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Acordo o mais cedo possível para que eu conseguisse falar com minha mãe antes que ela fosse trabalhar. Levanto com cuidado para não acordar Matheus e deixo o quarto descendo as escadas. Encontro Karla na sala de pilates, que quase cai dura de susto quando apareço lá.
— Pelo amor, Beatriz! — ela senta no equipamento com a mão no coração.
— Bom dia! — solto uma risada fraca. — Preciso conversar com a senhora.
— Esse tom que usou não é bom... — ela diz preocupada. — O que aconteceu?
— Você sabe que o Eduardo está tentando processar Matheus pelo que aconteceu comigo, não sabe? — Ela concorda e eu explico tudo o que Matheus havia me contado na noite anterior. — Não é justo e não tem lógica Eduardo se juntar com o cara que nos roubou para processar o Matheus!
— Não acredito que Eduardo está fazendo isso! — Karla se levanta e corre até o celular que estava do outro lado da sala.
Ela procura algum contato e assim faz uma ligação.
— Aqui é Karla Marques, gostaria que todas as contas da família fossem bloqueadas... Não precisa ter motivo, as contas são minhas.
Ela diz ao celular e por um momento me surpreende, pois não havia pensado nisso.
— Obrigada! — encerra a chamada. — Sem dinheiro, ele não vai conseguir pagar advogado ou dar algum dinheiro para esse homem, pode ser que ele daria informações por dinheiro. Se ele tiver em outra conta, será bem pouco.
— Obrigada por isso, mãe! — sorrio para ela, que sorri docemente de volta.
— Sabemos que o que ele está fazendo não é certo, então estou aqui com você! — ela passa a mão em meus cabelos. — Vem aqui, vou te dar um dinheiro já que as contas estão bloqueadas, avisa seus outros irmãos sobre isso também.
Após pegar dinheiro com minha mãe no cofre, subo até meu quarto, abro a porta, vendo Matheus sentado na varanda com uma expressão séria e preocupada no rosto.
— O que foi? — pergunto, fechando a porta atrás de mim.
— Eu estava no quarto de seu irmão tentando achar algo que ele tivesse contra mim e acabei encontrando isso... — ele estende o envelope para mim.
Pego o envelope com cuidado e abro. Ali estavam algumas fotos de Matheus andando e chegando até a casa do tal homem.
— Como meu irmão tem essas fotos? — indago, eu estava um pouco nervosa.
— Eu não sei, isso é uma armadilha? Será que seu irmão está tentando nos separar desde o começo? Será que ele planejou o assalto? — Matheus passa a mão pelo cabelo nervoso assim como eu.
Me sento ao seu lado e sinto minha cabeça explodir. Eu achava que conhecia tão bem meu irmão, mas nunca pensei que ele fosse capaz disso. As perguntas estavam acumulando em minha mente, mas a única certeza que eu tinha era que tínhamos que acabar logo com isso.
Pego meu celular e procuro seu contato, ligando para ele no mesmo instante.
— Eduardo?
— Oi! — Escuto sua voz grossa do outro lado da linha.
— Preciso conversar com você, onde está? — pergunto ainda nervosa.
— No meu escritório. — ele responde e, no mesmo instante, já desligo.
— Estou indo até o Eduardo. — falo enquanto corro até meu closet para trocar de roupa.
— Está brincando, não está? — Matheus me segue.
— Claro que não, Matheus, preciso entender o que está acontecendo. — Pego qualquer roupa que vejo pela frente e visto.
— Tudo bem, eu te levo...
— Mas você não vai subir. — digo e ele concorda.
Enquanto dirigíamos em direção ao escritório do meu irmão, meu coração estava acelerado e minha mente fervilhava. Eu sabia que conversar com ele não seria fácil, mas estava determinada a descobrir a verdade e proteger o meu relacionamento com Matheus.
Entro no escritório e meus olhos encontram meu irmão sentado atrás de sua mesa, parecendo surpreso com minha presença. Eu não havia falado que viria. Respirei fundo e tomei a palavra.
— Oi, Eduardo. — Me aproximo e sento na cadeira à sua frente.
— Acho que essa é a segunda vez que você vem até aqui. — Ele ri nasalado.
— Sim, preciso conversar com você e entender o que está acontecendo, Edu. — Tento ser íntima usando seu apelido que usávamos quando éramos crianças.
— O que você quer entender? — pergunta, apoiando seus cotovelos na mesa.
— Por que, Edu? Por que você está fazendo isso? Você sabe o quanto Matheus significa para mim. — digo enquanto minha voz carregava uma mistura de firmeza e apreensão.
Eduardo desvia o olhar, claramente desconfortável e fica em silêncio por longos segundos.
— Você não acha que é arriscado demais se relacionar com alguém como ele? Você sabe como foi seu último relacionamento e mesmo assim não aprende, eu que tenho que tomar conta de você! — diz um pouco nervoso.
— Como assim? — seco minhas mãos suadas em minha roupa, eu precisava que ele me contasse mais.
— Você está se relacionando com as pessoas, se esquecendo da fortuna que temos, você não deve ficar com qualquer um que aparecer, Beatriz, não é assim! — Eduardo responde e consigo entender sua linha de raciocínio.
— Então é por isso que você está fazendo isso tudo? — Tenho cautela nas minhas palavras.
— Admito que fui longe demais também. Eu estava com ciúmes de você e queria separá-los. — Ele suspira profundamente como se nada tivesse acontecido.
— Foi longe demais? O que você fez, Edu? — Aperto minhas mãos, fazendo com que as marcas das minhas unhas ficassem marcadas na palma da minha mão.
— Não posso te contar tudo, irmãzinha. — soa debochado.
— Edu, eu sou sua irmã, você pode me contar qualquer coisa, eu estou realmente achando que Matheus só quer meu dinheiro, por isso vim atrás de você para ver se eu descobria mais algo. — Falar isso me deixava com ânsia.
— Sério? — Eduardo parece mais interessado. — Que bom que está enxergando como eu. Bom, eu sei que é uma coisa sensível de falar, mas acredito que vá entender agora.
Ele respira fundo e coça a garganta para falar.
— Planejei o roubo, mas não era minha intenção te deixar em coma, queria apenas assustar Matheus e te mostrar que aquele não era seu lugar... — Eduardo diz, minhas emoções oscilavam entre raiva e tristeza, como meu irmão poderia fazer isso comigo?
Meu coração estava gelado, ele estava falando isso mesmo. Foi ele.
— Então isso tudo é culpa sua? — me levanto da sua cadeira com os olhos embargados.
— Eu te disse que não era minha intenção, Beatriz, queria apenas assustar vocês! — Ele também se levanta um pouco desesperado pela minha reação.
— Você passou dos limites, Eduardo, planejar algo assim para prejudicar nossas vidas não são ações de alguém que se importa comigo. Isso não é amor, é possessão e egoísmo! — digo com minha voz carregada de desapontamento.
— Beatriz, eu confiei em você ao contar isso, não pode contar para ninguém. — Eduardo se aproxima de mim e segura meu braço.
— Incrível como você só se preocupa consigo mesmo. — Puxo meu braço de sua mão e abro a porta do seu escritório, deixando aquele lugar.
Puxo meu celular do bolso e encerro a gravação de voz.
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