05. Clareira Real
Oiii, meus buscapés lindinhos! Como vocês estão? Estava com saudades de vocês!
Como sempre, muito obrigada a quem lê e surta com meu amorzinho CDA comigo! Tô animada porque hoje vocês vão conhecer um pouquinho mais da história dos reinos hihihihi ansiosa pra teorias, hein!
Boa leitura! #OCúmpliceDeAldebaran
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Enumerar as atrocidades que viu mostrou-se uma tarefa impossível. Enquanto observava em silêncio a Guerra em carne e osso, o jovem príncipe sentia suas próprias convicções minguarem, e a tão esperada resposta parecia ainda mais longe.
Esgueirou-se, porém, entre o limite dos reinos, tendo aprendido que se buscasse a resposta entre seu povo, encontraria apenas sofrimento. Apesar de ter consciência do quão perigosa e, de certa forma, suicida era sua missão, aquilo não importava mais. Seu âmago parou de fazer aquelas distinções de supostas importâncias em face à Guerra, pois nada importava mais do que tudo que era perdido.
Enquanto vivia como um suposto indigente, alheio ao conflito, encontrou de forma inesperada a resposta que tanto buscava. Ela não vinha de cima, não, não vinha de estrategistas de Guerra, nem da mente agora insana de seu pai. Ela morava nos semblantes preocupados e aturdidos daqueles que considerava inimigos.
— Essa é a aldeia que a gente vai parar? — Jimin apontou para algumas construções que apareciam no horizonte.
Caminharam pela floresta por uns três dias e há dois utilizavam trechos mais seguros da estrada de terra batida. E toda vez que uma aldeia nova fazia-se enxergar perto da estrada e passavam reto a mente de Jimin era tomada por inquietude. Talvez realmente fosse melhor caminhar pela floresta, porque daquele jeito ele não saberia se estava próximo ou não das aldeias.
Apesar de sua pressa para encontrar Jihyun, desde que notou que talvez pudesse descobrir algo nas aldeias antes mesmo de chegar na capital, ele não estava aguentando-se de vontade de conhecer os novos lugares. Afinal, era tudo tão diferente do que estava acostumado que passar por cada uma e imaginar todas as possibilidades de raças, histórias e estabelecimentos lá dentro o torturava.
— Não. — Jungkook observou as construções que Jimin indicava. Quase não dava para vê-las e eram muito longe da estrada principal. Seria um desvio enorme passar por lá.
— Quando a gente vai parar então? — perguntou talvez pela vigésima vez do dia. Jimin refletia que ele parecia as crianças de sua tribo daquele jeito, pelo menos Jungkook não parecia ficar irritado com aquela insistência.
— Você quer parar lá então? — perguntou por fim. Teriam pelo menos mais um dia de caminhada antes de chegar na aldeia que planejava parar, uma específica para viajantes assim como Pervii, e bem próxima à estrada.
— Quero! — Jimin sorriu, completamente exultante. — Vamos passar lá então?
— Vamos — concordou Jungkook antes de desviar-se da estrada para que pudessem andar em direção à aldeia, por puro capricho do elfo.
— Eu tenho um bom pressentimento sobre essa aldeia — Jimin garantiu, surpersticioso e crédulo como só ele poderia ser. Jungkook deu de ombros, não é como demorar um pouco a mais para chegar em Scorpii fizesse muita diferença, quem tinha mais pressa era Jimin. Na verdade, Jungkook não possuía nenhuma pressa em executar seu trabalho.
O local era mais distante do que Jimin tinha imaginado e quase arrependeu-se no meio do caminho. Porém ficou envergonhado de falar para Jungkook que poderiam dar meia volta e... se tinham percorrido metade do caminho, teria que valer à pena.
Jungkook, que estava refletindo qual a nova rota a ser tomada depois daquele desvio, desistiu de seu plano quando conseguiu enxergar melhor o local. A aldeia parecia estranhamente vazia e definitivamente não tinham comerciantes acampados. Provavelmente não conseguiriam comprar nada por lá.
— Desculpa, não vendemos suprimentos aqui — respondeu um halfling que abordaram com dificuldade na aldeia por não acharem nenhum tipo de loja, muito menos de habitante, após quase duas horas de caminhada.
Jimin observava o local com curiosidade, pois era completamente diferente de Pervii. A cidade de viajantes possuía diversas construções amontoadas uma na outra, coloridas, uma quantidade enorme de comerciantes e ali não tinha... nada. As construções que viu ao longe eram pequenas casas, bem separadas uma da outra, que provavelmente serviam apenas como residência.
As ruas de terra batida, um tanto quanto arenosa, eram largas, mas parecia mais pela falta de construções do que realmente um esforço para melhorar a circulação de seus habitantes. Até porque não faz sentido aumentar a circulação de uma aldeia que mal parecia ter população.
Além do halfling com o qual conversavam, apenas viram outros dois que pareceram desconfortáveis em receber viajantes e afastaram-se antes que pudessem conversar qualquer coisa. No fundo do território da aldeia, havia diversas estruturas altas e complexas que Jimin não era nem capaz de descrever por nunca ter visto nada similar na vida.
— Nenhum? — Jungkook perguntou, confuso.
Não que tivessem tanta urgência de suprimentos quanto antes, visto que Jimin era realmente hábil em caçar e foram poucas as vezes que utilizaram as coisas que Jungkook comprou em Pervii, e o fizeram apenas para que não estragasse. Mesmo assim, sentia-se mais tranquilo em carregar um pouco de comida com ele, um velho e desesperado hábito.
E, principalmente, estranhou a falta de venda na aldeia. Esperava uma falta de variedade, porém não haver nenhum produto à venda era decerto incomum.
— Não — o pequeno homem de pés peludos respondeu novamente, parecendo nervoso e apreensivo. Poucas pessoas visitavam aquela aldeia e, sinceramente, os viajantes eram muito estranhos. Os olhos heterocromáticos daquele homem alto demais eram intimidadores e ainda estava em dúvida se aquele era um elfo eremita de verdade. Só tinha ouvido falar em histórias.
Pelo menos a curiosidade por Jimin balanceava um pouco seu temor por Jungkook e, daquela forma, não tinha fugido dos viajantes ainda apesar de não estar confortável. E Jungkook notava aquilo com facilidade, então recuou discretamente um passo, deixando que Jimin assumisse a conversa do jeito que lhe fosse conveniente.
— Por quê? — Jimin questionou, os olhinhos acinzentados reluzindo de curiosidade. O homem relaxou um pouco ao não estar sendo mais interrogado por Jungkook.
— Temos dificuldade de conseguir suprimentos para os próprios habitantes daqui, jovem, então definitivamente não temos pra vender.
— Por quê? — Jimin continuou questionando, sua curiosidade cada vez mais atiçada com aquele mistério.
— Muitas coisas, jovem — o halfling suspirou baixinho. — O motivo principal é que comerciantes não costumam passar por aqui para vender produtos, então se precisamos de algo temos que ir em outra aldeia comprar, o que muitas vezes é demorado, porque todas são longe.
— O que impedem eles de passar por aqui? — O elfo estava reflexivo. Voltou a olhar o caminho pelo qual vieram, atrás dele. Apesar de ser um pouco distante da estrada principal, estava longe de ser difícil ou perigosa.
— Preconceito e medo, eu acho. Estamos há poucos minutos da clareira do Massacre Real. Além disso, já nos acusaram de contaminar Iredanus, que é o maior crime que pode ser cometido.
— Vocês contaminaram Iredanus? — Jimin arregalou os olhos, em puro choque. Era uma blasfêmia. — Isso sequer é possível?
— É possível, mas não contaminamos. — O halfling não saberia explicar por que estava contando tudo aquilo se o perguntassem. Talvez fosse a falta de receber algum viajante e mostrar seu lado, talvez fosse porque explicar a história para o elfo curioso parecesse certo. Pelo menos para o elfo, o outro homem... tinha algo de estranho. — Aqui em Maslii trabalhamos com extração de petróleo e confecção de óleo, então quando apareceu uma mancha de óleo em Iredanus, há cinco anos atrás, nos acusaram.
— Mas não foram vocês?
— Não. É impossível. Estamos muito longe de Iredanus e de qualquer outro lençol freático. Sem contar que nossos poços de extração existem há anos, muito antes da Grande Guerra Mágica e nunca houve nenhum acidente do tipo.
— Aquilo é o poço de extração? — Jimin apontou as estruturas altas no fundo da aldeia, distantes o suficiente para não conseguir enxergar seus trabalhadores e detalhes.
— Sim. Mesmo sendo antigo, funciona perfeitamente. Afinal, foi construído na época que os anões ainda eram os grandes engenheiros de Antares.
— Oh... — Eram tantas informações novas que Jimin estava até perdido. Jungkook continuava em silêncio, afinal, o aldeão de fato sentia-se muito mais confortável falando com Jimin do que com ele. — O que é esse petróleo que vocês extraem?
— Nunca ouviu falar? — o halfling perguntou espantado, o elfo negou. Decerto elfos eremitas que viviam em tamanha reclusão não precisavam utilizá-lo. — Petróleo é uma das benções de Iredanus, escondida na profundidade de Sua terra. Com ele, conseguimos fazer óleos que são utilizados para iluminar aldeias e, principalmente, a capital de noite. Também podem servir para lubrificar máquinas que os anões construíram e moinhos. Além disso, do petróleo vem o piche, que é muito utilizado nas construções, principalmente da capital.
— Então vocês que fornecem tudo isso para Antares? — Jimin perguntou, mesmo nunca tendo visto ao vivo todas aquelas aplicações. Parecia importante.
— Sim.
— Que injustiça! — Jimin estava estupefato com a história, ainda mais desacreditado com o reino ao qual pertencia. — Vocês são julgados por crimes que não cometeram e comerciantes vêm até aqui para pegar o produto de vocês, mas não entregam nenhum suprimento?
— Colocando desse jeito... — O halfling deu de ombros. — Na verdade, quem cuida do transporte de petróleo são mercadores exclusivos do Rei, pois como pode ser um grande poluente, deve ser manuseado com cuidado. E eles não trabalham com venda de suprimentos para que possamos utilizá-los. Restringe-se apenas à distribuição de produtos perigosos e alguns artigos essenciais.
— Artigos essenciais?
— Mapas do reino, livros de história e notícias, basicamente. Nunca recebeu nenhum? — Jimin negou novamente, espantando o halfling. Sabia que os elfos eremitas eram isolados, mas não tanto. — Enfim, imagino que eles não circulem alimento e água pelas aldeias porque não costuma dar problema, exceto com Maslii.
— Isso é injusto demais! Vocês são Antarienses também! Não deveriam ter o mesmo direito que todos?
— É mais fácil falar do que mudar. — O halfling riu. — Acho que o principal problema é a proximidade com a clareira do Massacre Real, que é no centro dessa floresta ao nosso lado, muitos possuem medo de serem amaldiçoados caso cheguem perto.
— Então a clareira é de verdade? — Jimin perguntou, lembrando-se daquele detalhe. Ficara tão assustado com a história da contaminação de Iredanus que tinha esquecido de aquele outro detalhe chocante.
— Você conhece a história, certo?
— Claro! — Jimin quase sentiu-se ofendido com a possibilidade de não saber aquilo. Mas compreendia também que mostrou não conhecer várias outras coisas óbvias aos olhos do halfling.
Mas, no final, o Massacre Real era um acontecimento histórico muito relevante para não conhecer, afinal, vivera a temível consequência dele: a Grande Guerra Mágica. Arrepiou-se ao finalmente notar a sua proximidade de um local no qual tanta gente desapareceu; não era de espantar-se que comerciantes também não estivessem confortáveis de passar por lá.
Jimin sempre achou aquela história especialmente triste. Talvez até mesmo irônica. Parte dele queria que fosse apenas um conto que virou superstição. Uma história aumentada ao longo dos anos e das bocas que a contavam.
Justo o casamento entre a princesa de Antares e o príncipe de Aldebaran, que prometia unir de vez os dois povos e trazer paz a todos, ser a maior catástrofe que já acontecera na história dos reinos era uma reviravolta melancólica e sangrenta. O estopim para que a rivalidade crescente, mas controlada até então, entre os dois reinos virasse um conflito de verdade.
Ao mesmo tempo que era um acontecimento muito bem disseminado, seja pelos livros espalhados no reino quanto pela boca dos mais velhos, que estavam lá quando as notícias alastraram pela terra feito fogo em feno, o Massacre Real era um tanto quanto místico também.
Não havia nenhum convidado para relatar a história, pois a clareira onde o casamento passava-se simplesmente foi encontrada vazia. Vazia, como se nada tivesse acontecido. Anos passaram-se, a Guerra tinha acabado, e ainda assim ninguém sabia o que aconteceu.
Tal confusão fez com que muitos dos familiares dos convidados desaparecidos ainda esperassem a volta deles. Afinal, não havia corpo para despedir-se e utilizavam aquilo como alguma esperança vã de um dia poder encontrá-los novamente. Tal confusão também fez com que os reinos iniciassem a Guerra, culpando um ao outro pelo acontecido e exigindo sua população de volta, concluindo que ela fora feita de refém.
Se realmente o caso foi este, ninguém saberia. Era um capítulo sem conclusão, um crime sem pistas.
Antares não escondia em sua história que o próprio Rei na época — pai do atual —, perdera o controle que parecia esbanjar antes. Sempre tratou a população com justiça e negociara por longos anos aquele casamento para que finalmente todos pudessem viver em paz. Porém, não resistiu perder sua filha e após o acontecimento foi um entusiasta da Guerra, esperando algum tipo de vingança ou retorno que nunca obteve.
Fora dos livros de história, os Antarienses acreditavam que ele havia afundado em culpa e remorso. A possibilidade da amada princesa de Antares ainda estar entre a população, alegrando as ruas de Scorpii com sua personalidade pura se não fosse o casamento arranjado por seu pai sempre pairava na mente da população e tomava conta dos burburinhos pelas ruas da capital. Ninguém ficaria surpreso ao saber que no peito de seu rei pairava a mesma culpa e dúvida.
— Mas... a clareira não é amaldiçoada? — Jimin perguntou por fim. Parecia uma hipótese válida. Não sabia como funcionavam maldições, pois não havia conhecimento sobre aquilo em Radnaii, mas definitivamente aquilo parecia uma maldição.
— Difícil dizer com certeza, mas moramos aqui há muito tempo e, exceto a falta de suprimentos, nunca tivemos nenhum problema. Vivemos com saúde — garantiu o halfling.
— Fico feliz em ouvir isso... — Jimin suspirou, mais aliviado com aquilo. Aproximou-se do halfling e tomou as mãos pequenas, mas robustas entre as suas. Encarou-lhe no fundo dos olhos. — Obrigado por compartilhar a história de vocês comigo, senhor. Vou guardar ela dentro de mim com muito carinho.
— Mas que besteira... — O homem corou, sem graça com a intensidade do elfo. Afinal, não achava que tinha feito muito mais do que reclamar para um desconhecido.
— Nenhuma besteira, todas as histórias são preciosas. — O elfo apertou as mãos alheias com mais força, dando firmeza. — Não gosto das injustiças que vocês sofrem, somos todos Antarienses, todos recebemos igualmente a benção de Iredanus. Estou indo para Scorpii, vou encontrar o Rei e exigir que ele resolva essa situação!
Tanto o halfling quanto Jungkook olharam curiosos para Jimin e sua afirmação. Ambos tiveram um pouco de vontade de rir, pois duvidavam muito que o Rei fosse acessível daquele jeito. Mesmo assim, ficaram em silêncio, achando a fé e determinação de Jimin adoráveis demais para miná-la com uma racionalidade que só trazia dor a todos.
— Obrigado, jovem — o halfling respondeu com um sorriso fraco. — Boa sorte em sua viagem.
Jimin sorriu e, como era de costume, deixou um beijo na bochecha do homem para despedir-se. O halfling ficou estupefato, mas acenou com a mão enquanto ele e Jungkook afastavam-se, sem ter o que tratar ali em Maslii, já que suas paradas serviam para renovar suprimentos e coletar informações.
O elfo estancou no meio do caminho, percebendo que tinha esquecido de perguntar sobre os sequestros. Olhou para trás, por onde tinham vindo, e suspirou chateado ao ver que o halfling já tinha ido cuidar de seus afazeres e não tinha mais ninguém à vista. Praguejou baixinho por sua falta de atenção, sentindo-se culpado também. Como encontraria Jihyun daquele jeito? Não podia distrair-se toda vez com as histórias que lhe eram contadas.
— Você está bem? — Jungkook perguntou ao perceber o biquinho que formara-se no semblante do elfo. Jimin foi pego de surpresa, sempre esquecia-se que era completamente óbvio.
— Sim, sim — devolveu apressado, tentando pensar em uma justificativa válida. — Deve ser a clareira do Massacre Real, a história mexeu comigo.
— Ela é muito estranha mesmo... — Jungkook comentou baixinho. — Não sabia que ela era nessa região, não mostram mais nos mapas a localização dela.
— Deve ser para não atrapalhar o comércio das aldeias perto, como aconteceu com Maslii... — Jimin conjecturou. — Mas a população da região ainda lembra... como seria possível se esquecer?
— Mas tem algo de estranho na clareira?
— Pelo que eu saiba... não. Os anciões disseram que é uma clareira vazia, normal. E esse que é o problema, a falta de rastros.
— Entendi...
— Quer passar lá? — Jimin sugeriu, tão de supetão que ele mesmo ficou em choque com a sugestão. A verdade é que desde que deixou Radnaii, sempre carregou consigo uma dúvida insistente sobre tudo que fora ensinado. Será que era verdade? Não teria como saber dentro da própria tribo, porque a verdade consistia no que contavam, e só tinha como questionar aquilo daquele jeito, do lado de fora.
— E a maldição?
— O senhor disse que eles vivem bem...
— Tudo bem por mim. — Jungkook deu de ombros, afinal, já era amaldiçoado e não tinha que temer pelo pior. Não tinha o que temer porque acreditava que já era o pior que poderia ser.
Com a aprovação dele, Jimin desviou o caminho novamente, para a floresta que o halfling mencionou guardar o local misterioso. Caminharam em silêncio, Jimin tenso e quase arrependido de sua ousadia, Jungkook imerso em reflexões, tentando achar um motivo para um casamento real ser em um lugar tão distante de Scorpii e tão inóspito.
Embrenharam-se pelas árvores, aproveitando um pouco a sombra no dia quente. Apesar de amar árvores e o frescor e conforto que sempre lhe davam, como se fosse sua casa — que, na verdade, também era uma árvore —, Jimin não sentia-se confortável naquela floresta. Era supersticioso demais e um arrepio de medo atravessava sua coluna.
Tinha vida ali, normal. Pássaros e roedores atravessavam seu campo de visão. Contudo, Jimin não encontrou nenhum sinal de ninfas no local. Ao contrário do resto dos animais, elas poderiam acreditar em superstições e maldições, apesar de ser um fenômeno raro e doloroso para a raça deixar o lugar que nasceu.
Quando enxergaram uma iluminação maior entre as árvores, típicas de áreas abertas e que poderia indicar tal clareira, Jimin não aguentou mais de tanto medo e agarrou a mão enluvada de Jungkook. Apesar do toque do metal ser frio, sentiu-se automaticamente reconfortado. Jungkook observou as mãos juntas em silêncio, detestando-se.
— Quer voltar? — Jungkook perguntou quando o elfo parou de andar momentaneamente, a poucos metros da luz entre as árvores. Daquela distância já era possível ver um pouco do que parecia uma clareira vazia, como qualquer outra.
Jimin negou com a cabeça, respirando fundo. Já tinha desviado e ido até ali, não poderia recuar por causa de seu medo. Queria ver com os próprios olhos tudo que foi lhe contado a vida inteira. Avançou os últimos passos, puxando Jungkook pela mão.
Prendeu a respiração quando chegou no local, um pouco ofuscado pela luz do sol sem mais o teto folhado da floresta para lhe proteger.
— É... uma clareira normal — Jungkook constatou. — Será que é a certa?
— Acho que sim... — Jimin murmurou baixinho, a voz ainda falhando. Sentia-se tão tenso. E não sabia explicar o porquê. — Todos contam que é apenas uma clareira normal e vazia.
Com um combinado silencioso, os dois decidiram contornar o local, procurando algo de errado. Os passos eram leves — ou tentavam ser, os de Jungkook sempre pesavam por causa de suas armas e de seu tamanho —, como se temessem ser afrontados por uma força maligna. Como se temessem serem derrubados por uma maldição.
Até Jungkook, que não achava que poderia ser mais amaldiçoado do que já era, ficou subitamente ressabiado, talvez absorvendo um pouco da tensão de Jimin através das mãos ainda atadas. Compreendia, porém, que aquele pensamento era supérfluo.
Concluíram sua volta com sucesso e em segurança. Olharam um para o outro, achando de certa forma estranha a normalidade do local. A falta de acontecimentos. Não sabiam o que esperar. Não queriam ter que enfrentar nada, nenhuma consequência, contudo o vazio era decepcionante.
— Fica aqui... — Jimin pediu, finalmente percebendo que ele e Jungkook não deveriam caminhar juntos em uma clareira amaldiçoada. — Eu vou caminhar até o centro, se algo der errado você pode pedir ajuda.
Jungkook ficou em silêncio, sem querer concordar com aquilo porque parecia errado, mesmo que não tivesse justificativas para tal. Quis suspirar decepcionado quando a mão de Jimin desvencilhou-se da sua, mas interrompeu o suspiro assim que percebeu. Era idiota e detestável.
Assistiu desconfortável o elfo caminhar até o centro da clareira vazia, tão normal e tão sem nenhuma pista da grande catástrofe que assolou os reinos que parecia desconexo. Jimin tentava manter a postura altiva e corajosa já que não estava mais com Jungkook, mas seu interior revirava-se.
Parou de andar bem no meio da clareira, fitando a grama entre seus pés. Nada de diferente, apenas aquele vazio de sempre. Sentiu-se um tolo, por que os anciões de Radnaii e toda a história de Antares mentiria sobre aquilo? Nem faziam questão de esconder, a clareira estava lá para todo mundo ver. Exceto nos mapas mais atuais, claro, porém quem iria visitar uma clareira triste e sem nada?
Já convencido de que nada de errado aconteceria e de que não seria amaldiçoado, Jimin pôs-se de joelhos, unindo as mãos e cerrando as pálpebras. Fez uma prece silenciosa por todos que sumiram ali. Não sabia se orava por suas partículas no Blesc que inundava o mundo de magia, como se os considerasse mortos, ou se orava pela sua escapatória de onde é que estivessem aprisionados. Era desconcertante.
Resignou-se apenas a rezar pelas memórias deles e o que eles foram antes do Massacre Real, pela princesa de Antares e pelo príncipe de Aldebaran. Orou por todos Antarienses e Aldebaranos que estiveram lá para celebrar a paz, mesmo que na verdade tivessem sido coadjuvantes do estopim do caos. O mundo era injusto.
Conectou-se com o Blesc no final de suas orações, como sempre fazia, talvez como forma de tentar enviar suas preces através de magia. Seria normal, se o Blesc não estivesse estranho novamente.
Tentou respirar fundo, mas não conseguiu, como fosse afogado pela correnteza agitada de magia. Novamente o Blesc parecia gás, vibrava em sua entropia, mas daquela vez mantinha parte de seus comportamento de água. Porém, em vez de ser gentil, parecia engolir Jimin.
O elfo tentou acalmar-se de seu susto, achando que aquilo era o que deixou o Blesc tão estranho. Não que fizesse sentido, pois o que lhe assustou desde o princípio foi a anormalidade da magia e nem tinha conectado-se a ela para fazer qualquer tipo de manipulação. Como não conseguia respirar, tentou acalmar a mente que tentava procurar, sem sucesso, explicações para tudo aquilo.
Os pulmões começaram a queimar pela falta de ar e ainda não conseguia voltar à normalidade. Com um certo sentimento de impotência, tentou desvencilhar-se da sua conexão com a magia. Porém não conseguiu de primeira, como se o Blesc exigisse que sua presença fosse vista. Jimin desesperou-se, fazendo o pouco ar que ainda tinha em seus pulmões minguar.
Era completamente estranho e assustador, sempre a parte difícil foi conectar com o Blesc, coisa que exigia certa concentração. Abandoná-lo era uma questão de um piscar de olhos. Mas não conseguia.
Lutou até o último segundo, tentando respirar no meio de seu afogamento de magia, tentando manipular um de seus elementos favoritos, o ar, para salvar-lhe. Lutou como conseguiu, mas logo seu corpo não aguentou mais a falta do oxigênio e desligou-se.
Com um fiapo de consciência, Jimin jurou ter ouvido Jungkook gritar seu nome antes de cair no chão, inerte.
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Terminamos com mais um clássico de CDA: Jimin tomando no cu no final kkkkkkkkkk gente eu juro que amo meu bebêzinho!
Então, o que acham da clareira misteriosa do Massacre Real, tão estranho, e o Blesc mais doido ainda? Conseguiram conectar a história do Massacre Real com o comecinho de itálico dos primeiros capítulos? Hihihih. Teorias? Animada pra saber se vocês já têm algum tipo de suspeita, mas fiquem tranquilos que vão ter mais pistas!
Espero muito muito que tenham gostado do capítulo, preparei com muito amor mesmo! Se quiserem surtar lá no twitter sou a @callmeikus e sempre tô de olho lá no #OCúmpliceDeAldebaran!!
Beijinhos de luz e até dia 13/01/2021!
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