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PONTO DE VISTA MATUÊ
— VALEU RIO!
Encerro meu show acenando para todos ali e saio correndo do palco vendo Beatriz na lateral, me aplaudindo.
— Curtiu? — Pergunto a ela ainda eufórico.
— Eu até que estou curtindo suas músicas... — Dá um sorriso de lado me fazendo rir também, Beatriz adorava implicar e eu também. — Eu amei!
Puxo-a de volta para o camarim e entro direto para o banheiro que havia ali para tomar um banho. Sempre fico extremamente suado depois do show e quando saímos para algum after, sempre agradeço por alguns lugares terem chuveiro no camarim, assim não preciso voltar ao hotel.
Assim que termino o banho visto outra troca de roupa e passo um perfume, saindo dali vejo Beatriz atacar os salgadinhos da mesa enquanto conversa animadamente com Fabinho.
— Tu tem esposa, Fabinho! — Chego por trás lhe dando um peteleco na cabeça.
— Me respeita rapaz! — Ele dá outro na minha cabeça, fazendo Beatriz rir. — Sua mulher estava elogiando meu trabalho.
— Ah, é? — Cruzo os braços no peito. — Ela nunca elogiou o meu trabalho.
— Já sabemos quem é o melhor. — Fabinho rola os olhos com deboche fazendo graça.
— É verdade. — Beatriz sorri sapeca, fazendo Fabinho piscar para mim e sair dali sem antes dar dois tapinhas nas minhas costas.
— Não sei se gostei desse papo, mas vou ignorar. — Digo. — Você prefere agora um jantar ou um bar? — Paro em frente ela tomando a posição de Fabinho.
Ela pensa por alguns segundos e responde.
— Bom, eu já comi todos esses salgadinhos. — Ela aponta mesa repleta de comidas. — Então prefiro beber!
Concordo chamando todos para vazar. Saímos dali nos separando, a equipe foi em uma van para o hotel e nós fomos de carro para um pub.
Entramos no local sozinhos, desse vez sem segurança e subimos para o segundo andar, se eu não me engano era um dos bares mais caros do Rio. Estava com a luz baixa e uma música tocava muito alto, sentamos em um sofá mais reservado e chamamos o garçom.
— Um shot de entrada? — Beatriz me olha esperançosa e eu concordo.
— É uma regra sempre um shot antes de começar a beber? — Pergunto assim que ela faz o pedido.
— Sim, para abrir bons caminhos. — Ri da sua própria mentira.
O garçom volta com a garrafa brilhante na mão e entrega os copinhos preenchendo com o líquido.
— Quais tipos de música você curte? — Me acomodo no sofá após tomar um shot ardido de tequila.
— Sou apaixonada por eletrônica e amo pop. — Ela diz deixando sua mini bolsa de lado e se virando para mim. — Inclusive esse ano vou para Ibiza, na Tomorrowland!
— Sério? — Pergunto surpreso. — Vai com quem?
— Provavelmente sozinha, ninguém que conheço gosta de eletrônico. — Da de ombros sem se importar.
— Eu também não curto tanto, mas eu iria com você para não ir sozinha. — Digo sem pensar. — Eu não estou me convidando, só dizendo.
— Tudo bem! — Gargalha. — Se quiser pode ir, é uma experiência e tanto.
— Não é a primeira vez que você vai? — Pergunto curioso.
— Não, já fui outras quatro vezes e a maioria sozinha, mas lá é impossível ficar sozinho porque você faz amizade com muitos brasileiros e gringos também. — Ela explica, me fazendo prestar atenção em cada palavra.
— Então a senhora Beatriz é aventureira? — Sorrio de lado.
— Mais ou menos. — Diz chamando o garçom.
Pedimos mais alguns drinks e continuamos conversando, era a primeira vez que eu estava conhecendo Beatriz de verdade.
— Matuê? Pode tirar uma foto com a gente?
Me viro para o lado ao escutar meu nome e vejo duas meninas paradas a um metro de nós, sorridentes e loucas por uma foto.
— Claro!
Não era o momento, mas eu não recusaria.
Me levanto e caminho até as duas garotas sorridentes, elas se revezam para tirar suas fotos e depois as duas tiram juntas comigo. Fico ali em torno de 15 minutos conversando, elas não paravam de falar, até me convidaram para uma festa depois daqui, mas obviamente recusei.
Após conseguir finalizar a conversa, viro para trás e não vejo Beatriz no sofá. Olho no andar de baixo, no meio da galera e no bar, mas consigo acha-lá. Será que havia ido embora? Caminho por todos os sofás ali em cima e nada.
— Ei, você viu a morena que estava comigo? — Pergunto ao garçom que nos atendeu e ele nega com a cabeça.
Me viro de volta e vejo a mesma sentada no sofá mexendo no celular.
— Beatriz? — Lhe chamo e ela me olha assustada. — Onde você estava?
— No banheiro... — Responde baixo sem entender. — Depois fui pegar uma bebida.
Ela mostra o copo na mão confusa.
— Achou que eu havia fugido de você? — Ela ri com a situação.
— Por um momento, sim!
— Se eu te deixasse estaria muito bem acompanhado. — Dá um gole em sua bebida cravando os olhos nos meus.
— Está com ciúmes?
— Claro que não. — Desvia o olhar. — Um shot, por favor!
Ela pede ao garçom que estava perto.
— Você está muito sóbrio para o meu gosto. — Beatriz estende o copinho vazio para mim esperando o garçom encher.
Bebemos o terceiro shot de tequila e então me levanto estendendo a mão para ela.
— Que isso? — Ela me olha estranho.
— Vamos dançar! — Estendo a mão novamente.
— Dançar o quê? — Se afasta desconfiada. — Está tocando música eletrônica.
— E daí? — Dou de ombros.
— Eu não sei dançar! — Se afasta mais rindo, quando dou um passo em sua direção.
— Vamos! — Pego sua mão fazendo ela se levantar toda envergonhada.
— Não, Matheus, que vergonhoso!
— Não tem ninguém vendo, só os garçons...
Enlaço meu braço em sua cintura devagar fazendo ela se aproximar do meu corpo e com minha mão esquerda seguro sua mão direita, ela iria me achar um louco por querer dançar agarrado enquanto toca uma música eletrônica. Mas era o efeito da tequila fazendo jus ao teor alcoólico.
— Vou dar um passo para trás e você dá um para frente. — Dou um passo e ela não espera pisando no meu pé. — Ai.
— Desculpa, desculpa, eu disse que não sei dançar! — A morena diz rindo, a vergonha estava estampada em seu rosto.
— É só dar um passo, vai de novo! — Dou novamente um passo para trás e ela dá um passo para frente. — Isso! Agora ao contrário.
Ela dá um passo para trás e eu dou outro em sua direção.
— Perfeito, é isso só que mais lento. — Explico e ela me olha bem próxima do meu rosto.
— Ok, acho que consigo... — Retorna o olhar para os pés prestando atenção e gradualmente vai soltando a tensão do corpo.
Então uma música lenta começa a tocar e eu olho para o garçom atrás de mim que faz um joia com a mão. Acabo rindo e volto a prestar atenção em Beatriz que agora dançava direitinho.
Aperto mais seu corpo no meu, fazendo ela apoiar seu rosto em meu ombro e sinto o cheiro do seu cabelo me invadir. Meus dedos acariciam suas costas e ela se contrai contra meu corpo.
Nossos passos eram lentos e cuidadosos, eu me concentrava em cada movimento para não errar e fazê-la errar também.
Senti-la grudada ao meu corpo era estupidamente bom. Ficamos ali até a música acabar e então ela se solta tímida.
Bebemos mais alguns shots e drinks e resolvemos voltar para o hotel. Havia ligado para o meu segurança vir nos buscar, já que não estávamos em um estado bom para dirigir.
— Estou bem! — Beatriz diz ao entrar no elevador e logo em seguida tropeça nos próprios pés apoiando nas paredes.
— Estou vendo! — Gargalho ao ver a cena, seguro seu braço fazendo ela se apoiar em mim.
Aperto o botão do último andar e vejo a porta se fechar. Beatriz continua grudada em mim, me abraçando e posso ver seus olhos fechados pelo espelho, não duvido que tenha dormido em pé, bebemos muitos shots e drinks. A porta do elevador se abre ao chegarmos no último andar, damos um passo para fora e Beatriz começa a rir.
— Aquela mulher estava olhando para gente. — Ela para no meio do corredor para se apoiar na parede e retirar o sapato.
— Qual mulher? — Pergunto, lhe encarando, sendo extremamente fofa retirando os sapatos.
— Ah, uma mulher que chegou quase no final... — Troca os pés para tirar o outro sapato. — Ela encarou tanto que eu até achei que ela viria falar com você.
— É normal, já estou acostumado. — Digo voltando a andar vendo que ela já tinha retirado os sapatos.
— Eu não, eu quase fui lá jogar um copo na cabeça dela! — Começa a gargalhar sozinha, não me aguento e começo a rir também.
— É, acho que você precisa dormir. — Retiro o cartão do bolso ao chegar na nossa porta.
— Também acho. — Bufa reclamando da própria embriaguez.
Entramos no quarto e retiro meu tênis, Beatriz vai direto ao frigobar procurar por água. Fico a observando beber metade da garrafa de água e então desabotoa a calça deixando cair pelas pernas, desvio meu olhar imediatamente entrando para o banheiro.
Jogo uma água em meu rosto, eu não estava muito diferente dela, não estava acostumado a tomar tanto shot de tequila. Pego minha escova de dente colocando a pasta e vejo a escova sendo retirada da minha mão.
— Eu ia escovar os dentes. — Beatriz aparece vestindo somente sua regata e uma calcinha, retira minha escova da minha mão e pega a dela. Puxo a escova de volta e ela me empurra dali, entrando na minha frente. — A vontade gatinha.
Esfrego meu rosto e saio do banheiro indo até minha mala, pego um potinho e vou até a varanda fechando a porta da mesma. Abro meu kit e retiro dali minha erva prontinha para ser usada, acendo e puxo.
Sinto uma sensação maravilhosa percorrer meu corpo e uns minutos depois escuto duas batidas na porta, olho para trás e vejo Beatriz.
Apago o restante e guardo tudo, abro a porta vendo a morena me olhar.
— Já acabei. — Me encara quase semi-nua.
O espaço entre nós se encurta quando ela se aproxima. Suspiro nervoso com a proximidade pela primeira vez. Beatriz envolve meu pescoço com seus braços e deita sua cabeça no meu ombro, na ponta do pé. Cauteloso, agarro sua cintura prendendo nossos corpos juntos. Minha mão desliza por baixa de sua regata, encontrando suas costas nuas e acaricio ali. Sinto um gemido abafado no meu pescoço e aperto meus olhos tentando me controlar.
— Você não vai dormir em pé, vai? — Sussurro.
— Não, só queria te abraçar. — Ela diz me fazendo dar um sorriso sincero, ela queria me abraçar.
— Podemos ficar abraçados na cama, não aqui no tempo, o que acha? — Proponho para sair do vento gelado, ainda mais que ela usava somente uma regata e estava de calcinha.
Ela concorda e então do jeito que estava, ergo seu corpo pela cintura e lhe levo para cama, ela se esconde nos edredons brancos e saio dali entrando no banheiro e dessa vez consigo escovar meus dentes, acabo rindo sozinho lembrando dela me expulsando do banheiro.
Assim que termino apago as luzes a vendo jogada na cama, retiro minhas roupas deixando em um canto e me deito na cama.
— Está melhor? — Pergunto a ela mesmo não enxergando nada.
Ela resmunga e eu seguro o riso cobrindo meu corpo com o edredom branco.
— Vem aqui. — Lhe chamo e ela rasteja para meu corpo me abraçando. — Boa noite gatinha!
Não tenho respostas, mas com seu abraço apertado já tomo aquilo como uma.
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