— O Comandante Marcelo e sua tripulação têm o prazer em recebê-los para o voo 3776, com destino à Ibiza, sem nenhuma escala e conexões para outras localidades. Por medidas de segurança, permaneçam com o cinto atado durante todo o voo!

Coloco minha mochila abaixo da minha poltrona como pedido pelas aeromoças e presto atenção na demonstração que faziam com a máscara de oxigênio.

— Em caso de despressurização da cabine, máscaras de oxigênio cairão automaticamente. Puxem uma das máscaras para liberar o fluxo de oxigênio, coloquem-na sobre o nariz e a boca, ajustem o elástico em volta da cabeça e respirem normalmente. Auxiliem crianças ou pessoas com dificuldade somente após terem fixado a sua.

Meu celular então apita, me matando de vergonha, coloco-o no silencioso rapidamente, vendo a mensagem que havia chegado.

Matheus:
Boa viagem, gatinha!

Suspiro ao ler sua mensagem.

Flashback on

Beatriz:

Que isso Matheus?

Matheus:
Flores.

Beatriz:
Sério? Pasión?

Matheus:
Não gostou?

Beatriz:
Não tem como dizer que não gostei, mas não estava esperando.

Matheus:
Era a intenção.

Beatriz:
  Não consigo entender você.

Matheus:
É meu pedido de desculpas...

Flashback off

Trocamos algumas mensagens nessa semana, mas nada de mais, eu agradeci pelos presentes e ele disse ser seu pedido de desculpas, mas eu não falei nada, ainda estava chateada.

Assisti a filmes durante o voo que parecia infinito. As viagens para Ibiza eram em torno de 15 horas, era uma das viagens mais demoradas que eu fazia.

— Senhoras e senhores, bem vindos a Ibiza, a temperatura ambiente é de aproximadamente 30 graus, dia ensolarado e horário local, cinco horas da tarde. Tenham todos uma ótima experiência na Tomorrowland!

Antes da comissária terminar a frase, eu já estava extremamente animada e pronta para sair daquele avião. Assim que ela mencionou sobre o festival, todos no avião aplaudiram, me fazendo arrepiar, era insana a sensação daquilo.

Espero minha vez de sair e vou ao encontro da esteira pegar minha mala que era maior que eu. Assim que consigo pegar-lá, caminho até a saída do aeroporto, observando várias pessoas dormindo ali dentro, o que era típico de Ibiza, resultado da Tomorrowland.

Pego um táxi na saída e peço que me leve até o hotel em que eu ficaria. Tentei achar algum mais perto do evento para que otimizar meu tempo. Assim que chego no hotel, faço meu check-in e subo para o meu quarto, que era no último andar do prédio, que inclusive tinha 36 andares. Abro a porta do quarto, me deparando com uma vista incrível de Ibiza, eram paredes de vidro que me faziam ver a cidade com clareza. O quarto era enorme e com uma ótima claridade, é o que prezo nos hotéis. Solto minha mala em um canto e pulo na cama, me sentindo extremamente feliz.

Tomo um banho finalmente depois de 15 horas e coloco uma roupa simples para aproveitar o resto do dia. O meu ingresso era somente para amanhã, então eu teria o dia disponível hoje.

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Matuê respondeu o seu story:
Que pecado...

BeatrizMarques:
Não enche.

...

— Tú vas a Tomorrowland? — O motorista me pergunta alguns minutos após eu entrar no carro, ele me olha pelo retrovisor estranhando a roupa.

— Sí sí. — Tento responder em espanhol, toda animada.

— Acabo de dejar a mi hija ahí. (Acabei de deixar minha filha lá.) — Diz todo orgulhoso. — Y muy buena fiesta, ella ama. (É uma festa ótima, ela ama).

— Sim, espero que se divierta mucho. — Respondo sorrindo enquanto observava a vista do caminho, estava nervosa misturando os idiomas.

— Su nombre es Rebeka, si te encuentras con ella allí, llévala de regreso. (Ela se chama Rebeka, se encontrar com ela, pegue uma carona para volta). — Oferece simpático, era um senhor grisalho.

— É un poco difícil encontrar gente, tem muchísimas, pero vou tentar.— Respondo sabendo que eu não chegaria nem perto de achar sua filha.

Ele concorda, sorrindo e focando no caminho, era em torno de 10 minutos do meu hotel ao festival. Eu não estava brincando quando disse que queria algo perto.

— Buena fiesta para ti niña! — Ele diz assim que saio do carro, apenas aceno e agradeço.

Assim que me viro para o local, vejo aquilo cheio de pessoas e nem era a festa ainda, você tinha que caminhar alguns quilômetros até chegar no local, porém iam todos juntos.

— Hermosa brasileña! — Escuto dizer enquanto caminho, me viro para o lado vendo um grupo de garotas sorridentes.

— Tu que eres hermosa! — Grito de volta, rindo com a situação.

Isso que era a Tomorrowland.

Depois de alguns minutos caminhando, chego na entrada e mostro minha pulseira no braço direito. Acho que essa era a festa mais bonita que eu já tinha ido da Tomorrowland. Deixo para observar os detalhes da festa depois e vou logo procurar algo para beber, estava muito calor e o sol estava de queimar a pele.

Peço um drink simples que compraria minha casa, mas não posso reclamar, estou no melhor lugar. Mas não deixaria de mencionar o quanto as coisas aqui eram caras.

Caminho costurando as pessoas até conseguir chegar na frente do palco. Ainda estava de dia e as pessoas não estavam tão malucas assim ainda, então era bem fácil chegar até a frente.

— Brasileira? — Um homem que estava em um grupo com seus amigos se aproxima, ele estava segurando a bandeira do Brasil.

— Sim! — Respondo normalmente.

— Vem aqui com a gente! — Ele coloca a mão nas minhas costas, me direcionando até o grupo que estava mais ao lado no front.

Havia mais dois homens que estavam com duas mulheres nos ombros segurando uma bandeira do Brasil. Na frente deles havia mais duas meninas e uma delas tenho certeza de que não era brasileira.

— Qual o seu nome? — O homem que havia me chamado pergunta.

— Beatriz e você? — Estendo minha mão para ele.

— Marcos! — Sorri, apertando minha mão. — Pode ficar aqui com a gente, estamos representando o Brasil no front.

Concordo com ele, voltando a prestar atenção na música que estava tocando, arrepiando até a alma.

— Como se llama? (Como se chama?) — A menina que eu havia dúvidas me pergunta.

— Beatriz e tu? — Respondo amigavelmente, gritando um pouco mais que o normal por conta da música.

— Rebeka! — Ela diz com o sotaque forte e na hora arregalo os olhos para ela.

— Conheci a tu padre! (Conheci o seu pai). — Digo animada, misturando português com espanhol.

— Mi padre? — Ela parece surpresa e confusa ao mesmo tempo, mas não tira o sorriso do rosto. Ela era extremamente branca, muito loira, das bochechas rosadas.

— Tu padre é conductor no? — Misturo tudo mais uma vez. — Seu padre me trajo aqui!

— No way! — Ela fala em inglês, me fazendo ter uma crise de idiomas. — I love it!

Sem entender o que estava acontecendo, somente rio para ela e curtimos a música. E não é que encontrei a filha dele aqui mesmo?

— Aqui! — Marcos estende algo para mim, abro minha mão e ele solta dois comprimidos na minha mão.

Olho para ele, gostando da ideia, e coloco um daqueles comprimidos na boca, engolindo.

O dia ia escurecendo e nós não saímos dali por nada, era uma explosão de sentimento a cada música, a cada batida, era único.

Como se fosse em um impulso, me viro para trás e vejo Matheus costurando as pessoas tentando chegar em mim.