Capítulo 4 - Isso é ter alguém?
Contém 3322 palavras.
Boa leitura ❤️
Perdida, mas ainda não encontrada
Feita de pedaços que recolhi do chão
Algumas noite, eu juro, não importa o quanto eu tente
Parece que nunca tocarei o lado azul do céu
Blue Side Of The Sky-Sofia Carson
Os minutos se passaram sem que me desse conta, enquanto me mantive concentrada em entrelaçar a fita amarela com a prateada, criando um formato harmonioso para a pulseira que darei ao Thor no dia do casamento. A cor amarela foi escolhida porque reflete e irradia a vida, representando a energia do sol, já a prata era a energia da lua, envolvente, emocional, sensível e misteriosa, fora que protege contra a negatividade, pois espelha a energia de volta.
Era perfeito para Thor, afinal, ele era uma combinação do sol: imponente e energético, com a atraente lua: misterioso e sensível.
Ao terminar a pulseira, não pude deixar de sorrir contente, ficou bonita e discreta, mesmo sendo bem masculina, exatamente como a personalidade dele parece ser.
Não espero muito dele, ao menos que possa confiar o suficiente para que possamos nos tornar amigos, pois pelo que ele demonstra, era alguém legal.
Infelizmente, o passado me ensinou que não era bem assim, não deveria confiar em ninguém à primeira vista, não quando minha própria vida estava em jogo. Demorou, mas aprendi que apenas era suficiente, somente confio na minha própria sombra.
Deixei a pulseira de lado, indo em direção à enorme sacada dos meus aposentos. Asgard era de fato belíssima, se não fosse meu amor por Alfheim, poderia facilmente me imaginar morando aqui, pois sua paisagem era quase transcendental. Ainda assim, não tive oportunidade de sair, pois, apesar de Odin já ter mencionado muito sutilmente sobre o casamento, ainda não queria ter a atenção de ser a noiva de Thor.
Uma suave batida ecoou, me tirando do torpor. Não fiquei surpresa ao abrir a porta e encontrar Cyrius, pois somente ele era tão sutil.
O elfo adentrou, ficando parado rente à porta, sorrindo meigamente em minha direção, tal qual não pude deixar de responder.
— Apenas queria lhe avisar sobre seu encontro no jantar — Cyrius anunciou, me deixando surpresa. — Senhor Odin, acredita que seja uma boa ideia você e seu noivo terem um momento a sós, para poderem conversar melhor.
Eu e Thor... num ENCONTRO?
— Espera... O quê?
Cyrius teve a audácia de rir levemente.
— Um jantar apenas para vocês dois, sabe, um encontro romântico — Cyrius explicou, divertido.
Suspirei, revirando os olhos.
Sabia o que significa um encontro!
O problema era ter um encontro romântico com ele, não precisamos disso!
— Para que isso? — perguntei entediada, ocasionando na carranca de Cyrius, me apresso para explicar. — Cy, não foi você mesmo que disse que não era para ficar sozinha com ele?
Cyrius cerrou os olhos, me fazendo rir.
— Vocês precisam se conhecer melhor, sabem que é preciso que confiem um no outro e, para isso, é preciso um grau de intimidade — Cyrius replicou ameno, mas ao ver meu semblante aturdido, sua face ficou mais séria. — Selene, não estou pedindo para dar uma chance romântica para ele, mas uma amizade e, se quer saber, duvido que ele vá fazer algo contra você.
Não poderia deixar de dar razão para ele, afinal, se Thor reinará sob os elfos e será meu marido, terei que confiar plenamente nele.
Mas como confiar em alguém, se somente a palavra me dá raiva?
Como confiar após tudo que sofri?
— Está bem...
Cyrius sorriu, segurando minhas mãos.
— Querida, sei que é difícil, mas ninguém mais fará nada contra você, dê um tempo e essa dor vai amenizar — Cyrius murmurou gentilmente.
Sim, amenizar, mas nunca sumir...
Como sumir, sendo que perdi o que é mais precioso para mim?
Minha filha...
Sem falar nada, apertei a mão de Cyrius, preferi não respondê-lo, não com minhas emoções no limite.
O sol se despediu, o que indicou a hora para que começasse a me arrumar, mesmo sem nenhuma vontade de algo romântico. Ainda assim, estava curiosa para saber para onde iríamos.
Após alguns minutos, decidi por um longo vestido de alças finas, com um decote singelo e mangas longas, na cor verde-esmeralda, junto a um espartilho adornado com algumas pedras preciosas. O tecido leve e esvoaçante me deu mais leveza para me movimentar.
Olhei no espelho, não conseguindo conter um suspiro. Sob o cabelo, apenas o deixei meio amarrado, com algumas pedrarias. Não era necessário passar maquiagem, ao menos isso.
A batida forte na porta soou exatamente quando terminei.
Ele era pontual...
Me arrastei até a porta, abrindo-a de má vontade. Agora era tarde, e não poderia inventar desculpas para não ir ao encontro. Assim que a abri, seu aroma me atingiu em cheio, preenchendo todo o ambiente, numa mistura intrigante e cítrica, trazendo uma sensação de frescor reconfortante. Thor levantou o olhar, assumindo um semblante surpreso ao me olhar por inteiro, enquanto seu corpo se movia para frente, trazendo consigo mais de seu aroma forte e delicado, deixando um rastro quente no ar.
Seus olhos amarelo-esverdeados, tão profundos, miraram os meus com uma atenção desconcertante. Ele, que sempre esteve tão frio e sem nenhum sentimento no olhar, demonstrou uma intensidade inesperada. O calor do seu olhar era tão palpável que foi impossível manter contato. Desviei o olhar, sentindo minhas bochechas quentes, apesar de achar graça de sua reação ao me ver.
A vivacidade em seu olhar me pegou de surpresa, me deixando vulnerável. Ao perceber minha reação, ele suspirou baixo, atraindo meus olhos até ele, com uma expressão suave e reconfortante.
— Desculpe por constrangê-la, está deslumbrante! — a voz de Thor soou mais rouca que o costume.
— Obrigada! — respondi, tentando controlar o rubor nas minhas bochechas.
Sem controle, olhei para ele também, notando o quão bonito ele era.
Sua presença marcante, com seus intensos e longos cabelos ruivos caindo desordenadamente ao redor de seu rosto, lhe dava um ar mais selvagem e indomável. Seus olhos, sempre frios, agora brilhavam intensamente sob seu semblante ameno, vestindo uma elegante camisa de gola aberta que revelava parte do seu grande peitoral, branca, rica em detalhes, calças negras, mas obviamente não poderia faltar sua armadura ao redor da cintura. Como sempre, ele estava pronto para qualquer situação.
— Não vai dizer que estou lindo também? — ele retrucou, maroto.
Não contive o riso sarcástico, enquanto o empurrava para fora do quarto, seguindo pelo corredor com ele ao meu lado.
— E aumentar seu ego? — repliquei, maliciosa.
Thor me olhou com um sorriso enorme.
— Então admite que estou bonito?
Homens e seus egos...
— Onde vai me levar? — mudei de assunto, aumentando seu sorriso.
— Pensei em mostrar uma parte de Asgard, antes de chegarmos ao nosso destino.
Não mentiria que isso me animou mais, pois queria fazer um tour desde que cheguei ali, mas fui orientada a evitar, já que era arriscado. Mas ele não se importava, e me perguntei: por que deveria?
— Vamos!
Um sorriso sincero cruzou seu rosto ao ver minha clara animação. Ele começou a caminhar, lançando alguns olhares discretos em minha direção, quando pensava que estava atenta, admirando a arquitetura do lugar. Embora estivesse, ainda conseguia sentir cada vez que ele me olhava.
Não consegui esconder o fascínio quando chegamos às ruas, assumindo uma animação de criança.
— É tão moderno aqui, Asgard realmente é linda!
A mistura das ruas de modernidade com antiguidade era de tirar o fôlego. Apesar da clara modernização, não perdeu o charme único que possuía. Sua arquitetura seguia cheia de histórias, observar cada local era como ver o que aconteceu ali.
— Evoluímos através dos tempos, olha os guardas — Thor apontou para os guardas que pareciam se comunicar através de um sistema eletrônico. — Estamos mais atentos às tecnologias que nos permitem uma defesa mais eficaz durante um ataque.
Era algo mais útil quando precisávamos enfrentar seres poderosos e não tínhamos tempo de chamar ninguém!
— Perceberam isso depois do ataque dos jotuns? — perguntei, curiosa.
O semblante dele mudou abruptamente.
— Sim.
Sua resposta curta e grossa me deixou atônita, mas nada mais que surpresa ao ver seu semblante irritado.
— Thor...
— Se quer falar sobre isso, vamos logo para o local do jantar, não deve ser chamada atenção para você — ele me interrompeu, totalmente frio e distante.
Concordei, curiosa, sobretudo com a sua frieza repentina.
Por que ele mudou tão rapidamente?
Isso era apenas porque mencionei os jotuns?
O caminho que Thor tomou foi em direção ao mar aberto, onde próximo a ele tinha uma espécie de cabana que estava rente às águas, totalmente rústica, com a madeira desgastada pelo tempo e a pintura descascando, dando a impressão de abandono, mas ao adentrarmos no local, observei que era apenas o charme dela, com a decoração simples, mas acolhedora, com móveis de madeira clara e tecidos suaves. A sala principal era iluminada suavemente à luz de velas, criando um ambiente mais romântico e aconchegante. Ao canto, uma pequena lareira de pedras e algumas poltronas confortáveis ao redor.
Thor continuou adentrando o local até os fundos, atrás de uma enorme porta. Uma charmosa varanda surgiu, com a mesa posta para o jantar, sob uma elegante toalha de linho branco e pratos requintados. As velas sob a mesa aumentaram o clima romântico, apesar de perderem todo o foco para a lua ao fundo, a luz prateada dela contra o mar, com as ondas quebrando suavemente, criando uma melodia relaxante.
Fechei os olhos em pura contemplação, sentindo a brisa salgada e o aroma fresco do mar.
— Sei que merecia algo mais refinado, mas pensei que um local com menos pompa e menos gente se metendo fosse o ideal.
Algo privado assim era perfeito.
Simplicidade era o real motivo de estarmos ali, para que pudéssemos nos conhecer sem que ninguém se intrometesse, pois no castelo era óbvio que tentariam forçar um clima romântico a todo momento.
— Preferi evitar multidões — admiti timidamente, arrancando um breve sorriso dele. — E também não quero que ninguém se intrometa.
— Também não gosto de multidões — ele concordou, então sorriu olhando para o céu. — Mas devo avisá-la que, apesar disso, Cyrius sabe onde estamos, ele deixou claro que deveria ser um cavalheiro.
Claro que o Cy faria algo assim!
Sem tirar o sorriso do rosto, ele puxou a cadeira para que eu sentasse, num gesto cavalheiresco, totalmente atípico do que demonstrava ser, não que eu pensasse que ele fosse um total ogro, mas Thor era mais atencioso do que eu esperava.
— Por que não deixou que comentasse sobre os jotuns no caminho? — voltei ao assunto assim que ele se sentou em minha frente.
Thor suspirou, cruzando as mãos sob o queixo.
— Muitos ainda acham que a invasão foi culpa dos elfos, passamos despercebidos na rua, mas se chamássemos a atenção para você...
Então ele usou seus poderes e a influência para que ninguém nos notasse, entendi que ele não quisesse chamar a atenção, pois foi decidido entregar os convites em cima da hora para evitar confusões.
— E o que você acredita? — perguntei, desconfiada.
Seus olhos intensos encontraram os meus, assumindo um semblante totalmente neutro.
— Sobre?
Suspirei, revirando os olhos.
— O ataque, acha que foram os elfos?
Thor desviou os olhos, mirando o horizonte por alguns instantes.
Era óbvia a desconfiança sobre meu povo, no lugar dele também acreditaria nisso, mas eu queria que ele fosse honesto.
— Foram os elfos, mas não como você pensa.
Olhei confusa em sua direção.
— E como é então?
Thor devolveu o olhar com cautela.
— Selene... existe uma conspiração para tirá-la do trono e isso não é de agora, então suponho que foi isso que causou o ataque.
Ele não estava errado, pois seria bem mais fácil manipular tudo se os Deuses tivessem matado meus pais na época. A gravidez da mamãe foi segredo até meu nascimento, por precaução, algo comum na realeza. Então, quem estivesse pensando em ocupar o lugar do meu pai achou que não teria herdeiros.
— Está certo, mas não era o Uziel, ele era apenas uma criança quando isso ocorreu — murmurei ao lembrar que ele era apenas oito anos mais velho que eu.
— Tem os pais dele — Thor retrucou com uma careta.
Os pais dele, apesar de serem rígidos, eram leais à minha família, tinham sido assim durante anos. Não entendia o que ganhariam em trair a confiança dos reis, não quando eles já eram mais prestigiados, principalmente por terem um herdeiro homem.
Olhei para Thor, vendo seu semblante fechado com a menção de Uziel. Sem responder, comecei a comer, seguida por ele por alguns minutos, apenas apreciando a culinária dos Deuses.
Cyrius tinha razão, não era totalmente chato jantar com ele.
— Diga-me, é verdade que matou todos os jotuns num único golpe? — perguntei, curiosa, após um tempo.
Thor suspirou entediado, para minha surpresa.
— Sim.
— Thor! Quero a história completa! — resmunguei.
Ele apenas sorriu ao ver meu semblante emburrado com seu jeito direto.
Estávamos ali para conversar, podia começar a falar!
— Meu pai mandou que as muralhas fossem construídas para proteger Asgard dos jotuns, mas algo aconteceu naquele dia, eles, que nunca atacaram em conjunto de forma organizada, fizeram isso, tudo virou um caos, já que com tantos gigantes, os guardiões não conseguiram proteger os moradores. O ataque nos pegou de surpresa, tanto pela quantidade como pela organização.
Thor sorriu ao ver meu olhar fascinado e começou a se esforçar para contar a história, mesmo sendo ao contrário do seu jeito.
— Chamaram você quando viram que não dariam conta?
— Fui avisado do ocorrido e matei todos os jotuns — ele concluiu a história com uma leve melancolia.
— Sessenta e seis jotuns num único golpe!
Ele encolheu os ombros, como se não fosse nada, como se ele não tivesse evitado uma tragédia maior naquele dia.
Thor era protetor, mas ainda assim tinha seus anseios. Para alguém tão forte, deveria ser terrível não ter ninguém para compartilhar suas lutas, um rival à altura. Por isso ele se sentia solitário...
— Você é sedento por batalhas, por isso sente tédio, pois não pode lutar com euforia com alguém digno, já que não tem oponente para combatê-lo.
Thor me olhou com espanto, ocasionando um pequeno sorriso meu em resposta.
— Thor, quando temos um poder fora do comum... nos tornamos solitários, pois é difícil encontrar alguém para dividir, um amigo ou rival...
— Sou tão previsível assim? — ele resmungou.
— Não, mas é notavelmente um guerreiro... — retruquei bem-humorada.
Ele revirou os olhos, sorrindo levemente.
— Você também não é uma princesinha frágil...
— Concluiu isso após perder para mim? — repliquei audaciosa.
Ele se inclinou sobre a mesa, ficando a poucos centímetros do meu rosto, com um sorriso maroto em sua face.
— Você roubou, é diferente!
Que petulância! Ele ia ficar nisso até quando?
— Usei os poderes dos elfos!
— Um bem irritante... — ele resmungou.
Não consegui controlar o riso, para seu divertimento.
— Conseguiu usar todos os poderes dos elfos? — ele me olhou, interessado.
— Sim, menos os que envolvem a luz... — respondi, desconfortável com o rumo da conversa.
— E quanto aos poderes da escuridão? — ele perguntou, genuinamente curioso.
Um arrepio percorreu minha espinha com a pergunta, pois era algo que não gostava de lembrar.
— Se não quiser contar, tudo bem, não quis deixá-la desconfortável, só fiquei curioso.
Sorri, tensa.
— Perco toda a bondade quando uso os poderes, fico sem controle do que é certo e errado. Quanto mais se usa, mais nas trevas se fica, por isso evito usá-los, pois é um caminho sem volta.
Fechei os olhos ao lembrar da sensação.
Quando voltava ao "normal", sentia todo o peso que fiz com o domínio das trevas. O poder dava uma sensação de invencibilidade, nada era impossível, mas tinha um preço. Quanto mais se usava, mais corrompida a alma ficava, até não sobrar nada.
Perdi o controle duas vezes, quando minha filha morreu e quando soube da morte dos meus pais. Não estava em Alfheim, pois foi no exato dia do aniversário da morte da minha pequena. Quando soube do ataque e que meus pais não sobreviveram, as trevas tomaram conta. Acabei devastando a cabana onde estava, matando minha dama de companhia e alguns empregados.
— Selene... — a voz suave de Thor, assim como a mão quente na minha, foi reconfortante. — Não está mais sozinha.
Ao sentir seu calor, abri os olhos, vendo seu olhar quente e acolhedor, como nunca sentira antes.
— Obrigada... — apertei sua mão, fazendo-o sorrir.
— Me diga, sabe lutar corpo a corpo? — ele mudou de assunto, levemente empolgado.
— Não para seu nível.
Ele visivelmente ficou mais animado.
— Posso ensiná-la.
— Aprender a lutar com o mais forte Deus nórdico, claro que quero!
O sorriso dele iluminou todo seu rosto. Entendi que ele queria se aproximar da maneira que sabia, que era lutar. Provavelmente ele não era bom com romance, mas ainda assim queria construir uma boa relação comigo, e isso me trouxe paz.
Uma chuva de estrelas cadentes chamou minha atenção. Sem conter, pulei rente à sacada, puxando-o para me acompanhar.
— Que lindo!
Começava com um brilho tênue no horizonte, como se o céu estivesse se preparando para um espetáculo. As primeiras estrelas riscaram o céu noturno, seguidas por outras, até que o céu se encheu de traços luminosos, cada um deixando um rastro mais brilhante que o outro, persistindo por alguns segundos antes de desaparecer.
Variando em cores e intensidade, um espetáculo contínuo, com dezenas de estrelas, criando uma sensação de movimento constante no céu.
Meu olhar não conseguiu sair do céu, de tão maravilhada com a cena que refletia sob meus olhos. Thor, ao meu lado, riu leve, atraindo levemente meu olhar e me distraindo do espetáculo divino.
Com um sorriso maroto, ele abaixou-se até minha altura, pegando-me em seu colo. Sem querer, meus gritos ecoaram, aumentando seus risos.
— Me solta!
Ele me ignorou, pulou para o telhado da cabana, onde pudemos ver melhor o céu estrelado. As estrelas pareceram mais próximas, quase ao alcance das minhas mãos, uma sensação mágica e inesquecível.
— Asgard é linda!
Thor sorriu sincero, deitando-se sob o telhado com o rosto voltado para o céu.
A brisa noturna fresca e suave, junto das ondas ao longe, complementou o momento, com uma noite perfeita.
— Deveria sorrir mais, alegria combina com você — Thor comentou, com os olhos ao longe.
Sorri encantada, mantendo meu olhar para as estrelas. Quando a última cruzou o céu, o Deus suspirou pesadamente.
Oh! A noite acabou e teríamos que ir!
— Está acabando, vamos? — Thor perguntou, rindo ao ver minha careta.
— Podemos ficar mais um pouco?
Thor sorriu, concordando, num movimento suave, me puxou para encostar contra seu peito. Apesar da leve sensação estranha por deixar alguém me tocar assim, senti alívio pelo calor dele contra mim, tão suave e reconfortante. Aceitei o contato de bom grado, virando o rosto para os céus. O momento não precisava de conversas, apenas ficamos em silêncio, com a brisa leve, o cheiro do mar misturado ao dele, me relaxando cada vez mais.
O sono me pegou, foi difícil manter meus olhos abertos, ainda assim senti ele me pegar no colo, usando seus poderes para nos transportar diretamente para meus aposentos. Senti meu corpo ser colocado com delicadeza sob a cama.
— Você é linda, uma beleza natural e de tirar o fôlego... — ele tirou uma mecha do meu rosto, suspirando, e então beijou suavemente minha testa.
Meu coração bateu descontrolado quando senti o carinho emanado dele, tão estranho e novo. Surpreendentemente, me peguei querendo mais, querendo ser tratada assim...
A raiva latente queimou meu sangue, nunca antes a senti daquela maneira. Selene, não pense que passei por tudo apenas para perder meu lugar, isso não aconteceria!
O convite de casamento queimou em minhas mãos, assustando o servo à minha frente.
Isso não seria nada, comparado ao que eu faria com aquela pequena praga.
Um Deus... ela se uniria a um maldito Deus!
Ela acreditava mesmo que poderia se esconder?
Não aconteceria, não seria passado para trás, ralei muito para chegar onde estava, suportei demais!
Essa maldita, apelando para ele, o que o idiota faria?
Protegê-la?
Justo o mais frio dos Deuses, muita burrice, mas eu não o subestimaria, não após o que passei.
Era tudo culpa deles, se fosse feito como eu planejei, o trono já estaria em minhas mãos!
Inteligência foi o que lhes faltou, mas a culpa era minha, afinal, não deveria tê-los ouvido, se tivesse feito isso, o trabalho teria sido poupado.
Selene, você se arrependeria de não ceder o trono para mim, parecia que teria que perder mais, não pensava que estar ao lado de um Deus me pararia, nada tiraria o trono, meu por direito.
— Está tudo pronto? — perguntei ao servo.
— Sim, meu senhor — ele assentiu, nervoso.
Parecia que ela não tinha aprendido da primeira vez...
Um coração quebrado não tem concerto, eu mostraria novamente as consequências de confiar em alguém.
— Princesa... seu inferno nem começou!
A farei sofrer como nunca, se arrependerá de estar viva!
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