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UM MÊS DEPOIS
Fecho meu notebook na mesa grande de madeira e me levanto para finalizar meu trabalho por hoje.
— Mãe, que horas vai sair hoje? — Pergunto, enquanto junto minhas coisas na mesa.
— Pode ir, Bia, fico até mais tarde. — Ela sorri para mim e volta a focar no seu computador no canto da sala.
Estávamos na Cimed, toda a família trabalhava junto, ficávamos todos em uma sala, o que era estressante algumas vezes, mas a maioria do tempo era super divertido.
No começo era difícil trabalhar todos juntos, pois ainda não havíamos aprendido a dinâmica e nem aprendido a separar o profissional. Com o tempo fomos aprendendo.
Nossa sala era praticamente um andar inteiro do prédio, toda de vidro, que dava a vista para a avenida movimentada. Todos os filhos tinham algum cargo na empresa.
Eduardo era o arquiteto que cuidava dessa parte na empresa, logo que se formou, ficou responsável pelas reformas necessárias, mas ele não frequentava muito aqui, pois tinha outros trabalhos por fora.
Pedro ficava na parte dos negócios, vivia em reuniões trazendo o melhor para dentro da empresa.
Eu e Juliana ficamos com o marketing, era o que fazíamos de melhor.
— Tudo bem, estou indo, pois preciso terminar de arrumar minha mala. — Caminho até ela, lhe dando um abraço.
— Você até agora não fez suas malas, Beatriz? — Retira seu fone de um lado, enquanto me encara brava.
— Fiz a metade, preciso terminar. — Dou de ombros e ela rola os olhos, colocando seu fone novamente.
Só estávamos nós duas na sala, então deixei o local e fui para casa dirigindo. Termino de arrumar minha mala e mais algumas sacolas, pois não caberia tudo nas malas. Algumas das minhas roupas são grandes demais e os sapatos também.
Acabo me sentindo cansada depois de um tempo andando para lá e para cá em meu quarto enorme, então decido tomar um banho e descansar, terminaria pela manhã.
— Beatriz! — Olívia me recebe com um sorriso. — A comida já está pronta!
Olívia era nossa cozinheira, adorava passar o tempo aqui em casa, pois era sozinha, não tinha filhos e nem marido. Então, arrumamos um quarto para ela morar conosco, já que ela gostava, era um amor de pessoa.
Jantei com ela e logo subi para dormir, amanhã iríamos viajar para Fortaleza de manhã.
Finalmente férias!
...
— Bom dia, flor do meu dia! — Cafungo o pescoço de Pedro, que dormia todo esparramado pela cama.
— Por que você está aqui? — Ele acorda rapidamente, me estranhando. Sabe aquele tipo de mãe que você acorda e quando ela abre os olhos dão um pulo, sendo que você nem encostou nela direito? Esse é o Pedro.
— Karla pediu para te acordar, ela sabia que você não acordaria somente com o despertador! — Me sento na sua cama.
— Está bem, pode sair, eu já acordei! — Fala, deitando a cabeça no travesseiro novamente.
Bufo, levantando-me da cama e saio do quarto, desço as escadas e vou até a cozinha onde meus pais já estão.
— Bom dia para os senhores! — Falo, me sentando à mesa. — Já era para estarmos saindo, não?
— Você conhece a família que tem, Beatriz? — Meu pai responde.
Depois de algumas horas, todos estão prontos, eu estava infartando. Saímos de casa com a nossa van e fomos até o aeroporto, passamos por toda fiscalização, mas seguimos para um rumo diferente, pois iríamos com o nosso avião particular.
Caminhamos no sol quente até o pequeno avião que estava no meio da pista e era difícil não perceber que era nosso, pois era quase todo amarelo com o escrito CIMED em preto enorme.
Entramos no mesmo após deixar as malas com os pilotos, escolhi um lugar e me sentei. Alguns minutos depois, estamos todos prontos para decolar. A viagem duraria em torno de 3 horas, então eu teria meu tempo de descanso.
— Lembra aquele aniversário em que fomos, tinha uma apresentação de dança no meio e minha mãe estava quase se juntando a eles? — Pedro relembra, fazendo todos gargalhar.
— Era legal, gente, se eles me chamassem, eu realmente iria dançar com eles! — Karla gargalha. Ficamos ali relembrando as peripécias de Karla Marques em festas até doer a barriga de tanto rir.
Alguns minutos depois, todos ficaram em silêncio para tirar um cochilo, nem parecia estarem tagarelando minutos atrás. Como eu dormi, o vôo foi bem mais rápido do que eu esperava e logo chegamos.
Desci as escadas do avião e comecei a perceber o quanto ali era quente comparado a São Paulo. Pegamos nossas malas e entramos na van que iria nos levar até a casa de praia que alugamos. Chegando ao local, fico encantada com a casa que minha mãe havia escolhido, era simplesmente maravilhosa e em frente à praia.
Era tudo muito clean e minimalista do jeito que eu gostava. Dona Karla tem bom gosto. Escolhemos nossos quartos após uma leve briga entre quatro irmãos, o que era normal.
Almoçamos todos juntos na casa mesmo e logo em seguida decidimos aproveitar um pouco da praia que era somente atravessar a rua. Coloco um biquíni simples vermelho com um vestido leve por cima e não esqueço dos meus óculos.
A praia não estava cheia, parecia uma praia mais "privada" posso dizer assim? Deixamos nossas coisas na areia e pegamos cadeiras, estendemos as cangas por ali e ficamos.
— Aquele ali não é o Matuê? — Eduardo aponta o dedo e viramos todos juntos para olhá-lo e os amigos jogando bola um pouco mais distantes de nós. — Disfarça caramba!
Viramos de volta e começamos a rir.
— Vai lá, é seu amigo e foi no seu aniversário. — Pedro incentiva Juliana.
— Está maluco? — Juliana responde. — Quem dera se fosse meu amigo, eu apenas contratei para cantar no meu aniversário.
— Não vai lá mesmo não, o menino deve estar de folga e chegará você incomodando. — Falo dando um gole da minha água extremamente gelada, chega a doer meus dentes e faço careta. — Vou entrar no mar.
Todos concordam comigo e entramos na água. Juliana quase caiu quando tropeçou porque estava olhando para eles.
— Ele está com Teto e o Wiu. — Ela comenta entrando na água comigo. Sinto o gelado nos meus pés e recuo um pouco, mas, Juliana me puxa, estava gelada, mas dava para acostumar.
— E esses são? — Arqueio a sobrancelha.
— Beatriz? — Pergunta incrédula.
— Por que do espanto? Eu também não sei quem são... — Eduardo me defende.
— Como podemos ter saído da mesma barriga? — Ela bufa e nós começamos a gargalhar.
Olho de relance para os meninos e volto rapidamente a atenção aos meus irmãos quando vejo que um deles estavam olhando.
Depois de alguns minutos na água, decidimos sair, pois o sol estava nos torrando, meros morados de São Paulo não estão acostumados com o sol de Fortaleza, eu mesma já estava levemente vermelha. Eduardo, que era mais branco que eu, estava pior.
Ao chegar na casa aproveito que meu cabelo já estava seco e posto uma foto nos stories que Ju havia acabado de tirar.
...
— Sério Bia, eu sou simplesmente a pessoa mais sortuda desse planeta. — Juliana diz saindo de casa, eu estava deitada em um puff na área externa.
— Sério Bia, a Juliana só é rica, ela não é sortuda. — Pedro comenta vindo atrás dela. Caio na gargalhada com Pedro e sua boca suja.
— Posso falar? — Ela olha com cara de tacho para nós e concordamos, Pedro já sabia, na verdade.
— E não é que vai ter um show hoje do Matuê aqui em Fortaleza e não é que também comprei o ingresso para nós duas?
Ela sorri e eu encaro Pedro que me olhava rindo.
— Juliana, você tem 25 anos. — Me jogo no puff novamente.
— E? É só uma diversão para nós! — Reclama batendo os pés como uma criança birrenta.
— Por que não comprou para o Pedro?
— Não me mete nisso! — Diz e no mesmo segundo sai andando. Ju me olha esperando uma resposta.
— Tenho alguma opção de resposta? — Pergunto com esperança e ela nega. — Tudo bem, Juliana.
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