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Capítulo 12 - Anna Barganne

- Então o que queres? - Pergunto histérica, tentando conter a raiva que cresce em mim como se estivesse a tomar conta de todo o meu corpo.

     Edgar levanta-se, ficando de frente para mim. Fita-me e todo meu corpo estremece. O que há comigo?

     - Tu.

     Não consigo nem surpreender-me com a resposta. Ele segura-me pela cintura e toca seus lábios nos meus.

     Um beijo... Suas mãos segurando-me pela cintura, levando-me cada vez mais perto de seu corpo... O contraste dos meus lábios frios com o calor dele... Um beijo. Tremo. Todo meu corpo treme e tenho certeza de que ele pode sentir... Seus lábios fechados tocando os meus traz-me um arrepio que faz eriçar os pêlos de minha nuca. Só então dou-me conta de que estava a esperar por isso. A muito tempo, talvez.

     Edgar separa nossos lábios lentamente, encostando sua testa na minha. Não abro os olhos para procurar os deles. Sei que estão fechados também. Ele ainda segura minha cintura e sinto sua respiração ofegante na pelo do meu rosto. Sinto ele mexer lentamente a cabeça fazendo nossos narizes tocarem-se. Continua com o movimento de cabeça como em negação, acariciando meu rosto com a ponta de seu nariz. Sinto-me livre. Sinto-me presa. Viva e morta. Como se eu esperasse pela minha própria condenação, e agora, quando enfim ela chegou, não tento fugir. Deus, que farei agora?

     Edgar tira sua mão direita da minha cintura e a leva para meu pescoço. Segura-me ainda mais firme com a mão esquerda, e finalmente separa nossos rostos para olhar-me nos olhos. Abro os olhos. Seu olhar é triste, com a linha d'água preenchida. Por um momento o verde de seus olhos parece estar a transbordar, como as águas de um rio cristalino.

     - Por favor... - Ele sussurra - Por favor Anna, fiques...

     E então me abraça. As lágrimas aquecem a pele do meu rosto e eu deixo-as rolarem. Que farei? Deixarei-o ir em direção a morte certa? Se eu o deixar, certamente o perderei, e ficarei sem ele, para sempre...

     Sinto o seu abraço me confortar. Uma sensação de proteção me invade. Sinto-me em paz. Sinto-me no lar, no meu lar. Queria poder abraçá-lo para sempre, esquecer os medos, as mágoas. Esquecer as lendas, o passado, esquecer tudo o que ameaça separar-nos. E ceder, enfim, a esse desejo que cresce mais e mais, queimando cada entranha de minha alma. Mas eu não posso, não agora. Afasto-me de seu abraço.

     - Preciso ir agora. - Digo quase sem ar, sem forças para separar-me dele. Olho para baixo, não ousarei olhar em seus olhos ou então não serei mais capaz de sair. Viro-me e saio do quarto antes que ele tenha tempo para formular uma resposta. Espero a porta fechar-se atrás de mim para finalmente deixar meu mundo cair.

     Sigo em direção ao quarto de Eloah, onde já a um tempo acomodei-me. Os corredores que levam-me até lá nunca foram tão longos...

     - Eloah? - Pergunto ao entrar no quarto e fechar a porta atrás de mim. Vejo-a sentada na cama com um livro nas mãos. Ela fita-me.

     Espero em silêncio por suas palavras, mas Eloah nada diz. No lugar de palavras ela simplesmente fecha o livro, coloca-o sobre o criado-mudo e bate na cama ao seu lado, convidando-me para sentar. Demonstrando muito mais maturidade do que sua pouca idade oferece. Ela tem apenas 15. Inspiro. Expiro. Caminho até ela.

     Uma vez sentada não tento mais conter as lágrimas que escorrem freneticamente. Eloah me abraça.

     - Estás com medo, não?

     - Se eu o deixar ir, Eloah, ele certamente morrerá. Acredito que não é isso o que Juliet queria que acontecesse.

     Ela não responde. Acaricia meus cabelos e espera minha respiração se acalmar com o fim do choro. Ela espera, até que enfim minhas lágrimas se esgotam.

     - Ajude-me com o vestido, Anna? - Ela pede-me. Levanta-se e caminha em direção ao grande guarda-roupas de madeira que está no canto do quarto. Vira-se diante do espelho e espera que eu ajude-a com as fitas do espartilho, que, igualzinho aos antigos espartilhos, ela usa-o acompanhado de um vestido.

     - Por que não usas roupas comuns para meninas de tua idade? - Pergunto.

     - É uma das perguntas sobre geladeira? - Ela pergunta rindo. Logo começamos a gargalhar. Nesses poucos dias que estou aqui, afeiçoei-me muito a Eloah. Ela é uma garotinha amável e delicada. Algumas vezes até trocamos confidências. Um dia, antes de dormir, perguntei-a como viviam sem uma geladeira, já que a casa não tem energia elétrica. Durante a noite as luzes que iluminam a casa enorme são as que vem de velas presas em grandes candelabros góticos. Ela não soube responder.

     - Bem - Digo depois de ajudá-la a despir-se -, é que aqui é diferente da cidade.

     - Isso eu não sei, nunca fui à cidade.

     - Nunca? - Pergunto incrédula.

     - Nunca. Meu pai e meu irmão nunca levaram-me para além dos limites da floresta.

     - Então estás aqui a 15 anos?

     - Não. Meu pai leva-me à casa do Louis para ver Viana às vezes. Mas lá não é muito diferente daqui. As pessoas que vivem perto da floresta, creio eu, querem viver num mundo diferente do da cidade. E fazem de tudo para que isso aconteça.

     - É, talvez. - Digo conduzindo-a à cama com uma escova nas mãos, para pentear-lhe os cabelos. O que fiz todas as noites desde que cheguei aqui.

     - Mas tu não és muito diferente. - Ela diz - Usas vestidos longos, espartilhos... igualzinho a mim.

     - É diferente, Eloah. Eu uso porque gosto, e porque lá na cidade ainda encontra-se pessoas, poucas que seja, que vestem-se assim. Tu usas porque vive em uma casa que estranhamente parece ter parado no século XVIII. - Ela ri com minha resposta.

     - Mas tu gostas daqui, não? Edgar também gosta. E esta é a vossa casa agora.

     É estranho pensar assim, mas é exatamente como me sinto: em casa. - Sim, eu gosto - Assumo.

     - Então, sejas bem vinda ao século XVII. - Gargalhamos até que eu guardei a escova, apaguei as velas e adormeci.

     Acordo assustada com o barulho de algo estranho vindo do andar de baixo. Já é dia e a tímida luz do sol entra por entre os vidros da janela do quarto. Levanto-me, troco de roupa e desço as escadas. Eloah continua a dormir.

     - Menina Anna! - Diz Victor assim que entrei na cozinha - Eu te acordei?

     - Não. - Minto desconcertada - Está tudo bem?

     - Eu só derrubei umas panelas. - Diz entre gargalhadas - Desculpe-me, sou desastrado às vezes.

     Sorrio como resposta. O humor de Victor é totalmente imprevisível. Gosto disso.

     - Precisas de ajuda? - Pergunto.

     - Não, não. Eu já arrumei tudo. Estás com fome?

     - Estou faminta. - Digo rindo.

     - Ótimo!

     Ajudo Victor a levar os pães, queijos, café, leite e algumas frutas para a mesa. E o mistério da geladeira continua... Ao menos sei que o pão é sempre fresco porque o próprio Victor prepara a massa e assa no fogão a lenha.

     - Estou preocupado com o menino Edgar. - Diz ele ao sentar-se à mesa.

     - Eu também...

     - Christopher foi resolver algumas coisas na cidade para mim e disse que ele já estava acordado. Mas ainda não desceu para o café da manhã.

     - Tudo isso é muito difícil, Victor. Para ele, então... Não para de pensar nessa loucura.

     - Não é loucura, menina. - Diz e para para mastigar um pedaço de pão, que, por sinal, está uma delícia! - Não queres que ele vá, é isso.

     - Como sabes?

     - Não é difícil de imaginar. Os teus olhos gritam isso.

     - Eu... - Olho para baixo evitando contato visual com Victor - Não quero perdê-lo. Sabes que se ele for, morrerá.

     - Também não quero reviver o que passei com Dieval, mas não há o que ser feito. Não podemos impedi-lo de ir.

     - Há, sim. - Digo sorrindo como uma vitoriosa.

     - Como assi... - Victor começa a falar, mas é interrompido:

     - Olha, vejam só! Não me esperaram. - Edgar aproxima-se da mesa sorrindo, olhando para Victor. - Bom dia.

     - Bom dia. - Eu e Victor respondemos em uníssono.

     - Onde está Christopher?

     - Foi para a cidade. - Victor responde.

     - Irei chamar Eloah. - Digo e retiro-me da mesa. Subo a escadaria e entro no quarto. Eloah já está acordada. Está vestindo-se para descer.

     - O café já está servido, mocinha.

     - Já estou descendo. - Diz e dá um sorriso radiante, como o que me dera no primeiro dia. Segura minha mão e corre escada à baixo.

     Enquanto Eloah toma café da manhã ao lado do pai eu vou para a varanda. Ar puro, é o que preciso. Observo as árvores que nos cercam. Parecem sábias, guardadoras de grandes mistérios e segredos. Decido aproximar-me.

     Fico pensando onde Edgar está agora. Quando desci com Eloah ele não estava mais na salda de jantar.

     Caminho por alguns minutos num círculo largo que cerca toda a casa, formado por árvores.
Paro em um ponto atrás da casa. Sento-me ao chão sem me importar com a mancha de terra úmida que certamente ficará em meu vestido.

     Fecho os olhos. Inspiro. Sinto-me tão viva... As lembranças da noite passada me invadem e eu permito-me relembrar a sensação de estar ao lado dele... E se Juliet estivesse aqui, o que diria?

     - Pensando em mim? - Assusto-me com a voz de Edgar. Ele está sentado ao meu lado, como não o ouvi chegar?

     - Em parte. - Respondo. Ele sorri. Deus, aquele sorriso... - Tenho uma proposta para fazer-te.

     - Uma proposta?

     - Sim. Queres mesmo ir, não?

     - Anna... - Ele desvia seu olhar do meu fingindo observar as árvores - Eu pensei que...

     - Edgar - O interrompo -, olhes para mim. Quero que fiques, ir para lá será suicídio.

     - Eu... não posso. Sabes disso. Tenho de ir.

     Sinto as lágrimas começarem a cair. Sinto raiva. Ele não vê que me importo? Que não quero e não posso perdê-lo? Perdê-lo... Uma dor aperta meu peito ao pensar no pior. Não consigo evitar os soluços porque a dor quer rasgar e rasgar e rasgar.

     Ele me abraça. - Não chores - Diz.

     Afasto seu corpo do meu com as mãos. - Não, tu não entendes! - Levanto-me e viro-me de frente à ele. - Que será de mim aqui sem ti?

     - Anna - Diz levantando-se -, ficará tudo bem.

     - Como podes ter certeza? Ouça-me então: quero que deixe-me ir também.

     - O quê? - Diz aproximando-se de mim - Sabes que não posso fazer isso.

     - Por que não?

     - Prometi cuidar de ti. - Percebo que silenciosas lágrimas também escorrem de seus olhos.

     - Como cuidarás de mim se não voltares?

     - Eu voltarei.

     - Como podes ter certeza?

     - Porque sempre haverá uma força maior do que todas as outras.

     - Estás a falar de... - Penso em Deus. Penso no amor. Penso no Deus Amor e não consigo terminar a frase.

     - Anna... - Ele aproxima-se ainda mais e segura-me pela cintura - Eu prometo: voltarei.

     - Não quero saber de promessas! - Digo soltando-me de seus braços e caminhando em direção à casa pisando forte. Se ninguém quer me entender, Deus há de o fazer.

   


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