Capítulo 19 - Tudo errado
Aqui termina a parte do Uziel...
Contém 3584 palavras.
Boa leitura❤
A mesma cama, mas ela parece um pouco maior agora
Nossa canção no rádio, mas ela não soa como antes
Quando nossos amigos falam sobre você, tudo isso só faz me deixar mal
Por que meu coração se parte um pouco quando ouço seu nome
Hum, jovem demais, tolo demais para perceber
Que eu deveria ter lhe comprado flores e segurado sua mão
Deveria ter lhe dado todas as minhas horas quando tive a chance
Ter levado você a todas as festas, porque tudo o que você queria fazer era dançar
Agora minha garota está dançando, mas está dançando com um outro homem
Meu orgulho, meu ego, minhas necessidades e meu jeito egoísta
Fizeram com que uma mulher boa e forte como você saísse da minha vida
Agora nunca conseguirei limpar a confusão que eu fiz, oh
E isso me assombra toda vez que fecho os meus olhos
When I Was Your Man - Bruno Mars
Sempre me considerei sortudo, fosse por nascer sob a perfeição, ou pelas minhas conquistas ao longo da minha vida. Tudo era fácil demais, mesmo pelo caminho mais longo e tortuoso, pois nunca senti nada como os outros, e talvez essa fosse minha melhor qualidade, já que não me importava como, apenas atingir os meus objetivos era o suficiente. Nunca sequer fraquejei em alcançar o que quis, tudo que nasceu para ser meu, agarrava com meus punhos, mesmo que fosse necessário aniquilar quem cruzasse meu caminho.
Acostumado a ter tudo que sempre quis, agora tudo que almejei estava indo em outra direção, sem que sequer tivesse controle disso.
Controlar era um dom natural, era parte de mim, simplesmente não conseguia viver de outra maneira e ver tudo que demorei tanto para construir sendo destruído antes mesmo que pudesse desfrutar foi humilhante. Frustrante demais. Ainda mais porque a culpa era do meu próprio pai. Sua burrice e obsessão por vingança contra Alfheim, incitando os jotuns a atacar, acabaram acelerando a subida de Selene ao trono.
Sua fraqueza perante a rainha foi a ruína de tudo, pois ele não aguentou mais vê-la sendo feliz com o marido que escolheu e agiu tolamente. Isso refletiu diretamente nos meus planos, pois Selene não somente não foi punida por perder seus poderes da luz, como estava em plena preparação, apesar do luto.
Ela seria a rainha!
E, para piorar, ela não estava noiva de um elfo qualquer, mas de um Deus estúpido. Thor. Um ser que não apenas aceitou o fato dela ser "usada", como ainda teve a audácia de protegê-la. Ele escondeu de todos a sua vergonha, não deixando brechas para que ninguém desconfiasse.
Deveria adivinhar que os reis não permitiriam que Selene fosse punida, sempre agiram em sua proteção, não era estranho que tivessem contratado uma bruxa para dar a falsa ilusão de que ela era pura.
Tentei apelar para o controle, mas ela não estava mais nas minhas mãos, me evitando como uma praga. E Thor, mesmo sendo um Deus frívolo, com mais amantes que podia contar, sequer desviou do caminho, sendo honesto e leal para com ela.
Tive que assistir ao casamento deles, uma festa enorme, como para esfregar na minha cara minha derrota. Controlar minha vontade de matá-la nesse dia foi insuportável, pois não estava sabendo lidar com minha aparente derrota.
E a felicidade dela?
Selene emanava um brilho insuportável ao redor do idiota, como se ela fosse o sol e ele o céu. Dava para perceber que ela não era a única a agir assim, já que Thor estava claramente demonstrando sentimentos irritantes para com ela.
Ela nunca foi assim comigo, feliz abertamente!
Lutei para conquistar sua confiança, para vê-la abrir o coração que era meu por direito, enquanto Thor não precisou fazer nada além de existir! E agora dizem que ele era seu "amor verdadeiro"?
Ridículo.
Não aceitarei, não vou perder tudo!
— Avisei que essa ideia era idiota! — a voz irritada de Lagertha, minha mãe, cortou meus pensamentos como uma lâmina. Após a festa de casamento de Selene, ela estava ainda mais azeda do que de costume. — Conseguiu desestabilizá-la, mas não soube ser inteligente! Deveria tê-la forçado ao casamento. Ela era apaixonada por você, estava grávida de seu filho. Isso não seria contestado.
Seus olhos, tão gélidos quanto sua voz, pousaram sobre mim, mas apenas ergui o rosto, devolvendo o olhar com uma raiva silenciosa.
Sabia disso!
Mas seguir o plano do meu pai... foi um erro. Ele não queria poder ou glória, apenas vingança pelo coração partido pela mãe dela. Deveria ter percebido que tudo era questão de amor, pelo passado conturbado entre os dois.
Como pude ser tão tolo a ponto de não perceber isso?
— O que querem que eu faça agora? — perguntei, frustrado, sentindo minha paciência se esvair.
Deveria ter seguido o que queria desde o início: matá-la sem dó.
Existiam várias formas de forjar um acidente infeliz, poderia ter feito isso sem sequer precisar me envolver com ela, mas levei em conta os anos de experiência do meu pai.
Ele sequer conseguia me olhar, não pela culpa por estragar meus planos, mas por conta dela, seu estúpido olhar tornou-se perdido desde a morte da rainha, seu verdadeiro amor.
Patético!
— Use o ciúme de Thor, deixe-o contra ela — Lagertha suspirou, como se explicasse algo óbvio. — Você foi o primeiro. Isso é algo que ninguém esquece. E Thor, apesar de sua força, é inseguro em relação a isso. Ele é um Deus, mas possui ego frágil, ele não vai aguentar a pressão, então, use isso.
Ela tocou meu ombro com uma suavidade calculada, seus olhos frios buscando os meus.
O pateta era bem irritadinho comigo, deu para perceber isso no dia do casamento entre os dois. A maneira como praticamente me colocou para fora do altar foi ultrajante, mas decretou sua raiva para comigo, mas a cereja do bolo foi vê-lo completamente irado quando mencionei que ele experimentaria algo que usei até cansar.
Thor tinha ciúme e não era pouco, no fundo, ele sabe o quão importante era na vida de Selene.
Minha mãe sorriu astuta, percebendo que entendi seu ponto.
— Corteje-a novamente. Faça-a acreditar que usamos você, que tudo o que fez foi contra a sua vontade. Que você é tão vítima quanto ela.
Bancar o mocinho?
Antes que pudesse responder, meu pai se pronunciou, ainda fitando a direção de Alfheim, como se estivesse planejando o próximo movimento de um jogo.
— Ela é uma tonta — disse ele, com desdém. — Vai cair na sua, como antes. Quando for a hora certa, tome-a de volta. Ela e a coroa.
Minha mãe sorriu com a aprovação dele, mas tudo o que senti foi náusea.
Terei que bancar novamente o idiota apaixonado? Fingir arrependimento, humildade?
Seria preciso um milagre para Selene acreditar em qualquer coisa que eu dissesse. Não depois de tudo. Não depois de matá-la por dentro quando tirei nossa filha, pois nesse dia não foi apenas a pequena que morreu, mas sim uma parte de Selene, algo que ela nunca poderá recuperar.
Selene não era mais aquela garota frágil, ela aprendeu com seus erros. Jamais me daria outra chance e ela aprendeu a me ler. Ela sabe que não senti remorso, sabe que não sentia nada por ela, aliás, nem por ninguém.
Terei que fazer um espetáculo, ainda assim somente serei um idiota diante dela.
Suspirei, já cansado, só de pensar na encenação que viria.
— Não se preocupe — a voz de meu pai era tão calma quanto ameaçadora. — Faremos um acordo com a bruxa que lacrou seus sentimentos. Deixaremos que alguns escapem. O suficiente para que pareça... arrependido.
Não contestei. Apenas assenti.
Se era isso que precisava ser feito, que fosse. Afinal, nada disso custaria mais do que já perdi.
E se não funcionar... bem, sempre há a opção de eliminá-la.
Embora essa altura essa opção fosse mais perigosa, ainda mais contando com quem ela se casou, pois além de não ser fácil de chegar perto dela, o idiota saberia quem foi que a matou. No melhor dos casos, se não fosse descoberto, ele ainda continuaria a reinar e matar um Deus não seria a tarefa mais simples.
Droga.
A bruxa conseguiu enfraquecer o feitiço, mas, para o desespero dos meus pais, meu coração permanecia inalterado. Não sentia nada além de uma raiva abrasadora, algo puro e intenso, que jamais senti em toda minha vida. Era diferente da frustração, pois antes era apenas pelos meus planos fracassados, mas tinha a certeza de que uma hora conseguiria tudo de volta. Agora não, sentia tanta ira, tudo por conta dela, pois sabia que nada do que seria meu voltaria para minhas mãos.
Frente ao fracasso, recorreram a outra alternativa: um feitiço mais poderoso, projetado para plantar em mim sentimentos por Selene, junto ao mais puro arrependimento, e, como se isso não bastasse, também o amor.
Não fiz nenhuma objeção, afinal, estava aqui mesmo, não era como se isso fosse ocasionar grandes mudanças, os demais eram muito sensíveis para lidar com as emoções. Tudo que precisava era parecer apaixonado e arrependido, fora isso era irrelevante.
Assim que a maldita concluiu o feitiço, ela sorriu com conhecimento de causa, devolvi o olhar friamente, nada mudou, tudo continuou exatamente a mesma coisa...
Um peso insuportável esmagou meu peito. Minha mente foi invadida pela imagem dela. A primeira vez que a segurei nos braços, apesar de Selene dar-lhe o nome em homenagem à lua, exatamente como o seu era, ela não era nada parecida com o astro, pois brilhava como uma estrela, linda e iluminada.
Luna era tão pequena que sumia em meus braços, sua pele branquinha como os raios do sol, assim como os cabelos ralos na tonalidade clara, exatamente como os de Selene, sua tranquilidade ao se aconchegar em mim, como se eu fosse seu porto seguro.
E seus olhos...
Ah, aqueles olhos, tão frios quanto os meus, mas irradiando uma pureza intocável, uma inocência.
Não!
Ela não resistiu e foi minha culpa, ela sequer pode lutar por sua vida, pois não era nada além de uma pequeninha que não teve a chance de conhecer nada. Apenas aceitou que fosse o monstro que destruiria sua breve existência.
NÃO!
Minhas mãos tremiam. A respiração ficou presa. Tudo dentro de mim gritava, pois a dor queimou como lava em meu corpo.
NÃO! NÃO!
Lágrimas, aquelas malditas, começaram a escorrer antes que pudesse me conter. Minhas pernas falharam e desabei de joelhos.
— O que está acontecendo? — meu pai vociferou, alarmado.
— Ele está sentindo culpa — A bruxa respondeu, entediada, como se tivesse esperado por isso. — Avisei que haveria um preço. Ele nasceu sem sentimentos, mas agora coloquei emoções verdadeiras nele.
A dor era insuportável.
Minha pequena... minha pequena...
Como pude fazer isso?
Minha própria filha, tive coragem de tirá-la desse mundo!
Ela era tão linda, um anjinho, seus olhos iguais aos meus, mas exalavam uma pureza que nunca tive, ela me reconheceu e sequer chorou, mesmo a renegando, mesmo sendo um idiota ao ponto de tentar contra a sua vida.
Como pude?
Luna não merecia que respirasse o mesmo ar que ela! Não merecia o destino que teve!
Ela merecia crescer, se tornar uma linda criança.
Como seria se... se eu tivesse pensado?
Como seria se ela vivesse, me chamaria de pai?
Droga!
O rosto de Selene apareceu em minha mente, suas lágrimas, seu desespero ao ver que nossa filha não podia ser salva. A destruí também. Arranquei tudo que ela tinha.
E agora, a dor dela pulsava em meu peito como um fogo que queimava sem cessar.
Merecia isso. Merecia sofrer por toda a eternidade.
Daria qualquer coisa para voltar atrás, para cair diante dos pés de Selene e simplesmente aceitá-las. Se tivesse feito isso, nossa Luna estaria aqui...
Minha mão instintivamente foi ao peito, tentando sufocar o buraco vazio e pulsante que parecia devorar minha alma.
— Desfaça isso! Ele não vai aguentar! — minha mãe se ajoelhou à minha frente, segurando meu rosto com um desespero que nunca vi antes.
— N-n-não... — balbuciei, com a voz rouca e entrecortada. — Preciso disso... preciso que ela acredite em mim.
A bruxa revirou os olhos, murmurando algo incompreensível. A intensidade da dor diminuiu, mas não desapareceu. Era uma lembrança viva, constante.
Ainda assim, uma parte de mim sabia que precisava dela.
Afinal, se não sentisse isso, como poderia fingir que era real?
A cerimônia de coroação foi ainda mais irritante que o casamento. Vê-la irradiar felicidade ao redor do pateta que a guiava como se ela o pertencesse era irritante demais.
Experimentei pela primeira vez o ciúme, cru e impossível.
As mãos de Thor ao redor da cintura dela, mantendo-a sempre por perto, não somente como soberana, mas como sua esposa, foi a coisa mais difícil de ver e não consegui desviar os olhos por um instante sequer, pois algo me puxava o tempo inteiro.
Ela era minha!
Não suportava aquela cena, mesmo sabendo que era apenas uma questão de tempo e paciência, ainda ardia em meu peito vê-la assim com ele.
Por que seus sorrisos eram mais intensos com esse idiota?
Por que ela parecia brilhar mais intensamente em sua presença?
Ela nunca foi assim comigo!
Selene era alegre, constantemente me irritava com sua euforia, mas nunca a vi dessa maneira, era sempre um passo atrás, mesmo que fosse ingênua ao ponto de se entregar por completo, ainda assim não era totalmente feliz comigo.
Ela nunca me olhou assim...
Apertei mais forte a taça em minhas mãos, sentindo vontade de apertar o pescoço daquele idiota.
Quando começou a fila dos membros da realeza de Alfheim, percebi que minhas emoções estavam exacerbadas demais.
Nem morto deixarei que esse pateta visse que me afetava vê-la com ele!
Deixei para que meus pais cumprissem os cumprimentos aos soberanos, ou simplesmente a tomaria para mim. Como queria fazer desde que a vi entrar nessa porcaria de salão, vestida como a verdadeira soberana.
Seu lindo vestido azul-escuro amarrado no pescoço e com pedrarias no busto chamou por completo minha atenção, pois destacavam sua pele leitosa de uma maneira que fez minha mente voltar para nossos momentos juntos.
Ela estava mais que linda, estava deslumbrante!
Por que fui tão idiota?
Fui o primeiro, foi comigo que ela conheceu o prazer, ele não era nada em sua vida!
Observá-los estava se tornando cada vez mais difícil, piorou ao ver os olhos dela brilhando como nunca vi. Não aguentei, me aproximei irritado, mas ao escutar os risos idiotas, mudei minha face, deixando-a mais fria.
Ela voltaria ao lugar a que pertencia, ao meu lado!
Meu sangue ferveu de ódio ao entender o motivo dos risinhos apaixonados dos dois.
— Quer ficar sozinho comigo? — escutei ela provocá-lo, arrancando um maldito sorriso do Deus.
— Quero — ele respondeu, apertando-a mais contra seu corpo. — Quero ficar a sós desde o momento em que a vi nesse vestido.
Sim, ela estava deslumbrante, mas não seria fácil assim, não comigo aqui.
— Passei a noite imaginando o que havia por baixo dele — respondeu Thor, deslizando as mãos por ela como um idiota. — Imaginei seus cabelos soltos no travesseiro, seu rosto entregue enquanto me afundo em você.
Meu sangue ferveu e a vontade de arrancar sua cabeça aumentou.
Selene era minha!
Ele iria engolir esse ego!
— Thor, se me permite, quero ter a honra da segunda dança com Selene — murmurei malicioso.
Sim, eu existia e não seria fácil para você! Ela não será nunca sua!
Pela visão periférica, vi Selene apavorada, mas mantive meu olhar em Thor, pois queria que ele visse que não era uma página rasgada, tinha o papel principal na vida dela.
— Nem sobre o meu cadáver, já falei para ficar longe dela! — Thor rosnou entre os dentes.
Não aguentei o riso.
Jamais ficarei longe dela, ainda mais agora.
— Estava perguntando por educação. Selene sabe que não seria inteligente armar uma confusão dessas em frente a todos, por causa de uma simples dança, não é, minha querida? — completei, o sarcasmo impregnando cada sílaba.
Ela era a herdeira, mas sou o próximo, nossas famílias sempre foram próximas. Agir de forma rude comigo apenas mostraria uma visão errada.
Pouco importava se ela é casada, apenas sua maneira de agir que daria a todos um prato bem cheio.
Adoraria ver os conselheiros perguntando o motivo, pois todos já tinham a visão de que era apaixonado por ela, talvez eles tivessem a certeza de que tivemos algo...
— Uziel, por favor, vá embora! Não vou dançar com você — ela sussurrou furiosa.
Não esperei por isso, mas ela ficava extremamente linda brava, o vermelho acentuava tanto suas bochechas.
— Já foi mais inteligente... Não vou pedir novamente de forma educada. Vamos, Selene — estendi a mão, o gesto claro.
Vamos, meu amor, sabe que não possui escolhas, ou teria que explicar os motivos, talvez falar que era apaixonado por você, mas como isso aconteceu?
Por um instante, a imagem surgiu em minha mente e foi divertido...
Todos pensariam que Thor era controlador e eu, o pobre coitado...
— Thor, me desculpe por isso... Eu terei que dançar com ele.
Meu peito aqueceu ao ver o semblante torturado dele.
Sim, ela era minha, toda minha!
— Vamos logo, maldito! — ela resmungou, colocando a mão sobre a minha.
Ela ainda se encaixava tão perfeitamente contra mim. Seu perfume me preencheu e meu coração disparou loucamente. Ainda assim, sua atenção estava nele e isso era frustrante demais.
Olhe para mim!
— O seu marido é ciumento, não o julgo. Afinal, ter uma peça rara como você exige esperteza — comentei debochado, apertando-a pela cintura e puxando seu corpo mais perto.
Droga! Meu corpo esquentou apenas com isso.
Seus olhos se tornaram raivosos, para minha diversão. Sabia que essa não era a maneira apropriada de uma mulher casada estar com outro homem.
Mas que mal tinha se ela era minha?
— Não é da sua conta como meu marido age — ela retrucou, furiosa, afastando-se para que a dança fosse mais respeitosa. — E pare de grudar seu corpo no meu!
Gostava de vê-la bravinha assim.
— Pelo que me lembro, você adorava ficar assim, grudadinha comigo. Aliás, quantas vezes eu tomei seu corpo, Selene? — provoquei.
Oh, sim! Estivemos juntos de diversas formas, ela sempre foi bem obediente e amava me agradar!
A imagem dela completamente nua, com o rosto mergulhado no prazer, surgiu em minha mente e foi impossível conter o visível desejo.
Que porcaria! Parecia um jovem e nem antes fui assim!
— O que você quer? — perguntou entredentes.
Ela fechou brevemente os olhos, me dando a oportunidade de admirar seu belo rosto.
Selene era linda, que doía em mim.
Se não tivesse estragado tudo, ela ainda me olharia com amor e não com esse rancor.
— Fale logo o que quer. Não tenho tempo para seus jogos! — ela rosnou, irritada.
Sorri friamente.
Ela me conhecia tão bem...
— Você sabe que não desisti. Vou lutar com todas as armas que tenho.
Não a perderei novamente!
— Não tem armas, Uziel! — ela retrucou, com desdém.
Meu sorriso aumentou, sem controle, minha mão subiu por sua espinha, demonstrando a todos que ela era minha. Ela cravou as unhas em meus ombros, apesar de ser apenas um aviso, arrepiou meu corpo e quase escapou um gemido pelos meus lábios.
— Selene... você me conhece. Não vou desistir do que é meu — sorri arrogante, sem desviar os olhos dos seus. — Sim, meu amor, essa coroa é minha. Se precisar, tomarei o que é meu por direito.
— Essa coroa não é sua! — ela retrucou, irritada.
Desci o olhar pelo seu corpo, sem conter o desejo.
Mas, você sim, não importava quanto tempo passasse, seu coração era meu.
— Mas você é... Selene, você é toda minha — respondi malicioso.
— Não sou sua!
Sorri, desviando o olhar, as mãos puxando-a para mais perto, o corpo moldou-se ao meu e isso aqueceu meu sangue.
— Se não fosse minha, você não estaria tremendo assim nos meus braços — retruquei.
— Estou me controlando para não sujar esse vestido com o nojo que sinto por você. Meu marido gostou dele em mim — ela replicou ácida.
Não controlei o riso.
Por que ela não foi assim desde sempre?
Era excitante essa troca de farpas...
— Preciso concordar, você está deslumbrante nele... — respondi honestamente, pois quando a vi entrar no baile, meu coração disparou com sua perfeição. — Mas sei que ainda tenho um lugar em seu coração. Talvez o mais importante, porque, como sabe, nós elfos amamos uma vez na vida.
Sim, e tinha certeza de que era seu amor!
— Você será completamente minha na hora certa, como deveria ter sido antes. Infelizmente, fui burro e me deixei guiar pela ambição. Mas agora, sei o que é realmente importante — murmurei sério, desviando o olhar.
A imagem da pequena não saía da minha mente, me corroendo de arrependimento.
Se tivesse tomado Selene como minha companheira, ela estaria conosco.
— Eu te odeio! Tenho tanto nojo que só de respirar o mesmo ar já me irrita. Não tenho lugar para você no meu coração, e se tivesse, eu o arrancaria. Prefiro morrer!
Isso não podia ser verdade, ela não podia...
— Minha querida, nós temos uma história... temos uma filha juntos. Isso não é algo que se apaga facilmente — retruquei, ansioso.
— História que você destruiu, filha que você matou em minha frente! Uziel, você enlouqueceu se acredita que sou sua, pois o único sentimento que tenho por você é ódio! — ela sussurrou irada.
— Selene...
— Você tinha tudo! Eu lhe entregaria o mundo, estava louca por você! Mesmo que não me quisesse, tudo seria seu, apenas se me deixasse com minha filha! — não consegui encará-la, fechei os olhos, sentindo meu peito esmagar. — O único sentimento que tenho por você é ódio, mas apenas por ter tirado minha filha de mim!
Ela não tinha ideia do quanto me arrependia disso... cada dia esse sentimento crescia e me corroía, como um veneno, me matando lentamente.
— Esse é o maior arrependimento da minha vida... ter feito mal à nossa filha... — respondi sinceramente. — Nunca deveria ter agido dessa forma, deveria ter assumido as duas e me dói pensar que não tenho como voltar atrás.
Se pudesse... se tivesse uma única chance de consertar isso, voltaria no tempo e não faria nada à nossa Luna.
— Deixa de ser hipócrita! Você matou um ser completamente indefeso que era metade sua, tudo isso com um sorriso no rosto, não foi impulso, foi premeditado e você admitiu isso!
Quase ri nervoso diante da incredulidade dos fatos.
Pela primeira vez em toda minha existência, estava sendo honesto, mas ela não acreditava em mim.
— Eu juro que estou arrependido, minha querida...
Seu olhar irado, como nunca vi antes, me paralisou.
Ela estava mergulhada na escuridão... não veria nada além da raiva que tem de mim...
— Não me chame de minha querida! Escuta bem o que vou dizer a você, melhor você se conformar, esse seu teatro não vai funcionar comigo, não foi apenas a minha filha que você matou naquele dia, mas também matou a idiota inocente que acreditava em tudo que você falava, agora deixe-me em paz!
Deixá-la ir foi a coisa mais difícil que tive que fazer, não somente agora, mas de antes, pois nada seria igual.
Eu perdi... toda e qualquer chance de tê-la...
Minha mãe estava errada, seria impossível tê-la de volta.
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