Capítulo 21: Equipe Fênix
Antes de começarmos o novo jogo, percebo Letícia, Paulo e uma garota se aproximando.
— Ainda bem! Estamos todos bem. — Bianca suspira aliviada e abraça Paulo, e fica alguns segundos pensando se abraçava Letícia ou não.
— Não ganho abraço também? — Ela pergunta um leve sorriso no rosto.
Desajeitadamente, Bianca dá um fraco abraço em Letícia e logo se afasta.
— Gente, essa é a Miyu. Ela também é uma bruxa, pode nos ajudar. — Letícia apresenta a garota, que apenas acena com a mão.
— Olá, Miyu. — Cumprimento a garota, que força um sorriso para mim. — Fico feliz que todos vocês sobreviveram, mas... alguém viu o Daniel?
— Ele não estava conosco. Jogamos em dupla. — André responde, e eu logo olho para Letícia.
— Ele não estava no nosso jogo também.
— Luna. — Caroline me chama e logo desvia o olhar para o chão. — Ele estava comigo.
— E cadê ele? Cadê ele, Carol? — Questiono sentindo o medo percorrer pelo meu corpo.
— Era um jogo de só um jogador. Ele prometeu que daria um jeito, mas... mas eu não sei. Me desculpa! — Carol diz com a voz trêmula e seus olhos enchem de lágrimas.
— Por que você não falou antes? Está carregando a culpa agora? — André questiona, tão indignado quanto eu, e eu percebo que ele estava igualmente com medo. — Se fosse o Paulo você já teria surtado para cima da Luna e agora você tem coragem de omitir essa informação? E se ele realmente tiver morrido, Caroline?
— Ei, não fala assim com ela! — Paulo interrompe e se põe a frente de Caroline, que começa a chorar.
— Ele não teria morrido se você não tivesse mudado as realidades e ter feito merda em tudo! — Carol rebate, e André a olha, furioso.
— Então foi você que fez isso? — A garota Miyu questiona e se aproxima de André.
Eu não a conhecia, mas percebi que ela estava com raiva.
— Parem! A verdadeira culpada disso tudo é a Morweena! — Grito, fazendo todos voltarem a atenção para mim. — Ela falou comigo, é uma feiticeira, bruxa, entidade, sei lá. Ela, de algum jeito, conseguiu acessar o pêndulo da realidade que ficava protegido no templo de Saint Luna. Então, entregou esse pêndulo para André para usar como distração para algum plano que eu ainda não sei qual é, mas que iremos impedir!
— Luna está certa! Eu conheço essa mulher, ela me vendeu esse pêndulo por dois reais, mas eu não achei que ia funcionar, só comprei porque achei bonito e barato. Mas quando vi que realmente funcionava, eu só queria ser bonito e rico, e não matar ninguém. Eu jamais mataria meu melhor amigo! — Ele se defende, se encolhendo no casaco grande preto e com capuz.
— Podemos resolver isso depois, agora vamos jogar logo essa merda de jogo para sairmos daqui. — Bianca diz.
— Como tem certeza que vamos sair daqui jogando esse jogo? — Miyu pergunta desconfiada.
— Ai, é pressentimento, ok? — Bianca responde sem paciência. — Luna, ainda está com o pêndulo?
Por um breve momento eu havia me esquecido do relógio no meu bolso. Seguro-o e coloco na nossa frente. Ele não emitia magia nenhuma, não tinha mais energia. Parecia que ele não funcionava ali.
— Inútil, eu diria.
— Não é possível que não existia nenhum resquício de magia aqui nesse cafofo! — Carol diz indignada e Letícia e Miyu se entreolham.
— Eu tenho parte dos meus poderes. Sou uma bruxa psíquica, minha telecinese ainda funciona, mas só com objetos pequenos. Não consigo me teletransportar, ainda consigo utilizar a telepatia com pessoas perto de mim e hipnose, dependendo do caso. — Miyu respondeu. — Mas meus poderes só são úteis com pessoas, exceto se for para mover algo com a mente. Fora isso, ele não serve para consertar um relógio. Vocês são bruxas recém criadas, não é? Pude perceber que a Letícia ainda está manifestando os poderes dela.
— Como assim? — A garota questiona confusa.
— Você ouviu os abutres de longe, se incomodou com o som alto, audição sensível. Você é uma bruxa elemental, mas dominante de elementos secundários. Acústica, seu poder é controlar ondas sonoras, você ainda só não sabe lidar.
— Faz sentido. — Letícia responde e olha para o chão. — Mas isso também não ajuda a consertar o relógio.
— Ei, a Bianca meio que divou também no nosso jogo! — André diz, empurrando Bianca para frente. — Fala para eles, aquele negócio de raiozinho da mão.
O jogo realmente uniu eles dois.
— Senti faíscas elétricas saindo de mim e invadindo meu corpo todo. Causei uma onda de choque em uma pessoa, além de sem querer causar esses trovões. — Bianca diz e olha para mim. — Como começamos a ter poderes se nem somos de fato bruxas tríades ainda?
— Espera, vocês são bruxas tríades? Mas não existe uma triade em ascenção? — Miyu questiona.
— Estão desaparecidas. — Respondo. — Eu mesma recrutei elas para serem as novas tríades. Foi o chamado delas.
— Tirou essas conclusões da onde? Por acaso quem é você? — Miyu pergunta com desdém, me encarando.
— Eu não sei, mas sei que eu posso ser a única chance de vocês saírem vivos dessa. — Respondo friamente.
— Você quem deveria consertar o relógio. Não foi você que quebrou? Dá um jeito! — Carol diz, ainda irritada com André.
— Ah, claro! — André puxa o relógio da minha mão e fecha os olhos, parecendo começar uma conjuração. — Bucetaides, nareguetes, maracais, gozastes, bucetoides, cuzastes, PEGA A VISÃÃÃOO! TÁ BOM PRA VOCÊ AGORA? TÁ BOM AGORA, CAROLINE?
— Vamos logo, o jogo já vai começar. — Miyu passa ao lado de Bianca, dando um leve empurrão o qual eu prefiro acreditar que foi sem querer. — Povo esquisito.
— Vimis ligui. — Bianca sussurra ao meu lado e cruza os braços, imitando debochadamente Miyu.
— Releva um pouco. Ela literalmente acabou de perder o irmão. — Letícia comenta, caminhando ao nosso lado.
— Perdeu a noção também? — Bianca revida. — A Luna perdeu uma amiga hoje e talvez tenha perdido o namoradinho e nem por isso está sendo uma imbecil.
— As pessoas lidam com o luto de jeitos diferentes.
— Vamos focar em vencer esse jogo e sair logo daqui. Temos um longo trabalho pela frente. — Digo andando mais a frente, entrando na arena dos Jogos.
— Espero que todos nós consigamos sobreviver. — Carol diz a nossa frente, mas eu não conseguia encará-la.
Bem-vindos ao jogo: Caçada Noturna!
REGRAS DO JOGO
1) Os jogadores deverão se posicionar na entrada do labirinto e escolher uma das equipes a qual irá participar: Equipe Fênix ou Equipe Íris.
2) As equipes disputaram uma com a outra, e cada equipe deverá conter no mínimo cinco e no máximo dez participantes.
3) O objetivo do jogo é escapar do labirinto, o qual haverão objetos espalhados que irão ajudar no percurso. Os objetos são limitados e o uso dos mesmos será opcional.
4) Cada equipe terá um brasão com seu próprio símbolo representante, o qual ficará com um dos participantes, denominado o líder.
5) Vence a equipe a qual, no tempo estimado, conseguir o brasão da equipe inimiga e encontrar a saída do labirinto.
— Três objetivos? — André questiona surpreso. — Como faremos tudo isso? Achar objeto, roubar brasão, sobreviver. É coisa demais!
— Nossa equipe é forte. Vamos conseguir! — Bianca diz confiante. — Temos chance de sobrevivermos. Então, quem será o líder?
— É importante que saibam que a pessoa que assume o risco de ser o líder, estará exposta à outra equipe. Será um alvo. — Carol diz e eu concordo com a cabeça.
— Eu posso ser o líder. — Afirmo, me pondo mais a frente. — Eu assumo o risco.
— Estamos em sete. É um bom número, não sabemos quantos estão na outra equipe. — Letícia afirma, e eu logo vejo uma placa holográfica enorme, podendo ser visualizada por toda arena, na contagem ainda não iniciada de sessenta minutos.
— Estamos em oito. E nem pensar, o líder vai ser eu.
Ouço uma voz atrás de nós, e quando me viro, vejo Daniel se aproximar com um sorriso no rosto. Ao menos consigo descrever a felicidade e alívio que senti ao vê-lo, apenas senti minhas pernas me guiarem para ele, abraçando-o.
— Eu sabia que você estava vivo! — Falo baixo, suspirando de alívio.
— Graças a Deus! — André se aproxima e o abraça também, logo que me afasto. — Se você tivesse morrido, eu ia te matar!
— Como você conseguiu? — Carol sorri ao vê-lo, e ele apenas dá um sorriso de leve.
— Sempre fui de quebrar algumas regras. Agora vamos, temos um jogo para vencer.
Havia uma pequena mesa no canto do corredor, o qual apoiava um bracelete prateado com o símbolo de uma Fênix.
— Equipe Fênix. Até que soa bonito. — Paulo diz orgulhoso.
Assim que entramos no labirinto, o cronômetro começou a contar.
— Onde será que está a outra equipe? — Bianca pergunta.
— Acredito que tenham entrado pelo outro lado. Iremos esbarrar com eles alguma hora. — Carol responde, dando uma rápida olhada pelos arredores.
Os corredores do labirinto eram feitos de paredes altas, eu diria uns dois metros e meio de altura.
— Precisamos de um plano. — Miyu diz. — Vamos montar uma emboscada para a outra equipe. Temos a vantagem de termos poderes, mesmo que eles estejam fracos aqui.
— Não. Eu sinto energia por todo lado, e não apenas daqui. — Digo, olhando ao redor para ver se conseguia enxergar algo. — Letícia, consegue ouvir alguma coisa?
A garota fecha os olhos por alguns segundos, respira fundo e se concentra. Então, ela abre os olhos novamente e se vira para a nossa esquerda, onde era a continuação do labirinto.
— O grupo está vindo de lá. Estão se aproximando cada vez mais. Acho que estão entre oito ou nove pessoas. — Ela responde, transmitindo certeza na sua voz.
— Vamos nos separar. — Miyu sugere.
— Nem pensar! — Caroline discorda. — Isso aqui é um labirinto, se nos perdermos, já era!
— Não tem como nos perdermos. Ainda consigo me comunicar com a telepatia, Letícia consegue ouvir de longe caso alguém queira passar algum sinal a ela. Podemos formar três grupos, encurralar a Equipe Íris. Um grupo fica responsável por achar os objetos e proteger o líder, o outro grupo tenta pegar o bracelete do líder de lá, e o último grupo fica na distração e armadilhas. — A garota sugere, e eu estava começando a colocar fé na sua ideia.
— Odeio admitir, mas é uma ideia boa. — André diz, se pondo a frente, e olha para mim. — Mas é você quem decide, Luna.
— Certo. — Engulo o seco e olho para todos, e certamente, era a ideia mais sólida que alguém teve até agora. — Faremos isso. André e Carol vão com a Miyu para pegar o bracelete do líder da Equipe Íris, Paulo e Bianca ficam responsáveis pelas armadilhas e para encontrarem os objetos. Leticia e eu protegemos o Daniel. Todos de acordo?
O grupo todo assente com a cabeça e rapidamente o grupo de Miyu segue em outra direção, enquanto Paulo e Bianca ficam conosco até certo ponto, ao encontrarmos um óculos com a lente azul. Paulo coloca no rosto e olha ao redor, ficando momentaneamente boquiaberto.
— Eu estou vendo através das paredes! — Ele diz impressionado. — Estou vendo a Miyu, estou vendo o outro grupo também... ah, não!
— O que foi? — Pergunto confusa.
— Tem cinco pessoas lutando com a Miyu, com o André e a Carol. A Miyu está fazendo eles lutarem contra si mesmos... e a Carol e o André estão cercando um cara... ELE É O LÍDER! — Paulo diz bem atento.
— Vamos logo. Eles estão indo bem. — Apresso o grupo, e assim que viramos um corredor do labirinto, vejo duas garotas, gêmeas, vindo na nossa direção.
— Achamos o líder. — Diz uma delas, com certa satisfação na voz.
De repente, elas vêm para cima de nós, e logo chegam outras duas pessoas.
— Quatro contra quatro. Justo. — Bianca diz, erguendo os punhos, e eu consigo ver uma faísca azul brotar com facilidade das suas mãos.
— Vai ser interessante. — A garota de mini saia diz, e eu olho para Daniel, que até então não havia dito nada.
— Olha, Luna. Você vai ficar me devendo uma coxinha e uma Coca-Cola por me fazer ficar passeando nesse negócio de realidade alternativa e magia. — Daniel dá um passo para minha frente. — Vocês me querem? Então venham me pegar.
Daniel começa a correr na direção oposta de onde viemos, e as duas garotas e o garoto que apareceu com elas começam a correr atrás dele. Paulo, Leticia, Bianca e eu corremos juntos, mas de repente, uma das garotas faz uma parede surgir na nossa frente.
— Droga! — Reclamo, batendo na parede que separava o trio e Daniel do resto de nós.
— Sai da frente. — Letícia me empurra para o lado e toca a parede. Ela se concentra, sem ter certeza do que estava fazendo, até que eu vejo a parede começar a tremer e desmoronar na nossa frente. — Até que eu não sou tão ruim nisso.
Logo, voltamos a correr, com Letícia na frente nos guiando pelo som de onde os outros estavam. No meio do caminho encontramos um tipo de tênis, o qual eu não queria parar para ver o que era.
— Vão na frente, só vou ver para que serve isso. — Ele diz, e então as meninas e eu continuamos correndo.
— O que é isso? — Bianca pergunta, já ofegante, assim que viramos em um dos corredores. — Uma espada! Demais!
Seguro a arma na mão, já que tecnicamente eu era a única (além dos meninos) que não possuía nenhum tipo de poder, mas eu tinha a impressão de que já havia usado uma espada dessas antes. E, de alguma forma, eu era boa.
Paulo ficou para trás, e finalmente conseguimos ver Daniel encurralado. Ele parecia sentir dor, sendo induzido pela outra gêmea. Eram bruxas de tormenta, eu as reconhecia de longe.
— O que você acha, Camile? Vamos acabar com essas fraudes da magia? — A garota pergunta, e a outra só.
— Claro, Camila.
— Olha, eu já estou sem paciência para as gêmeas lacração. — Letícia diz, se aproximando delas.
Olho para Bianca e a vejo apontar para Daniel, que estava encurralado pelo garoto. Bianca e Letícia se olham, e então as duas atacam cada uma das gêmeas. Ergo a espada e tento avançar contra o garoto, que surpreendentemente também parecia possuir algum grau de magia.
— Bruxo hereditário? — Questiono, e ele se ergue com a mão estendida, como se fosse se entregar.
— Desculpa, não é por mal. São vocês ou nós e eu não quero morrer! — Sinto uma onda de eletricidade passar por nós, algo certamente causado por Bianca.
— Para de conversar com ela, Thiago! — Camile grita, e eu percebo que Bianca se ajoelha no chão, sentindo dor.
— Sinto muito. — O garoto me olha piedoso e ergue as mãos, e eu pude perceber uma enorme rachadura se abrindo bem debaixo de mim.
Penso em atacá-lo, mas meu corpo relutava contra isso. Era como se eu estivesse paralisada. Vejo Daniel agarrar Thiago com um mata-leão surpresa, não dando tempo nem ao garoto raciocinar. Então, ele vai perder as forças até desacordar.
— Fica aí. — Levanto a espada e tento atingir a garota Camila, que me olha desafiadora, fazendo-me sentir como se meu corpo estivesse pegando fogo.
Ignoro a dor, tento ser mais forte que qualquer magia, mesmo sendo uma dor insuportável que fazia minha pele arder. Atinjo sua costela com a lâmina da espada, fazendo um corte profundo que deixava um rastro de sangue.
— Camila! — Camile grita, mas antes da garota reagir, Letícia assobia alguma coisa, que instantaneamente me causa um sono quase incontrolável.
— Não era para vocês, acorda! — Letícia me dá dois tapas no rosto, fazendo-me sair do transe sonolento, e eu percebo que seu plano funcionou com as outras duas garotas. Elas dormiam como bebês.
— Só um cochilo. — Bianca se encosta em uma parede e fecha os olhos.
— Merda! Preciso controlar isso urgentemente! — Letícia faz com que a atmosfera ao nosso redor mude para ondas sonoras que se assemelhavam às notas musicais de Throne, do Bring me The Horizon.
Bianca se assusta com a batida e o grito dos vocais da banda, se levantando e saindo da dominação do sono.
Olho para Daniel para me certificar de que ele estava bem, apenas com alguns arranhões no corpo.
— A Miyu conseguiu o bracelete da Equipe Íris! — Letícia comemora. — Ela me disse que tem um garoto e uma garota que ainda estão por aí, e que é para tomar cuidado com Daniel.
— Ela disse, é? — Bianca pergunta desconfiada e fecha o rosto.
— Precisamos agora achar a saída. — Diz Daniel. — Temos treze minutos.
— Perdemos esse tempo todo? — Letícia pergunta surpresa e logo se apressa a voltar a andar. — Vamos!
Caminhamos por mais algum tempo, e por um momento pareceu que andamos em círculos, pois todos os lugares e passagens pareciam os mesmos.
— Estão ali! Ainda podemos vencer se pegarmos o bracelete dele e fugirmos a tempo! — Dou de cara com a dupla que Miyu havia comentado, um rapaz moreno e uma garota loira.
A loira da Equipe Íris lança um tipo de ilusão psíquica contra Bianca, tentando confundi-la enquanto avança em direção a mim. Conforme ela se aproxima, sinto um arrepio, mas me mantenho firme. A energia estática de Bianca cria uma barreira ao redor de nós, tentando bloquear as ilusões, mas a loira é habilidosa, deslizando entre as projeções como se fossem parte dela.
Enquanto isso, o garoto, o qual sua aparência parecia mudar freneticamente, avança sorrateiramente na direção de Letícia, tentando pegá-la desprevenida. Ela responde com um grito agudo, manipulando o som ao seu redor para criar uma onda de choque que o faz recuar momentaneamente. A adaga brilha em suas mãos enquanto ele tenta se recompor, aproveitando as sombras para se camuflar novamente.
Eu enfrento a loira, desviando-me de suas ilusões que tentam me desorientar. Concentro-me na minha respiração e nos movimentos dela, esperando o momento certo. Quando ela se aproxima para um ataque, giro minha espada em um arco largo, cortando o ar com força. Ela se esquiva habilmente, mas a borda de minha lâmina corta uma das ilusões, dissipando-a.
Enquanto isso, Bianca está em uma dança elétrica com a loira, faíscas voando entre elas enquanto tentam superar uma à outra em poder bruto e controle. Bianca canaliza sua eletricidade através do solo, criando raios que se entrelaçam como serpentes, forçando a loira a se mover rapidamente para evitar ser atingida.
O garoto camuflado, agora recuperado, avança novamente em Letícia, desta vez com mais cautela. Ele sabe que subestimá-la é um erro; ela pode manipular o som de maneiras imprevisíveis. Ele tenta se aproximar silenciosamente, mas Letícia está alerta. Ela cria uma dissonância aguda que reverbera pelas paredes do labirinto, deixando-o momentaneamente atordoado.
— DANIEL! — Ouço a voz de Paulo se aproximar, e ele estava rindo feito uma criança.
Os sapatos em seus pés faziam Paulo pular como se estivesse em um pula-pula. Ele olha por cima das diversas camadas das paredes do labirinto, e salta entre elas até chegar a Daniel.
— Você conseguiu a bota saltitante do Subway Surf! — Daniel diz impressionado, e Paulo segura a mão do garoto e dá um pulo para o alto, carregando eles dois.
— Achei a saída! Precisamos ir! — Ele grita, e logo volta a saltitar por cima do labirinto.
Enquanto a batalha continua, a dupla percebe a fuga de Daniel e se frustra conosco.
— Seu imbecil, você deixou ele ir! — A garota berra com o garoto, que parecia igualmente irritado.
Aproveitando a brecha, avanço contra a loira com tudo o que tenho. Minha espada corta o ar com precisão, atingindo seu flanco enquanto ela tenta se recompor da explosão elétrica e sonora que Letícia e Bianca causaram, na tentativa de evitar que a dupla fosse atrás de Daniel. Ela recua, surpresa pela nossa súbita ofensiva coordenada.
— Rápido, o tempo está acabando! — Miyu surge na nossa frente como se tivesse surgido do ar. Ela olha para a dupla, que estava incrédula, mas sabia que haviam perdido essa batalha.
Então, corremos poucos metros até chegarmos à saída, onde Paulo, Daniel, André e Caroline já haviam passado. O cronômetro finaliza e o som de uma sirene é ouvido por todo lado.
— Equipe vencedora: Equipe Fênix. Parabéns! — A voz ecoa, e todas as passagens do labirinto se fecham.
Não consigo deixar de acreditar que é injusto que pessoas inocentes tenham morrido por causa disso tudo, sem terem opção exceto lutar. A imagem de Thiago ainda estava na minha cabeça, com seu olhar piedoso como se não tivesse outra opção. A visão de Elly, se obrigando a jogar comigo e perdendo sua vida sem ter outra alternativa.
Tudo isso alimentava minha raiva por Morweena, e eu estava mais determinada do que nunca a encontrá-la e acabar com isso de uma vez por todas!
— O relógio! — André pega o relógio, o qual estava brilhando e os ponteiros rodando rapidamente de um lado para o outro.
André então ativa o pêndulo, fazendo a imagem ao redor de nós se distorcer, como se estivéssemos dentro de uma máquina de lavar centrifugando.
E então, estávamos em outro lugar. Um lugar bem familiar, onde o sol iluminava a cidade e o som dos pássaros causava harmonia por toda nossa volta.
Estávamos de volta à nossa realidade.
Continua...
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