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— O que você está fazendo aqui? — Sussurro para não acordar ninguém, eu nem sabia que horas eram.
— Beatriz? — Ouço sua voz meio preguiçosa. — Vim com o Teto, perdi o sono e ia sair para caminhar.
— Quantas horas são? — Tento lhe enxergar, mas estava escuro e, ao mesmo tempo, ainda tentando raciocinar porque ele estava aqui.
— Acho que três e meia. — Responde baixo também. — Foi mal aí, não queria incomodar.
— Está tudo bem, vou dormir. — Digo saindo dali, mas ele puxa meu braço.
— Espera aí. — Sinto sua respiração perto da minha e meu coração dispara, eu ainda segurava o copo vazio na minha mão, que tremia com os meus dedos trêmulos.
Sinto sua respiração quente bater nos meus lábios e minha nuca se arrepiar quando seus dedos afundam nos cabelos ali. Sua mão, afundada nos meus cabelos, puxa minha cabeça para trás e seus lábios atacam meu pescoço. Abafo um gemido, apertando minhas coxas, enquanto um calor percorre meu corpo. Por minha sorte, a casa estava totalmente escura, pois se não fosse, seria visível o quão entregue eu estava.
Sua mão enlaça minha cintura, grudando nossos corpos, e ele faz questão de se esfregar em mim, mostrando o quão duro estava. Como se algo encostasse em minha cabeça e dissesse "Beatriz, o que você está fazendo?", eu dou um pulo e empurro seu peito para longe.
Saio correndo no escuro até meu quarto e tranco a porta atrás de mim. Troco meu pijama, que estava molhado, e tento voltar a dormir, mas existia um calor surreal no meu corpo e parecia que meus olhos estavam arregalados e não fechavam por nada. Preciso dormir, tenho que acordar às seis da manhã para pegar o helicóptero para a fábrica.
...
INSTAGRAM STORIES:
— Nossa como sou lindo de costas! — Eduardo diz enquanto posto os stories, ele estava quase quebrando o pescoço para olhar meu celular.
— É feio igual de frente, de lado, de cima, de baixo... — Implico guardando meu celular para decolar.
Depois de uma hora eu consegui dormir ontem após ter trombado com Matheus em minha casa, eu acordei atordoada sem entender o que ele estava fazendo lá, então mandei mensagem para Ju. Ela me explicou que os dois estavam juntos no hotel, mas ele não queria dormir lá sozinho, então veio com o Teto, o que me tirou leves risadas sinceras.
Ao chegarmos na fábrica fizemos o mesmo caminho de toda quinta-feira, visitar as produções, visitar a gráfica, visitar os funcionários e almoçar no refeitório. Era uma rotina que eu gostava muito apesar de ser cansativo, foi isso tudo pela manhã em Minas Gerais. Depois do almoço voltamos para São Paulo e acompanhei minha mãe em um podcast no prédio da moeda, era um escritório super moderno e muito bonito de se ver.
INSTAGRAM STORIES:
Minha mãe estava quase se tornando uma influencer devido a suas publicações hilárias, ela já até tinha quadros no seu Instagram e eu amava.
Depois de exatamente três horas de podcast, voltamos para Cimed para finalizar o dia, eu e Ju tivemos uma reunião juntas e logo após ela foi embora, eu continuei. Quando fechei a porta do escritório, já eram nove horas da noite. Dessa vez, fui a última a sair da sala e praticamente da empresa, eu ficava muito realizada nesses dias em que eu trabalhava muito.
Estaciono meu carro na garagem meia hora depois e abro a porta de casa escutando um vozerio. Coloco meus pés para dentro e dou de cara com Matheus e Teto na minha sala, eles estavam ali com Juliana e minha mãe, que parecia uma adolescente no meio deles. Fecho a porta da sala fazendo um barulho e todos me encaram. Por um momento, me sinto paralisada, mas caminho até lá já que eu teria que passar por ali para subir as escadas.
— Que gracinha ela de amarelinho. — Teto diz.
— Você é morador daqui? — Aproximo-me, lhe dando um peteleco na cabeça já que ele estava sentado no sofá, evito contato com Matheus, estava envergonhada.
— Estou pensando em virar o príncipe do palácio. — Sorri de canto.
— Você não tem classe para morar aqui. — Brinco com ele e, após uns insultos, subo as escadas para tomar banho.
Após estar apresentável novamente, desço as escadas, me encontrando com eles.
— Vão ficar para jantar? A Olívia já está preparando a mesa. — Minha mãe pergunta a todos.
— Já que você está insistindo. — Teto responde, dando de ombros.
— Não dá para desfazer da Olívia. — Matheus diz, me fazendo encará-lo com uma sobrancelha arqueada.
— Você nem sabe quem é Olívia. — Deixo meus pensamentos falarem por mim e acabo me arrependendo.
— Claro que sei, a cozinheira. — Responde como se fosse óbvio, me fazendo ficar com raiva.
— Vamos? — Minha mãe pergunta, tentando entrar no meio.
Nos encaramos por alguns segundos até que eu quebre contato e comece a andar até a sala de jantar. Meu pai e meus irmãos já estavam ali. Me sento em uma cadeira e observo Matheus sentar na minha frente, mas logo minha mãe o cutuca, mandando-o se levantar.
— Sente-se ali do lado da Beatriz. — Ela diz, lhe fazendo dar a volta, com um sorriso malicioso, ele preenche o espaço vazio ao meu lado.
— Fazendo muitos shows? — Meu pai pergunta para Teto enquanto se serve, ele fica tenso na mesa.
— Muitos graças a Deus! — Sávinho responde nervoso. — E o senhor, decorando muito?
Eduardo prende o riso na ponta da mesa, fazendo todos olharem para ele.
— Ué, seu pai não é designer de interiores? — Teto pergunta sem entender.
— Ele é. Eduardo, que não sabe segurar essa boca. — Minha mãe responde enquanto come e meu pai olha estranho para Teto.
— E você, Matuê? O que agregará na vida da minha filha? — Meu pai pergunta, me fazendo quase cuspir a comida, mas levo a mão na boca.
— A gente... — Tento falar após engolir.
— Ah, tenho muito a agregar e dinheiro não é o problema. — Matheus fala, colocando a mão no meu ombro.
— Está doido?
— O quê? — Matheus pergunta, que descarado. — Já estava na hora de contarmos para seu pai, né? — Ele sorri de canto, estava zoando com minha cara.
— Contar o quê? A gente não tem nada! — Digo, olhando para meus pais e minha mãe ri.
— Está tudo bem, Beatriz, já estava na hora de arrumar um namorado. — Pedro fala, percebendo que Matheus estava me zoando e entra na onda.
Respiro fundo, se era para zoar, então eu iria zoar.
— Vamos ter que contar mesmo, amor. — Dessa vez, apoio em Matheus, fazendo-o ficar assustado. — Mas primeiro temos que tratar do seu problema... Sabe? Não dá para continuar assim.
— Assim como? — Pergunta sem entender.
— Está tudo bem, não precisa ficar com vergonha, acontece com vários homens. — Faço um carinho forçado em seu ombro. Minha vontade era de cravar as unhas ali e abrir um buraco.
Teto dispara a rir do lado de Matheus.
— Está de brincadeira? — Matheus, me olha sério, quando a brincadeira é com ele, o buraco é mais fundo, né?
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