Capítulo único
Sophie passou o dia todo ao relento, limpando a parte de fora do fora do castelo. Enquanto Howl estava por aí, provavelmente paquerando alguma garota. Talvez até mesmo Lettie, irmã de Sophie e isso a fazia sentir-se tão miserável, a ponto de precisar distrair a mente a qualquer custo.
Mesmo que fosse limpando aquela droga de castelo imundo!
Calcifer viu que Sophie parecia cansada e começava a espirrar. Mas nem a ventania fora do castelo e o sereno foram suficientes para fazê-la desistir da ideia de ocupar a mente com arrumação e limpeza.
— Não pode ver um rabo de saia — resmungou, enquanto tirava o pó dos cacarecos de Howl. — Não se importa comigo!
Ela continuou a limpar sem pensar no amanhã ou no quanto tossia e espirrava, graças ao vento e ao pó.
Ficou cerca de duas horas do lado de fora, só entrou quando já não podia mais enxergar direito graças a poeira trazida pelo vento.
Quando, enfim, se deitou para descansar, percebeu que estava febril. Seu corpo todo doía, agora podia sentir todo o cansaço do dia a abater.
Cansaço, só podia ser isso. Apenas isso. Só precisava descansar...
(...)
Ouviu vozes no andar de baixo, Howl havia chegado e parecia nervoso.
— Sophie ficou quase dia todo do lado de fora, subiu faz algumas horas e não desceu mais. — Calcifer explicou.
— Teimosa, não consegue ficar quieta! — Howl murmurou e Sophie ouviu o barulho de seus passos ao subir as escadas.
Sophie fingiu dormir ainda, porque não queria encará-lo. Estava com raiva por gostar de um mulherengo que não notava seus sentimentos.
Portanto, permaneceu quieta, apesar da sensação ruim e do corpo pesado graças ao esforço físico.
Howl bateu na porta e chamou:
— Sophie... — Não houve resposta. — Estou entrando.
A porta foi destrancada e o perfume dele preencheu o ambiente.
"Todo perfumado para as outras, claro.", pensou Sophie.
Ele aproximou-se da cama e ao notar que Sophie dormia, cogitou retornar depois. Até perceber o rubor em suas bochechas e um filete de suor em sua têmpora.
— Sophie — chamou outra vez, em seguida tocou delicadamente seu rosto. — Céus, você está queimando em febre!
Ele imediatamente correu atrás de uma poção para resfriado.
— Por que tenho que gostar de alguém tão teimosa, que não enxerga um palmo na frente dos olhos? — resmungou do andar de baixo, provavelmente pensando que Sophie não podia ouvir por estar dormindo. — Gostar de uma garota como ela com certeza vai me envelhecer dez anos, eu não poderia amar Lettie ou qualquer outra doce garota?
— Ninguém manda no coração. — Calcifer assegurou, apesar de não entender nada sobre sentimentos.
Afinal, era um demônio.
— Eu queria poder mandar no meu coração, desde que descobri amar a tola da Sophie. Minha vida virou uma bagunça! — exclamou, finalizando a poção. — Devo cuidar dela agora, essa poção deve surtir efeito e amenizar a febre...
O coração de Sophie estava aos pulos, então Howl a amava? Como não percebeu?
Até que pequenos gestos dele foram pipocando em sua mente.
Howl sempre preocupado com seu bem-estar, apesar de dizer que era somente porque Sophie deixava o castelo em ordem e era a única além dele que Calcifer ouvia.
Ele trazendo flores e dizendo que simplesmente encontrou no meio do caminho e ficou com pena de que murchassem.
Howl inventando pretextos para segurar sua mão.
— Oh, ele realmente me ama! — constatou surpresa e delicíada.
Quando Howl entrou no quarto, Sophie estava sentada na cama. Apesar de debilitada, gostaria de olhar em seus olhos e tentar enxergar o sentimento que havia neles.
Ao vislumbrar Sophie acordada, Howl teve um rompante e a abraçou de um jeito desengonçado.
— Minha querida, Sophie. Como pode colocar sua saúde em risco dessa forma? — indagou segurando com delicadeza o rosto da garota entre suas mãos. — Quase morro de preocupação, saio por um dia e você logo tenta se matar?
— Desculpe — ela respondeu. — Só quis ajeitar algumas coisas para não ficar ociosa. O castelo precisava de organização...
Howl suspirou.
— Você é muito mais importante para mim do que o castelo, por favor não cometa mais esse tipo de loucura — pediu, olhando em seus olhos castanhos.
Ela apenas assentiu.
— Eu te amo, Sophie — Howl declarou finalmente, cansado de esconder os próprios sentimentos. — Jamais poderia viver sem você, lembre-se disso quando pensar em colocar sua saúde em risco outra vez.
O coração de Sophie transbordou de alegria.
— Eu também te amo, Howl — declarou apaixonada. — A partir de hoje tomarei mais cuidado.
— Promete?
— Prometo.
Howl então selou os lábios de Sophie com os seus e ela refletiu que talvez ficar doente mais vezes não fosse tão ruim assim.
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