Primeira Fase: Luta 2.
Com o fim da primeira luta, entre vaias e gritos de ódio, Hitler saí da arena como vencedor enquanto Marie Curie, que deveria se sentir humilhada, saía cansada mas com um sorriso no rosto. Seu marido a encontrou na saída e lhe levou de volta ao paraíso para descansar.
- Como contornar um poder daqueles?- Perguntava Matheus lendo e relendo suas anotações.- Se o controle dele se expande até o ar então, mesmo que não possa controlar o corpo do oponente, se aproximar é quase impossível.
- Hahaha.- Rira Filipe colocando os braços atrás da cabeça de forma relaxada.- Você está olhando para o poder dele de forma literal demais cara. A fraqueza é algo óbvia quando você leva todo o contexto em consideração.
- O que você pode estar querendo dizer com isso?- Em resposta, o apóstolo apenas deu um sorriso cínico, então se virou para o seu melhor amigo e brincou:
- Ei Bart, o Matheus não entende algo simples cara, ele é pior que você hahaha.- Sua risada foi interrompida por um prato, lançado por Bartolomeu, de encontro a sua cara. Filipe caiu com tudo para trás junto de sua cadeira enquanto Tadeu observava de forma entediada.
- Eu duvido...- Comentou Tomé e todos os seus colegas viraram os olhos em meio a sua fala.-... que alguém irá ser capaz de encontrar a fraqueza no poder de Hitler. Eu não encontrei.
- Ah eu estou entediado.- Dizia Tiago, O Menor, se debruçando sobre a mesa.- Quando a próxima luta vai começar?
Assim que terminou de falar isso, o menor dos apóstolos sentiu algo gelado sendo colocado sobre sua nuca. Em um reflexo de arrepio o jovem pulou de sua mesa, sentindo os cubos de gelo colocados sobre si caindo.
Ao olhar para trás ele viu Jesus com um sorriso sereno, mas travesso, enquanto segurava um copo com gelo na mão.
- Mestre por que fez isso?
- Eu só quis brincar um pouco. Você acabou de dizer que estava entediado não foi?- Tiago estava prestes a brincar de volta quando ouviram um som da vindo da arena, a feição de Jesus passou de divertida para... triste? Ou será que ansioso? Algo no meio, não parecia ser algo normal. Um holograma havia surgido para toda a plateia ver, e nele estava escrito:
Luta 2: Joana D'ark vs Maria Antonieta. 10 minutos até a luta começar.
- Essa não...- Murmurou Miguel enquanto pressionada os olhos com os dedos como se estivesse cansado.
- Más memórias da Joana?- Questionara Gabriel enquanto parecia mexer em um holograma azul em sua frente, semelhante a uma lista de alguma coisa e o arcanjo, de forma entediada, ficava subindo ela como se procurasse algo.
- Aquela garota me odeia. Você tinha que ver como foi quando ela me viu no paraíso, um desastre total.
- Os outros anjos ficaram comentando por um tempo, se nós sentíssemos atração todos poderiam jurar que você era um ex dela.
- Não seja ridículo. Eu jamais serei que nem os demônios, querendo agir como humanos. Mas enfim, me pergunto o que ela vai mudar se vencer esse Cronoliseu, aquela garota é bem casca grossa.
- Eu acredito em você.- Dissera o arcanjo mensageiro enquanto continuava a subir pela lista em sua frente.
- O que é você tanto olha para essa coisa?- Mas Gabriel, tão desinteressado na estupides de seu irmão, apenas apontou para a plateia dos anjos. Miguel seguiu a indicação de seu irmão apenas para ter uma visão estranha, anjos normalmente são serenos e indiferentes, quase não se tem comoção entre eles. Contudo, a plateia dos anjos estava em um murmúrio e cochichos por toda parte, o arcanjo da guerra não entendia nada do que ocorria.
- Como eu pensei...- Dizia o mensageiro em solenidade. Na plateia dos demônios, o mesmo cochicho e murmúrios se fazia entre as criaturas. Com Mammon mexendo em um holograma semelhante, porém vermelho, e tão sério quanto Gabriel.
- Isso é muito estranho.- Murmurava o príncipe enquanto continuava a avançar naquela enorme lista.- Não está em lugar nenhum.
- O que não está em lugar nenhum?- Perguntou Belzebu enquanto comia uma pipoca e se virava para o ganancioso.
- Gabriel havia me feito um pedido interessante mais cedo, queria confirmar algo, e as suspeitas dele estavam certas.
- E que suspeitas seriam essas?- Questionou Leviatã, curiosa pela comoção que lentamente se formava nas plateias, bem exceto pela dos humanos, eles pareciam normais. Apenas os anjos e os demônios faziam um mar de cochichos.
- Bem, essa mulher, chamada Maria Antonieta, não está registrada em nenhum lugar no inferno.
- Então isso quer dizer que ela foi pro céu, bando de burro.- Dissera Satanás de forma ríspida. Mas Mammon apenas balançou o dedo indicador de forma negativa.
- Por que você acha que Gabriel me pediu para procurar? Ela também não está em nenhum lugar no paraíso.
- Bom, eu certamente nunca ouvi esse nome antes.- Respondera Lúcifer, surpreendendo seus 6 comandantes.- Aparentemente ninguém no céu ou no inferno a conhece, o que está acontecendo aqui?
- Hã? Gabriel, como assim ela não tem registro nenhum? Isso é impossível.- Questionara Miguel após seu irmão explicar a confusão toda.
- Mas é a verdade. Essa mulher está em registros históricos humanos, as pessoas ouviram falar dela, mas nos outros planos, ela nunca existiu.
- Então isso quer dizer que ela não tem uma alma?
- Não.- Murmurou, quase bufando, Gabriel completamente desapontado e decepcionado com seu irmão.- Se ela não tivesse uma alma, não poderia participar aqui em primeiro lugar. Ela com certeza tem uma, sua almas apenas... não foi a lugar nenhum.
- Então como você a chamou para participar?
- Não fui eu quem a chamei. Eu apenas estava seguindo ordens.
- Então...
- Isso mesmo. Jesus veio até mim, pediu para que eu colocasse esse nome na lista, que ele mesmo iria trazer ela.
- Ah quer saber!- Berrara Lúcifer do seu lado da plateia, muito perdido.- Eu vou tirar isso a limpo.
O orgulhoso abriu suas asas e iniciou voo para a plateia humana.. Quando Miguel percebeu a movimentação do grupinho, suspirou em irritação e se pôs a voar para lá também.
Antes mesmo que o príncipe pudesse chegar perto da mesa em que Jesus e seus apóstolos estavam, Miguel se interpôs no caminho, batendo a ponta de sua espada flamejante no chão, impedindo que avançasse mais ainda.
- Alto lá.- Dissera o Arcanjo com autoridade.- O que significa isso?
- Ah deixa de ser chato seu porre.- Reclamara Lúcifer balançando os braços de forma escandalosa.- Eu só vim perguntar o que está rolando com essa mulher aí, esse homem tem algo com Marias, certeza deve saber alguma coisa.
- Está tudo bem Miguel.- Respondera Jesus, João e Tiago, seu irmão, preparavam mais duas cadeiras, uma na mesa em que estavam, e outra mais afastada.- Faz sentido que vocês estejam confusos. Só, por essa luta, se assentem aqui conosco e observem a introdução. Há um motivo para ela não estar registrada em plano nenhum.- Obedecendo suas ordens, mas ainda esperto para qualquer gracinha, Miguel permitiu passagem e os dois se assentaram. Miguel na mesa e Lúcifer não.- Maria Antonieta... o caso dessa pequenina é especial.
Muito obrigado pelo seu paciente aguardo caros espectadores. Parece que o pessoal do andar de cima e o do de baixo estão meio agitados, mas continuando com o Cronoliseu nós vamos para a segunda luta da primeira fase.
Na primeira luta tivemos uma famosa mulher, conhecida por sua inteligência. Mas nessa luta temos duas mulheres famosas por motivos opostos. Quando falamos de força, vigor, virtude, dentre vários nomes existe um que se destaca. Em uma época em que mulheres não tinham autoridade nenhuma, essa jovem garota pegou uma espada, vestiu uma armadura e, com uma bandeira branca, seguiu rumo a guerra em nome de Deus.
Com apenas 16 anos de idade, essa pequena camponesa não apenas teve visões do céu, como seguiu elas trazendo vitórias significativas para seu país. Com vocês, a mais famosa guerreira da história: Joana D'ark
Ao anunciar o nome da lutadora, o portão da arena se abriu e uma jovem se aproximou. Cabelos loiros amarrados em um coque, olhos azuis como cristal, pele branca e rosada. Vestia uma armadura medieval com uma espada mantida embainhada na sua cintura. Sua expressão era fechada, como se estivesse irritada com alguma coisa. Seus olhos passearam por toda a plateia até avistar Miguel e levantar o dedo do meio a ele.
- Eita.- Comentou João.- O que você fez para ela Miguel?
- Nada. É uma longa história.
- João. Tiago Maior. Bartolomeu.- Chamou Simão enquanto ele desembainhava uma espada cega em suas mãos.- Ela vai entrar daqui a pouco, fiquem preparados.
Com isso dito, os três apóstolos chamados se levantaram de suas cadeiras como se preparassem para lutar. Tiago menor se escondia debaixo da mesa tampando os ouvidos. Enquanto os outros 5 apóstolos suavam frio com aquilo que estava presta a vir. Lúcifer e Miguel apenas encaravam confusos a situação toda.
- Essa mulher é tão perigosa assim?- Disse o demônio sentindo, nunca admitiria, um certo receio com toda aquela tensão. Jesus, ainda de semblante sério, lhe disse:
- Olhe e verás.
E do outro lado, uma das mais famosas rainhas da história. Ela que nunca lutou, nunca comandou guerras ou teve qualquer experiência militar. Vítima de uma das revoluções mais famosas da história. O motivo de sua morte? Bem, vários, quando o povo teve fome ela disse: Deem brioches então. Com vocês...
- Oh, está errado isso aí.- Alguém gritou da plateia interrompendo Galvão. Todos se viraram para Edmund Burke, um filósofo britânico, que se levantara de seu assento com lágrimas nos olhos.- Ela foi uma vítima da revolução tanto quanto qualquer outro monarca. Essa pobre mulher não fez nada de errado em sua vida.
- Rá. Pobre Mulher?- Rebatera Jules Michelet em outro assento com um sorriso cínico na cara.- Essa mulher foi uma bruxa insensível que não se importava com a própria população. Essa idiota destruiu sua monarquia, se esquecendo completamente de suas responsabilidades e se afundando em seus prazeres.
- Ah por favor.- Berrou Stefan Zweig.- Ela era uma criança quando começou a reinar. O que você esperava? Um símbolo de maturidade e capacidade? Com o tempo ela foi melhorando e tentou, não esculache a menina assim.
- Pois você não conheceu ela...- Dissera Madame Roland.- Eu estava lá e devo dizer que ela era bem arrogante e nojenta. Uma vergonha de rainha.
- Você vira sua boca para falar da minha mãe.- Gritara Teresa, a primogênita de Maria Antonieta.
E então um caos se iniciou na plateia humana, defensores e acusadores da rainha começavam a berrar de todos os lados. Até aqueles que nada sabiam ou estudaram, de todas as épocas, se envolveram na briga com base no que ouviam. Logo a plateia inteira estava uma bagunça de gritarias, brigas e confusões. Os quatro apóstolos que haviam se preparado para lutar, agora estavam no meio daquele caos separando aqueles que começavam a exagerar. Os demônios gritavam incentivando as brigas enquanto os anjos observavam decepcionados.
Joana observava toda aquela bagunça, atenta a cada palavra. De cada pessoa.
- Foi exatamente isso que aconteceu no julgamento final.- Dissera Jesus. Lúcifer e Miguel lhe olharam perplexos. Agora fazia sentido o porque nenhum anjo ou demônio a conhecia, o julgamento final foi algo realizado apenas entre Jesus e os humanos.- Quando foi a vez de Maria Antonieta ser julgada, isso que vocês estão vendo foi exatamente o que aconteceu lá. Se opuseram a ela ir ao céu, assim como se opuseram a ela ir ao inferno. Ninguém chegava em uma conclusão e o tumulto era tamanho que eu não conseguia falar. Nem mesmo Maria Antonieta, no próprio julgamento, fora capaz de dizer uma única palavra. Depois do que pareceu horas, ela desistiu e apelou para mim para que ficasse ali mesmo no limbo pela eternidade.
- Por isso você chamou ela para o Cronoliseu.- Concluiu Miguel.- Você se sentiu culpado por ter a deixado lá, então quis recompensá-la de alguma forma.
Então, em meio a todo aquele caos, Joana foi a primeira a escutar um certo barulho, depois Galvão.
Vocês estão ouvindo isso? Pessoal, estão ouvindo? VOCÊS QUEREM CALAR A BOCA E ME ESCUTAR?
Mas mesmo o berro do narrador não parecia surtir efeito. Irritado então Satanás gritou para que parassem, um grito tão sônico que ecoou por toda a Arena. Todos pararam com seu ser, agora, perturbado, mas ouviam.
Parece som de... passos.
A porta do outro lado da arena lentamente se abriu enquanto o som ficava mais alto e uma figura surgia do corredor. A mulher tinha cabelos loiros, no famosos penteado extravagante que usava na corte de Versalhes. Ela tinha uma postura graciosa e aristocrática. Sua figura era esbelta, o que combinava com a moda luxuosa de sua época. Um vestido amplo com traços rosas suaves e brancos. Em suas mãos enluvadas carregava um leque preto fechado.
Por fim, em seu rosto havia uma máscara de gesso branca, que cobria toda sua face, semelhante a um rosto de mulher, mas com apenas os lábios pintados de vermelho.
A-Aqui está ela. A segunda lutadora de hoje. Maria Antonieta.
- Então essa é a causadora disso tudo.- Dissera Leviatã.- Ah que inveja, eu queria ser famosa assim.
Joana olhava para sua oponente de forma irritada, mas indiferente, a plateia parecendo querer começar a criar mais uma confusão com a presença da mulher. Mas lentamente a madame levantava o leque fechado em direção ao seu rosto. Joana, previu que ela iria falar algo, mas, simplesmente não esperava que, dentre tantas coisas, ela falaria aquilo:
- Magia espiritual:- Sussurrou a mulher, na mais baixa das vozes, enquanto abria seu leque, se abanava e a bandeira da França aparecia atrás de si.- Antoine.
ESPERA EU AINDA NÃO PEDI PARA COMEÇAREM! Maria Antonieta imediatamente liberou sua magia no instante em que entrou na arena, agora uma luz branca está cercando-a. Mas que mulher mais apressada.
Joana imediatamente desembainhou a espada, comtemplando a coluna de luz que explodira ao redor de sua oponente e escondia sua presença. Seus olhos estavam atentos a qualquer movimento, ao menor sinal de ataque e perigo.
- Impressionante.- Dissera Simão.- Tão jovem, e capaz de manter uma postura sem nenhuma abertura.
- Você ainda não viu nada.- Orgulhara-se Miguel a observando.- Joana é a guerreira com maior potencial que eu já encontrei. Não é atoa que lhe chamamos pra guerra.
Então a luz se dissipou e ninguém acreditava no que via pois, no lugar onde a formosa Maria Antonieta estava, uma pequena criança de vestido francês se encontrava. Seus olhos inchados e vermelhos chorando sem parar.
Eu estou entendendo isso certo? A magia espiritual de Maria Antonieta a transforma em uma criança?
- D-Desculpa.- Dizia a menina enquanto lágrimas se derramavam de seu rosto, a pobre criança tentava as conter com as mãos mas eram muitas para ela conseguir.- Eu juro que tentei, me perdoa. Eu não pude ser a rainha que todos esperavam que eu podia ser.
- Está tudo bem, Maria.- Berrou Stefan Zweig.- Eu entendo você, deve ter passado por tanta coisa. Pobre criança.
- Mas que p...- Jesus lhe lançou um olhar e Lúcifer no meio de sua frase.-...merda é essa? Esse poder é completamente inútil. Ela está tentando apelar para a piedade do seu oponente?
- Se for isso, então é um problema...- Comentou Miguel olhando fixamente para Joana, que se mantinha quieta. Sua expressão irritada se fora, agora sua cabeça estava lentamente abaixada formando uma sombra sobre seus olhos. Então, após alguns breves segundos de análise, ela avançou contra a menina.-... Em uma luta, Joana não sente pena de ninguém.
Meu Deus. A famosa Joana D'arc está correndo para atacar uma criança? Será essa santa um monstro?
A guerreira, sem pensar duas vezes ou hesitar, atacou com sua espada querendo cortar a menina no meio, mas algo defendeu seu ataque.
Mas o que é isso? Uma outra pessoa surgiu na área e defendeu a menininha, aquela é... Maria Antonieta?
Defendendo o ataque de Joana havia uma Maria Antonieta usando roupas mais do século 19. Com um sorriso psicótico, usava duas peixeiras gigantes para defender do ataque de sua oponente.
- Atacando uma menina inocente? Que cruel- Dizia a psicótica, enquanto Joana não dizia nada, observava calada.
Com o ecoar de um barulho estrondoso, uma súbita dor tomou conta da panturrilha direita de Joana, fazendo com que perdesse o equilíbrio.
- Aquilo foi...- Antes que Miguel falasse, Tadeu terminou seu raciocínio.
- Um tiro.
MAIS UMA! MAIS UMA MARIA ANTONIETA SURGIU NA ARENA, PORTANDO ALGUM TIPO DE SNIPER EM SUAS MÃOS.
Maria Antonieta tentou aproveitar aquela abertura para lhe atacar, mas a guerreira conseguiu se firmar em pé e defender dos cortes que, estranhamente, eram com uma intenção muito fatal.
- Viram? - Berrava Madame Roland.- Eu disse que ela era horrível, atacando uma pessoa pelas costas e depois indo para cima enquanto ela está ferida.
- Calem a boca...- Murmurou Joana, ninguém ouviu ou percebeu sua fala, pois ela ainda estava mais concentrada na luta do que na plateia. Mas, de pouco em pouco, mais uma comoção se iniciava e os que assistiam voltavam a discutir.
Joana e Maria estão distribuindo ataques atrás de ataques mas nenhuma parece ganhar a vantagem. A terceira Maria continua a atirar, Joana tem que ficar dividindo sua atenção entre a que esta em sua frente e a que esta ao longe. Ela esquiva do tiro, defende os ataques, usa sua espada para ricochetear as balas, e continua ferozmente, mesmo com o sangue escorrendo de sua perna, a guerreia não perde seu vigor.
Mas o que? Outra Maria Antonieta surgiu atrás de Joana e... ela está pelada?
- Vai... me deixe te conhecer mais.- Dizia a nova Antonieta em um tom sedutor enquanto abraçava Joana pelas costas.
A Maria mais psicótica avançou para aproveitar essa abertura e atacar, não esperando que Joana conseguisse forcar sua caminho para fora do abraço e defender mais uma vez, mas agora com mais duas distrações ela desviou do tiro por segundos, com a bala raspando no topo de sua cabeça e a ferindo.
- Por que ela não ativa sua magia espiritual também?- Questionara Matheus.- Obviamente ela permanecerá na desvantagem se continuar assim.
- Pois ela é teimosa.- Respondeu Miguel.- Depois que Joana descobriu qual era sua magia espiritual, ela havia jurado que não iria usar de maneira alguma. E, mesmo que custe a própria vida, ela vai manter sua palavra.
- Qual foi a magia espiritual dela?- Miguel apenas ignorou a pergunta do apóstolo, concentrado na luta em sua frente.
- Ah, eu entendi agora!- Exclamou Filipe, completamente orgulhoso de si, interrompendo a conversa dos outros dois. Tiago O Menor lhe olhou confuso. Percebendo então a bagunça no semblante do mais novo dos apóstolos, Filipe lhe disse enquanto erguia sua mão para apontar a algo.- Veja e ouça.
Ele apontou para a Maria criança que chorava no canto, e Tiago escutou alguém em meio a plateia dizer.
Ela era só uma criança, não teve culpa de nada, ela tentou.
Depois ele apontou para a Maria psicótica.
Ela era uma rainha horrível, só pensava em si mesma e adorava ver o sofrimento dos pobres.
Depois para a da Sniper.
Ela era uma espiã austríaca, estava infiltrada na França e traindo o próprio país.
Depois para a pelada.
Ela era uma prostituta, se envolvia com qualquer um, independente da idade ou do gênero. Nem o próprio filho de 9 anos escapou dessa.
Então uma Maria surgiu deitada no chão, de pijama, quase fazendo Joana tropeçar.
Ela era uma preguiçosa sem nenhum senso de responsabilidade.
Uma Maria com asas pontiagudas e chifres.
Aquela mulher era um demônio que não se importava com ninguém.
Outra surgiu, completamente radiante e com uma espada dourada em mãos.
Não, ela era uma santa. Sua fé era invejável e seu coração tão bondoso.
Meu Deus, não param de surgir versões diferentes de Maria Antonieta na arena. Joana D'arc não consegue acompanhar, ou até mesmo encontrar a verdadeira, se tiver uma. Vários cortes, ataques e danos foram feitos sobre ela, se Joana D'arc não ativar sua magia espiritual logo então o resultado dessa luta já está decidido.
Tantas versões. Que torna quase impossível saber qual é a verdadeira.
- Ah, MEU DEUS COMO VOCÊS SÃO CHATOS!- Berrara a guerreia se virando para toda a plateia.- QUEM ESTÁ LUTANDO AQUI? EU OU UM BANDO CAGÕES MESQUINHOS QUE NEM VOCÊS? CALEM SUAS BOCAS E ME DEIXEM LUTAR EM PAZ! ISSO É ENTRE EU E MARIA ANTONIETA, NÃO PEDI A OPINIÃO DE NENHUM DE VOCÊS E, ATÉ ONDE SEI, MUITO MENOS ELA. ENTÃO PAREM DE SE INTROMETER NA VIDA QUE NÃO TEM NADA A VER COM VOCÊS, DESGRAÇA!
Com a revolta de Joana, tanto a plateia quanto as Marias, se calaram e pararam. Completamente despreparados para aquele ataque todo, Miguel contudo mantinha um sorriso sacana no rosto.
- Aí está. Não foi apenas a força de Joana D'arc que a fez se destacar. Foram suas palavras, sua coragem. Falam dos 300 que derrotaram 300.000, mas poucos falam da garota de 19 anos que mudou completamente a visão moral dos franceses na guerra de Cem Anos. Antes dela ter lutado, era apenas uma guerra política. Mas a presença de Joana a transformou em uma guerra religiosa e moral.
- Agora você.- Dissera a guerreira se virando para suas, diversas, inimigas. Haviam, pelo menos, umas 20 cópias de Maria, nada parecidas. Com diversos cortes, hematomas e ferimentos de bala por seu corpo, Joana levantou sua espada em direção a elas.- Eu já estou cansada de ficar ouvindo a opinião dos outros sobre você. Anda, o que tem a dizer?
Com essas palavras, todas as Marias arregalaram os olhos em choque. Mas, nenhuma disse nada, apenas ficaram olhando diretamente para sua oponente. Joana então suspirou.
- Eu acho que vou ter que lhe fazer forçar a falar então.- Joana embainhou sua espada, tomou uma postura diferente com sua mão sobre a bainha. Ela fechou os olhos e dobrou um pouco o corpo para frente, como se estivesse prestes a se impulsionar para frente.
- Aquela é...- Soltou William de La Pole em meio a plateia assim que viu a pose.-... foi com aquele ataque que Joana me derrotou quando tentaram destruir meu cerco. Até hoje, eu não entendo como fui derrotado lá.
- Esse é o "Corte da Donzela", o golpe mais forte de Joana.- Explicou Miguel.- Se ela o esta usando agora, então ela simplesmente não tem mais paciência para essa luta.
Então, Joana avançou. E um rastro se formou por toda a arena, como se um vulto tivesse voado de um lado ao outro, cobrindo todo o campo.
I-INA-INACREDITÁVEL. O QUE ACONTECEU AQUI? EU PISQUEI... E TODAS AS MARIAS FORAM CORTADAS? JOANA AGORA SE ENCONTRA EM OUTRA ÁREA DO CAMPO, COM SUA ESPADA COMPLETAMENTE ENSANGUENTADA. MAS ELA NÃO HAVIA EMBANHADO?
Um barulho de líquido jorrando tomou conta do lugar, enquanto cada versão de Maria Antonieta suportava um profundo corte no corpo. E, um ponto do campo, mais uma versão surgiu, também portando um ferimento em seu torso. Era a mesma Maria Antonieta que houvera entrado no começo da luta, sua mascará agora tendo sido partida enquanto ela vomitava sangue ao chão.
- A verdadeira estava invisível enquanto as versões lutavam por ela?- Deduzira Tiago, irmão de João.
- É mais para...- Corrigiu seu irmão.-... a verdadeira acaba sendo escondida por tantas falsas, como se não existisse. Como Joana sabia onde ela estava?
- Não sabia.- Respondeu Miguel.- Ela simplesmente cortou o campo de batalha inteiro. O Corte da Donzela é um ataque em que Joana se impulsiona com tudo para frente, desembainhando sua espada no avanço, aumentando mais sua força e velocidade. Ela faz um corte direto em tudo que estiver na linha reta. Joana simplesmente saiu cortando cada centímetro do local, para conseguir localizar a verdadeira.
- E foi uma decisão e tanto.- Dissera Lúcifer. Todas as versões de Maria Antonieta iam dissipando enquanto a verdadeira permanecia ajoelhada no chão tentando se recompor. Lentamente, Joana D'arc se aproximou de Maria, colocando a espada sobre seu pescoço.
- Fale.- Ordenou com uma voz fria e direta. O frio da lâmina e o calor de seu próprio sangue atormentando o coração de Maria Antonieta. Assustada, a monarca então começou a falar em uma voz sussurrante.- Alto!- Pressionou um pouco mais a lâmina da espada.
- Eu... desisto da luta.- Galvão estava prestes a anunciar a vitória de Joana, quando a guerreira chutando Maria.
- Não é isso. Se defenda, teve tanto fuzuê que eu fiquei curiosa. O que tem a dizer sobre si mesma?
- Eu... não sei o que falar.- Dissera em meio a tosses.- Ninguém nunca me permitiu isso antes.
- Então aproveite essa chance que eu estou lhe dando. Como uma camponesa chamada a guerra, eu sei o quanto é difícil para uma mulher ter voz nesse mundo, contudo, o seu problema foi que você se manteve passiva demais. Se você quer ser ouvida, você precisa falar e os fazer ouvir.
Então Maria Antonieta se levantou, cambaleando, e se virou a plateia humana, olhando diretamente a Jesus, que lhe fez um movimentação de permissão para falar. Finalmente, ela poderia dizer o que quis em seu julgamento.
- Eu... acima de tudo quero pedir desculpas. Eu não fui uma boa rainha, nem no começo e nem no fim. Mas eu casei tão jovem e, não entendia nada dessas coisas. Era meu irmão, minha mãe, meu sogro, o país inteiro me pressionando, eu não aguentava. Sim, eu tive um caso com o Conde Axel Von Fersen, mas apenas ele, todas as outras alegações foram mentiras. Sim, havia momentos em que eu era egoísta exatamente porque eu estava tão frustrada que não queria saber de mais nada. Eu amava meu país, meus dois países, França e Áustria. E sempre tentei fazer de tudo para ajudar os dois, mas no fim eu não podia fazer nada. Se eu sou culpada ou inocente, eu vou deixar em suas mãos Mestre, mas eu fico feliz que você, que todos vocês, possam ouvir a minha visão. Eu confesso a vários erros, egoísmos e irresponsabilidades, mas também não sou a pessoa que alegam eu seu.
Maria Antonieta abaixou a cabeça quando terminou, como sempre fazia, com medo da reação de todos. Apavorada com a ideia de que começariam mais uma discussão como se ela não estivesse lá.
- Eu lhe direi seu veredito após esse evento acabar.- Dissera Jesus com um sorriso se formando em seu rosto.- Até lá, eu lhe parabenizo Maria Antonieta. Sua voz é linda.
Os olhos da monarca então se encheram de lágrimas e ela se virou para sua breve oponente, que embainhava sua espada e checava seus ferimentos.
- Obrigada Joana.- Dissera com um delicado sorriso.- Ser ouvida é maravilhoso.
Joana D'arc vs Maria Antonieta
Vencedora: Joana D'arc.
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