Oi, lindoooooooos! Mais um dia 13, mais um capítulo, como sempre!!

Muito muito obrigada mesmo a quem acompanha CDA, ela é muito minha bebezinha e espero que estejam gostando!

Boa leitura! #OCúmpliceDeAldebaran

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Definitivamente o reino inimigo estava estranho, contudo era impossível para eles entender o que mudou. Afinal, as tropas que combatiam em nome dele eram as mesmas. O pressuposto era o mesmo. Mesmo assim, tinha algo de diferente.

De maneira um tanto quando dúbia, o príncipe construíra a hipótese de aquela era a resposta, a chave para o final do conflito. Porém o tempo vertia rápido no meio de uma Guerra, e o raciocínio parecia não fluir quando lhe recaía a percepção de que a cada segundo de demora vidas estavam sendo perdidas. Era jovem, não sabia lidar com aquele tipo de pressão, ainda mais sem sua irmã para ampará-lo, sem poder contar com seu pai, que mergulhara em cólera.

Dominado pelo desespero de ver o próprio discernimento estancar como o sangue dos combatentes de seu povo ao enfaixar as suas próprias feridas, por sentir que tinha algo que estava deixando passar e não saber o que era, o príncipe fugiu do castelo que parecia aprisionar tanto seu corpo quanto sua mente. Daquele jeito. Simples. Partiu, caminhando através dos grandes portões como se desejasse dar uma de suas costumeiras voltas na floresta, mas não voltou no dia seguinte.

Jina não gostou nem um pouco de ver o seu adorável elfo partir ao lado daquele homem de mãos cobertas de escamas. Aquilo não era normal, decerto ele recebera algum tipo de maldição que nunca ouviu falar.

Tinha desconfiado dos olhos heterocromáticos à primeira vista, mas já tinha ouvido falar de magos que sucumbiam tanto aos próprios artefatos mágicos que às vezes o próprio corpo tinha efeitos colaterais e não iria recusar um cliente por causa daquilo. Mas se soubesse das escamas antes nunca deixaria ele entrar, não era à toa que escondia debaixo das luvas. Nunca significaria algo bom, era inimaginável o que o homem teria feito para merecer uma maldição daquelas.

Quando Jimin inclinou-se para dar-lhe um beijo de despedida na bochecha, grato por toda ajuda e por conhecê-la, Jina sussurrou em seu ouvido para que tomasse cuidado, porque o mundo real era cheio de pessoas mal intencionadas. O elfo sorriu e concordou, porém a halfling continuava preocupada, não sabia se o elfo tinha noção da real proporção de seu aviso.

E não sabia. Mesmo que seu irmão tivesse sido sequestrado de dentro da própria casa, Jimin não sabia desconfiar dos outros e já fazia um esforço enorme para não revelar demais sobre ele mesmo. Nunca precisou esconder nada de ninguém; até mesmo sua fuga de Radnaii foi exposta várias vezes para Eunha.

Bem, talvez precisasse ficar quieto até encontrar alguém que era confiável para contar tudo o que passava. E já estava ansioso para tal acontecimento.

Como não sabia os próximos passos, seguiu Jungkook enquanto o homem grande abria um bom espaço na multidão ao passar, o escudo e o machado enormes presos às costas obrigando o resto das pessoas da rua a desviar-se. Jimin refletiu o quão mais fácil foi atravessar a multidão daquele jeito, ser grande provavelmente tinha suas vantagens.

Jungkook comprou alguns suprimentos de alimento, guardando na bolsa que carregava no quadril. Jimin ficou confuso, porque tudo que ele comprou era facilmente encontrado nas florestas, mas apenas observou quieto. Provavelmente tinha algum motivo que ele não entendia, por nunca ter vivido fora de sua aldeia.

Saíram da cidade passando pelas diversas caravanas acampadas pela entrada novamente e Jimin despediu-se mentalmente de cada um dos desconhecidos de uma forma um tanto quanto saudosa. Querendo ou não, era o primeiro vilarejo que visitou na vida e para ele simbolizava uma espécie de marco em sua vida.

Jungkook e Jimin seguiram a estrada principal por um tempo, para o sul. O homem de braços de escamas queria aproveitar enquanto havia sol para utilizá-la, pois havia mais viajantes e, por consequência, menos roubos.

O elfo seguiu em silêncio apesar de todas as perguntas que acumulavam-se em sua garganta. Não sabia se podia fazer perguntas se ele mesmo não pudesse responder se estas fossem direcionadas a si. Ficava na expectativa de que Jungkook falasse algo, mas o homem era extremamente silencioso também. Jimin ficou terrivelmente frustrado.

Estava indo em uma aventura, deveria ser algo emocionante e cheio de reviravoltas, não? Mas desde que saiu de Pervii tudo que fez foi caminhar incansavelmente, no máximo distraindo-se com outros viajantes na estrada. Mas estava acostumando-se até mesmo às diferentes raças que encontrava, não achou que o seu encantamento fosse durar tão pouco. Ou seria talvez o desânimo do silêncio? Não sabia dizer naquele momento.

Pelo menos Jungkook caminhava devagar, de forma que as pernas ainda frágeis de Jimin aguentaram o ritmo sem precisar fazer pausas. O elfo tinha certeza que o outro era lento por causa daquela quantidade enorme de metal que carregava... O "clang" presente em cada passo de Jungkook, pelo choque do grande machado e do escudo sempre passava uma sensação enorme de peso para Jimin.

— Quanto tempo leva para chegar a Scorpii? — Jimin quebrou o longo silêncio, entediado. Passou bastante tempo pensando em uma pergunta que não precisaria responder também e torcia para que seu parceiro de aventura fosse um pouco mais ativo também.

— À pé pela estrada são aproximadamente duas semanas — Jungkook respondeu sucinto. — Pelas florestas e parando para passar em aldeias no caminho... Não sei, provavelmente demoraria umas três.

— Isso tudo? — Jimin arregalou os olhos. — Precisamos mesmo passar pelas cidades?

— A não ser que você queira passar a viagem inteira dormindo ao relento...

— Eu não me importo, amo dormir junto à natureza! — Apesar de não chegar a ser mentira, Jimin enfatizou até demais seu prazer em dormir ao ar livre. A verdade é que ele preferia sua costumeira cama na casa da árvore, mas tinha a abandonado para sempre.

— Precisamos passar pelas cidades — Jungkook afirmou.

— Por quê? — O elfo perguntou com um biquinho manhoso.

— Eu... — A voz grossa de Jungkook pausou, enquanto ele parecia imerso em pensar na continuação de sua frase. — Eu preciso... Coletar informações.

Jimin ia perguntar que tipo de informações eram aquelas, mas foi interrompido pela própria mente hiperativa que decidiu que seria uma ótima ideia que passasse nas cidades também. Precisava coletar informações sobre o sequestro de Jihyun e aquela era uma boa alternativa.

Apenas estava indo à Scorpii porque imaginava que as chances de encontrar uma resposta lá eram maiores do que em outros lugares, mas não deveria dispensar a possibilidade de conseguir pistas em outros lugares. Tinha que pensar pelo lado positivo... Demoraria mais, mas poderia ser importante para seu objetivo. E também seria legal conhecer lugares novos.

— É uma boa ideia — concordou ao concluir seu raciocínio. Jungkook encarou o elfo com certa dúvida do porquê ele subitamente gostou do trajeto. — Vai ser legal conhecer as aldeias.

— Hm... Imagino que sim.

— Por que é tão óbvio para todo mundo que eu nunca deixei minha aldeia? — Outra pergunta surgiu na cabeça agitada dele. Aquele era o segredo que talvez mais quisesse guardar, contudo parecia estar escancarado para todos.

— Você é muito chamativo.

— Eu? — Jimin apontou para ele mesmo, em choque. — Por quê?

— Tudo. Sua aparência, a forma que você se veste... Tudo a dar entender que você é de uma tribo de elfos eremitas.

— Elfos eremitas? — Jimin nunca tinha ouvido o termo.

— Tribos de elfos que vivem em isolamento ao resto de Antares — Jungkook explicou. — Pelo que eu saiba, vocês apenas uniram-se ao resto do povo para lutar durante a Guerra e depois voltaram à reclusão.

— Como você sabe disso tudo?

— Ouvi... Enquanto viajava.

— Então eu sou um elfo eremita?

— Não mais, aparentemente. Mas tem a aparência e as roupas de um.

— Droga! Isso é ruim, não é? — Jimin sentiu-se completamente exposto. Então realmente todo mundo sabia de onde era.

— Acho que não... Provavelmente você vai receber mais compreensão do que passar perigo. Todo mundo parece simpatizar com você, e encontrar um elfo eremita é um sinal de boa sorte para muitos viajantes.

— É por isso que você dispôs a viajar comigo?— Jimin conjecturou, um pouco encantado ao descobrir que era um bom presságio. — Para conseguir sorte?

— Hm... — Jungkook observou o elfo demoradamente, ele e seus olhos cinzentos brilhando de animação. — Pode-se dizer que sim. Mas estou indo para Scorpii também.

— Por quê?

— Por ofício...

— Você faz o quê? — Jimin perguntou e Jungkook apenas ficou em silêncio, voltando a olhar para frente. O elfo riu, sem graça, ao perceber que perguntava demais. — Provavelmente é um guerreiro, não é? Com esse machado e esse escudo aí. Ser guerreiro é um ofício?

— Imagino que sim...

— Vamos andar até quando? — Jimin voltou a fazer as perguntas inofensivas. Refletiu que o próprio Jungkook não perguntou nada sobre ele, provavelmente porque, assim como Jimin mais cedo, não queria dar margem para receber as mesmas perguntas. O que será que acontecera? Sequestraram seu irmão também?

— Na estrada até o pôr do sol... Depois vamos para a floresta evitar os saqueadores — Jungkook explicou. — Você quer continuar viajando de noite?

— Se fosse na estrada ou em uma clareira seria uma boa opção... Mas dependendo da floresta não dá para usar a luz da lua para enxergar as coisas... Ainda mais uma desconhecida. — Jimin ponderou, orgulhoso de seus conhecimentos sobre florestas. Durante o dia inteiro pareceu saber tão pouco de um modo geral que foi bom reafirmar que sabia fazer algo.

— Podemos decidir quando chegarmos lá... — sugeriu Jungkook. — É possível usar uma tocha também.

— Aí incomoda os seres da floresta — Jimin murmurou com um biquinho. — Não sei se vão ter ninfas... Mas ninfas odeiam fogo. Acho que podemos simplesmente dormir.

Jungkook ficou em silêncio e Jimin interpretou aquilo como concordância. Levemente chateado, Jimin manteve-se em silêncio durante o resto do caminho até o anoitecer. Chateado porque queria perguntar sobre tudo, saber de tudo, porém não podia pela própria incapacidade de dar respostas. Invejou o conforto que Jungkook pareceu ter com aquela quietude.

Ao crepúsculo, desviaram-se da estrada principal, que ficava cada vez mais vazia e quando chegaram nas primeiras árvores da floresta o céu já tinha escurecido completamente. Jimin observou a forma que as estrelas ficavam escondidas pela vegetação frondosa do local. Realmente não era possível locomover-se de noite apenas com a luz natural da lua.

Ele e Jungkook caminharam com cuidado para dentro da floresta, procurando um local mais seguro para usar de descanso. Jimin começou a liderar a incursão assim que ouviu seu amado som de água. Sempre sentia-se mais confortável e seguro em ficar perto de cursos d'água, provavelmente porque facilitava a manipulação de seu amado Blesc.

— Sabia que meus ouvidos não me traíram! — exclamou feliz e orgulhoso ao encontrar uma espécie de lago formado por um alargamento do curso do riacho. Também acompanhava uma clareira mais aberta na qual podiam enxergar e receber a iluminação da lua.

Jungkook admirou o local, que realmente parecia uma boa escolha. Sem mais delongas, apoiou a arma e o escudo no chão antes de sentar-se, levemente cansado. Jimin observou, refletindo que realmente deveria ser muito difícil carregar tanta coisa por tanto tempo.

O elfo, acostumado com aquilo, foi até uma das árvores da clareira com galhos mais baixos e mais secos. Murmurou um agradecimento baixinho ao levar alguns galhos consigo. Jungkook assistiu curioso a movimentação enquanto Jimin escolhia um pedaço de terra com menos vegetação para dispor todos os materiais necessários para sua pequena fogueira.

Terminando seu trabalho, manipulou o Blesc — mais forte agora que estava ao lado do riacho — e deixou que labaredas lambessem os galhos secos, avivando-se até virar uma fogueira de respeito. Chamou Jungkook para perto, que concordou espantado com a rapidez do elfo. Sentia-se desconfortável com fogo, mas sabia esconder aquilo muito bem.

Assim que garantiu que seu parceiro parecia confortável e protegido de animais selvagens — que sabia não estar incomodando com a fogueira modesta no meio da clareira afastada das árvores —, Jimin caminhou até o riacho, na vã esperança de encontrar um peixe para pescar. Gostava bastante de alimentos frescos.

Apesar da iluminação da fogueira aliada à do luar, não conseguia enxergar nada nas profundezas da água, o que dificultava pescar como normalmente fazia. Sua atenção, porém, foi atraída por um pequeno brilho azulado no centro do lago.

Concentrou-se, tentando entender o que era aquilo e ficou com dó quando finalmente o fez. Agachou-se na margem do riacho e mergulhou sua mão na água, fechando os olhos para concentrar-se mais.

Dependendo do nível de concentração, conseguia sentir o fluxo de Blesc que vertia junto com a correnteza dos rios e, daquela forma, saber se era muito forte ou não. Percebeu satisfeito que apesar do alargamento ser bem fundo, ele também proporcionava que a correnteza fosse mais branda.

Voltou rapidamente até o lado da fogueira para guardar suas coisas. Apoiou o arco e a aljava com cuidado em cima da grama, junto às botas, antes de desamarrar o corset branco. Confuso, Jungkook começou a observá-lo a fim de entender suas intenções, mas arrependeu-se quando Jimin rapidamente terminou de tirar suas roupas, ficando nu.

Afastou os olhos completamente sem graça, mas o elfo nem percebeu a reação do outro enquanto dobrava suas roupas ordenadamente, mania que tinha por causa de Jihyun. O irmão sempre reclamava quando amassava suas vestimentas largando-as de qualquer jeito por aí, mesmo que fosse fácil alisá-las com magia. Falava que deveria ter mais respeito com o que vestia.

Jungkook manteve-se quieto, ainda envergonhado, enquanto Jimin continuava com seus afazeres e caminhava de volta para o riacho, entrando nele com cuidado. Tinha quase certeza que era seguro, mas sempre era bom ter cuidado, pois não estava na sua tão conhecida Radnaii mais.

Nadou até o pontinho brilhoso, observando-o tomar cada vez mais forma com a proximidade e concluindo que realmente tinha interpretado certo o que era. O longo corpo etéreo, que parecia ser feito de chamas azuis, estava enrolado nele mesmo, como se tivesse preso.

Com cuidado, Jimin desenrolou o ser que mais parecia uma serpentina mágica, sentindo cócegas na ponta dos dedos com o contato das chamas frias. Ao ser liberta, a criatura serpenteou, ligeira, pela superfície da água antes de enroscar-se no pescoço de Jimin como se fosse um colar, o elfo riu.

Começou a nadar de volta para a margem, onde encontrou Jungkook agachado, tentando entender o que o elfo tinha indo fazer. No final, a curiosidade tinha ficado maior do que a vergonha em vê-lo nu.

Jimin sentiu cócegas quando a criatura alongada serpenteou pelo seu corpo inteiro antes de afastar-se pela superfície do riacho quando começou a sair da água. Elas não sobreviviam fora dos rios de onde nasceram.

— O que é isso? — Jungkook perguntou por fim.

— É um buscapé, nunca viu um? — O elfo perguntou curioso já que até então Jungkook havia demonstrado saber muito mais que ele sobre as coisas do mundo.

Ao ver Jungkook negar com a cabeça, Jimin aproximou-se para sentar ao seu lado. Os olhos heterocromáticos acompanharam a movimentação e o dono deles engoliu em seco, nervoso ao observar o corpo nu, esguio e bem formado do elfo cada vez mais perto. O jeito que a iluminação da lua pintava reflexos nas gotas que escorriam pela pele acobreada, de aparência tão macia, era tão bonito que o intimidou. Engoliu o lamento de injustiça e vontade de ser diferente, enterrando bem no fundo de seu âmago como sempre fazia.

— É um fogo-fátuo espiritual — Jimin explicou enquanto abaixava-se para sentar ao lado de Jungkook com um suspiro. Apesar da grama pinicar um pouco sua pele exposta, não achava desagradável, acostumado a viver no meio da natureza. — São pequenos seres criados por aglomerações de Blesc na água, que reúne alguns outros elementos orgânicos e acaba gerando esses pequenos... São adoráveis, não? Que eu saiba, são entidades exclusivas de rios.

— O que tinha acontecido com ele? — Jungkook perguntou, um pouco menos tímido com a presença do outro. O jeito que Jimin tinha dobrado as pernas o impedia de ver coisas demais e deixava a situação um pouco menos estranha.

— Alguém deu um nó em seu corpo. Eles parecem fios de luz e como são muito finos não conseguem se desatar sozinhos.

— Alguém?

— Provavelmente uma ninfa do rio mais jovem — Jimin sorriu um pouco, feliz em saber que havia ninfas em outros lugares do reino e sendo preenchido por uma sensação de conforto e familiaridade. — Nunca vi crianças mais arteiras do que ninfas do rio!

— Que maldade... — Jungkook murmurou baixinho, observando o buscapé formando desenhos azulados com seu corpo na superfície tranquila da água perto deles.

— Não é maldade... É infantilidade apenas — Jimin explicou com um tom de voz macio, conciliador. — O mundo é muito grande e crianças demoram a ter perpepção do impacto de suas ações sobre os outros. No começo todas as crianças pensam mais sobre elas e na própria existência do que no mundo.

Jungkook aceitou em silêncio. Afinal, não sentia-se no direito de decidir quem era mau ou não, apesar de ter achado as pequenas ninfas um tanto cruéis de pregar peça em um ser que parecia tão inofensivo quanto um buscapé.

O elfo observou o olhar curioso de Jungkook para o buscapé, acompanhando todas as rotas que fazia na água perto deles. Era curioso e contemplativo, um tanto quanto calmo.

— Por que você não entra na água para nadar com ele? — Jimin sugeriu, pegando Jungkook de desprevenido. — O riacho é seguro.

— Eu... Estou bem assim.

— A água realmente está gostosa! Bem fresquinha, é o melhor remédio depois de um dia inteiro andando. — O elfo tentou convencê-lo novamente. Segurou um dos ombros largos enquanto virava-se para a direção dele, querendo atrair seu olhar para soar mais persuasivo.

— Você deveria colocar suas roupas... — Jungkook aconselhou baixinho quando voltou a ter a visão da nudez de Jimin.

— Por quê? — perguntou confuso. Pretendia dar mais um mergulho em breve.

— É comum entre elfos eremitas ficar nu?

— A gente usa roupa para proteger a pele da rotina e culturalmente. Mas é normal tirar roupas para nadar ou tomar banho... Elas pesam quando molhadas.

— Na frente dos outros?

— Qual é o problema? Não é como se a gente não soubesse como é o corpo um do outro debaixo das roupas. — Jimin não estava entendendo o espanto no semblante de Jungkook. Ele nadava de roupa por acaso?

— Hm... Você não devia ficar nu por aqui.

— Por quê? É ofensivo na cultura de vocês? — Jimin arregalou os olhos, alarmado, e procurou algo ao seu redor para cobrir-se. — Desculpa ter te ofendido! Não era a intenção.

— Não é ofensivo... — Jungkook tentou explicar, mas aquilo parecia complexo. Jimin parou de tentar cobrir-se, pausando para prestar atenção no que Jungkook dizia. — Mas pode ser perigoso para você... Aqui fora nudez tem uma interpretação diferente... Pode atrair olhares que você não quer.

— Sexuais, você diz? — Jimin perguntou diretamente e Jungkook corou levemente com aquele fato. Achou que o elfo não saberia nada sobre aquilo por suas atitudes inocentes até então.

— Isso...

— Oh... — Jimin murmurou baixinho, sentindo-se um pouco desanimado com aquela diferença entre as duas culturas. — Parece tão triste resumir um corpo inteiro a sexo...

— Como elfos eremitas enxergam isso?

— "Elfos eremitas" — Jimin repetiu com uma risadinha, ainda desacostumado com o termo que resumia a própria tribo. — Nosso corpo é nossa representação física. Uma parte do que nós somos, junto com a consciência que nos foi dada pela benção de Iredanus. Nosso corpo nos dá a habilidade de interagir com o resto das coisas físicas por aí, e é só isso. Sexo é só uma das formas de interação.

— Acho que a questão nem é resumir o corpo inteiro, é mais os... Os órgão genitais. É vergonhoso também.

— E você usa os seus só para sexo? — Jimin retrucou, Jungkook ficou em silêncio. — Eu costumo usar mais para urinar mesmo... Bem... Pra mim nudez só era sexual dentro de um certo contexto, me desculpe por ter te ofendido... Foi apenas ignorância.

— Não me ofendeu... — Jungkook murmurou, sem jeito. — Eu só achei...

— Achou o quê? — Jimin insistiu, curioso. Jungkook arrependeu-se pelas palavras que escapavam, completamente fora de seu direito pontuá-las.

— Que era bom avisar... Que poderia ser perigoso.

— Oh... Entendi. — Jimin suspirou de leve, pensando um pouquinho. — Mas se eu não te ofendi e você não vai interpretar errado, eu posso ficar nu perto de você, certo? Com você não é perigoso.

Jungkook voltou a olhar o rio que refletia a luz do luar, o buscapé ainda perto deles, cativado por Jimin. O elfo tomou aquilo como um "sim" tímido, afinal, apesar dos dois entenderem um pouco as diferenças culturais e as reais intenções por trás das ações, provavelmente era difícil acostumar-se. Acreditava que Jungkook sabia que sua nudez era apenas por praticidade, mas mesmo assim crescera acreditando que nudez era vergonhosa e pedir para que ele deixasse de ter aquela visão de uma hora para outra era um pouco demais.

Estendeu as pernas, espreguiçando-se e chamando a atenção de Jungkook que não tinha encarado-as desde então por sentir vergonha demais. Seus olhos heterocromáticos pousaram nas longas e protuberantes cicatrizes que atravessavam as canelas, questionando-se onde Jimin, que possuía o corpo todo tão perfeito, arranjara aquilo.

Alheio ao olhar do outro, Jimin voltou a entrar na água, querendo aproveitar o toque fresco dela mais uma vez. O buscapé enrolou em seu pescoço no mesmo momento e ele riu com as cócegas. Jungkook admirou a interação, elfos realmente eram muito ligados à magia, de uma forma que não entendia muito bem.

O elfo nadou em círculos, deixando os membros relaxarem com os movimentos lentos, retardados pelo peso da água. Observou Jungkook, ainda agachado na margem e realmente queria que ele pudesse aproveitar um pouco aquilo também.

— Você sabe nadar, Jungkook?

— Sei.

— Tem certeza que não quer entrar na água? — Jimin perguntou, avaliando as possibilidades para que Jungkook pudesse sentir-se confortável dentro da própria cultura. — Não precisa tirar suas roupas, eu posso secar elas com magia depois. Só vai pesar... Vai ter que ser um bom nadador.

Jungkook avaliou a proposta. Não parecia tão ruim assim. Desde que não expusesse seu corpo estaria tudo certo para ele. Tímido, mas cheio de expectativa, concordou com a cabeça e levantou-se. Despiu-se das peças de couro, utilizadas mais como armadura do que vestimenta, revelando a calça e camisa pretas que usava por baixo antes de entrar na água.

— Vai entrar com as botas também? — Jimin perguntou espantado ao ver Jungkook afundar os pés cobertos na parte mais rasa do riacho. Ele confirmou a pergunta, tímido. — Vai tirar as luvas pelo menos? Elas são de metal, podem acabar enferrujando, não posso consertá-las com magia...

Jungkook concordou com a pontuação à contragosto, um pouco arrependido de ter aceitado entrar na água ao perceber os inúmeros questionamentos de Jimin. Realmente era uma situação estranha ele entrar com tanta roupa. Tirou as luvas e deixou na parte seca da margem antes de terminar de mergulhar seu corpo apressadamente, querendo esconder as mãos o mais ligeiro possível. A blusa ameaçou flutuar e prendeu a mesma de forma quase desesperada para dentro da calça, só ficando mais tranquilo depois daquilo.

Jimin assistiu tudo curioso, mas resolveu não perguntar nada daquela vez, refletindo se causaria algum desconforto. Apenas sorriu para Jungkook, feliz em ter a companhia dele dentro do riacho também.

— A água não está boa? — perguntou, entre risadas porque o buscapé decidiu movimentar-se e enroscar em seu braço.

— Está... — Jungkook concordou, relaxando um pouco com o contato gostoso da água em sua pele, atravessando suas roupas. Era um certo alívio poder senti-la sem precisar expor-se de fato.

Entrou no riacho apenas até onde dava pé, sentindo o peso e a resistência que as próprias roupas molhadas ofereciam. Mesmo assim, foi razoavelmente fundo devido à altura, coisa que deixou Jimin levemente admirado quando tentou nadar para perto dele e percebeu que não encostava no fundo do rio nem na ponta dos pés.

Jungkook sentiu-se meio apreensivo com a aproximação do elfo, tanto por ainda não ter acostumado-se com a nudez dele quanto por sentir-se exposto demais sem as suas luvas. Porém, sem perceber, relaxou quando viu o buscapé abandonar o corpo de Jimin, ondulando por cima da água iluminada pela lua até ele mesmo. A apreensão foi substituída por curiosidade boba e admiração.

Arfou, tomando um pequeno susto, quando o fogo-fátuo enrolou-se em seu punho, subindo pelo braço até o pescoço. A pele arrepiou ao sentir o toque exótico das chamas frias que compunham o pequeno ser, tão desacostumado a toques de um modo geral.

— Ele também gosta de você... — Jimin sorriu docemente com o espanto de Jungkook, que parecia desacreditado em ter sido escolhido pelo ser espiritual.

Tímido demais para falar qualquer coisa e com as bochechas coradas, Jungkook ficou em silêncio, aproveitando aquilo de uma forma que achava que nem deveria. Não lembrava-se da última vez que mergulhara daquele jeito na água, nem possuía memória para recordar de qualquer interação com um ser tão incrível quanto aquele buscapé, pouco acostumado à magia.

Observou o elfo desatar as tranças de seu cabelo, colocando os anéis que utilizava nos fios ao redor dos dedos pequenos antes de mergulhar a cabeça na água, encharcando os cabelos prateados que refletiam de forma tão bonita a luz da lua e deixando-os ligeiramente mais escuros. Enxugou os olhos quando voltou a superfície, um sorriso de satisfação no rosto. Sempre gostou muito do elemento, da proximidade a Iredanus que sentia quanto estava com ele.

Jimin encontrou o olhar de Jungkook, que ficou ainda mais envergonhado de ser pego o assistindo. Não que o elfo achasse aquilo estranho, pois estavam apenas os dois ali, para quem mais Jungkook iria olhar? Achava até um pouco engraçada a timidez do outro.

Tentado a experimentar também, Jungkook abaixou-se, sentindo a água correr, sem distinção de raça nem povo, por entre seus fios como uma pequena carícia. Gostou de senti-los flutuar, gostava da sensação fresca da água contra seu rosto quente. Gostou tanto que ficou até chateado de voltar à superfície para pegar ar.

Jimin riu quando viu que Jungkook levantou-se ainda com a cabeça abaixada, fazendo com que os fios molhados e pesados de seu cabelo cobrissem seus olhos. Aproximou-se para penteá-los para trás, dando um susto em Jungkook que preparava-se para fazer o mesmo.

— Calma — Jimin murmurou baixinho, tentando tranquilizar Jungkook e empurrando seus ombros para que ele se curvasse, pois era alto demais. Com habilidade, fez várias tranças fininhas pelo cabelo curto dele, prendendo-as juntas com um dos anéis de sua tribo. — Agora você pode mergulhar sem seu cabelo incomodar tanto, mas confesso que vai soltar logo.

— Obrigado... — Jungkook murmurou, completamente envergonhado. Queria tocar para sentir o que Jimin fez lá com os próprios dedos, mas isso significava ter que deixar suas mãos à mostra. Quase descuidou-se mais cedo para tirar o cabelo dos olhos também.

Arrepiou-se, pensando no quão catastrófico o resultado poderia ter sido se Jimin tivesse aproximado dele um pouco depois. Provavelmente não conseguiria impedir suas mãos de irem aos olhos a tempo e, sem conseguir enxergar o elfo, poderia ter arranhado ele com aquelas suas garras enormes. Deveria ter entrado de luva apesar de tudo.

Morto de vergonha, inspirou profundamente e mergulhou de novo, sentindo a água lamber as bochechas coradas e arrefecê-las novamente. Dessa vez, seu cabelo não flutuava como antes e, debaixo d'água, sentiu-se confortável para tatear com cuidado o que percebeu serem pequenas tranças que desfaziam-se lentamente com a ação da água.

Quando voltou à superfície, não encontrou mais Jimin por ali, sentindo-se estranhamente solitário. O que era uma besteira, claro, estava mais do que acostumado a ficar sozinho. Foi atraído por uma movimentação na margem do rio.

Era Jimin, caminhando a passos lentos e leves, tentando chegar até seu arco enquanto olhava para um coelho que aparecera entre as árvores que contornavam a clareira, farejando o ar. Jungkook assistiu quieto para não atrapalhar, mesmo que ainda não tivesse se acostumado com a nudez de Jimin.

O elfo fez uma pequena ilusão de uma coelha fêmea para distrair o pequeno animal enquanto terminava de encordoar seu arco e pegava uma flecha. Com as palavras de Seojoon ainda gravadas em sua memória, garantiu que a ilusão fosse visível apenas para o coelho, mesmo que não sentisse necessidade de esconder nada de Jungkook.

Esgueirou-se com cuidado até um ângulo bom, pondo-se de joelhos e tensionando a corda silenciosamente. Jungkook admirou a habilidade que o elfo parecia demonstrar e tomou um susto ao apenas ver o coelho abatido pela flecha. Tinha piscado, achando que Jimin demoraria um tempo para mirar, mas foi tudo tão rápido que nem viu.

Continuou em silêncio enquanto assistia o elfo caminhar até o coelho, libertando-o da flecha e limpando esta antes de apoiá-la ao seu lado junto com o arco longo. Observou curiosamente Jimin tocar três dedos no próprio peito e murmurar uma pequena prece antes de levar o coelho para mais perto da fogueira. Elfos eremitas eram realmente diferentes.

Jimin secou-se com ajuda do Blesc e vestiu-se rapidamente antes de começar a limpar o coelho para comer, usando a faca que sempre deixava dentro de sua bota. Jungkook suspirou aliviado com os tecidos finalmente cobrindo Jimin, definitivamente não estava nem um pouco familiarizado com aquele tanto de pele sendo exposta mesmo depois da conversa. Mas não era como se estivesse ofendido, apenas desconfortável.

— Consegui nosso jantar! — Jimin exclamou feliz e alto para que Jungkook pudesse ouvir. — Iredanus ouviu minhas preces.

Jungkook aproveitou a distração de Jimin para sair da água, despedindo-se pesarosamente do buscapé que desenrolou-se de seu pescoço, e vestir suas luvas, mesmo que os braços ainda estivesse molhados. Recolheu a armadura de couro para colocar depois e caminhou em direção à fogueira rapidamente, sentindo frio agora que o vento batia em suas roupas molhadas.

O elfo ouviu a aproximação com facilidade, pois as roupas pingando deixavam os passos de Jungkook ainda mais pesados do que o normal. Não que ele parecesse estar incomodado com aquilo, acostumado a carregar mais peso do que aquilo. Mesmo assim, percebeu que ele estava com frio e abandonou momentaneamente sua atividade de limpar o coelho.

Jungkook travou ao ver Jimin aproximar-se dele com as mãos estendidas, como se fosse tocá-lo. Prendeu a respiração, que só soltou ao sentir seu ombro aquecer onde o elfo direcionava a palma de sua mão, sem encostar de fato.

Os lábios arroxeados pararam de tremer ao passo que Jimin secava suas roupas e aquecia sua pele ao mesmo tempo. Desacostumado com magia, principalmente sem nenhum artefato mágico para ajudar que nem os magos faziam, Jungkook observou boquiaberto o elfo trabalhar com facilidade, contornando seu corpo com as palmas das mãos a alguns centímetros de distância.

— Como você faz isso? — A pergunta saiu antes que pudesse impedi-la. Jimin, concentrado até então, o cenho franzido, levantou o olhar e riu baixinho.

— Com Blesc — explicou o óbvio antes de sair de vista para secar as costas largas de Jungkook.

— Sim, mas... É fogo? O que você está usando?

— Hm... — Jimin não tinha pensado muito sobre aquilo, afinal, a manipulação de Blesc era tão natural para ele que às vezes esquecia os elementos que utilizava. — É uma mistura... Uso um pouco de fogo para aquecer, um pouco de ar para movimentar tudo e um pouco de água para regular o fogo também, fazer um pouco de vapor... Não sei explicar direito, é algo assim e sempre deu certo.

— Você consegue usar todos? — Jungkook perguntou espantado. — E ao mesmo tempo?

— Sim — Jimin concordou. — Em pequenas quantidades pelo menos, não sou bom com todos. Isso não é normal por aqui?

— A maioria dos elfos que eu conheci só manipula um.

— Entendi... — Jimin absorveu a informação reflexivo. Talvez também fosse importante que guardasse aquela informação para si, mesmo que agora já tivesse a revelado para Jungkook. Esperava que todos os elfos utilizassem todos os elementos, mesmo que em proporções diferentes, assim como a população de Radnaii fazia.

Terminou seu trabalho com as roupas de Jungkook e passou para os cabelos, fazendo com que o maior se abaixasse um pouco para alcançar. Recuperou seu anel e destrançou os fios antes de secá-los com cuidado para que não produzisse calor demais a ponto de queimá-lo. Jungkook arrepiou-se com os dedos alheios escorregando por suas mechas de forma tão espontânea e verdadeira.

Agradeceu baixinho quando Jimin terminou de cumprir sua promessa ao ter sugerido que Jungkook mergulhasse também. O elfo sorriu tranquilamente antes de voltar a limpar o coelho para que pudesse cozinhá-lo.

Jungkook vestiu o resto das peças de couro e sentou ao lado da fogueira e de Jimin, aquecendo-se. O elfo terminou de tirar a pele e as tripas do coelho, separando com cuidado ao lado para que pudesse reaproveitá-las depois antes de pegar um pouco de alecrim da pequena bolsa de ervas e remédios que carregava consigo. Mantinha próxima mais para ter uma lembrança de seu irmão para acalentá-lo do que pela praticidade de fato.

Querendo algo a mais para completar seu jantar, caminhou em direção à floresta para ver se encontrava alguns cogumelos comestíveis ou frutinhas. Criou uma pequena esfera de fogo em sua mão, apenas para enxergar minimamente no escuro, não queria atrapalhar ninguém.

Jungkook, que fitava a fogueira e as chamas que crepitavam, imerso em pensamentos incômodos e abraçado ao próprio corpo desde que Jimin entrara na floresta, ergueu o rosto para observar sua volta. O elfo carregava triunfante algumas ervas e cogumelos que lavou no rio antes de voltar e terminar de colocar a comida para fazer.

Os dois ficaram em silêncio enquanto esperavam o coelho e os cogumelos cozinharem, deixando o cansaço do dia finalmente tomar seus corpos. Jimin, ao ter mais tempo para pensar, ficou um pouco agoniado quando percebeu que estava no final de seu primeiro dia completo fora de casa.

Tanta coisa tinha acontecido que parecia que tinha passado uma semana. Talvez um dia no resto do reino de Antares correspondesse a uma semana da rotina fixa e sem muitos acontecimentos de Radnaii. Afinal, tinha dormido a manhã inteira, visitado sua primeira aldeia, conhecido Jina e Jungkook, caminhado durante o resto da tarde até encontrar-se ali, fazendo o jantar. Era muita coisa, muito mais do que estava acostumado.

Jungkook, por outro lado, já estava arrependido pela proposta de viajar com Jimin. Tudo que o elfo fazia preenchia-lhe de encantamento, mas momentos depois, quando pensava melhor, era tomado por remorso. Eram incompatíveis demais.

Quando Jimin percebeu que a comida estava pronta, serviu Jungkook primeiro, que agradeceu baixinho e esperou Jimin servir-se também antes de comer. Mastigaram em silêncio, cada um imerso nas próprias reflexões sobre aquele dia tão atípico.

— Você acha que precisamos fazer turnos de vigia? — Jimin perguntou quando terminou de comer. Mordeu os lábios depois de falar, o questionamento levando-o de volta para aquelas noites assustadoras da Grande Guerra, quando revezava com Jihyun quem ia dormir para que pudessem manter-se em segurança. Ficava com a maior parte dos turnos de vigia na época, pois o irmão dele era muito novinho e não aguentava passar tanto tempo em claro.

— Acho que não, os saqueadores costumam ficar só perto da estrada mesmo. Mas podemos apagar a fogueira para não chamar atenção e dormir perto do rio, que aí tem menos lados em que possam nos encurralar nessa clareira — sugeriu. — Meu sono é leve também, provavelmente eu acordaria se aparecesse alguém.

Jimin concordou, aprovando as estratégias que Jungkook pontuou. Aproveitou o momento para preparar a pele do coelho com uma ajudinha do Blesc para que pudesse deixar curtindo nas cinzas da fogueira até o dia seguinte. As noites não estavam frias a ponto de precisar da pele para aquecer-se, será que dava de presente para alguém no caminho? Ou talvez pudesse trocar por aquele tal de Dien... Mas ainda não entendia a necessidade de tê-lo quando conseguia obter tudo que precisava para viver na terra abençoada por Iredanus.

Apagou a fogueira com um pouco de terra e tanto ele quanto Jungkook caminharam para mais perto da margem do rio, acomodando-se lá para dormir. Jungkook firmou o enorme escudo no chão, usando-o para apoiar suas costas. Apesar do que tinha dito para Jimin sobre a segurança, manteve o enorme machado ao lado, repousando uma das mãos enluvadas em seu cabo.

Jimin apenas deitou-se de costas na grama, encarando o céu, amplo e estrelado. Morto de saudades de Jihyun, desejou mais do que nunca que seu irmão estivesse ali, deitado ao seu lado, recitando cada uma das constelações para que pudesse traçar em forma de ilusão seus desenhos.

Jihyun amaria ter acompanhado Jimin naquela jornada. Amaria poder ver aquele tanto de raças pelas quais cruzou durante o dia. Jimin queria tanto poder conversar sobre aquilo com ele, trocar opiniões, registrar em forma de palavras doces suas percepções...

Sem nem perceber, começou a contar baixinho sobre seu dia, encarando as estrelas. Murmurava como se Jihyun estivesse ali, deitadinho ao seu lado, ouvindo-o e acreditou que pelo menos estavam conectados pelo mesmo céu. Jihyun estaria vendo as mesmas estrelas que ele, então rezou para que as histórias que tanto queria compartilhar chegassem para seu amado irmão também.

O brilho das estrelas ficou mais indistinto, embaçado, e Jimin percebeu com uma risada triste para ele mesmo que o culpado por aquilo era o acúmulo de lágrimas em seus olhos. Deixou que escorressem quentes pelo seu rosto até as orelhas pontudas e o cabelo prateado, sem forças para ficar enxugando.

Jungkook apenas ouviu tudo quieto, o coração pesando sem nem mesmo saber o porquê. Apesar de desconhecer o motivo exato do lamento do elfo tão radiante, afundou-se em desalento, conhecendo demais todos os tipos de dor possíveis e, por consequência, cultivando uma empatia quase generalizada.

Caiu no sono, triste, ao som da voz macia confidenciando seu dia às estrelas, refletindo se a inocência pura e genuína do elfo que conhecera aquele dia ia sobreviver à crueldade do mundo real.

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OS JIKOOKS SÃO TÃO FOFINHOS QUE ME DÁ VONTADE DE EXPLODIR, QUE ÓDIOOOO

Qual foi a parte favorita de vocês? A minha é o Jungkook entrando na aguinha, aff

Espero que tenha gostado e muito obrigada por ler, de verdade! Se quiserem surtar sobre CDA lá no twitter eu sou a @callmeikus e fico de olho na hastag #OCúmpliceDeAldebaran!

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Beijinhos de luz e até dia 13/12!!!