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• 28 •

— Então você acha que sua ida valeu a pena? — Pergunto sorrindo para Matheus enquanto esperávamos por nossa mala.

— Lógico, duas experiências de uma vez só... Tomorrowland e te comer. — Ele diz, segurando o riso e lhe dou um empurrão de lado enquanto caminhamos devagar na fila.

— É pedir demais para você falar mais baixo? — Disfarço olhando para os lados.

— Foi mal, gatinha, esqueci que estamos no Brasil de novo. — Matheus ri, me fazendo ter vontade de enforcá-lo.

— E você vai ficar aqui em São Paulo? — pergunto avistando minha mala, então corro para pegá-la.

— Será que devo? — Pergunta arqueando as sobrancelhas.

— Eu não sei. Você tem algum compromisso por esses dias?

— Eu tinha um estúdio marcado com os meninos, mas acho que posso me atrasar um pouco... — Ele me rouba um selinho.

— Eita!

Escutamos alguém dizer e nos viramos para trás procurando quem havia dito aquilo.

— Desculpa, não queria intrometer. — A menina parecia estar surpresa ao nos ver ali, por isso a reação.

— Tudo bem! — Seguro o riso e pego a mala.

— Minha mala... — Ela diz baixinho passando entre nós dois.

— Na verdade, a mala é minha. — Tomo a frente segurando a alça da mala.

— Não... Essa é a minha. — Ela me olha com desprezo e a puxa da minha mão.

Eu tinha certeza de que era a minha, pois ela tinha um risco na parte da traz por desleixo das companhias.

— Quando vi você despachando sua mala, ela não era dessa cor. — Matheus diz cruzando os braços.

Como ele lembrava dessas coisas? Eu só posso ter a memória muito ruim.

— Pode soltar por gentileza? — Respiro fundo.

— Ah, devo estar confundindo mesmo... — Ri sem graça e solta a mala, saindo rapidamente dali.

Matheus começa a rir.

— Está rindo do quê? — Seguro para não rir também e saímos daquele lugar.

— Ela queria roubar sua mala na cara dura! — Ele ainda continua rindo enquanto observava todo mundo em volta.

Ele ficava tão atraente sorrindo assim.

— Falta um pouco de noção em cada cidadão desse mundo. — Solto uma risada nasalada e escuto o celular de Matheus tocar.

— Fala! — ele atende rapidamente. — Ok, tudo bem.

Ele desliga o celular e para de andar, assim que chegamos na porta de saída do aeroporto, percebo que já havia um carro ali me esperando.

— Eu não vou poder ficar, alguns compromissos precisam de mim hoje. — Ele parece chateado e até eu fico.

— Tudo bem, você volta qualquer dia, não tem problema. — Tento parecer o menos grudenta possível.

— Me perdoa? Preciso ir correndo ver o próximo vôo. — Diz chateado.

— Relaxa Matuê, eu não vou desaparecer daqui, pode vir quando quiser. — Ele ri quando escuta eu lhe chamando por Matuê.

— Tudo bem... — Segura meu rosto com as duas mãos e me dá um beijo. — Tchau, gatinha, cuidado aí com os olhos alheios perversos em cima de você.

— Eu não tenho como controlar os olhares das pessoas!

— Vai ser difícil para mim. — Ele respira fundo e coloca uma mão no bolso e a outra segura a mala. — Preciso ir.

— Quando chegar me avisa se não morreu!

Ele pisca para mim e sai correndo dali.

Sorrio enquanto o vejo sumir no meio da galera e então me viro para entrar no carro que ali me esperava. Um dos motoristas abre a porta para mim e entro me aconchegando nos bancos de couro.

O caminho todo me pego pensando em como eu não esqueceria o que vivi em Ibiza, independentemente se eu e Matheus estivermos juntos ou não.

...

— E aí que andei em cima de um carrinho igual ao que temos na casa de campo, bêbada, louca de bala. — Explico deitada na cama da minha mãe enquanto ela arrumava algumas roupas no seu closet.

— Bala, Beatriz? — Ela coloca a cabeça para fora.

— Nossa, você só escutou isso? — Levanto a cabeça.

— Minha mãe nem sabe o que é direito. — Juliana, que estava sentada na poltrona do quarto, diz.

— Sei que é uma droga. — Responde.

— Mas esse não é o foco, vocês entenderam o que aconteceu? — Me sento na cama. — Vocês acham que isso pode dar certo?

— Você usou camisinha, Beatriz? — Karla pergunta.

— Mãe, você acha que tenho quantos anos? — Bufo, eu nem gostaria de responder essa pergunta.

— E quando ele vem te ver? — Minha mãe pergunta novamente. — Gostei dele, é um cara legal, ele elogiou nossos medicamentos e é uma pessoa responsável para herdar nossa herança.

Juliana gargalha.

— Já está insinuando que vamos nos casar? — Seguro o riso.

— Tem que pensar nisso, filha, o futuro do nosso dinheiro. — Diz dando de ombros.

— Falando em futuro, acho que eu e o Teto não temos futuro. — Juliana diz.

— O que aconteceu? — Me debruço na cama, apoiando minhas mãos no queixo e os pés para cima, prestes a ouvir uma fofoca.

— Nada, mas estamos distantes, está bem difícil manter algo com os compromissos dele e a distância. — Diz, me deixando pensativa. — Não quero dizer que vai ser assim com vocês, na verdade, acho que não será nem perto.

— Por quê?

— O Matuê parece gostar realmente de você e eu acho que o Teto não gosta tanto assim de mim. Acredito que ele fará muito por você e se esforçará.

— Você acha? — Torço o nariz.

— Sim, eu e Teto não estamos na mesma sintonia, por isso acho que não vai dar certo, já você e Matheus é algo que conecta, sabe?

— Achei belas palavras, Juliana! — Minha mãe sai do closet.

— Só tentando ajudar... — Ela sorri.

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