longos cílios os moldurando, a boca carnuda e seus cachos aparados apenas por tesoura no topo de sua cabeça, já que o restante ele raspava. Minha vontade era embrenhar meus dedos por aqueles cachos enquanto grito seu nome. O sonho de ontem mexeu comigo, eu sempre o achei bonito mas nunca desse jeito. A verdade é que ele só não se arruma direito, talvez se tirasse a blusa de dentro da calça caqui já ficaria mais apresentável.
Terminei de arrumar tudo e deixei em um canto no quarto, fui até a cozinha, no andar debaixo, e comecei a preparar a comida do dia seguinte. Fazendo os sanduíches de rosbife e limpando as outras coisas que iríamos levar para fazer lá. Quando eu estava terminado de embalar os sanduíches Marcus entra na cozinha com sua bolsa nas costas e um saco de gelo nas mãos, que tínhamos esquecido de comprar antes.
Ele coloca a bolsa no chão e abre o saco de gelo despejando-o no culler que compramos e já ajeitando as bebidas ali dentro. Com os sanduíches em potes ele também os coloca ali para preservar. Eu o observo do outro lado da bancada, ele está com uma roupa diferente, deve ter tomado um banho em casa, eu deveria fazer o mesmo.
— Deixa sua bolsa no meu quarto, eu vou tomar um banho. — Falo rapidamente e subo as escadas para o meu quarto onde pego uma roupa de ficar em casa e vou para o banheiro tomar um banho.
Há, infelizmente, apenas um banheiro na casa. Não gosto de dividir com meus pais pois minha mãe sempre demora horas lá dentro, mas não tem muito o que fazer em relação a isso. Eu opto por uma ducha apesar de no banheiro haver uma banheira, não quero deixar Marcus esperando. Mas ali, sentindo aquela água morna escorrer pelo meu corpo enquanto eu me preocupo em deixá-lo sozinho só me faz sentir o mesmo desconforto de antes quanto ao meu sexo. Minha vontade de me tocar ali é intensa e eu não resisti, mesmo sabendo que ele pode estar por ali e ouvir meus baixos gemidos enquanto passa pelo corredor. Isso aí invés de me inibir me dá ainda mais vontade de fazê-lo, de querer que ele ouça, que entre aqui e que termine isso para mim. Mas sei que ele não vem. Então me permito gozar em meus dedos enquanto chamo pelo nome dele.
Quando saio do banheiro, desço logo para sala sabendo que o encontraria lá. Marcus estava sentado no sofá de calça jeans e uma blusa branca, novamente dentro da calça.
— Levanta Marcus. — Falo entrando na sala enquanto penteio meu cabelo ondulado. Ele não pergunta o porquê, apenas faz o que pedi. Eu me aproximo dele e seguro sua blusa perto da barra da calça o fazendo coçar a garganta e emitir um som de desconforto. Puxo sua blusa que me permite ver rapidamente um pedaço de sua barriga, isso é o suficiente para meu corpo entrar em estado de êxtase, mas me mantenho centrada em não avançar nele. Arrumo sua blusa de maneira que caia por cima da calça e me distancio um pouco o olhando de longe. — Bem melhor.
— Você acha? — Ele pergunta e se olha para ver como ficou.
- Eu tenho certeza. - Me jogo no sofá e ele logo se senta ao meu lado passando o braço por trás de mim e me levando para mais perto dele. A televisão já está ligada em um canal de documentários, algo que amamos fazer juntos.
— Posso te perguntar uma coisa? — Eu estou distraída olhando para como as hienas atacam em bando, então eu só movimentei minha cabeça concordando. — Porquê você falou meu nome enquanto tomava banho?
Não consegui responder, uma lardo sórdido meu que começou a surgir desde o meu sonho queria isso, mas a Hana simples, de rosto redondo e cujo estilo para moda se resume em preto e floral, que mora com seu pai pastor e sua mãe fofoqueira, só sente vergonha desse momento.
— Hana a gente não tem segredos um com o outro, pode me falar. — Ele segurou meu queixo e virou meu rosto para o seu. Marcus tinha um sorriso aberto nos lábios, tentando me tranquilizar para que eu me abrisse com ele. Mas meus olhos logo mudaram de foco passando por seu corpo, por seus braços esticados até mim e sua mão me tocando.
Muita gente acha que Marcus não é uma pessoa atlética, mas muitos não sabem que de madrugada, enquanto todos dormem, ele roda a cidade várias vezes correndo, ou andando de bicicleta. Ele faz algumas flexões, pula corda e vários outros exercícios dos quais gosta. Seus músculos não são tão aparentes como as meninas da cidade gostam, mas agora enquanto ele tenciona seu braço até mim eu consigo ver cada um deles, como vi sua entrada quando tirei sua blusa de dentro da calça.
— Marcus me solta. — Eu não precisei falar duas vezes, com ele eu nunca precisava, não existia ninguém no mundo que me respeita ou respeitaria mais do que ele. — Eu...
— Quer sair para caminhar? Ou tomar um sorvete. — Notando que eu estava desconfortável com a situação e talvez tendo compreendido o que aconteceu ele opta por mudar de assunto.
— Porque a gente só não continua vendo documentário ou vê um filme, eu faço uma pipoca. — Não dei tempo dele responder e já me levantei indo para cozinha que era separada da sala por uma parede.
Começo a fazer a pipoca tão concentrada em como fui descuidada no banheiro por causa do meu tesão que não noto Marcus se aproximando de mim até sentir sua mão em minha cintura. Eu não entendo o que está acontecendo pois eu achei que ele tivesse ficado tão desconfortável quanto eu com a situação.
Deixando a pipoca estourar Marcus se afasta do fogão me puxando com ele até seu corpo estar encostado na bancadas de mármore preta atrás de nós.
— Não vou conseguir deixar isso para lá Hana, e se seu pai chegar e me ver com uma ereção ele não vai deixar a gente acampar. — Meu coração erra algumas batidas quando prendo a respiração, pega de surpresa pelas palavras de Marcus. — Você estava de tocando e chamando por mim?
Nós nunca fomos assim, Marcus sempre foi puro de todas as maneiras, inclusive a sexual. Nós nunca nos beijamos, ou abraçamos de um jeito íntimo demais, apenas andamos de mãos dadas pois nos faz bem e não tem nada sexual ou romântico envolvido nisso, nunca teve isso para nós. Mas do nada parece que ambos mudamos, como que do dia para noite. Eu nunca nem havia me tocado antes de hoje.
Na verdade, nós não somos apenas virgens como nunca nem beijamos ninguém na boca. Ninguém na cidade se interessa por nós dessa maneira, o único jeito que nós veem é como estranhos, quase estrangeiros, sendo que nascemos aqui.
— Responda Hana. — Ele praticamente implora apertando mais minha cintura, me fazendo arfar e colar mais meu corpo ao seu, sentindo sua ereção pressionar minhas costas.
— Sim eu estava. — Respondi simplesmente, não tem porquê eu esconder algo assim do meu melhor amigo.
- O que está acontecendo com a gente, nós nunca... — Ele me afastou de seu corpo e foi como se o mundo aí redor tivesse ficado mais frio. Voltei para a pipoca que já estava parando de estourar e logo ficaria pronta.
— Eu sei, eu nunca havia visto você dessa maneira, eu não sei o que houve.
— É como se eu entrasse em transe as vezes, momentos em que sou diferente do restante do tempo. E eu só penso em você e no seu corpo de uma forma pouco respeitável. — Esse é o Marcus de sempre, que não suporta pensar em nenhuma mulher de um jeito tão devasso sem nem ao menos ter algo com ela, como eu disse, extremamente puro.
— Eu me sinto da mesma forma. — Eu coloquei a pipoca em dois potes e estendi um para ele que pegou já começando a comer enquanto caminhamos de volta para sala. — Parece que nesses momentos eu só quero que você faça coisas indecentes comigo e fico fora de mim.
— Acho que uma coisa é certa, esse acampamento vai servir para nos entendermos longe de nossos pais, pelo menos sabemos que não é algo normal o que estamos sentindo. — Doeu, mais do que eu esperava que fosse. Suas palavras perfuraram meu peito, mesmo que não fôssemos assim na maior parte do tempo não significa que essa atração era normal, será que eu era estranha demais até para ele?
Ficamos assistindo o documentário sem falar mais nada, até meu pais chegarem em casa de um dia cheio de eventos sociais e chás da tarde na casa das famílias importantes da cidade. Marcus os cumprimentou e eles o fizeram de volta, minha mãe estendeu para mim um pacote de comida que deve ter comprado a caminho daqui, é bem provável que ela e meu pai não estejam com fome então compraram para gente.
— Então vocês vão acampar? — Meu pai nos olhou de soslaio sério mais logo sorriu. — Confio em vocês, além disso soube que foi uma troca, muito positiva aliás.
— Espero que vocês entrem em um bom caminho depois de domingo. — Minha mãe afirmou. Eu e Marcus concordamos mas sabíamos estar mentindo. Nessa cidade ninguém se importa com ciência, apenas com religião, e nós somos o oposto das pessoas dessa cidade.
Abrimos o pacote de comida que minha mãe trouxe e começamos a comer, tem hambúrguer gorduroso e com certeza cancerígeno, refrigerante e batatas fritas banhadas em óleo reutilizado. O melhor da região.
— Obrigada pelo lanche Sr. e Sra. Bennett. — Marcus fala com a boca cheia de batatas.
— Sim, obrigada. — Continuo emersa no documentário, dessa vez sobre universo. Se deixar eu e Marcus ficamos nisso a noite toda.
— Não há de que. — Minha mãe faz carinho no ombro de nós dois. — Bom eu vou tomar um banho e me retirar para dormir, o dia foi cansativo.
— Eu vou com você querida. — Meu pai ficou em silêncio por alguns segundos e voltou a falar. — Marcus porquê não faz sua cama no quarto de Hana dessa vez, está muito quente e lá vocês podem ligar o ar.
— Obrigado Sr. Bennett. Farei isso.
— Ótimo. — Só então meu pai se retirou indo atrás da minha mãe.
— Estranho. — Comentei mordendo mais um pedaço do meu sanduíche.
— Muito estranho. — Ele desliga a televisão e se levanta. — Mas eu vou poder dormir no ar e eu realmente queria isso, porquê não vamos assistir no seu quarto já que eles permitiram, vai ser mais confortável.
— Você tem razão.
Pegamos nossos pacotes de comida e carregamos para o quarto, minha cama é de casal então ambos nos sentamos nela, um tanto desconfortáveis. Eu ligo a televisão no mesmo canal que estávamos vendo e continuo comendo sem falar mais nada com Marcus.
Quando eu termino de comer me levanto e saio do quarto, vou ao banheiro lavar minha mão e escovar meus dentes, quando volto pro quarto Marcus saí, provavelmente para fazer o mesmo, mas diferente de mim ele leva as sacolas de comida para jogar fora, que eu esqueci. Aproveito que ele saiu para colocar um pijama, ponho um baby-doll, um short branco cheio de morcegos e uma blusa preta escrito Batman no centro. Me deito na minha cama me cobrindo e volto a prestar atenção na televisão.
Marcus volta e vai até sua bolsa deixando sua escova de dente lá, ele vem para cama ficando de pé ao lado dela, onde tira a blusa e a calça ficando apenas de cueca box branca que marca seu pênis. Não consigo resistir e o encaro um pouco, mas não consigo ter essa visão por muito tempo pois logo ele se deita e entra debaixo da coberta junto comigo.
Marcus estende sua mão me alcançando e me puxa para si, fazendo meu corpo bater no dele. Ele enterra seu nariz no meu cabelo e seus dedos na minha pele, eu solto um gemido e ele solta um suspiro forte em resposta.
— Porra Hana que vontade de me enterrar em você. — Sua mão desce para mais abaixo da minha cintura, chegando perto do meu centro de calor que chama por ele. Mas ele para antes de chegar lá me fazendo parar de gemer de vontade de tê-lo para soltar um de frustração. — Merda Hana.
Ele me empurra e tapa os olhos com as mãos mantendo a barriga para cima ao se deitar, magro mas definido. Ele é lindo. Tão lindo que me dá vontade de tocá-lo, de beijá-lo, lambe-lo. Sento na cama jogando minha bunda para o alto e deixando meu rosto tocar em sua barriga, depósito beijos, lambidas e arranhões ali. Ele geme, arfa e sussurra meu nome me fazendo ficar cada vez mais presa nesse transe.
— Hana eu não tenho mais o controle que tinha sobre mim. — Ele parece sofrer com tanta tentação. — Não podemos fazer isso sem entender o que está acontecendo com a gente. E acredite, eu quero muito entender o mais rápido possível para meter em você.
— Você está certo. — Minha voz parece um ronronado, me sinto carente como nunca antes. — Mas eu queria só uma casquinha.
Ele está olhando para mim intensamente, o que só piora a situação para mim. Ele estende seu braço e segura minha mão me puxando para si, nossos rostos estão pertos um do outro e nossa respiração se mistura como uma só. Com a outra mão ele pega o controle e desliga a TV, não estamos assistindo mesmo.
— Vamos dormir para amanhã acordarmos no horário. — Apesar disso ele não se ajeita para dormir, não fecha os olhos.
Sua mão desocupada vai para o meu cabelo, ele me deita na cama e vem por cima de mim, aproximando mais nossos rostos.
— Tirar uma lasquinha não faz mau né. — Ele sussurra, mais para si mesmo do que para mim.
Marcus me beija. Ansioso, lento e sufocante. Todo o sentimento que eu estava sentindo parece duplicar agora e minha vontade de me entregar totalmente para ele aumentou junto. Enlaço sua cintura com minhas pernas e deixo que ele esfregue seu pênis duro em mim por sobre os tecidos que nos separam. Gemidos saem da boca de ambos, mas não paramos de nós beijar em nenhum momento. Parece que precisávamos disso mais que tudo para viver. É como se pela primeira vez eu tivesse de fato respirado o ar puro.
Marcus saí de cima de mim em um rompante de lucidez e eu me sinto nua por não estar coberta com seu corpo.
— Okay, isso foi um erro. — Suas palavras novamente me perfuram.
— Saí do meu quarto. — Seguro as lágrimas. Eu não faço a menor ideia do que estou sentindo ou de quando surgiu, muito menos entendo esse lado mais safado que nunca tive e que aflorou totalmente hoje. Mas o que eu sei é que preciso de Marcus para além da amizade e que se ele for ficar falando coisas que me machuquem ele pode ficar em outro lugar que não seja perto de mim.
— O quê?
— Me deixe sozinha por favor.
— Mas Hana eu...
— Marcus. — Eu olho para ele, talvez seja meus olhos já avermelhados ou a vergonha pelo erro, mas Marcus me ouve e saí do meu quarto.
Choro quando a porta é fechada, o faço sem saber pelo que estou chorando exatamente, mas sei que preciso deixar esses sentimentos tristes saírem de dentro de mim. Quando as lágrimas decidem não sair mais de meus olhos, eu durmo.
Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo!! 🔥🔥
Quem acha que a Hana e Marcus vão acabar se envolvendo mais profundamente levanta a mão!
Por ser um conto de tamanho maior decidi o dividir em capítulos grandes e ele terá entre 4-5 capítulos dependendo do desenrolar da história.
Por favor não se esqueçam de comentar e dar estrelinha pois isso é muito importante para mim 🖤
Próximo capítulo AMANHÃ 🔥
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