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Capítulo 36 - Determinação de um Deus

Contém 3760 palavras.

Boa leitura❤️

Me abrace apertado

E nunca me deixe ir

Em seu coração eu encontrei um lar

Um lugar que eu nunca estive antes

Ninguém sabe

Simplesmente pra onde quer ir

Viva sua vida amadurecendo e envelhecendo

Com músicas simples e as mesmas velhas histórias


Mas nós poderíamos se entregar

Nós poderíamos se entregar

Eu sinto você em meus ossos, oh oh oh

Da minha cabeça aos meus pés, oh oh oh

E eu sei que é um longo caminho

Enquanto nós nos entendemos

Você não vai ficar compromissada comigo?


Vou te manter aquecida

Quando os anos te deixarem com frio

Eu vou aonde você for

Eu estarei lá quando você estiver sozinha

Eu sei que é estranho

Vivendo a vida de maneiras diferentes

Eu juro, eu te daria todos os meus dias se eu pudesse



Podemos nos apressar?

Eu sei que não tem como as luzes se apagarem

Quando você está até agora tão ligada a mim

Eu vou te respirar

Porque o pensamento de um dia perder você

Certamente deixaria minha vida triste

Eu sinto você em meus ossos, oh oh oh

Da minha cabeça aos meus pés, oh oh oh

E eu sei que é um longo caminho

Enquanto nós nos entendemos

Você não vai ficar compromissada comigo?


Trechos da música - The Middle- Gavin James


O ar gélido me irritava... escuridão, frio, névoa. Um dos dois mundos primordiais, surgido com Muspelheim do Ginnungagap, o vazio aberto. Dois mundos opostos, Muspelheim ascendendo, Niflheim descendo. O reino sombrio, enraizado na Yggdrasil, a Árvore do Mundo, no centro dos nove mundos... um lugar perverso, o epicentro de toda a maldade existente.

Apesar do meu desgosto, estava decidido. Não abandonaria Selene. Sou um Deus. Não me afetaria. E sabia que Cyrius protegia seu corpo, dando-me tempo.

Um arrepio cortou-me da cabeça aos pés. A floresta negra se erguia, envolta em uma névoa gelada que parecia sussurrar segredos sombrios. As árvores, carbonizadas e desfiguradas, se erguiam como esqueletos de um passado esquecido, suas raízes expostas e retorcidas, como se tentassem escapar do horror daquele lugar. Nunca estive aqui, nunca precisei. Ao pisar nos blocos de gelo, ela surgiu. Um capacete de ferro losangular cobria seu rosto cadavérico, enquanto sua pele, pálida e em decomposição, se estendia sobre ossos expostos. A podridão emanava dela, um odor nauseante que me invadia, como se a própria morte estivesse ali, à espreita.

— Quem é você? — perguntei, intrigado.

Ela me observou, avaliando. Não escondi minha aura. Usaria todo o meu poder, se necessário. Não podia perder tempo.

— A guardiã da entrada de Niflheim. O que faz um Deus se rebaixar aos confins do universo? — a pergunta dela me fez engolir em seco.

Sua aura, escuridão pura, me afligia. Não podia deixar Selene ali por muito tempo. Cada instante parecia uma eternidade.

— Estou à procura de uma alma, libere minha entrada — ordenei, a raiva já borbulhando em meu peito.

Seu riso ecoou, frio e zombeteiro, me fazendo apertar os punhos.

— Não tem poder algum aqui... — ela respondeu, a voz arrastada, carregada de um sarcasmo que me cortou como gelo.

A fúria explodiu. Num instante, um raio cortou o ar, atingindo-a em cheio na cabeça. Ouvi o som horrível do pescoço se partindo, mas ela apenas suspirou, um som quase imperceptível. Ao cair, o capacete de ferro revelou o horror: metade de sua cabeça havia desaparecido.

— Não vai conseguir me matar, já estou morta — ela declarou, a voz entediada, sem o menor traço de medo ou dor.

— Saia da minha frente! — rosnei, a voz rouca de raiva contida. Meu corpo tremia, uma mistura de fúria e crescente apreensão.

— Se quer tanto se arriscar, vá em frente. Apenas se lembre, mesmo sendo um Deus, não tem garantias de que saia vivo daqui. Se morrer, sua alma ficará presa a Niflheim — ela disse, abrindo caminho com um gesto lento, quase indolente.

A ideia me gelou. Se eu, um Deus, não estava a salvo... o que aconteceria com Selene?

— O mesmo acontece com as almas que estão aqui? — perguntei, a voz quase um sussurro, a angústia me sufocando.

A guardiã inclinou a cabeça, num gesto quase curioso, como se estivesse tentando decifrar de quem falava, a indiferença em seus olhos me cortando ainda mais.

— Tem poder de saber sobre as almas? — resmunguei, a impaciência me corroendo por dentro. Minhas mãos se fecharam em punho.

A guardiã ergueu os braços, num gesto lento e misterioso. Um cetro negro surgiu em suas mãos, e ela o observou com uma estranha curiosidade, como se estivesse em uma conversa silenciosa com o objeto. Um brilho fantasmagórico o envolveu, um brilho incomum, quase sobrenatural. Então, vi: uma árvore em miniatura, a Árvore da Vida, e suas folhas caindo a uma velocidade absurda. Meu coração disparou ao reconhecer a árvore de Selene.

— Selene, filha da casa Aruna, rainha de Alfheim, está viva. Sua vida, no entanto, mantém-se por um fio. Ela foi mandada para cá para morrer. Não tem o que fazer — ela respondeu, a voz fria e implacável. A notícia me atingiu como um golpe físico.

— ELA NÃO VAI MORRER! — rosnei, a fúria me consumindo. Me virei de costas para ela, incapaz de suportar a visão daquela criatura e a sentença de morte sobre Selene.

A salvaria. Mesmo que isso custasse minha própria vida.

— Thor, tens até o anoitecer de Alfheim para encontrá-la e salvá-la. Se não, os dois ficarão presos aqui por toda a eternidade — sua voz me alcançou, me fazendo parar.

Olhei para ela, intrigado. Sua ajuda era inesperada, incompreensível. Uma guardiã de Niflheim, benevolente?

— Já fui uma elfa da luz. Sucumbi às trevas e estou aqui há mais tempo do que seus milênios de vida. Meu coração não bate mais, mas sei reconhecer o desespero do amor. Siga por essa trilha até chegar aos grandes muros. Não pode usar seus poderes de Deus aqui até chegar ao centro de Niflheim, ou chamará a atenção dos seres malignos que vivem aqui. Apenas vai perder tempo. Ela estará na sala das almas. Vá logo encontrá-la — ela declarou, desaparecendo tão repentinamente quanto apareceu.

Um pequeno sorriso de alívio e esperança surgiu em meus lábios, antes de me lançar a correr na direção indicada. Cada passo era impulsionado pela urgência, pela esperança, pelo amor.

A trilha serpenteava pela floresta escura. Horas se passaram, talvez mais, talvez menos. O tempo em Niflheim era fluido, distorcido pelas sombras e sofrimento. O fraco sol, errático e imprevisível, me deixava desorientado, confundindo a passagem das horas. Mas, se minha intuição estava correta, o sol ainda estaria alto em Alfheim. Chegaria a tempo.

A responsabilidade pesava sobre mim, esmagadora. A impotência de não ter evitado o que aconteceu, a quase perda dela e de nosso filho... a culpa me corroía. Jamais me perdoaria se a perdesse. Ela era minha vida. Antes dela, apenas existia. Ela trouxe a luz para minha existência. Desde o primeiro instante, algo mudou.

Lembranças invadiram minha mente: a ansiedade antes do encontro com os elfos, a preocupação com a reação de Loki, suas provocações irritantes sobre ser um cavalheiro. Mas tudo isso se apagou quando a vi.

Sua aura... a tristeza profunda, mas também uma força inabalável. Quando seu olhar encontrou o meu, percebi que ela era muito mais do que uma princesa delicada. Era forte, determinada. Sua beleza era inegável, mas foi seu olhar que me cativou: o desafio, a audácia. Ela me desarmou completamente.

A cada encontro, um novo sentimento desconhecido florescia em meu peito. Foi quando ela se descontrolou pela primeira vez que percebi que queria passar a eternidade ao seu lado. Após ela, nenhuma outra mulher existiu em meus pensamentos. Meu amor por ela cresceu a cada dia, a cada demonstração de confiança. Sua força, sua coragem me fascinavam. Ela era mais do que sua coroa, ela era destemida.

As lágrimas escorriam livremente. Tantas coisas nos esperavam. Tinha que salvá-la. Ela era minha vida, não suportaria viver sem ela.

Não entendia sua desconfiança. Sempre demonstrei meu amor absoluto. Mas suas feridas deixadas por Uziel eram mais profundas do que ela admitia.

"Atender aos desejos de Selene era uma alegria pura, mesmo que a cada dia eles se tornassem mais estranhos. A visita de Loki na semana passada ainda ecoava em minha mente, ele trouxe dolma, e Selene ficou tão encantada que acordou hoje com uma vontade incontrolável de comer. Mas não era só isso, ela queria chocolate por cima. A mistura de doce e salgado me deixava enjoado, mas nunca negaria seu pedido. O problema era que precisava ir ao Olimpo, onde meu irmão havia encontrado o doce em uma doceria nova.

O local, no centro da Praça do Olimpo, era amplo e ricamente decorado, exatamente como Loki descreveu. Mas já era a décima loja que avistava. Não era possível que não encontrasse essa coisa!

Adentrei o estabelecimento e, ao me ver, um serviçal correu até mim, curvando-se em sinal de respeito.

— Senhor, que honra! Entre, entre! O que deseja? — ele murmurou, o nervosismo evidente em sua voz.

Olhei ao redor, tudo reluzia de forma quase ofuscante. Era novo? Não poderia saber, já que nunca estive num restaurante no Olimpo.

— Dolma para viagem — resmunguei, e o coitado pulou de susto. — E coloque chocolate derretido por cima.

Ele assentiu, atônito, e correu para buscar o prato.

Um suspiro pesado escapou dos meus lábios, a frustração borbulhando sob a superfície como lava prestes a entrar em erupção. Antes que pudesse processar, senti o peso de uma mão sobre meu ombro, leve como uma pena, mas intrusiva como uma cobra. Esquivei-me com um sobressalto, a irritação me queimando por dentro. Afrodite estava ali, ao meu lado, com um sorriso malicioso curvando seus lábios. Seu rosto, perfeito demais, era como mármore polido, mas seus olhos azuis, cintilantes e profundos como o oceano, me olhavam com uma intensidade que me deixava desconfortável. Cabelos dourados, uma cascata de seda sobre suas costas nuas, emolduravam seios fartos, desafiando a gravidade com uma audácia quase ofensiva. A proximidade dela era insuportável, uma invasão física e mental. Afastei-me, mas seu sorriso só se alargou, como se ela se deleitasse com meu desconforto.

— Os desejos começaram? — ela perguntou, o tom zombeteiro em sua voz.

Respirei fundo, buscando me acalmar. Ela não valia meu estresse. Apenas virei o rosto, ignorando-a. Mas ela não aceitou isso e parou em minha frente, seu olhar intenso enterrando-se no meu.

— Está muito tenso. Se quiser, posso melhorar sua tensão — murmurou, maliciosa. Sua mão pousou em meu peitoral, e um fio de irritação percorreu meu corpo. Segurei seu punho com força excessiva, impedindo que me tocasse.

— Não encoste em mim! — rosnei, minha voz carregada de fúria, e ela soltou uma risada suave.

Ela se afastou, cruzando os braços abaixo dos seios, quase fazendo-os saltar. Irritado, desviei o olhar.

— Então é verdade que está apaixonado. Tudo bem, se quiser... sabe onde me encontrar — ela murmurou, com um toque de marotice.

Revirei os olhos, procurando o maldito empregado. Não tinha tempo a perder nesse lugar irritante.

Os olhos de Selene brilharam ao ver o prato em sua frente. O sorriso que se abriu em seu rosto iluminou todo o ambiente, mesmo que a comida em si fosse um tanto nojenta para mim. Mas sua alegria era contagiante. No entanto, sua atenção desviou-se do prato quando me sentei ao seu lado na cama. Ela se aproximou, cheirando meu pescoço e meu braço, e rapidamente se afastou, o olhar irritado me fazendo encolher como um gato assustado.

— O que foi? — perguntei, confuso.

— Está com um cheiro de perfume feminino, e não é o meu! — ela respondeu, a fúria evidente em sua voz.

Aquela maldita fez isso de propósito!

Suspirei, lembrando do encontro com Afrodite. Esperava que isso a acalmasse, mas, em vez disso, Selene ficou ainda mais furiosa. Em um impulso, ela pulou para fora da cama.

— Aonde vai? — perguntei, confuso.

— MATAR AQUELA MALDITA! QUEM ELA PENSA QUE É PARA FLERTAR COM VOCÊ? — sua voz era um misto de raiva e indignação.

Ela estava com ciúmes! Não consegui conter o riso, e meu coração disparou, pulsando com uma mistura de alegria e adrenalina.

— ESTÁ PENSANDO QUE NÃO SOU PÁREO PARA ELA? — ela perguntou, a ira transbordando.

Ri ainda mais, deixando-a possessa. Mas, ao vê-la correr para a porta, saltei atrás dela, puxando-a pela cintura. O impacto a fez colidir contra meu peitoral, e ela suspirou, tentando se soltar, mas meu coração aquecia ao vê-la tão ciumenta. Era uma gracinha vê-la brava por algo tão idiota, não havia ninguém além dela para mim.

— Sei que você poderia acabar com ela, mas não tem motivo nenhum, pois sou apenas seu, sabe disso — murmurei em seu ouvido, a proximidade me fazendo sentir como se flutuasse.

Ela estremeceu, aconchegando-se mais contra mim, o calor de seu corpo aquecendo o meu.

— Não gosto que elas fiquem flertando com você. Elas sabem que você é casado e mesmo assim não se importam! — resmungou, emburrada.

Entrelacei os dedos em seus cabelos, puxando-a em minha direção, desejando que ela soubesse o quanto a valorizava.

— Selene, não precisa ter ciúmes. Jamais iria trair você. Eu te amo!

— Eu sei... — ela murmurou, levemente corada contra meu corpo. Adorava todas as facetas dela, e a tímida era, sem dúvida, a que achava mais fofa.

Abracei-a com carinho, sentindo seu corpo se aconchegar contra o meu. Estar com ela em meus braços era um sonho, e beijei suavemente sua testa, fazendo-a sorrir levemente.

— Vem, coma essa coisa logo. Me fez ir até o Olimpo buscar isso. Não sabe o quanto tive que andar apenas para saciar seu desejo! — resmunguei, puxando-a em direção ao prato, fazendo-a rir."

Não consegui conter o riso ao reviver aquela lembrança. Selene, tão ciumenta e insegura... Sabia que suas inseguranças eram raízes profundas, plantadas em seu passado conturbado. Foi por isso que ela acreditou tão facilmente na minha suposta traição. Mas jamais seria capaz de tal coisa. Em todos os meus milênios de vida, nenhuma outra mulher jamais me fez sentir o que Selene me faz sentir. A lembrança de seu ciúme, de sua fragilidade, de sua insegurança, me encheu de um calor tão intenso quanto a fúria que ela sentia quando imaginava que a traía. Mas era justamente essa fragilidade, essa vulnerabilidade, que a tornava ainda mais preciosa, ainda mais amada. Era essa Selene, com todas as suas inseguranças, que amava acima de tudo.

"Os dias passavam e notava a tristeza em Selene. Me esforçava para mantê-la entretida, mas sabia que, apesar de entender a necessidade do repouso absoluto para o bem do bebê, ela se sentia mal por ficar ociosa.

Decidido a fazer uma surpresa. Deixei o reino sob os cuidados de Cyrius, com ordens expressas para que não fôssemos incomodados. Nada era mais importante que Selene. Mas ao entrar em seu quarto para buscá-la, congelei ao vê-la aos prantos, agarrada ao travesseiro.

— Selene, está sentindo algo? — perguntei, entrando no quarto apressado, a aflição apertando meu peito.

— N-não! — sua voz chorosa só aumentou minha angústia.

— Vou chamar o médico...

— Thor... você... você não sente falta... de ter relações? — ela interrompeu-me, a pergunta me atingindo como um raio.

Olhei para ela, confuso. Seus olhos estavam inchados, o rosto abatido e avermelhado pelo choro. Mas sua pergunta me deixou completamente atordoado.

— O quê?

— Sei que não posso satisfazê-lo por conta da gravidez ser de risco, mas... ainda tem suas necessidades... — ela murmurou, a voz baixa e trêmula.

— Pode parar! — interrompi-a, sentindo a raiva crescendo dentro de mim. Sua insegurança me machucava.

Seu olhar caiu e um soluço escapou. Suspirei, buscando me acalmar.

— Selene, uma relação não se resume apenas a sexo. Me ofende que pense assim! — resmunguei, a voz mais suave agora.

Ela assentiu, sem me olhar. Me aproximei, segurando-a com extremo cuidado. Ela se aninhou em meu peito, suspirando.

— Eu amo você. Não é apenas seu corpo, amo sua alma, amo você inteira. Posso passar a vida inteira sem sexo, mas não passaria sem você. É apenas temporário. Logo tudo vai voltar ao normal. Não pense besteira — sussurrei em seus cabelos.

— É que fico pensando em você andando por aí... é lindo, e todas acham isso... uma hora a necessidade vai chamar... não posso condená-lo por isso... — ela murmurou, triste.

Revirei os olhos, incrédulo.

— Passo o dia resolvendo questões do reino para transformar Alfheim num lugar dos seus sonhos, para deixar todos do seu reino felizes. Penso em você desde a hora que acordo até a hora que vou dormir. Não tem espaço para mais ninguém em minha vida, desde a primeira vez que a vi — declarei, apaixonado.

Ela sorriu entre lágrimas, me puxando para perto. Seus lábios contra os meus eram doces e calmos.

— Desculpa! — murmurou ao se afastar, encostando a cabeça em meu ombro.

— Entendo sua insegurança, mas se a deixar mais tranquila, ainda posso me satisfazer sozinho enquanto penso em você — sussurrei em seu ouvido.

Selene se afastou, completamente corada.

— Thor! — ela deu um suave tapa em meu ombro, me fazendo rir.

— Não tenho culpa se minha esposa é dona de todos os meus sonhos, até os mais sem-vergonhas! — declarei, sorrindo maroto ao vê-la mergulhada na vergonha. — Desejo apenas você. Não importo de esperar o tempo que for preciso, mas não quero mais vê-la chorando. Parte meu coração!

Ela sorriu, beijando suavemente meus lábios."

Suspirei, balançando a cabeça em descrença. Aquele maldito elfo... conhecia os medos de Selene, seus pontos fracos, e os explorou com uma maestria cruel. A culpa me esmagava. Abaixei a guarda, permiti que a insegurança dela florescesse, e agora aqui estávamos nós, lutando contra as consequências. 

Ao final da trilha, uma muralha gigantesca se erguia imponente, ameaçadora. Meu peito apertou. Teria que escalá-la sem usar meus poderes. Um sacrifício necessário, um preço a pagar para salvar Selene. A cada movimento, minhas mãos sangravam ao tocar nas rochas ásperas e cortantes, como se milhares de agulhas perfurassem minha pele. E junto ao sangue, uma gosma negra e viscosa se misturava, intensificando a dor lancinante. Mas a dor, a agonia física, não me fariam desistir. A imagem de Selene, sua fragilidade, seu rosto banhado em lágrimas, me impulsionava. A alcançaria, não importava o custo. A determinação queimava em minhas veias, mais forte que qualquer dor.

Era o meu amor por ela que me daria forças, suprimindo a dor. Continuei a subir com determinação, a dor física esquecida. Em minha mente, apenas jazia Selene, seu rosto, sua voz. Por ela, continuaria naquele inferno pela eternidade, se fosse preciso.

Minhas mãos, feridas e calejadas, agarravam-se com força às rochas, impulsionando-me para cima. Finalmente, cheguei ao topo. Ultrapassei os grandes muros e agora, diante de mim, três trilhas se abriam: a primeira, envolta em águas carmesins, o sangue puro. A segunda, feita de uma lama completamente negra, a mesma que cobria as rochas do muro, e a terceira, envolta em uma névoa nebulosa.

Suspirei, irritado. A guardiã disse que Selene estaria na sala das almas, mas qual daqueles seria o caminho certo?

— Não conhece ela? — a voz da guardiã ecoou perto de mim, me fazendo saltar de susto.

— Me seguiu? — perguntei, bravo, fazendo-a rir.

— Estava curiosa para saber se teria mesmo garra para salvá-la. Mas não respondeu à minha pergunta. Não conhece aquela que diz amar? — a guardiã perguntou, curiosa.

Suspirei, fechando os olhos, analisando as opções. A angústia me apertava.

— Sangue: o caminho tortuoso é aquele que enfrentará o que mais for doloroso em sua alma. Lama: enfrentar os pecados em seu coração, todos os seus erros. Já a névoa é a confusão, arrependimento, sentimentos que não nos deixam seguir — ela explicou, sua voz carregada de um tom quase espectral.

"Meu olhar estava perdido no horizonte de Alfheim, até que meus olhos pousaram no jardim. Sorri ao vê-la sentada na beira de uma árvore, aproveitando o lindo dia. Suas mãos pousadas sobre o ventre fizeram meu sorriso crescer. Tudo que mais queria era estar ali, ao seu lado.

— Cyrius? — chamei-o, minha voz carregada de urgência. Ele riu, sem tirar os olhos dos papéis.

— Vá logo para perto dela! — respondeu, continuando a ler as papeladas.

— Vou recompensar você, prometo! — gritei, saindo apressadamente da sala.

A cada passo em direção a ela, percebia o sorriso triste em seu rosto. Sabia que ela estava lembrando-se de sua amada filha, misturando a alegria da gravidez com o medo e a saudade. Isso a deixava mais sensível, mais vulnerável.

— Estava me perguntando quanto tempo iria demorar para vir — sua voz saiu divertida, me fazendo arquear as sobrancelhas.

— Como assim? — perguntei, confuso, sentando-me ao seu lado.

— Pedi para sentar aqui, justamente para poder admirá-lo de longe e para que pudesse fazer o mesmo — explicou, um sorriso inocente iluminando seu rosto. A doçura em sua voz me tocou profundamente.

Ri, um som alto e cheio de alegria, puxando-a para meus braços. Seu corpo se encaixou no meu como se fosse feito para isso, uma peça perfeita em um quebra-cabeça complexo.

— Foi um plano então? — perguntei, o coração batendo forte no peito.

— Sim, queria ficar assim com você — respondeu, um suspiro suave escapando de seus lábios enquanto se aconchegava em meu abraço. O calor de seu corpo contra o meu era reconfortante, familiar.

Sorri, entrelaçando meus dedos nos dela. A simplicidade do momento, a ternura em seus olhos, me enchiam de uma alegria profunda. A imagem dela com uma enorme barriga, carregando nosso filho, me enchia de uma ansiedade doce e intensa.

— Thor?

Olhei para ela atentamente, vendo-a nervosa, desviando o olhar.

— Você aceitaria a Luna? — perguntou, em um fio de voz.

Puxei seu rosto para nivelar nossos olhos. Sabia que ela estava pensando em sua filha, era normal se sentir assim. Um filho não substitui outro.

— Selene, ela seria uma parte de você, como poderia recusá-la? — declarei, honestamente.

Ela arregalou os olhos, atônita.

— Mas...

— Luna seria minha filha, eu a amaria da mesma maneira que já amo nosso filho — encostei minha testa na dela.

Ela se aconchegou a mim, segurando-se em minhas vestes.

— Dói tanto... queria tê-la aqui... queria poder voltar ao passado para poder salvá-la! — ela chorou copiosamente em meu peito. Meu coração se partiu ao vê-la daquela maneira.

— Selene, não posso dizer que compreendo, pois nunca senti a dor que você sente. Sendo honesto, nunca espero sentir, mas você deve seguir em frente. Luna sempre estará em seu coração. Não fique se martirizando pensando em possibilidades que nunca vão poder ocorrer. Não se pode mudar o passado. Infelizmente, você não poderá voltar para salvá-la, mas saiba que ela estará viva em seu coração. Sei que ela nunca a abandonou — respondi, fazendo-a soluçar contra mim. Era doloroso, mas ela precisava encerrar essa parte do luto."

— Não existem esses três caminhos. Todos fazem parte do mesmo — a afirmação saiu como um sopro, meus olhos encontrando os da guardiã, que sorria com uma satisfação quase cruel.

— O elfo escolheu a lama, passou horas preso lá... — a informação, dita com um tom maroto e desdenhoso, foi a gota d'água.

Elfo...

— POR QUE NÃO DISSE QUE ELE ESTAVA AQUI? — o rugido escapou de meus lábios, a fúria me consumindo por dentro. Senti o sangue ferver nas veias, a raiva me cegando.

— Não perguntou. Além disso, não tenho obrigação nenhuma para com você — a indiferença dela era uma provocação, um insulto.

— SUA... — a palavra inacabada, um grunhido de pura raiva, foi interrompida pela sua resposta.

— Está perdendo seu tempo comigo! — e então, ela se foi, desaparecendo como um espectro.

Um suspiro rouco escapou dos meus lábios, a frustração se transformando em uma fúria fria e cortante. A ilusão dos três caminhos se desfez, revelando a verdade cruel e implacável daquele mundo. E então, a vi. Selene.

— SELENE! — meu grito ecoou pelo lugar, quebrando o silêncio opressivo. Ela estava ali, parada diante de Uziel, que a encarava com ódio. Seus olhos, ao me ver, refletiram uma confusão profunda, uma mistura de alívio e medo.

— Thor? — a sua voz, fraca e hesitante, me atingiu como um soco no estômago.

https://youtu.be/fhCGE-_J2bk



Na mitologia nórdica, os Nove Mundos formam a estrutura do cosmos e estão interligados pela Yggdrasil, a Árvore do Mundo, que sustenta toda a existência. No topo está Asgard, o reino dos deuses Æsir, como Odin e Thor, onde também se encontra o Valhalla, salão dos guerreiros honrados. Próximo a ele está Vanaheim, lar dos Vanir, deuses ligados à fertilidade e à magia, como Njord, Frey e Freya. Alfheim é o mundo dos elfos da luz, seres belos e místicos, governado por Frey.

No centro da Yggdrasil encontra-se Midgard, o mundo dos humanos, conectado a Asgard pela ponte Bifrost, o arco-íris. Além dele, está Jotunheim, terra dos gigantes de gelo e de pedra, que vivem em constante conflito com os deuses. Abaixo de Midgard, encontra-se Svartalfheim, lar dos elfos negros, conhecidos por sua habilidade em forjar poderosas armas e artefatos. Em algumas versões, Nidavellir é tratado como parte desse mundo, sendo o reino subterrâneo dos anões.

Os mundos extremos são dominados por forças primordiais. Muspelheim é um reino de fogo e lava, habitado pelos gigantes do fogo e governado por Surtur, cuja fúria será decisiva no Ragnarök. No lado oposto está Niflheim, um mundo gelado e escuro, onde nasce a fonte primordial Hvergelmir e onde se localiza Helheim, o domínio da deusa Hel, para onde vão os mortos que não perecem em combate.

A Yggdrasil conecta e mantém todos esses mundos, com raízes profundas que se estendem até Niflheim, Jotunheim e Asgard. Em seus galhos vivem diversas criaturas místicas, como a serpente Nidhogg, que rói suas raízes, e uma grande águia que observa os céus. Esses mundos e seus habitantes desempenham papéis fundamentais nos mitos nórdicos, culminando no Ragnarök, a grande batalha que selará o destino dos deuses e dos homens.

Os lugares descritos ao longo do capítulo:

 Floresta negra 


Guardiã de Niflheim

 Grandes Muros



Dolma é uma família de pratos de vegetais recheados presentes nas culinárias de diversos países outrora pertencentes ao Império Otomano, preparados com folhas de videira. O recheio pode incluir arroz, abobrinha, berinjela, tomate e pimenta.

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