10. Maior mundo
Oi, oi, meus buscapés!
Disse que estaria de férias de postagem, mas resolvi ao menos atualizar CDA porque a att é só mensal hihi Espero que gostem do mimo!
Como sempre, muito, muito obrigada mesmo por todo o carinho que dão a mim e à minha bebê, ela é muito preciosa pra mim!
Boa leitura!
#OCúmpliceDeAldebaran
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Jurou que não aceitaria a situação na qual encontrava-se. Buscou durante meses que desenrolavam-se em anos uma alternativa para conseguir toda sua população de volta. Talvez os planos que começavam a tomar forma pudessem ser considerados uma trapaça, uma quebra do acordo que fez.
Já não importava mais para o rei a ética e a moral. Ao ter perdido-se tantas vezes no conceito de certo e errado, decidiu que o que lhe orientaria sempre seriam vidas. Salvaria vidas? Aliviaria sofrimento? Buscaria aquilo.
Justiça não seria feita, porém se dependesse dele, resgates seriam.
Apesar de terem mudado o jeito que encaravam a situação, os dias seguintes transcorreram exatamente iguais aos outros. E, mesmo que não quisessem pensar demais a fim de evitar serem tomados de desânimo, era mais fácil racionalizar do que agir, de fato. Só esperavam muito que Mimi não notasse que estavam assim.
E aquela sensação de conforto e satisfação que preencheu Jimin ao ter uma rotina de novo já não era tão grande frente à incerteza da necessidade e caráter da sua ajuda. Era positiva ou negativa? Talvez aquilo fosse para o melhor. Não deveria gostar nem se apegar tanto a uma rotina em que Jihyun não participava.
Mais uma vez, depois de ajudar Joohyun a preparar o jantar, foi chamar Mimi e Jungkook para comer. Como sua cabeça era atormentada por uma quantidade anormal de pensamentos, em vez de simplesmente chamá-los perto da porta, resolveu entrar no cômodo onde estavam, procurando um pouco de tranquilidade no meio da confusão que protagonizava seu peito. Mesmo que Mimi fosse o centro de tudo, olhá-la ainda passava uma sensação boa de esperança e encantamento.
Encostou-se em silêncio na parede perto da porta. Jungkook, sempre atento, percebeu sua chegada. Contudo, ao entender as intenções de Jimin, manteve-se quieto e voltou a assistir o que a garotinha em sua frente fazia, narrando o passo a passo com a voz infantil em um misto de empolgação e concentração.
O elfo, curioso, observou o processo criativo da garota. O olhar aceso de compreensão e ideias, mas também de naturalidade ao inspecionar cada uma das peças espalhadas pelo chão. Sua respiração parecia tranquila, e o sorriso leve em seu rosto indicava o quanto aquilo era espontâneo e satisfatório para ela.
Aproximou-se silenciosamente, querendo ver mais de perto Mimi criar mais uma de suas engenhocas. Ao perceber o elfo mais velho, a garota abriu um sorriso ainda maior. Um sorriso que quase parecia um abraço, demonstrando que a proximidade que eles desenvolveram nos últimos dias estava mais palpável do que nunca.
Após algum tempo observando a menina montando os pedaços de sucata, criando o que dizia ser um "colhedor de frutinhas", uma dúvida surgiu em sua mente. Refletiu que já deveria ter a resposta, mas... não lembrava-se de ter perguntado aquilo.
— Mimi, onde você aprendeu a montar essas coisas?
De imediato, a garota largou o que estava fazendo e saiu do cômodo correndo. Jimin e Jungkook, acostumados com o jeito dela, esperaram pacientemente sua volta, que ocorreu junto a um grande livro entre as mãos pequenas. Ela sempre voltava.
Mimi acariciou a capa com carinho e preocupação antes de oferecer o livro que trouxe a Jimin. Percebendo o quanto aquilo era precioso para ela, o elfo afagou com delicadeza os cabelos dela antes de pegar o exemplar com cuidado e um sorriso tranquilo, uma promessa silenciosa de que ia cuidar com tanto zelo quanto ela. A garota suspirou, aliviada.
Jungkook chegou mais perto para observar o livro também. Jimin passou os dedos na capa, por cima do relevo de runas que não conseguia ler. Seria uma outra língua? Provavelmente, porque logo ao lado, em linguagem comum estava: "Princípios básicos de engenharia".
O livro era simples, sem muitos ornamentos, provavelmente mais voltado ao conteúdo do que para a aparência. Abriram em uma página qualquer, encontrando desenhos intricados de sistemas de engrenagem, polias e anotações de cálculos relacionados. Os desenhos, em tinta preta, possuíam diversas observações em tinta vermelha por cima, demarcando formas geométricas e ângulos. Tanto Jimin quanto Jungkook arregalaram os olhos com tudo aquilo, sem entender nada. Apesar de saberem o básico de números, não era algo que utilizavam com muita frequência.
— Uma vez, quando fui comprar mantimentos, eu encontrei uma comerciante. Ela estava falando com o dono da loja quando cheguei... — Mimi explicou com um biquinho, parecendo confusa ela mesma com a história. — Quando o moço foi entregar a compra para ela, ela se recusou a receber. Depois disso, pegou uma bolsa enorme das costas, tirou esse livro dela e deu pra mim.
— E ela falou alguma coisa? — foi Jungkook que, surpreendentemente, perguntou.
— Falou que o mundo é do tamanho das nossas mentes. Que quem tem mente pequena, tem mundo pequeno... Disse para eu construir meu próprio mundo com o livro... Eu não entendi muito bem, mas ela foi embora logo depois e não me deixou perguntar mais...
Jimin e Jungkook encararam-se antes de perscrutar os arredores do quarto de Mimi, onde ela tinha construído o próprio mundo. E ele era, de fato, enorme. Todas as invenções estavam jogadas por todos os cantos sem distinção de valor, independentemente de ainda serem ou úteis ou não para ela. Todos eram pedacinhos de como Mimi enxergava e interpretava os seus arredores, de como buscava soluções.
Sentiram-se bobos, porque Mimi tinha achado a solução de todos seus problemas através do presente de uma comerciante misteriosa. Tinha um mundo muito maior que o deles, pequeno demais, limitado demais.
— E você consegue ler tudo isso, Mimi? — Jimin apontou para os cálculos descritos nas páginas do livro.
— Não tudo... Só aceito que aprendi quando eu construo alguma coisa... mas não tenho material para tudo ainda.
Ou seja, ela entendia todos os cálculos, o que apenas deixou os dois homens ainda mais impressionados, os olhos perdidos na quantidade de anotações minuciosas do livro. Foram despertos do choque quando foi Joohyun que apareceu na porta, reclamando que o jantar estava esfriando e que estava com fome. Todos riram, concordando em ir comer.
Antes de sair do quarto, Jimin fechou o livro com cuidado, ajoelhando-se e o devolvendo à garota com um sorriso. Acarinhou os cabelos dela, que o observava com certa expectativa tensa.
— Isso é incrível, Mimi. — Nunca tinha sido mais sincero. — O jeito que você constrói me lembra o jeito que eu fico com o Blesc...
Mimi, pouco acostumada a ver alguém gostar de fato do seu apego àquelas coisas tão fora do mundo mágico, deu um sorriso de volta, aliviada e animada. Sempre achou que seu amor por construir fosse tão estranho quanto não conseguir manipular magia, ninguém em Dietii construía nada.
O jantar foi definitivamente mais leve, apesar de Jimin ter feito de tudo para não deixar a dúvida que assolava o coração dele e de Jungkook nos últimos dias ficar clara. Joohyun e Mimi mereciam um pouco de paz e ele faria de tudo para dar o máximo que conseguia.
Após aquilo, Jimin e Jungkook despediram-se, como sempre. Rumaram até a floresta para dormir sob as árvores frondosas e serem ninados pelos sons dos animais noturnos.
— E agora? — foi Jungkook que teve a coragem para perguntar.
— Não faço a mínima ideia... — Jimin suspirou. — Talvez nós nunca deveríamos ter nos envolvido... Me desculpe. Minha soberba como elfo eremita causou isso. Eu nunca devia ter achado que poderia fazer alguma coisa...
— Mas você fez... — Jungkook murmurou preocupado, pouco acostumado com aquele tom de voz no elfo.
— Fiz o quê? Dei mais esperanças a Joohyun e Mimi sobre a possibilidade dela manipular magia? Só isso, porque a Mimi ainda nem consegue sentir o Blesc.
— Você mesmo disse que é um processo que precisa de paciência... que demora.
— Sim... — Jimin suspirou e desviou o caminho do lugar em que eles estavam dormindo até o riacho. Queria estar perto de água, queria estar perto de Iredanus. Quem sabe o rio aliviaria sua mente. — O problema não é a demora ou sequer a possibilidade de dar certo ou não, eu sabia da incerteza e ofereci ela a Joohyun quando falamos a primeira vez... O problema é que Mimi já tem a resposta dela, tinha muito antes de nós chegarmos, e nossa passagem foi em vão.
Jungkook pressionou os lábios um contra o outro enquanto observava Jimin agachar-se na margem do riacho, mergulhando sua mão ali. Buscava Jimin, aquele que acreditava nas suas intenções, que tinha fé que manipular magia melhoraria a vida de Mimi — o que realmente faria, mesmo que a garota não dependesse daquilo. Ficou preocupado, porque nunca viu o elfo tão frustrado.
Mesmo duvidando da efetividade de suas ações, Jungkook ajoelhou-se ao lado dele na margem da água cristalina que gorgolejava baixinho. Com cuidado, retirou a aljava e o arco das costas do elfo, apoiando-os no chão, fez o mesmo com seu machado e seu escudo. Jimin apenas deixou, confuso e curioso com tudo aquilo.
Jungkook, então, puxou Jimin contra seu peito, enlaçando em um abraço que era capaz de o engolir por inteiro. O elfo a princípio assustou-se, não esperava aquele tipo de carinho vindo de Jungkook, tão tímido e retraído, mas rapidamente um sorriso tomou seus lábios.
Enterrou seu rosto no peitoral largo e abraçou o corpo que parecia acomodar-se perfeitamente entre seus braços. Era o mais próximo que tinha ficado de Jungkook e o próprio homem quebrou aquela barreira, não poderia estar mais feliz.
Apreciou, porque Jungkook era grande e caloroso. Sentia-se acolhido. Sentia-se como se ainda fosse uma criança que permitissem errar. Sentia-se capaz de carregar aquele erro consigo com mais leveza, mesmo que a demora o tivesse afastado de Jihyun e não tivesse ajudado ninguém.
— Para mim não foi em vão... — Jungkook murmurou. De fato havia diversos pontos que racionalmente indicavam que, apesar de tudo, a escolha que fizeram de ficar não tinha sido ruim, mas aquilo não era o mais importante para ele. — Eu fiquei muito feliz de conhecer a Mimi... Essa passagem foi muito importante para mim.
— Jungkook... — Jimin desenterrou o rosto de seu peito para fitá-lo nos olhos. A íris profundamente negra, como piche, e aquela que parecia queimar um incêndio mortal. Mesmo assim, eram olhos tão gentis... Eram frágeis, sensíveis, assim como todo o Jungkook era por trás de seu escudo enorme, da armadura de couro.
Acariciou as bochechas macias e já coradas do homem em sua frente, dando um sorriso. Sim, como Jimin esqueceu do mais importante? Como ele deixou-se convencer de que apenas ter conhecido novas realidades, a Mimi, não era o suficiente? Ele não era daquele jeito.
— Você está bem? — Jungkook perguntou ao observar lágrimas acumularem-se nos olhos acinzentados do elfo. Apesar de ter conseguido manter seu olhar firme no do outro porque a preocupação sobrepujou a vergonha, as bochechas continuavam vermelhas, porque Jimin era belo mesmo chorando.
— Muito bem — Jimin confirmou, com um sorriso que nascia do âmago de sua alma. Deixou carícias nas bochechas de Jungkook antes de afastar uma das mãos para poder depositar um beijo na derme quente. Deu vários beijos, inundados de gratidão, ao perceber que novamente sentia-se como ele mesmo. — Muito obrigado, Jungkook, muito obrigado mesmo.
Ao notar que Jungkook não conseguia responder nada, ainda em choque com todos os toques, Jimin foi tomado por um novo sorriso, daquela vez gentil. Um daqueles sorrisos que ele sabia dar, muito mais naturais em seu rosto do que o semblante franzido de preocupação e remorso. Voltou a apoiar as mãos nas bochechas, puxando o rosto dele para deixar um último beijo em sua testa antes de voltar a acomodar-se no abraço tão reconfortante.
Com Jimin relaxado em seus braços, Jungkook voltou ao plano original. O abraço era uma pequena parte necessária para realizá-lo, mas ele mesmo acabou transformando aquilo em algo mais carinhoso, mais demorado... Não era culpa dele se Jimin encaixava tão bem nos abraços que nem sabia ser capaz de dar.
Segurou o elfo com mais firmeza antes de levantá-lo e caminhar para dentro do riacho. O movimento causou um breve sobressalto em Jimin, mas quando ele entendeu o que Jungkook queria, só colaborou mais ainda, rindo como se fosse uma criança. Enlaçou o pescoço dele e acomodou-se melhor, sentado, nos braços do homem.
— Nem lembro a última vez que me carregaram no colo dessa forma... — murmurou contra o pescoço de Jungkook, que arrepiou-se levemente enquanto entrava cada vez mais fundo no riacho.
Os dois suspiraram, satisfeitos, quando Jungkook chegou até a parte mais funda, sentindo a água abraçá-los até a altura do peito. Era como um abraço dentro de um abraço. Fresco, leve, mesmo que as roupas pesassem um pouco.
— Você gosta de água, não gosta? — Jungkook fez a pergunta que mais era uma justificativa de suas ações. Jimin sempre parecia em paz dentro da água.
— Gosto sim, Jungkook... — Jimin confirmou baixinho, ajeitando sua cabeça para descansar nos ombros dele. Riu, porque já estava melhor muito antes de entrar na água, porque a salvação de sua pequena tormenta não foi a água, nem a benção de Iredanus, e sim as palavras tímidas e ações sinceras do seu parceiro de viagem.
E deixou-se ficar ali, protegido por Iredanus e pelos braços de Jungkook, tão quente e gentil.
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Foram até a casa da Joohyun e da Mimi no dia seguinte prontos para uma despedida. Contudo, era mais fácil decidir do que de fato executar, porque a única coisa que queriam fazer ao observar Mimi tropeçar na porta da frente, animada, era continuar vivendo aqueles dias tão tranquilos e felizes.
Mas uma coisa estava diferente. A animação da Mimi era diferente.
O sorriso no rosto era o de sempre, mas acompanhava um brilho nos olhos um tanto confuso e desacreditado. Como usual, Jimin ajoelhou-se para ficar em uma altura melhor para receber um abraço dela, mas dessa vez a garota buscou seu ouvido.
— Ji... Eu senti o Blesc — ela confessou baixinho antes de afastar-se e colocar o dedo em cima da boca, pedindo silêncio e segredo.
Jimin assentiu e levantou-se sob o olhar desconfiado de Jungkook e Joohyun, que refletiam que segredo era aquele. Jimin riu e deu de ombros como se nada houvesse acontecido, falando como sempre para Joohyun que logo voltaria e utilizando o caminho já mais que conhecido das suas botas para ir até o riacho.
Jungkook estranhou, pois não era para eles permanecerem mais um dia, porém não insistiu demais na questão, distraído porque Mimi pulou em sua direção e teve que garantir que a garota não cairia. Logo ela estava lá, em seu colo, agarrando o pescoço dele com força como se soubesse que aquela era a última vez.
Jimin tentou ser o mais paciente possível, mas seu interior queimava de curiosidade e expectativa. Então Mimi realmente conseguia manipular magia? Estava certo desde o início? Ela finalmente poderia viver em paz? Foi com muito esforço que sentou perto da margem do riacho e esperou calmamente que Mimi fizesse o mesmo, porém a garota não parecia muito propensa em deixar os braços de Jungkook.
No final, o próprio Jungkook sentou ao lado de Jimin e Mimi ajeitou-se no colo dele para conseguir encarar o elfo mais velho melhor. Um pequeno silêncio instaurou-se entre eles; Jimin tenso em ser muito incisivo, Mimi com medo de perdê-los ao falar e Jungkook simplesmente por não estar entendendo nada além de não ser alguém comunicativo.
— Então, Mimi... — Jimin pigarreou, momentaneamente tenso. — Aquilo que você me disse mais cedo...
— Sim... — A garota abaixou o olhar, a animação misturando-se com apreensão, insegurança e confusão. — Eu... eu senti o Blesc. É tipo um rio grandão no ar, não é?
— Exatamente, Mimi — Jimin confirmou. Jungkook arregalou os olhos, surpreso com a confissão. — Como você conseguiu?
— Ontem você disse que quando eu mexia com minhas invenções, eu parecia com você quando mexe com o Blesc... — Mimi olhava para as próprias mãos, nervosa. — Aí de noite eu fui terminar de construir o apontador de céu e me lembrei disso... e então eu respirei que nem você disse e... consegui sentir.
— Faz sentido... — Jimin comentou, reflexivo.
— Mas eu não consegui tocar! Só sentir... — Mimi completou.
Jimin, observando que a garota parecia muito mais apreensiva do que deveria sobre aquilo, aproximou-se dela e de Jungkook. Segurou as mãos pequenas dela entre as suas.
— Parabéns, Mimi... Você tem que sentir orgulho por este feito. — Jimin acariciou a palma infantil, dando um sorriso. — Não por causa da magia, ou pelo que os outros pensam, e sim pela habilidade necessária para senti-lo. Esse estado de concentração é difícil de ser atingido e certamente vai te ajudar com outras coisas na sua vida.
— De verdade? — Mimi perguntou, parecendo duvidar. — Eu posso me orgulhar? E a magia?
— Claro que pode, Mimi... — Jimin explicou, refletindo se ela parecia insegura por não ter conseguido fazer magia de pronto. — Sobre a magia... Entre sentir o Blesc e conseguir manipulá-lo é mais um passo grande... Tudo tem seu tempo e você não precisa ter pressa.
— Ji... Eu não sei como explicar, mas quando eu senti o Blesc... É estranho...
— O que, Mimi?
— Algo me diz que eu não consigo manipulá-lo. Só observar... — explicou, a voz tão baixa que às vezes falhava. Segurou Jungkook com mais força e foi correspondida. — Mas não é uma suposição, é como se fosse uma certeza. Não sei de onde eu tirei ela, mas no momento que eu senti o Blesc, eu soube.
— É por isso que você está apreensiva assim? — Jimin perguntou, preocupado, e passou a afagar as bochechas da garota, que assentiu.
— Você gastou seu tempo comigo, Ji... No final, eu realmente não sou capaz de fazer magia, me desculpe... — Mimi sussurrou, a doce voz infantil embargada.
— Mimi, por favor, não fale isso... — Tanto Jimin quanto Jungkook abraçaram a garota no mesmo momento, acolhendo-a enquanto as lágrimas começavam a correr. — Nunca foi um gasto de tempo, nunca... Te conhecer foi tão especial, a magia não é importante.
— Claro que é... O que é um elfo sem magia, Ji? Nada! Eu sou estranha...
— Mimi... — Jungkook interrompeu, chamando a atenção dos outros dois. — Um elfo sem magia não é nada se apenas a magia resume ele. Apenas se sua mente só pensa em magia. Se a magia é pequena, a mente é pequena e o mundo é pequeno...
— Que nem aquela moça disse? — Mimi fungou baixinho.
— Sim. E você sabe o que tem de diferente em você? — perguntou baixinho, Mimi negou com a cabeça. — Seu mundo é maior do que o de todos nós, porque sua mente é gigante e cheia de possibilidades, Mimi. O Blesc só tem quatro elementos, você tem tudo que pode criar e você já fez tanta coisa. Tenho certeza que ainda vai fazer muito mais.
— Você está falando sério, Kook? — Mimi chorou baixinho, querendo muito poder acreditar em cada palavra que era dita, poder acreditar que era muito mais do que aquilo que queriam a resumir.
— Muito, Mimi, você é o maior mundo que já conheci — afirmou o homem, abraçando a menina com mais firmeza. Jimin observou os dois com um sorriso no rosto, duas almas que entendiam-se. Sabia que ninguém poderia ter falado aquilo como Jungkook fez, porque ninguém entendia Mimi como ele.
— Orgulhe-se, Mimi... — Jimin reforçou, puxando o rosto da garotinha para deixar beijos em suas bochechas, limpando suas lágrimas. — Seu mundo é gigante e está em expansão. Você não faz magia, mas consegue sentir o Blesc, duvido que qualquer pessoa aqui consiga. E o mérito é seu, veio com seu esforço, com sua habilidade.
— Mas agora... — Mimi começou a chorar ainda mais. — Mas agora vocês vão embora, não vão?
Jimin e Jungkook aquietaram-se por um momento, porque de fato iam. Porém partiriam mesmo antes de saber desse novo detalhe. Mimi fungou, tentando ser forte, porque o silêncio deles já era resposta o suficiente.
— Precisamos ir, Mimi, mas tomamos essa decisão ontem...
— Ontem? Por quê? — A garota estava tão triste que Jungkook não sabia o que fazer, queria abraçá-la para sempre. — Você não ia me ensinar magia?
— Nós apenas percebemos que você não precisa da gente, Mimi — Jimin falou manso, acariciando os cabelos dela. — Nunca precisou, porque tenho mais a aprender com você do que a ensinar. E quero muito te agradecer por ter dividido um pouco desse seu mundo tão grande comigo, sim?
— Preciso de vocês, sim! — respondeu rápido, alto, mas logo o tom de voz foi perdendo a força. — Por favor... não quero ficar sozinha de novo.
Jungkook engoliu em seco, sem saber o que falar. Mas nunca soube. Só não queria que Mimi ficasse sozinha, até porque aquilo não fazia sentido. Queria que a garota soubesse que passar tempo com ela era incrível, que todo mundo que tivesse a chance de fazê-lo era afortunado.
— Mimi, eu fiz uma promessa... Prometi que iria atrás do meu irmão e não posso ficar aqui com você para sempre. Mas eu e o Jungkook somos seus primeiros amigos, não os únicos.
— Primeiros?
— Sim. Assim como nós nos encantamos com você, mais pessoas vão se encantar também. E essas pessoas afortunadas por seu encanto serão da mais pura confiança, terão mundos tão grandes quanto o seu é. Não se preocupe em compartilhar isso com quem precisa viver dentro dos próprios limites. Até lá, sua mãe vai estar com você. E eu e Jungkook vamos pensar em você, mesmo longe.
— Eu odeio isso... — Mimi chorou, frustrada.
— O quê? — Jimin perguntou, doce.
— Pessoas que não me entendem... Todo mundo... — A amargura dentro da garota, tão positiva, preocupou os dois adultos. Jimin acariciou o cabelo dela mais uma vez, refletindo se tinha passado a mensagem errada.
— Não odeie, Mimi... Expandir o próprio mundo é algo difícil e muito assustador. — As palavras de Jimin carregavam uma sinceridade tão pura, uma dor de realidade e de reconhecimento porque ele mesmo não conseguia enfrentar os desafios de expandir o próprio mundo, que Mimi ergueu os olhos para observá-lo. — Essas pessoas que não te entendem, elas não são más... São apenas medrosas. Talvez com paciência mudem mas talvez não, e vivam a tristeza de serem limitadas pelos próprios pensamentos pelo resto da vida. Odiar não vale a pena, apenas te distancia da própria felicidade porque a felicidade só pode ser encontrada com o amor.
— Eu amo vocês... — Mimi chorou, baixinho, sem ter mais o que falar. Não queria odiar, não queria se ressentir, mas esperava muito um dia ser compreendida daquele jeito que sentia-se agora. O tempo realmente viria? Seria questão de paciência, assim como foi para sentir o Blesc? Eram dúvidas demais para um corpo tão pequeno, mas queria poder crescer com aquelas pequenas sabedorias tranquilas vindas de quem aprendeu tanto com ela quanto aprendeu com ele. Aquela sabedoria compartilhada de experiências sinceras.
— Também te amamos, Mimi... — Jungkook disse, o tom de voz baixo e um pouco pesado. Parecia carregar mais culpa do que deveria, mas era sincero.
— Ele está certo. E isso não é um adeus, Mimi, é só um até logo. Na volta eu trago meu irmão, ele vai amar te conhecer também — Jimin afirmou sob o olhar esperançoso de Mimi. Sim, tinha certeza absoluta que Jihyun também seria conquistado de imediato por ela.
A garota desvencilhou-se do abraço deles para buscar algo no bolso de sua calça. Depositou com cuidado um pequeno cubo transparente na palma da mão enluvada de Jungkook.
Dentro do cubo, uma pequena agulha flutuava, apontando diretamente para cima, como uma bússola fazia para o Norte. Talvez não tivesse utilidade direta, mas carregava consigo aquela essência infantil de fazer as coisas por mera vontade, e descobrir novidades pelo simples prazer de descobrir, saber que estava lá.
— É um aponta-céu, fiz de presente para vocês. De dia ele aponta para o sol, de noite ele aponta para a estrela laranja — ela explicou.
— Para Pojar? — Jimin perguntou, encarando o céu mesmo que não fosse possível enxergar tal estrela durante o dia. Mimi assentiu, não lembrava o nome das estrelas e das constelações de cor, mas tinha impressão de que estava certo. — É um presente incrível, Mimi!
— Você gostou?
— Claro! Sempre que eu olhar para o céu, lembrarei que você vê as mesmas estrelas que eu, e aí sentirei um pouco menos de saudades. — Seu coração doeu assim que falou, pois era o mesmo método que utilizava para aplacar minimamente toda a falta que o irmão fazia.
— Tá bom... — Mimi concordou. — Dividirei meu mundo com quem quiser conhecê-lo, mas quando eu ficar muito sozinha, vou olhar o céu para lembrar de vocês.
E, com um sorriso um pouco triste por causa da despedida tomando os lábios de cada um, abraçaram-se uma última vez, já com saudades de tudo que sentiram e construíram durante a última semana.
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Acabou o primeiro mini arco :( aff, já tá no décimo capítulo, parece que eu comecei ontemmm
Então, o que acharam do mini arco da Mimi? E qual a cena/detalhe favorito dele de vocês? O meu é a participação do Jungkook, um bebezão muito fofo, aff, amo quando ele fala um pouquinho mais.
De novo, não sei agradecer o suficiente a quem lê, acompanha, dá votinhos e, principalmente comenta. De verdade, obrigada por me deixarem saber o que estão achando e por participar dessa jornada comigo e com os jikook. Espero que tenham gostado do capítulo e ansiosa já pro próximo.
Sobre as dedicatórias que eu falei no último capítulo, já dei um capitulozinho pra cada um que pediu e pra leitores que vivem por aqui! Caso você não tenha recebido uma e quiser (até porque acho que o aviso não apareceu pra todo mundo no cap passado), é só comentar aqui, tá? hihi
Como sempre, um abração no be jikookbisexual por ter betado pra mimmm
Beijinhos de luz e até 13/05, às 19:13!
Amo vocês!
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