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• 6 •

— Vou fingir que você não veio atrás de mim.

Ainda parados na porta do banheiro, brinco com Matheus.

— Vou te provar indo ao banheiro, porque realmente estou com vontade! — Ele abre a porta do banheiro feminino e entra logo em seguida. Seguro meu riso concordando com sua prova que não era necessária e aguardo do lado de fora.

— É fila? — Uma garota se aproxima.

— Não, estou aguardando minha amiga. — Coloco a mão na boca segurando o riso e saio da "fila".

10 segundos depois outra garota se aproxima e eu estava esperando a melhor cena do capítulo.

Escuto o barulho da descarga, Matheus abre a porta do banheiro e encara as meninas na fila do banheiro feminino, elas o encaram de volta, surpresas, não sei se por ele estar no lugar errado ou por ser quem ele é.

Ele fica sem graça.

— Opa! — Ele cumprimenta as meninas que me olham confusas, me viro de costas para rir.

— Eu não achei graça. — Matheus segura o riso com os lábios pressionados e eu permito rir mais ainda.

— Eu deveria ter gravado! — Tento me recompor e vejo a segunda menina da fila olhando para nós dois.

— É o Matuê? — Ela vem em nossa direção. — Meu deus! Posso tirar uma foto com você?

Matheus concorda e a menina retira o celular do bolso abrindo na câmera, ela lhe dá um beijo na bochecha e posso ver seu rosto sem graça me olhando por um milésimo de segundo.

— Obrigada! — Após tirar a foto, ela agradece e volta para a fila.

— Vamos sair daqui, pelo amor de deus! — Me pede, ficando vermelho.

Concordo, caminhando ao seu lado.

— Aquele cara continua lá? — Pergunto passando no meio das pessoas que tentavam dançar.

— Sim, seu irmão, Teto e Wiu estão amando! — Ri como se tivesse pregado uma peça, deixando eles sozinhos com o cara.

— Vou esperar ele sair e volto para lá, ele é muito inconveniente. — Mudo minha direção indo até o bar. Minha caipirinha ainda estava quase na metade, mas já estava ruim, o gelo já havia derretido o deixando aguado.

Matheus me acompanha.

— Tudo bem você voltar para lá, seus amigos estão sozinhos. — Comento assim que chego no bar apoiando meus cotovelos no balcão.

— Eles se aguentam, seus irmãos estão lá também, Juliana deve agarrar Teto hoje mesmo.

Balanço com minha cabeça rindo.

— Um shot? — Pergunto para ele que concorda imediatamente.

Peço ao barman um shot do mesmo que tomei quando cheguei e ele volta com os dois copinhos cheios. Brindamos e bebemos tudo.

— Que coisa horrível! — Matheus faz careta batendo o copo no balcão.

— Eu sei! — Concordo segurando também para não fazer careta mesmo já sabendo que era péssimo. — É o único que tem.

— No aniversário da sua irmã tomei o Pasión Azteca, pelo que vi a garrafa era platina pura, isso é caro para uma porra! — Diz indignado, como se não pudesse comprar uma também.

— É a minha tequila favorita! — Sorrio e ele sorri junto olhando para o meu sorriso. — O que vamos fazer, já que você não quer voltar também?

— Hum... Podemos sentar na areia igual ontem... — Ele sugere receoso. — Eu curti o papo saca?

— Tudo bem! — Assim que respondo, ele suspira aliviado.

Caminhamos rumo ao mar, onde a areia ainda estava fofa e nos sentamos ali. Observei as ondas se quebrarem na minha frente enquanto o silêncio se instalou.

— Você é daqui ou é de outro lugar e está morando aqui? — Puxo assunto.

— Nasci e moro aqui, estou aproveitando que não tenho shows fora por esses dias para ficar tranquilo.

— E por que está aqui hoje se era para ficar tranquilo? — Indago mais uma vez.

— Sua irmã me chamou e pelo que percebi era por puro interesse no meu amigo. — Solta um riso nasalado.

— Estava tão na cara assim? — Brinco, ela não conseguia disfarçar.

— Eu tô curtindo tá ligado? — Seu rosto se vira para mim, acredito que esteja falando sobre nossas saídas.

— É... não é tão ruim ficar sentada aqui conversando com você na areia. — Lhe olho e ele abre um sorriso, me fazendo sorrir também.

— Nossa, obrigado! — Ironiza.

— Como é a vida de famoso? — Pergunto simplesmente do nada, ele pensa por alguns segundos antes de responder.

— É uma montanha-russa com certeza! Tem seus altos e baixos. — Responde pensativo.

— Quando eu era criança eu queria ser cantora, sabia? — Sussurro envergonhada, criança tem uma imaginação louca.

— E qual foi o motivo para não ter se tornado uma?

— O motivo é que eu não tenho talento algum para canto.

— Preciso ver para ver se realmente não tem.

— Nunca!

Ficamos mais alguns minutos ali conversando e depois resolvermos voltar para onde estavam todos. Encontramos Juliana sentada ao lado de Teto quase em cima do seu colo. Pedro em frente mexendo no celular e Wiu já não estava mais ali, provavelmente não quis mais ficar de vela.

— Onde vocês estavam? — Pedro tenta fazer uma cara de bravo, mas não consegue, ele não consegue ficar bravo com ninguém.

— Estávamos sentados ali na areia.

— Obrigado por me deixarem com aquele cara...

— Ele é seu amigo Pedro e estava dando em cima de mim.

— Quem anima dar um mergulho no mar? — Matheus sorri e Juliana é a primeira a concordar cortando o assunto.

Olho para Matheus com um vinco na testa.

— O que foi?

— Agora? três da manhã?

— Algum problema, senhora frescura? — Ele cruza os braços e me fita, rindo.

Fecho a cara e balanço a cabeça que não.

— Já está de biquíni. — Ele olha rapidamente para meus peitos e da de ombros.

Ju, Teto e Pedro se levantam então vamos caminhando até mais perto do mar. Matheus retira seu tênis e meia deixando ali na areia mesmo, olho para Teto fazendo o mesmo. Dou de ombros sem ter escolhas e retiro os meus tênis deixando com os deles e em seguida retiro minha calça, era a única peça de roupa que eu vestia. Caminho com meus irmãos até o mar e sinto a água nos meus pés, até que não estava tão gelada.

As ondas estavam baixas então era fácil passar para o lado em que não havia ondas e ficar por lá tranquilo. Me viro e vejo Matheus vindo somente de cueca para água, seu corpo era bem contornado e forte, sua pele altamente bronzeada deixava suas tatuagens espalhadas pelo corpo um pouco invisíveis.

A água estava deliciosa e, ao mesmo tempo, o cenário estava lindo, a lua estava iluminando totalmente a água o que não me deixava ficar com medo de estar no escuro na água.

— Estou de vela aqui, por que me chamaram? — Wiu comenta me fazendo rir, o que não era verdade, pois não existia casal ali além da Ju e Teto.

— Tô aqui também! — Pedro faz cara de tacho.

— Não estão de vela, só se estivermos todos para a Ju e o Teto. — Comento olhando para
o Teto que fica envergonhado e Juliana ri.

— Beija ela logo! — Matheus joga água nos dois, isso era tão constrangedor para os dois, mas era ótimo para quem assistia.

— Assim... Eu não posso beijar sem ela me falar que quer. — Teto diz fazendo cara de inocente segurando um riso.

— Vixi! — Wiu zomba.

É a primeira vez que vejo Juliana sem graça.

— Já que você está insistindo muito para eu te beijar... — Ela se vira para ele puxando seu rosto para ela.

Teto ri e beija Juliana de volta. Matheus e Wiu começam a gritar e jogar água nos dois, como se fossem crianças. Não consigo segurar o riso diante da cena.

Deixamos os dois de lado enquanto se amassam e ficamos conversando mais alguns minutos na água. Meus dedos já estavam enrugados, minha boca roxa e meu corpo começando a tremer.

— Vou precisar sair. — Informo, nadando de volta a areia.

— Vou com você. — Matheus se prontifica e eu concordo.

Porra, como era agoniante colocar a calça com o pé cheio de areia. A visto gemendo de agonia e como eu havia vindo somente com a parte de cima sendo biquíni, agarro meus braços me encolhendo no lugar.

— Tenho um casaco no carro, vou buscar para você! — Matheus diz assim que chegamos nos puff's, não tenho a opção de negar, pois ele sai disparado.

Me sento e logo o vejo voltando com o casaco marrom na mão. Agradeço enquanto coloco e ele fica me olhando parado em minha frente.

— O que foi? — Pergunto rindo, estava engraçado.

— Chega para lá, poxa, estou com frio também!

Me afasto no puff, tentando dar a espaço a ele. Matheus se senta e passa o braço pelos meus ombros. Fico estática por um momento, mas depois relaxo o corpo, era o único jeito de ficarmos confortáveis ali. Me acomodo deixando minha cabeça em seu ombro, já que estávamos tão próximos.

— Estou sentindo seu coração acelerado. — Zombo, bocuda demais.

— Claro, você está grudada em mim.

Minha tentativa de lhe deixar sem graça falha, ele quem consegue isso de mim. Se estivéssemos e um desenho animado, minhas bochechas já estariam vermelhas.

— Tenho tanto controle assim do seu coração?

— Acho que algum dia vai ter. Mas se quiser me deixar sem graça terá que fazer mais que isso.

Me calo na hora.

O sol começa a nascer e ficamos ali observando todos em silêncio, a festa já não tinha tantas pessoas e a música não existia mais. Ju e Teto estavam sentados na areia mais frente, Pedro e Wiu se juntaram a nós.

O clima estava ótimo, eu estava tão confortável que acabei pegando no sono.

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