Capítulo 17 - Em minhas mãos...
Ainda é a continuação do ponto de vista do Uziel.
Contém 3775 palavras.
Boa leitura❤
Eu queimei seu mundo
Devorado pela minha convicção
Eu te deixei em casa com medo
Não chore quando as lanternas desaparecerem
Eu poderia ser seu próprio anjo vingador
Mas esse sonho está terminando em breve
Não grite quando todos os lobos vierem encontrar você
Eu não posso segurar a fera que rasteja pelas minhas veias
Sacrificando meus próprios olhos
Não restaram confissões para me purificar
Algo está assistindo dos céus
No One Will Save You - Aviators
Os olhos brilhantes em minha direção apenas demonstraram o quão ingênua ela poderia ser. Apenas algumas palavras doces, olhar acalorado e ela estava confiando em mim.
Era da natureza confiar cegamente em quem acabou de conhecer, ou ela que era estúpida?
Obviamente, encontrei mulheres que confiaram em tudo que disse, que seguiam fielmente minhas regras, mas, por alguma razão, Selene não parecia seguir o padrão delas, mesmo assim ainda mantinha essa inocência irritante.
— Queria lhe perguntar algo — ela murmurou, numa mistura de vergonha com curiosidade, atraindo minha atenção.
— Pode me perguntar o que quiser — respondi, sorrindo leve.
— Gostava dos treinamentos militares? — seu olhar adquiriu um brilho infantil.
Gostava?
Ela achava que o exército era uma colônia onde poderíamos relaxar?
O quão imbecil era sua visão de mundo?
Segurei-me para não lhe dar uma resposta direta, que provavelmente a deixaria assustada.
Era incompreensível que os reis não dessem conta de que a filha deles não estava apta para governar, visto a maneira como ela via tudo. Selene era quase um convite para um mundo de fantasias totalmente infantil, tamanha sua burrice.
Coloquei meu melhor sorriso para evitar transparecer meus pensamentos.
— Sim, eram rigorosos, mas gostava bastante deles — respondi ameno.
Seus olhos arregalados quase me irritaram.
Deveria dizer que odiei? Que preferia ser um imbecil mimado como a maioria?
Não! Por mais que precisasse jogar com as palavras, certas coisas não precisava mentir apenas para ganhar sua atenção.
— Isso espanta você? — perguntei maroto.
Selene desviou levemente o olhar, antes de voltá-lo para mim com um sorriso tenso no rosto.
— Bem... escutei que os treinamentos eram horríveis — ela murmurou, incerta.
Sim, eles eram pesados e sem descanso, muitas vezes éramos deixados até a exaustão, principalmente a mim. Sequer tinha tempo para comer ou beber, dormir era um luxo que não era sempre permitido.
Mas isso era o exército!
Se não estamos dispostos a sacrificar poucas coisas, como poderíamos ser chamados de guerreiros?
— Ah, você ouviu que os treinamentos eram horríveis? — perguntei, sorrindo ladino. — Quem disse isso não deve saber o que é ser verdadeiramente desafiado. É fácil falar quando se está confortável, não é?
Selene sorriu sem graça, provavelmente não entendendo a provocação.
— Eram de fato horríveis, mas sou grato por eles — respondi provocativo, seus olhos se arregalaram e sorri galante. — Agora sou forte para proteger a todos, inclusive você.
Ela parecia absorver cada palavra, o brilho em seus olhos não passou despercebido, percorreu meu corpo com interesse evidente. A princesinha estava comprovando o quão bem os treinamentos me fizeram, claramente mais interessada no que poderia fazer do que com qualquer outra coisa.
Sentia o peso de seu olhar, mas não movi um músculo. Se ela quisesse me ver como algum tipo de herói, estava livre para isso. Não me importava com o que ela via, mas sabia que poderia usar isso.
Olhei-a por um longo tempo, sentindo meu ego inflar. Sempre usei minha boa aparência para meus propósitos, afinal, chamava constantemente a atenção das mulheres.
A respiração dela ficou acelerada. Ótimo! Ela estava começando a vacilar, como uma boa garota.
— É lindo... esse... esse lugar é lindo, não falei antes — Selene murmurou ansiosa.
Ela disse aquilo como se fosse uma revelação, mas sabia o que ela pensava antes mesmo de abrir a boca. E não precisei de mais do que isso para seguir em frente.
— Pode ser nosso lugar secreto — toquei sua mão com uma leveza calculada, sabendo o quanto isso a faria se perguntar sobre meus reais sentimentos. Não havia afeto no gesto, apenas a sensação de controle. — Aqui seremos apenas Uziel e Selene.
Ela corou, mas se levantou, me puxando contra ela.
— Pelo que me lembro, Uziel, deve-me uma dança! — ela respondeu marota, me fazendo rir.
A trouxe para perto de mim, sentindo o doce cheiro de seu perfume que impregnava o ar ao nosso redor. Seus olhos brilhavam em minha direção, refletindo uma confiança rara para alguém que não sabia de nada. Uma confiança que, a cada movimento meu, se tornava mais vulnerável. Essa ingenuidade dela apenas me aqueceu, por mais fácil que seja, será interessante a ideia de corrompê-la, tirar-lhe tudo, pedaço por pedaço.
Era como levar um anjo ao inferno.
— Então vamos dançar, minha querida — murmurei suavemente, movendo seu corpo com uma graça calculada. Mesmo sem música, nossos movimentos estavam em perfeita sincronia, como se uma melodia silenciosa guiasse nossos passos.
Suas mãos graciosamente foram para meus ombros, seus olhos nos meus, enquanto mantive as mãos em sua cintura delgada, puxando-a para mim, guiando-a pelo jardim. O corpo suave contra o meu era um contraste perfeito, sei que visualmente somos um casal bem bonito.
Selene se entregou mais à dança, um sorriso leve brincando em seus lábios.
Seria bem mais fácil se eu fosse seu prometido, ela se manteria nessa fantasia de amor pela eternidade e o poder seria meu.
Por que a rainha tinha que ser teimosa?
Ou meu pai era estúpido ao ponto de não exigir uma união?
Dançamos boa parte da noite, quando, cansados, sentamos novamente contra as árvores.
— Como foi seu treinamento? — ela perguntou, ofegante, com curiosidade.
Ao menos podia dizer que ela não era chata, ao contrário das outras mulheres com quem me atrevi a conversar. Elas agiam com graça, como se isso fosse me prender, mas Selene não, ela tinha uma curiosidade genuína, o que era cativante de um certo ponto, ao menos ela tinha um cérebro.
— Aprendemos primeiramente o combate direto sem armamento, somente após dominá-lo por completo podemos passar para armas de nossa escolha — respondi tranquilo.
— Qual é a sua? E quanto aos seus poderes? — ela devolveu a pergunta, sorrindo sem graça.
— Espada, após dominá-la, que lidei com meus poderes.
— Com quantos anos isso?
— Aos dez já dominava o combate com espadas, na verdade, sou excelente em qualquer arma — respondi orgulhoso ao ver seu olhar chocado. — Quanto aos meus poderes, por serem mais delicados e complexos, dominei com quinze.
Não controlei o riso diante de sua face admirada, puxei-a para se deitar na grama, ao meu lado. Respondendo genuinamente às suas perguntas.
Precisava fazer algo, um movimento...
Estamos corteses, mas queria que ela se lembrasse de hoje de outra maneira, talvez pudesse lhe roubar um beijo?
Seu corpo virou-se de frente para o meu, o olhar estava igual à lua, de tão iluminado. A tensão pairou no ar à nossa volta, elevei a mão até sua bochecha, acariciando a pele rosada, os olhos, antes alegres, adquiriram um tom ansioso. Selene vacilou, seu corpo tenso, mas não se afastou. Um detalhe simples, mas revelador... ainda não percebeu que suas reações dizem mais do que ela imagina.
Ela estava com medo?
Analisei-a cuidadosamente, até me dar conta do motivo óbvio... ela nunca beijou, claro que sentiria medo e ansiedade!
— Sei que soará apressado e que prometi que seríamos amigos, mas confesso que amaria ter um beijo seu — sussurrei roucamente, desviando os olhos para sua boca carnuda. — Me dá essa honra?
Aproximei-me mais, sem pressa, nossas respirações se misturaram e seus lábios entreabriram levemente, como um doce convite. Os suspiros dela não provocaram nada em mim, mas o simples fato de saber que ela se entregava, mesmo sem querer, foi suficiente. A confusão nos olhos dela me deixava ainda mais absorto em seu desespero silencioso.
— E-eu nunca... nunca... — ela gaguejou, trêmula.
Sorri, tentando demonstrar ternura.
— Nunca beijou? — perguntei gentilmente. Ela assentiu, corada.
Pensar nisso era diferente de ter certeza.
Vibrei em comemoração, pois nunca gostei de compartilhar nada e, no momento, ela era minha até que a descartasse. Então, saber que ela era uma peça rara e intocada me deixou em estado de êxtase.
O estrago que farei com ela...
Nunca tive a oportunidade de estar com uma mulher como ela... e pensar que vou poder fazer o que quiser...
— Posso ensiná-la... posso? — perguntei rouco, sem conter o tom de desejo e autoridade em minha voz. — Preciso de você...
Ela respirou fundo, a pele arrepiando-se mais com nossa proximidade, sorri maliciosamente ao vê-la assentir levemente.
Me inclinei sobre ela, tocando seu lábio com uma suavidade desconcertante, querendo examinar cada reação, testar sua resistência. Selene suspirou e aprofundei o contato, tomando seus deliciosos lábios com brusquidão, gemendo ao perceber sua inexperiência.
Selene era minha bonequinha, para fazer o que quiser!
Cada movimento era calculado, porque queria ver o quanto ela cederia e ela não decepcionou, comprovando que a possuía. Suspirei contra seus lábios, percorrendo as mãos em suas costas, apertando-a mais contra mim, sentindo seu corpo tremer contra o meu. Ela elevou as pequenas mãos até meus cabelos, puxando-o mais firme na nuca, sorri entre o beijo, vendo-a tão entregue.
Seus suspiros não me provocaram nada, apenas confirmaram que ela era fraca, facilmente manipulável. Meu corpo reagiu, mas isso era apenas biologia, não sentimento. Não há prazer, apenas controle.
Ela estava completamente vulnerável diante de mim, respondendo exatamente como pensei que faria. O beijo era uma possessão, não sentia prazer como ela provavelmente imaginava. O controle era o que me fascinava, mais do que o contato físico. A certeza de que ela era minha, física e mentalmente, me deu algo que poderia ser comparado a prazer.
Seu corpo tremulou e as mãos me apertaram mais, os suspiros escapando pelos seus lábios macios apenas me deram a certeza de quão longe ela estava do que conhecia.
Não se preocupe, querida, irei guiá-la... pertencia a mim agora!
Como a queria para mim, mas não era o momento, não assim. Ela não podia se entregar agora, tiraria toda a diversão.
Afastei-me com uma suavidade calculada, apenas para observar mais uma vez a fragilidade dela.
— Desculpa se fui desrespeitoso, mas é que só de sentir o gosto de seus lábios, o meu corpo moveu-se sozinho — respondi gentilmente.
— T-tudo b-bem, eu... gostei — ela respondeu trêmula.
A princesa... pelo visto, não era tão inocente quanto parecia. Mas ela ainda tinha muito a aprender.
Quatro semanas após seu aniversário, nossos encontros se tornaram constantes, sempre no jardim, discretos, mas com um propósito. Não precisarei de guerra para tomar o trono, só dela. Não do corpo ou lealdade, mas da entrega total. Queria que me amasse completamente. Só assim, quando estiver vulnerável, poderei destruí-la. Isso será minha vitória.
Cada vez mais, ela se entregava. Seus beijos se tornavam urgentes, seus toques intensos. A ideia de destruir seus sonhos e dominar seus desejos era excitante, mas o que me atraía era o poder sobre suas emoções. Queria que ela acreditasse que me amava, que se entregasse totalmente, até que arrancasse dela esse amor. O golpe mais certeiro era no coração, e era assim que ela cairia.
Ela entregou o controle a mim, sem resistência. Mas, apesar de envolvida, isso não era o suficiente. O que queria não era obediência cega, mas um amor que pudesse destruir. A dor de um amor perdido a empurraria para a escuridão. E então, ela seria minha, verdadeiramente minha.
Se fosse impaciente, ela já teria sido destruída, mas não sou. A ansiedade que sentia era controlada, uma excitação sutil. Sabia esperar, e quando era o momento de dar o próximo passo, cada movimento me divertia pela expectativa.
Selene era uma sonhadora, talvez por isso ainda não se entregou completamente. Precisava de mais do que palavras ou gestos. Precisava de garantias, de algo que a fizesse acreditar no que ainda não sabia. Queria um amor que não existia, algo que podia lhe oferecer, ou melhor, fazê-la acreditar que existia.
Quando ela finalmente me amar, será o momento de colapsar tudo o que ela construiu em torno de si mesma.
— Desculpe, minha princesa... Sei que demorei, a reunião se arrastou mais do que esperava... — murmurei, com um sorriso suave nos lábios, enquanto me aproximava dela. — Mas agora estou aqui... só para você.
Seus olhos brilharam ao me ver chegar com aquela pressa toda. A reação dela foi pura, sem hesitação.
Sorri, puxando-a para os meus braços, e deixei um beijo suave em seus lábios. Selene derreteu, apertando-se mais contra o meu corpo, o desejo evidente, ansiosa por mais.
Ah, parece que temos pressa... Quem diria que a princesa não era tão pura assim...
Afastei-me levemente, passando os lábios pelo seu pescoço, deixando um rastro de beijos que a fez rir suavemente.
Selene agarrou meus cabelos, puxando-me para mais perto, seu sorriso tenso agora, os olhos refletindo a preocupação.
— Ouvi papai comentar sobre a preparação do exército... — ela suspirou, o medo claro em sua voz. — Vai lutar?
A coisa mais conveniente... Ela se importava com a minha vida. Que doce ingenuidade.
— Não posso mentir para você, minha querida... — respondi, com a voz baixa, mas firme. — Vou lutar na linha de frente. E não se preocupe, nada vai me parar.
Seus olhos se arregalaram e ela saltou sobre mim, como se tentasse me impedir de sair.
Que cena ridícula! Sou o melhor de Alfheim!
O campo de batalha era o único lugar onde podia ser genuíno.
— Uziel, não! Por favor, não se arrisque assim! — Selene murmurou, o pânico evidente em sua voz.
Soltei um suspiro, tentando conter a vontade de afastá-la, mas ela interpretou tudo de maneira errada, apertando-me mais forte.
Ela realmente acha que estou tocado pelo seu pedido?
Como ela podia ser tão ingênua?
Vou para o campo de batalha, liderar a luta e voltar vitorioso, com o sangue de meus inimigos nas minhas mãos, provando a todos minha superioridade.
— Selene, sou o melhor guerreiro de Alfheim. Não há ninguém mais adequado para ir à linha de frente. Voltarei sem um único arranhão — disse com um sorriso arrogante, a confiança transbordando.
Ela se afastou, batendo levemente em meu braço, seu semblante indignado.
— Detesto quando seu ego se sobressai assim! — resmungou, claramente brava.
Não consegui segurar o riso. Isso só a irritou mais, e eu adorava.
— Uziel, estou falando sério!
Apesar de ela ser enervante, era divertido irritá-la assim. Cada olhar irritado me desafiava, dando mais substância ao que estávamos criando, tornando-me mais real aos seus olhos. Em suas reações, via que ela se entregava mais, confortável em minha presença.
Seu olhar ficou mais ansioso, e foi então que percebi o que a preocupava. O medo de me perder, ela ainda não me amava, isso era certo, mas o desejo era inegável. E isso já era um bom começo.
Minha mente estava à frente, pensando na próxima etapa. Queria mais do que ela podia me oferecer e faria o que fosse necessário para colocar a coroa em minhas mãos. Isso era o que me movia agora.
— Prometo que voltarei inteiro para você — murmurei, beijando seus lábios com uma suavidade calculada, mordendo seu inferior de forma lenta e sensual, nunca desviando o olhar do dela, para que soubesse que o que estava prometendo não era apenas para acalmar suas preocupações.
Selene arfou, as mãos puxando meus cabelos com pressa, inclinando minha cabeça em direção ao seu pescoço, como se me implorasse por mais. Atendi ao pedido, mordendo sua pele com suavidade, observando com precisão cada tremor que seu corpo entregava.
O medo de me perder a torna ainda mais vulnerável... Como era doce observar isso.
— Você pode examinar meu corpo, Selene, verá que não estarei machucado. Sou forte o suficiente para te proteger de qualquer coisa, e vou voltar inteiro, como prometi — murmurei rouco, rente ao seu ouvido.
Selene cravou as unhas em minha nuca. Sorri, vitorioso, ao sentir sua entrega. O prazer foi intenso, e não apenas o carnal, o prazer de vê-la se curvar a mim.
A excitação tomou conta de mim ao ver seus olhos luxuriosos, e me senti em completo controle. Estava há tempo demais sem um corpo como o dela para usar da forma que queria. Mas agora, depois de todo o esforço que coloquei para que ela chegasse até aqui, nada poderia me deter.
Parece que tenho uma vitória aqui. Ela dirá sim a qualquer proposta.
— Com isso, tenho um pedido a te fazer — minha voz saiu mais suave do que o esperado, um leve tremor a traiu, mas não podia mostrar mais que isso.
Selene mordeu os lábios, tentando segurar um sorriso, como se já soubesse o que viria.
Segurei sua mão e a levei até meus lábios, sorrindo com uma doçura que sabia que ela interpretaria como algo mais profundo, como um gesto de vulnerabilidade.
— O que você quer, Uziel? — a pergunta saiu de sua boca sem nem pensar, o tom de ansiedade evidente em cada sílaba.
— Minha querida, aceita ser a minha namorada? — perguntei com um tom suave, como se estivesse fazendo um pedido, mesmo que soubesse da resposta.
Ela sorriu, o largo sorriso denunciando sua surpresa, mas também uma aceitação mútua que sabia que viria.
— Meus pais nunca vão permitir isso! — ela murmurou, a surpresa ainda estampada em seu rosto.
Segurei seu rosto entre minhas mãos, aproximando minha testa da dela, numa posição de aparente vulnerabilidade, como se fosse eu quem precisasse dela, e não o contrário.
— Selene, por você, enfrentaria exércitos, atravessaria guerras e desafiaria até os deuses, se fosse necessário. Eu amo você mais do que qualquer coisa nesta vida.
Os olhos de Selene se arregalaram, surpresa e desconfiança misturando-se em seu olhar.
— O que você disse?
— Kjærleik! Amo você desde o momento em que te vi naquele baile, deslumbrante, como um sonho que não sabia que tinha.
— Uziel, não sei se...
— Tudo o que mais quero na vida é que você seja minha esposa. Me aceite, por favor!
— Eu aceito ser sua namorada! — ela exclamou, beijando-me com urgência, como se estivesse respondendo a uma necessidade mais do que um desejo.
O prazer da dominação incendiou minhas veias, a sensação de ter tudo sob controle me consumiu por completo.
Sabia que esse momento estava apenas no começo, mas a sensação de estar mais perto do meu objetivo, de tê-la em minhas mãos, foi inebriante.
Cada passo que dava me aproximava da ascensão que me era devida...
A batalha foi uma piada, muito abaixo das expectativas, desinteressante e entediante. Em questão de minutos, lidei com todos os inimigos sozinho, enquanto os idiotas ao meu redor mal tiveram tempo de levantar suas espadas. Nem sequer suaram.
Por mais irritante que tivesse sido a falta de um desafio real, ao menos serviu para algo: pude liberar toda a minha ira. Cada golpe, morte e corpo derrubado foi um lembrete da minha superioridade. O sangue quente em minhas mãos, o cheiro de ferro no ar, os gritos que cessavam tão rápido quanto começavam... tudo isso me trouxe uma satisfação singular.
Ali, no campo de batalha, não havia máscaras, nem necessidade de fingir.
Era um monstro.
Os soldados celebravam sua vitória com risadas altas e copos cheios. Alguns reuniam-se com suas famílias, outros afundavam na embriaguez e na alegria pueril. Só estava ali por obrigação, prestando meu relatório ao rei sobre a batalha. Nada mais do que um dever enfadonho.
Enquanto a sala fervilhava de euforia, um vislumbre fugaz chamou minha atenção. Meus olhos foram capturados por algo além da janela lateral, que me fez apertar o copo em minha mão com força desnecessária. Longos cabelos cor de areia brilhavam sob a luz prateada da lua.
Ela sabe que não deveria estar ali.
Soltei o ar em frustração.
Mulher teimosa. Sempre teimosa.
Ela conhecia os perigos do castelo lotado de homens exaustos, intoxicados e tomados por impulsos primitivos. Pior ainda, ela era uma visão que nenhum deles merecia sequer ousar contemplar.
A irritação tomou conta, aquecendo meu sangue. Não era ciúme, seria tolice supor isso. Não desperdiçava sentimentos tão banais. Era a audácia de tantos olhos insignificantes se atreverem a mirar o que era meu.
Meu corpo se moveu antes que pudesse me conter, contornando os corredores em silêncio absoluto. Não precisei de muito para encontrá-la.
Ali estava ela.
Na entrada do labirinto, com seu vestido branco reluzindo como se o luar houvesse sido tecido em sua própria trama. Ela era um farol, bela e chamativa demais, completamente exposta.
Idiota.
Não deveria estar onde todos podem vê-la.
— O que está fazendo aqui a essa hora? — minha voz saiu firme, carregada de irritação. A vontade de arrastá-la de volta ao quarto, longe dos olhares alheios, queimava em meu peito. — Não deveria estar dormindo, Selene?
Ela deu um pequeno salto, segurando as laterais do vestido com uma hesitação infantil. Os olhos ansiosos vacilaram antes de encontrar os meus, e vi o alívio relaxar seus ombros. Antes que conseguisse dizer qualquer coisa, ela se aproximou de imediato, suas mãos delicadas percorrendo meu corpo como se procurasse por ferimentos.
— E-eu... fiquei preocupada! — murmurou com uma ansiedade palpável, os dedos trêmulos enquanto me analisava.
Meu olhar permaneceu impassível, ainda que o sangue em minhas veias fervesse.
Preocupada? Isso era o que a tirava da cama e a colocava sob os olhares lascivos de soldados com os hormônios à flor da pele?
A mera ideia desses imbecis ousando cobiçá-la fazia meus lábios se apertarem. Meu brinquedo, exposto para olhos que não tinha o direito de sequer sonhar com ela.
— Não consegui dormir... Não sem saber se estava bem! — murmurou novamente, a voz trêmula. E sem aviso, jogou-se contra mim, os braços ao meu redor em um abraço desesperado.
Minha irritação esmaeceu por um instante, substituída por um sorriso lento e vitorioso. Cada demonstração de afeto dela, mesmo tão patética, era uma reafirmação do quanto a tinha na palma da mão.
— Minha querida, sou o melhor deste reino — murmurei, retribuindo seu abraço enquanto meus dedos deslizavam por suas madeixas sedosas. — Mas, se quiser cuidar de mim, não irei me opor.
Ela tremeu contra mim, suas mãos se agarrando com mais força ao redor do meu corpo, como se soltar significasse me perder.
— Tive medo... tanto medo de perder você! — sua voz saiu baixa, entrecortada pelo choro.
Engoli a irritação que seu sentimentalismo infantil provocava. O enjoo subiu, mas reprimi qualquer sinal disso.
— Não ofenda minha honra dizendo isso — resmunguei, a voz mais firme do que deveria ser. — Jamais perderia para simples vermes!
Seu corpo encolheu ao som da minha reprovação. Respirei fundo, ajustando o tom como um artista que ajusta o instrumento.
— Desculpe, minha princesa. Não quis ser rude com você — murmurei, com uma falsa suavidade.
Ela se afastou o suficiente para segurar meu rosto entre as mãos, seu toque quente contrastando com a frieza da situação. Havia um sorriso tímido brincando em seus lábios, mas o brilho em seus olhos chamou minha atenção.
— Entendo sua frustração — respondeu, a voz calma e doce, como se estivesse confortando uma criança. — Não peça desculpas por ser você mesmo. Sei que é o mais forte, mas quando amamos alguém, temos medo de perdê-lo.
A última frase foi como uma faísca. Meu corpo ficou imóvel por um instante, enquanto as palavras se infiltravam na minha mente como veneno lento.
— O que disse? — perguntei, interessado, meu tom quase casual, mas meu olhar fixo nos dela.
— Que eu amo você! — ela afirmou, sua voz firme e cheia de convicção.
O sorriso vitorioso que nasceu nos meus lábios foi impossível de conter. Senti o calor da satisfação me inundar, um prazer profundo e avassalador que nada tinha de carnal.
Alcancei seu coração! Agora, posso destruí-lo. E, quando o fizer, tudo será meu!
https://youtu.be/S87_8t4DGtk
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro