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PONTO DE VISTA MATUÊ

— Irmão, tu tá indo viajar comigo pela Ju? — Pergunto rindo para Teto, que agora se sentava na minha frente no avião particular.

— Claro, irmão, eu quero ver a mina. — Dá de ombros e continuo rindo.

— Está apaixonado, cara? — Lanço, vendo Fabinho se sentar por último e fecharem a porta do avião.

— Claro que não, só a vi dois dias na semana retrasada. — Teto pega o celular e começa a digitar algo.

— E já está viajando para vê-la. — Sussurro, fazendo a galera rir.

Depois de algumas horas, chegamos a São Paulo, deixamos nossas coisas no hotel e fomos para o local do show arrumar os equipamentos e passagem de som.

Instagram Stories:

Beatriz Marques respondeu seu story:
Já chegou? Bem que senti uma energia ruim agora mesmo...

Leio a mensagem e acabo rindo chamando a atenção de todos.

— Está rindo do que palhaço? — Fabinho pergunta com cara de desconfiado.

— Fica na tua irmão! — Zombo com ele e volto a atenção para o celular.

— E fala de mim, tem lógica? — Teto retruca.

Eu e Beatriz nos falamos algumas vezes por dia desde que ela voltou para São Paulo, era muito bacana conversar com ela, além de ser engraçada e bonita, tinha um estilo que eu curtia pra caralho. Estava gostando de conhecê-la e não negarei que não conseguia tirá-la da minha cabeça.

Matuê:
Tô te esperando no show.

Beatriz Marques:
Infelizmente não conseguirei ir :( tenho um compromisso com minha mãe, mas nos vemos depois. ;)

Poxa...

Deixo o celular de lado e vou para o palco fazer a passagem. Depois de alguns minutos verificando se estava tudo certo, voltamos para o hotel. Já estava quase na hora do show quando terminei de me arrumar, então voltamos para lá.

Entrando por trás do evento, eu já podia escutar o barulho da rapaziada e já fui ficando animado. Todo mundo deveria ter a oportunidade de subir em um palco algum dia com a plateia assim para sentir a sensação gostosa que é.

Melhor que maconha.

O palco estava iluminado por um intenso jogo de luzes, eu conseguia sentir o público ansioso e eufórico, aguardando a minha entrada. O som do burburinho se mistura com o meu coração acelerado e deixa aquilo tudo mais gostoso.

Quando minha música começa a tocar, sinto a energia pulsando através de mim. Minha voz se eleva e enche o local, levando as pessoas a um estado acima do normal. A conexão com o público é incrível, mas algo chama minha atenção.

Enquanto me movo pelo palco, meus olhos encontram Beatriz e Juliana junto aos seguranças na beira do palco. Ela está ali, sorrindo para mim e pulando no ritmo da música. Ela sorri assim que vê que eu a vi, então acabo rindo, balançando a cabeça.

Percebo que o público começa a notar o que está acontecendo. Um murmúrio de curiosidade e surpresa percorre a multidão. Alguns sorriem e cochicham entre si, enquanto outros tentam entender o que está acontecendo. Desvio o olhar dela imediatamente para não chamar tanta atenção. Não quero ninguém olhando para ela.

Após finalizar o show e agradecer o público, aponto para as duas irem até o camarim e caminho de volta para lá. Ainda sentindo a adrenalina correndo pelas minhas veias, procuro por uma toalha para me secar do suor, não tinha como encontrar Beatriz assim.

— Show foda, cara! — Um dos caras da equipe elogia e agradeço, dando um abraço no mesmo.

Teto abre a porta e passa segurando a mão de Juliana e, em seguida, entra Beatriz, ela usava um óculos escuro preto, o que me fez balançar a cabeça rindo.

— Nunca vou me cansar de assistir a seus shows. — Juliana me cumprimenta dando um abraço, acabo rindo, me lembrando de que ela era uma fã.

— Fico lisonjeado! — Seguro no meu vestido imaginário, fazendo um agradecimento de princesa e todos riem. — Você é uma boa mentirosa! — Aponto para Bia.

— Uma mentira boa! — Seu sorriso se alarga e seus braços rodam meu pescoço, me puxando um abraço. Seu cheiro invade minhas narinas, eu poderia ficar ali para sempre.

— Você tem show amanhã?

Ela pergunta e eu nego com a cabeça.

— Pois bem, porque a dona Karla questionou quando estávamos vindo se você iria mesmo para casa de campo, porque ela fica extremamente ansiosa. — Se afasta de mim enquanto retira seu óculos escuro do rosto, me fazendo prestar atenção imediatamente nos seus olhos grandes.

— Amanhã? — Pergunto e ela faz que sim com a cabeça. — Combinado!

— Os helicópteros vão pegar todo mundo amanhã às 9h. — Comenta, pegando seu celular.

— Os helicópteros? — Acabo rindo e ela concorda. — Caralho...

— Matuê, tem algumas pessoas para tirar foto, posso deixar entrar? — Um segurança me chama da porta e eu concordo.

Beatriz se senta junta com sua irmã e Teto no sofá que havia ali. Pego um salgadinho da mesa e vou para a porta tirar algumas fotos.

— Fala, mano! — Cumprimento um garoto que chega atordoado, seu corpo tremendo, mas o sorriso sempre ali.

— Sou muito seu fã, cara! — Diz eufórico e eu o abraço.

— Muito obrigado.

Termino de tirar foto com a rapaziada e logo volto para a sala.

— Bora? — Pergunto assim que chego.

— Para onde? — Teto responde.

— Beber, cara! Fumar, comer... — Digo como se fosse óbvio. — Eu só preciso passar no hotel primeiro para tomar um banho.

Todos concordam e então saímos dali. As meninas e Teto foram à frente já que elas estavam de carro, fui direto para o hotel tomar um banho, pois eu tinha certeza de que eu estava fedendo. Assim que fiz, fui para o lugar combinado, era um mini club para ficar suave, bebendo e fumando, já que não iríamos exagerar tanto, porque amanhã tínhamos que acordar mais cedo para ir à casa de campo. Estava gostando dessa ideia, não achei que a mãe da Bia ia levar para frente o convite.

Entro no lugar causando um pouco de tumulto na entrada, eu amava. Subo as escadas com um segurança atrás, os degraus levavam a uma parte com vários sofás e uma luz mais baixa. Eles estavam nos últimos assentos e a música estava até alta demais.

— Caraca, irmão, agora tu tá cheiroso, estou sentindo aqui! — Assim que chego, Teto diz me deixando um pouco sem graça.

— São suas narinas, irmão. — Me sento ao lado de Beatriz, afundando minha bunda no sofá.

Beatriz se aproxima do meu pescoço, fungando a área. Sinto seu hálito quente bater em minha pele e meu corpo se arrepia.

— Não está tão ruim mesmo. — Seu lábio grosso se curva.

Tudo bem que eu havia exagerado um pouco no perfume para tentar chegar ao patamar dela.

— Você não está tão ruim também. — Torço meu nariz fingindo sentir seu cheiro, não me atreveria a chegar perto de seu torço.

— Primeiro shot? — Juliana diz chamando um dos garçons ali assim que concordamos em beber.

— Aqui tem Pasión! — Beatriz se vira para mim falando da sua bebida favorita e em seguida pede ao garçom.

— Você tem noção de que sua bebida preferida custa simplesmente 600 mil reais ou até mais? — Pergunto apoiando meus braços no encosto do sofá.

— Sim! — Ela responde simples, me fazendo rir. Nem um pouco preocupada sobre o valor.

Segundos depois, o garçom chega com quatro copos de shot e enche com a tequila diamantada, brindamos e bebemos de uma vez.

— A do seu aniversário estava melhor! — Olho para Juliana.

— Era de platina, essa é de ouro. — Responde, me fazendo compreender a diferença, vivendo e aprendendo.

— O que achou do show? — Me viro para Bia quando vejo que Teto e Ju conversavam entre si.

— Nada de mais... — Implica, torcendo os lábios. — Já vi melhores!

— Qual?

— Justin Bieber. — Se vira para mim segurando sua bebida.

— Porra, até eu digo que ele é melhor que eu! — Estalo a língua. — Você é fã dele?

— Já fui muito mais fã quando eu era mais nova, hoje só acompanho algumas coisas no Instagram, mas ainda escuto todas as músicas. — Concordo, alternando os olhares entre seus olhos e lábios, ela acaba percebendo e estreita os olhos. — Limpa aqui!

Ela passa a mão no canto da minha boca.

— Não enche! — Gargalho e me viro de frente para não olhar para ela, aproveitando para olhar o movimento na parte de baixo.

— Estou brincando Matheus. — Beatriz diz me fazendo olhar novamente para ela.

— Matheus?

— Sim? Seu nome, não é? — Ela ri.

— É, ninguém me chama assim a não ser minha mãe...

— Concordo com ela, não gosto tanto de Matuê... — Ela alfineta mais uma vez.

— Prefere o quê? — Me viro para ela, inclinando meu corpo, deixando nossos rostos próximos. Ela não abaixa a guarda e seu queixo continua levantado.

— Eu curtia te chamar de dreads igual você me chama de Cimed. — responde, me fazendo recuar para rir.

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