Capítulo 11
Gina
Ouço a batida alta da boate e quase não consigo ficar acordada, estou com tanto sono esses dias que nem consigo mais entender nada que Frank fala. A boate está exigindo muito de mim, parece que o pessoal decidiu que queria ir na boate a semana toda.
Não estou reclamando, o bom movimento faz com que eu ganhe mais dinheiro, porém não consigo acompanhar. Frank fica me ajudando, por que além de ser barmen, ele é administrador e contador da boate, então ele sempre está aqui.
Desci para ver se me enturmava ou se conseguia fazer alguma coisa além de me entupir de sorvete e assistir Friends repetidas vezes. Essas férias não estavam sendo as melhores férias do mundo, isso por que eram minhas últimas férias universitárias.
Acho que é por causa de toda essa coisa com Taylor, fiquei sabendo que ele foi para o Arizona depois da nossa briga e presumi que ele realmente não queria mais falar comigo. Então apenas fiquei na minha, mas o problema foi ficar demais.
Precisava de um agito, por isso desci para a boate, mas agora não tenho tanta certeza de que eu quero ficar aqui. Olho para o lado e vejo Frank servindo bebidas para dois garotos que devem ter trazido identidades falsas.
-Gina.- ouço uma voz.- Ei, Gina.
-Bay.- sorrio.
-Por que está aqui no fundo?- ele pergunta quando nos abraçamos.
-Ah, você sabe. Hoje não tô nuito afim.- faço careta.
-Tudo bem?- ele acaricia meus cabelos.
-Sim.- mexo a cabeça.- Você veio com...
-Gina Cloud!- ouço uma risada alta.- A lenda veio nos agraciar com sua presença.
-Você é tão dramático.- sorrio quando vejo Anthony.
-Você é tão linda.- fala em seu sotaque inglês enquanto me abraça.
-Desiste, ela não vai transar com você.- Bay sorri.
-Infelizmente, meninos, hoje tô cansada.- explico enquanto Bay acaricia minhas costas.
-É só questão de tempo até o Lynch ver que a gente te...
-Cloud!- alguém me tira do chão e percebo ser Lynch.
-Ai.- rio quando ele me balança.- Você tá diminuindo?
-Vai se foder, Lynch.- empurro ele.- Cadê o Jack?
-Ele foi para as Bahamas.- Anthony ri.
-E ele nem me levou?- finjo indignação.
-Se quiser, eu te levo para um lugar muito melhor.- Lynch sorri.
-Bay, por favor, tome conta deles.- aponto.
-Ok, todo mundo pra lá.- ele os empurra.
-Chata.- Lynch bufa.
-Tchau, Gina Cloud.- Anthony adora falar meu nome.
Bay olha para eles e então volta a olhar para mim, diminuo meu sorriso e ele parece ficar preocupado quando eu faço isso. Ele sempre fica preocupado comigo, parece até um irmão mais velho.
-O que você tem?- ele pergunta.
-Nada, só tô desanimada.- explico.- Vou subir e tomar um banho antes de dormir.
-Quer que eu fique com você?- franze as sobrancelhas.
-Não, não precisa.- balanço a cabeça.
-Vai, Gina, não é nada sexual.- ele belisca meu braço.- Só quero que fique bem.
-Sabe que qualquer uma transaria com você com esse seu jeitinho de cavalheiro.- provoco.
-Anthony me ensinou tudo.- ele pisca.- Vamos.
-Você não vai dormir aqui.- explico subindo as escadas.- Só vai passar um tempinho.
-Claro.- ele sorri e as covinhas aparecem.
-Tá.- abro a porta e deixo ele passar.- Sem quebrar nada, seu jogador ambulante.
-Você acha que eu não tenho senso de espaço?- ele pergunta tirando a jaqueta.
-É.- assinto indo para o meu quarto.- Pode ficar a vontade, eu vou tomar um banho e saio.
-Ok.- ele vai até a geladeira.
Entro no quarto e começo a tirar minhas roupas, não me sinto em perigo com Bay, na verdade ele é um dos caras com quem eu ficaria bêbada e deixaria que cuidasse de mim sem o menor problema.
Então entro no banheiro e começo a tomar banho, várias vezes quando fecho os olhos só consigo imaginar Taylor, só consigo imaginar o que aconteceu entre nós naquela noite.
Fazia um tempo que pensava naquela noite e estava me enganando em dizer que eu não queria repetir. Mas era demais, até mesmo para mim, pensar que Taylor iria mesmo querer estar em qualquer tipo de relacionamento comigo.
Nem que eu quisesse apenas sexo casual, eu sabia que ele não era muito de ficar com a mesma pessoa, eu vi ele fazendo isso com outras mulheres. O que seria diferente comigo? O que impede Taylor de no outro dia não querer mais transar comigo e me dispensar?
Não quero ter que me preocupar com isso.
📀
Taylor
-Não tem nada aqui.- bufo.
-Paciência.- meu pai fala.
Engraçado ele falar de paciência, meu pai nunca foi de ter paciência. Quer dizer, ele nunca sequer soube o que era isso, ele perdia a paciência com todos, meus irmãos, minha mãe.
Olho para baixo e vejo o rifle que estou segurando, é estranho como sei montar e desmontar isso com una facilidade enorme. Parece estranho e perigoso ter isso nas mãos de alguém como eu, ou como eles.
-Ali. Seis horas.- ele fala e aponto para a direção vendo o cervo pela mira.- Atira.
-Cameron pode fazer isso.- falo baixo.
-Atira, Taylor.- ele fala com raiva.
-Eu não quero...
-O que? Ficou emocional? Ficou fraco?- ele bate na minha cabeça, sempre no mesmo canto.- Você vai atirar naquele cervo, depois tirar toda a pele dele e então salgar a carne, entendeu?
-Sim.- toco o gatilho.
-Sim, o que?- a voz dele me dá nojo.
-Sim, senhor.- assim que termino de falar, atiro entre os olhos do cervo.
Ele cai no chão e tiro a bala vazia para dar lugar para a nova. Me levanto e começo a ir na direção do cervo, seguro ele pelas patas e passo seu corpo pelos meus ombros, lembro de Chefe e não deixo isso me abalar.
Ela está bem, está com os filhotinhos. Ela está legal e Adam e Lisa devem estar a alimentando. Ela está bem, quentinha, cheia de amor e sem que alguém tente atirar nela por pura maldade.
-Então...- meu pai começa quando coloco o cervo na caçamba e pego a faca de caça.- Onde estão as namoradas?
-Não tenho namoradas.- explico sério.
-Você passou quatro anos fora e ainda não arranjou uma namorada?- ele arregala os olhos.
-É, eu não quero uma agora, estou em uns negócios da banda...
-Essa merda de banda de novo.- ele bufa.- Isso não vai dar dinheiro, seu moleque.
-É.- concordo.
Não vou me dar ao trabalho de discutir com ele, não vou me dar ao trabalho de dizer a ele que eu comprei um carro novo e quando acabarem as aulas vou ter como comprar um apartamento enorme só para mim.
Não vou dizer a ele que eu vou fazer um show em um estádio, não vou dizer a ele que somos a banda que mais cresce nas rádios nesses últimos dias do lançamento do álbum. Simplesmente não vou dizer nada a ele.
-Você tem que voltar para cá e casar com uma das garotas.- ele explica.- A filha dos Nelson fez dezenove agora...
-Ela é uma criança.- falo enquanto rasgo a pele no lugar certo.
-Taylor, você não pode ficar por aí feito um vagabundo...
-Dá última vez que eu vi, ainda era um adulto.- falo com raiva.- Então, eu posso fazer o que quiser já que não me banca mais....
Ele se prepara para me dar outro tapa na nuca e seguro seu pulso antes disso, o encaro e ele olha para a minha mão. Sei que está doendo, por que estou apertando com muita força.
-Se me der um tapa, eu vou errar o corte.- aponto.- E eu quero que cada parte dessa merda de cervo sirva.
Ele se cala e volto a fazer o que estava fazendo, ergo os olhos e vejo Cameron com o olhar arregalado para mim. Ele é o do meio e ainda sim não tomou coragem, nem Luke e nem ele.
Dizem que os mais novos sempre são os rebeldes, então vou fazer meu trabalho de filho mais novo enquanto estiver aqui e esperar que tudo isso se resolva. Só faltam umas três semanas, depois disso, vou poder ir lá na Gina e falar com ela.
Só mais três semanas.
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