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Capítulo 5

     Anna olha-me sem pestanejar, não consigo decifrar o que ela pensa ou sente. Estou cercado pelas altas árvores que marcam o começo da floresta e em frente à uma casa que nunca vi antes, mas que por um instante ousei pensar nela como o único caminho. Uma sensação estranha apodera-se de meu estômago, sinto vontade de desistir, de voltar atrás, esquecer de uma vez toda história sobre meu pai e aceitar o vazio que Juliet deixou-me de presente, mas não posso, sei o que Juliet espera de mim. Não desistirei.

     Um calafrio faz eriçar os pêlos de meus braços, e uma linha de razão invade meus pensamentos. Está fazendo frio, como sempre faz nessa parte da cidade. A viagem foi longa e já é começo de noite.

     - O que faremos agora? - Anna pergunta-me com a voz trêmula. Quando decidimos procurar imediatamente Victor ela estava empolgada, talvez desejasse realizar o último pedido de Juliet, assim como eu, mas agora, diante do desconhecido, compreende o risco que corremos. Ela sente medo, eu também.

     - Talvez Victor já tenha morrido. Pode ser perigoso estar aqui. - Digo nomeando meus medos.

     - Pensas em voltar? - Ela vira para olhar-me. Fecho os olhos, não posso deixar que ela leia o medo que sinto. Eu devo protegê-la, e não ela a mim - Não tenha medo, Edgar. Ficará tudo bem. - Ela diz enquanto segura minhas mãos.

     Lembro-me de quando a prometi que tudo ficaria bem. Deu tudo errado, Juliet morreu.

     - Fique aqui Anna, voltarei logo. - Digo e saio do carro depois de afastar suas mãos das minhas.

     Minha bota afunda na terra úmida a cada passo, enquanto lentamente caminho até a casa. Foram tantos os acontecimentos que trouxeram-me aqui que não sei qual deles devo culpar. Não sei o que me espera e ainda ponho Anna nessa situação. Sinto-me tão pecador, tão covarde... Sei que Anna me espera no banco daquela caminhonete, segura e protegida. Se algo acontecer a ela nunca serei capaz de perdoar-me.

     A casa a minha frente parece uma velha senhora, que sabe exatamente o que está por vir, e mesmo assim cala-se, para ver-me aprender só, entre quedas e vitórias.

     Não consigo conter o medo que cresce em mim. É tão grande que posso compará-lo a um animal faminto. Sem dúvidas minhas vísceras são a refeição. Juliet dizia-me que um homem não pode vencer o que nunca enfrentou, e que a coragem é a vitória da luta contra o medo. Pois bem, enfrentarei o meu. Fito a porta de entrada e sigo.

     É uma casa antiga, mas muito bonita, é cercada por uma varanda e tem em sua entrada uma grande porta de madeira negra. Não passa-me como uma casa dessas está aqui, escondida na floresta. Subo a varando e bato na porta, cauteloso, mas determinado. Ninguém responde, não ouço nenhum ruído. Bato novamente, dessa vez com mais força, e espero. Nada. Não há som, não há o que se ouvir ou o que me faça pensar que há alguém aqui. Viro-me em direção ao carro, a Anna e ao passado. Caminho.

     Posso sentir-me aliviado, não há mais o que temer.

     - Pois não? - Ouço a voz atrás de mim quando dou os primeiros passos.

     Tremo. Sinto os ossos sacudirem. Estava sentindo-me tão aliviado e de repente o medo volta. Ele é tão real que posso sentir seu gosto, tocá-lo, e até vê-lo se fechar os olhos e concentrar-me. Não é a voz, o dono dela, a casa, tão pouco a floresta, sinto medo de algo novo, que existe, e em silêncio, cerca-me desde que Juliet fechou os olhos para nunca mais abrir.

     Viro-me. É um rapaz, aparentemente da minha idade, tem cabelos negros que chegam até os ombros, uma barba rala que cobre-lhe a face do queixo e olhos verdes. É um pouco mais alto do que eu, e parece mais forte também.

     - Victor Weidder está? - Pergunto.

     Ele olha-me confuso. - Um instante - Diz e vira-se para o interior da casa. - Pai! - Ele grita.

     Um homem velho surge atrás dele com uma enorme faca na mão, não pude conter o espanto, mas deduzo que ele estava tratando peixe. O cheiro não agrada muito...

     - Victor Weidder? - Pergunto desta vez para o velho.

     - Sim? 

     - Eu sou Edgar, minha mãe pediu-me para te procurar. - Digo resumindo a situação e esperando mais perguntas.

     - Não lembro-me de ti, rapaz. Quem é a tua mãe?

     - Minha mãe se chama Juliet. Sou Edgar Hasdywell.

     Juro que seus olhos brilharam, o verde de seu olhar parece ter luz própria. Sabia que o sobrenome Hasdywell o faria lembrar de meu pai se ele realmente o conheceu. Edgar Hasdywell... Soa estranho, mas de um modo assombroso cabe-me tão bem.

     O velho olha para mim como se eu fosse uma criatura mortal pronta para tirar-lhe a vida.

     - Pai, está tudo bem? - O rapaz pergunta.

     As palavras despertam o velho de seu transe, ele pestaneja e se apressa à caminhar para o interior da casa. - Christopher, mande-o entrar - Ele grita. - Depressa! Temos companhia para o jantar. 

     Oh, que alívio, ao menos não fui recebido com pedras. Certamente o velho lembrou-se de meu pai.

     - Mas pai, nós não... - O rapaz tenta argumentar.

     - Obedeça, Christopher! - O velho diz enquanto desaparece atrás de paredes.

     - Entre. -Christopher cede-me passagem.

     - Um instante, volto em um minuto. - Digo. Preciso voltar para o carro, para Anna.

     Caminho depressa para a caminhonete, nada garante-me de que Victor não é um louco, mas também não posso deixar Anna aqui, sozinha a me esperar por sabe-se lá quanto tempo.

     - Anna, venha! - Chamo-a.

     Ela hesita, posso sentir as interrogações tomarem conta de sua mente. Ela sai do carro batendo a porta atrás de si. Acho que decidiu confiar em mim e deixar as perguntas para depois. Sinto-me bem por isso e sorrio. Seguro seu braço e a conduzo para a casa. Ninguém nos espera na entrada, mas a porta está aberta. Entro lentamente sem largar o braço de Anna.

     - Olha, temos uma garota. - Victor surge por trás de uma parede e sorri. Não tem mais a faca na mão, e o cheiro de peixe não mais incomoda tanto - Venham, sentem-se. - Ele nos conduz para uma mesa com espaço para seis pessoas.

     A casa é bem mobilhada, no outro lado do cômodo onde estamos há uma lareira que espalha no ar o som de madeira crepitando. Tudo parece estranhamente acolhedor. Sento-me e Anna senta-se ao meu lado.

     - Menino Edgar, - Victor diz ao sentar-se à mesa conosco - tu eras apenas um bebê quando nos vimos pela primeira vez. Achei que nunca mais o veria, mas diga-me rapaz, o que te traz aqui depois de tanto tempo?

     Então ele já me viu. Como é estranha a sensação de que em meu passado há um buraco vazio do qual não lembro-me nada. Escondo a surpresa e tento agir naturalmente enquanto procuro as palavras certas para responder. A morte da minha mãe, o misterioso passado de meu pai... Deus, que confusão.

     - Longa história. - Limito-me a dizer.

     - Falaste que tua mãe o mandou procurar-me, como está ela? - Ele pergunta entusiasmado. Muito provavelmente ele era amigo de Juliet. Não sei, mas parece-me que há uma alegria contida em suas palavras.

     Juliet... Sinto a linha de água preencher-se e meu olhar ficar embaçado com as lágrimas.

     - Juliet faleceu. - Digo sem rodopios. Minha voz sai rouca, trêmula, a ferida causada pela perca de Juliet sangra... Deus, como dói.

     Os olhos de Victor arregalam-se e se perdem no vazio. Ele está surpreso, triste, e confuso com certeza. Sei bem como é sentir-se assim, ele deve estar sem reação, e sua capacidade de pensar sumiu, assim como acontece comigo.

     Uma garotinha surge com uma tigela, quatorze anos, no máximo. Seus cabelos em caracóis são mais claros do que os de Christopher, tem um tom de caramelo. Seus olhos, por outro lado, são escuros, é de um negro profundo, assim como os de Anna, grandes e alegres e suas bochechas são redondas. É simplesmente encantadora, a garotinha mais adorável que já vi. Ela olha-me e sorri, mostrando gentileza.

     - Eloah, volte. Tenho assuntos importantes para tratar com as visitas antes do jantar, meu bem. - Victor diz quando percebe sua presença. A garota volta pelo mesmo caminho - Estou sem fome, querem comer logo? Porque deduzo que precisamos todos de respostas... - Pergunta olhando-me.

     Estou morto de fome, mas preciso de explicações, e isso bastará.

     - Então, Juliet... - Victor tenta fazer uma pergunta, mas o nó na garganta causado pela vontade de chorar não o deixa falar. Ele chora, sim, está chorando! Lágrimas escorrem pelo seu rosto em silêncio com a permissão de Victor que não faz nada para impedi-las.

     - Anna, - Eu digo - importa-se em explicar?

     Victor olha para Anna esperando explicações - E quem és tu? 

     - Pode confiar nela. - Eu digo na intenção de poupar Anna de contar sua história. Por vezes ela parece sofrer com isso.

     - Fui adotada por Juliet quando tinha quatro anos. - Anna diz - Juliet falou-me algumas vezes sobre seu passado, seu casamento, e o por quê de ter evitado falar nisso por tanto tempo. - Ela pausa por um momento - Disse-me que Dieval tinha um amigo fiel, que saberia nos dar mais informações do que ela, se um dia fôssemos procurar a verdade a respeito dele. - Anna responde - Oh, por favor, diga-me que és tu quem procuramos. - Ela suplica. Sei que ela sofre por Juliet também, e a dor que está sentido, assim como a minha, é tão grande que explode em nossas entranhas a cada momento em que lembramo-nos de que não há mais o que ser feito.

     - Victor Weidder é meu nome. - Ele brinca, sorrindo em meio as marcas d'água em seu rosto.

     - Pois bem, então sabes o que aconteceu com Dieval e Juliet. 

     O olhar de Victor entristece-se e as lágrimas ameaçam cair novamente. - Sim, eu sei.

     - É justamente isso o que queremos saber. Como Edgar falou, Juliet faleceu, - Anna olha para baixo e suspira - Seu último pedido foi para Edgar descobrir a verdade sobre Dieval. 

     - Então o garoto não sabe? - Victor pergunta, com uma leve ironia na voz, deixando-me com raiva - E como chegaram até mim?

     - Espero que saibas o motivo de Juliet não ter falado para Edgar. - Anna responde com a mesma ironia - Ela falou-me a muito tempo sobre ti, lembro-me das explicações que ela dava sobre o endereço porque quando menina imaginava como seria morar na floresta. - Ela explica.

     - Não é bem a floresta, - Ele sorri - isso é apenas uma amostra dos perigos reais que encontramos floresta a dentro. 

     - Eu pensava que ele havia abandonado Juliet grávida. - Desabafo voltando ao assunto que realmente me interessa.

     - Eu sei o que pensavas. - Ele diz firme - Uma tolice! O que fizeram com Juliet e Dieval não foi justo. Eles se amavam! - Sua voz vai perdendo a força a cada palavra. Sei do que ele está falando, da família de Juliet - Dieval era meu amigo, mais do que isso, era um irmão para mim. - Ele continua.

     - E eu o odiei por anos. Odiei-o a vida inteira. - Digo e sinto a dor apertar meus pulmões.

     - Menino Edgar, - Victor olha-me sorrindo com uma ternura que chega a ser desconfortável vindo de alguém que eu mal conheço - Dieval teria te amado com todas as forças.

     Deus, isso doeu. Sinto saudade. Saudade do abraço que nunca senti, da voz que nunca ouvi, da presença que fora-me roubada. Sinto saudade como se algum dia eu tivesse tudo isso, como se houvessem lembranças de momentos antigos para fazer-me chorar, como se em algum momento ele tivesse sido real para mim. Choro, as lágrimas parecem selar uma aliança de paz entre eu e meu pai. O que sinto não é ódio, longe disso. É um sentimento novo, completamente novo.

     - Eu sei. - Respondo sentindo o peso das palavras e desejando saber mais.

     

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