Capítulo 13
[H/A]: Queridos leitores, peço-vos perdão por ter atrasado por tanto tempo a publicação de O Covil. Como todos sabem, nós temos uma vida para além do Wattpad, e nem sempre conseguimos cumprir com os prazos. Agradeço à aqueles que continuam lendo e dando uma oportunidade a O Covil. Espero não mais vos decepcionar. Beijo grande e BOA LEITURA. <3
**
- Achas mesmo que podemos sair sem sermos notados? - Pergunto.
- Edgar... Não estás a ajudar muito com essa insistência. - Christopher responde e continua: - Não sei se devia levar-te. Meu pai teme por tua vida, embora não pareça ou demonstre, ele te tem como um filho. Entendes minha responsabilidade?
- Mas não farás nada de mais. É só uma carona para a cidade.
- Não te faças de idiota. Sei bem o que pretendes fazer e tudo o que isso implica.
- Visitarei o Dr. Frandlie. Bem que devia ter ido lá quando sofri o acidente, mas agora, estando bem melhor, ainda tenho assuntos a tratar com ele. Juliet o tinha como um grande amigo.
- Victor não irá gostar nada disso... - Diz abrindo a porta da caminhonete de Victor, sentando no banco do motorista e ligando o carro. Entro e acomodo-me no banco do carona - Mas te levarei mesmo assim. Deste modo poderás me explicar melhor o que de fato está acontecendo.
Uma vez na caminhonete seguimos em silêncio enquanto Christopher desvia dos buracos na estradinha de terra e eu permito-me perder em pensamentos. Não importa em o quê eu pense, tudo sempre liga minha linha de raciocínio a ela... Uma proposta... Que loucura essa ideia! Eu nunca (NUNCA!) a colocaria em risco assim. Se algo acontecer a ela por minha causa nem sei o que farei. E eu entendo o que ela pede, o que sente. Mas não há o que se fazer.
- Então... - Christopher corta o silêncio - Fale-me mais sobre o tempo em que passaste na casa do Louis.
- Não sei bem o que dizer, estava bastante confuso durante todo esse tempo. Descobrir que estava na casa de estranhos, ferido, e sem notícias de todos vós fiquei em choque. E minha condição não ajudava muito. Mas enfim deu tudo certo. Eles são ótimas pessoas, cuidaram muitíssimo bem de mim. Nunca esquecerei o que fizeram por mim.
- E quanto a Viana?
- Que tem ela?
- O que achaste dela?
- Como assim?
- Ora, pare de responder-me com outras perguntas. Quero saber o que achaste dela, apenas isso.
- Ela é linda. - Digo sem emoção na voz - E gentil... Me ajudava com as refeições. - Ele responde com um "Humm". O que me faz olhá-lo confuso - Que está havendo?
- Ela é incrível. Fantástica. Ela... - Ele para de falar, como que percebendo que está a fazer uma espécie de declaração.
- Ah, entendi. - Digo entre gargalhadas. - Gostas dela, é isso?
- Passaremos na casa do Louis na volta. - Diz apenas. E seguimos. Resto da viagem em silêncio.
Quando chegamos na cidade deparamo-nos com abóboras, máscaras, machados, foices e toda uma variedade de enfeites de Halloween como decoração das lojas, fazendo das ruas da pequena cidade de Endora corredores assombrados.
- A cidade está se preparando para o Halloween. - Digo - Faltam sete dias.
- Perto da floresta nunca comemoramos esta data. Com exceção das velhas bruxas, claro. É tão estranho, parecem festejar a existência de seres malignos.
- Velhas bruxas? - Pergunto incrédulo.
- Não são bruxas de verdade. É assim que Eloah as chama. São viúvas que moram nos limites da cidade, quase na fronteira. Quase nunca as vemos, mas elas saem todo Halloween em direção à cidade com sua charrete distribuindo guloseimas. Passam na casa de Victor, na casa do Louis e assim segue até chegar no Centro. Nunca fizeram mal a ninguém, são apenas estranhas.
- Elas tem verrugas no nariz? - Pergunto rindo - Quantas são?
Christopher gargalha antes de responder: - Não, não tem verrugas. São três. Verás elas em breve.
Está perto do Hospital da Cidade de Endora, onde certamente encontrarei o Dr. Frandlie.
- Sabes... Não entendo por quê tens que ir atrás desta caverna. - Ele diz surpreendendo-me.
- É uma longa história...
- Sei que Victor poderia ter escondido a caixinha, ter escondido todos os segredos que te levarão até lá para salvar tua vida. Mas ele não fez. Custou-me muito entender o por quê.
- Também penso que ele poderia ter-me escondido tudo isso. Descobriste as razões dele?
- Bem, penso que se todas essas coisas não tivessem acontecido a ti, mas a ele, e um dos meus avós ou até mesmo minha fossem tragados por criaturas malignas, ele ira atrás dessas tais criaturas. Mesmo que isso lhe custasse a vida. Então ele te deixou livre.
- Bom ponto de vista. Mas tudo isso é tão confuso, não sei se estou pronto para enfrentar seja lá o que isso for. E as informações contidas naquela caixinha não me dizem tudo. Me levam até lá, mas não me preparam para o que hei de enfrentar.
- Entendo.
- Ali, Christopher. À esquerda. O hospital, isso! - Digo apontando para onde ele deve guiar o carro.
Christopher esperou no carro enquanto eu desci e fui ao encontro do Dr.
- Então o que te levou a não buscar ajuda imediata? - Pergunta-me após eu contar sobre o acidente.
- Nos primeiros dias foi impossível. Tu bem sabes como fica a estrada com chove. E a chuva era muito forte. Então me trataram em casa.
- E este corte... - Ele ergue a mão para tocar no corte lateral da minha testa. Tiro minha cabeça da direção de sua mão.
- Ainda dói...
- Tudo bem. Farei uns exames só para garantir, quando conseguir os resultados, o que acontecerá daqui a dois dias, ligarei para ti e tu virás aqui para que eu possa entregar-te.
- Certamente.
- E onde tu estás morando mesmo? E a menina Anna, como está?
- Estamos bem. Nos recuperando, eu acho... Nós estamos na casa de um amigo do meu... - Paro a tempo de pensar na bobagem que estava a dizer - da minha mãe. Um amigo de Juliet.
- Um amigo de Juliet que mora nos limites da floresta? Que estranho...
- Um velho amigo. - Digo tentando cortar o assunto.
O Dr. me guia para a sala de exames.
- Já podemos ir. - Digo para Christopher ao sair do Hospital.
Seguimos no caminho de volta, parando apenas uma vez para fazer compras. Christopher fez uma espécie de compra semanal enquanto eu me perdia nas lojas de caça. Uma vontade quase incontrolável de comprar tudo aquilo tomou meu corpo, mas eu sei que nada disso vai me ajudar quando eu for em busca do Covil. Saio sem comprar nada para mim. Insisto em pagar a compra mesmo contra a vontade de Christopher. Caminho para fora do supermercado.
- Oh, desculpe-me rapaz. - Diz uma velha ao se esbarrar em mim. Está segurando muitos colares com pedras de diversas cores para vender.
- Tudo bem, senhora. Desculpe-me também.
- Não gostaria de comprar um dos amuletos? - Pergunta-me mostrando seus produtos.
- Não, senhora. Preciso mesmo ir. - Digo sorrindo tentando disfarçar a vergonha.
- Então deixe-me ler tua mão. - Diz enquanto segura minha mão firmemente, sem deixar espaço para que eu me solte. Ela fecha os olhos e desliza seus longos dedos pela palma da minha mão.
Solta-me e fica parada. Fico sem saber o que fazer.
- Tome este amuleto. - Diz estendendo-me um cordão com uma pedra esverdeada - Não custa nada, é um presente. Irás precisar. - Diz e some de vista em meio à multidão que preenchem as entradas das lojas.
Velha louca...
Chego em casa e ouço os gritos de Victor repreendendo a mim e a Christopher por ter saído sem avisar.
- Poderiam ter ao menos avisado! - Ele adverte.
- Eu pedi para que Christopher levasse-me para a cidade. Precisa tratar com o Dr.
- Não me importa o que foram fazer. - Diz preocupado. Ou zangado, ou confuso, ou histérico... Não é fácil ler as emoções de Victor - E se acontecesse algo?
- Mas não aconteceu, pai. - Christopher diz calmamente - E desculpe-me. Não farei novamente. Sei que o senhor não queria que Edgar saísse de casa, mas ele parecia ter assuntos realmente importantes para tratar.
- Por quê eu não poderia sair de casa? - Pergunto confuso.
- Vejo que não conseguirás entender agora. Planeja falar-te sobre coisas que, eu acho, são importantes para tua busca. Mas agindo feito criança não sei se devo confiar.
Peço desculpas. O abraço. Certifico-me de que ele está mais calmo e subo para meu quarto depois de comer uns pães. Banho-me e jogo-me na cama cheio de exaustão. Preciso de um plano para que eu possa ir sem que Anna fique magoada. Preciso saber exatamente o que enfrentarei. Preciso me preparar para isso... Mas agora eu preciso mesmo dormir.
Ouço alguém bater na porta do quarto. - Edgar?
- Anna? Podes entrar.
Ela entra e segue diretamente para o criado-mudo onde está a caixinha. Pega a caixa e senta-se ao meu lado na cama. Abre a caixa, tira o mapa e um dos papéis velhos.
- Vejas isto: enquanto tu estavas fora, estava a estudar os mapas e as lendas. Leia comigo. - Ela pede e estende o papel, mostrando-me um pedaço do texto contido na folha com o título "The Lair" - Está escrito: Malum umbra. Creatura tenebrarum. Exitium. Mortem.
- O que quer dizer exatamente? - Pergunto. Não sou muito bom com o latim.
- Sombra maligna. Criatura das trevas. Destruição. Morte...
- É isto o que conta a lenda? Uma sombra maligna que traz destruição e morte?
- Mais do que isso. Fala do lugar onde demônios habitam. O Covil. Essa sombra é a representação dos malignos que vivem lá a espera de homens para lhe tragar a porção humana: os pensamentos.
- Ele rouba pensamentos?
- Sim. Isso fortalece os demônios e faz com que a pessoa perca todos os sentidos. Mas vamos mais além. Aqui também diz: Ubi tempus stat. Corpora viventia, sed inanimatum. O que quer dizer: Onde o tempo para. Corpos vivos, mas sem alma. Acho que isso significa que os corpos das pessoas que foram vítimas do Covil permanecem intactos, pois o tempo não passa lá dentro. Mas sem alma, ou seja, sem seus pensamentos. Sem sentidos...
- Então meu pai pode estar vivo?
- Não... - Ela abaixa a cabeça - Seu corpo está vivo. Mas seu ser não habita mais dentro.
- Há uma maneira de fugir? - Pergunto, temendo o que hei de ouvir.
- A una vi. A singulis.
- O que quer dizer?
- Quer dizer que há apenas uma coisa que pode vencer O Covil.
- O quê?
- Não sei. Não diz.
Longo silêncio. Não o que dizer, o que pensar e tudo se torna uma grande confusão em minha mente.
- Me perdoes...? - Peço humildemente.
- Tenho esperanças de que não me darás motivos para que eu tenho o que perdoar.
- E se tuas esperanças se frustrarem?
- Se tu fores, esperarei por ti. Uma vida inteira, se preciso. Mas quero que tu entendas que se não voltares, não haverá sentido para tudo isto. Portanto devias pensar em parar por aqui.
Abraço-a. Deixo sua cabeça descansar em meu ombro. Seguro sua mão.
- Mas eu estou aqui, agora. - Digo e viro-me para ver seus olhos. Negros, negros, negros... Estou convencido de que é a própria noite a me seduzir e a me chamar cada vez mais para perto.
- Pergunto-me que posso fazer para que tu desistas. Lembra-te do teu emprego? Dos teus amigos? Da tua vida? Edgar eu... tenho medo. - Ela abaixa o olhar e me abraça, pondo sua cabeça em meu peito.
- Mas eu estou aqui, agora. - Repito.
- Edgar... - Ela chora. Sei que está a chorar. Sua alma está despedaçada. Abraço-a forte. Afago e beijo seus cabelos.
- Eu estou aqui, estou aqui...
Queria contar-lhe meus medos. Contar como sinto-me fraco e indefeso. Quero contar-lhe como é difícil deixá-la aqui sozinho para ir em busca de um futuro incerto. Mas que é preciso ir, que eu não me sentirei em paz enquanto não descobrir o que aconteceu. Quero falar-lhe que tê-la em meus braços é a melhor sensação que já vivenciei, que beijá-la despertou o melhor que havia em mim, a magia. Quero dizer-lhe que não deixarei ninguém tocá-la, que ninguém a machucará. Queria que ela soubesse como me sinto ao fitar seus olhos negros, como eles me fascinam. Quero contar-lhe que sonho com ela dia e noite. Que ela é tudo o que eu tenho. Tudo o que eu quero. Tudo o que eu preciso. Quero dizer que a amo! Com cada uma das letras: A-M-O-R. Amo-a, amo-a, amo-a. Mas há momentos que palavras são desnecessárias, que um toque um olhar dizem tudo o que se precisa saber, e as coisas são entendidas, assim, sem ser preciso palavras...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro