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Capítulo 2

Capítulo 2

Não foi o barulho de trânsito que acordou Daniel, mas o zumbido constante de um aspirador de pó no quarto ao lado. Ele apertou os olhos contra a luz que entrava pela janela e procurou cegamente pelo celular, apenas para xingar a tela em branco de uma bateria descarregada.

— Levante-se —, ordenou a si mesmo e jogou as pernas para o lado da cama. A tontura esperada não chegou. Daniel olhou para o esmalte preto lascado de suas unhas e fez uma checagem; seus membros estavam cansados e seus ombros doíam, mas isso podia ser atribuído às horas em que esteve dirigindo para chegar até aqui. Foram quase dez horas de viagem de BH até Itacarambi. Sua cabeça não doía, mas o que mais o surpreendeu foi o ronco em seu estômago. Daniel estava com fome.

A porta do banheiro nunca foi uma imagem tão positiva.

— Chuveiro, barba e ... delineador novo — disse Daniel para a pessoa com olhos de panda olhando para ele no espelho.

Ele permaneceu sob a corrente de água quente por muito mais tempo do que ele sabia que deveria, mas foi muito bom lavar a sujeira com água limpa. A água escorreu para os azulejos do box e Daniel inclinou a cabeça para que ela lavasse seu rosto. Ele abriu a boca para deixá-la bem cheia, em seguida, derramou pelo queixo. A água tinha um gosto bom. Sem flúor, apenas o leve cheiro de terra do poço artesiano. Ele virou-se, deixando a água bater na nuca e ficou ali até que um pouco de seu cansaço seguiu a água pelo ralo.

Daniel relutantemente desligou a água. Ele enrolou uma toalha em volta do cabelo, a outra em volta da cintura e passou a mão sobre o espelho embaçado. Seu reflexo zombou dele, assim como há anos, desafiando-o a fazer contato visual.

— Você se foi, cara — ele se ouviu dizer e umedeceu o pano para retirar as últimas manchas de delineador debaixo de seus cílios escuros. Suas sobrancelhas haviam crescido e Daniel segurou a navalha, contemplando se as removeria ou não, mas decidiu que a fina camada de cabelos não parecia tão ruim na testa levemente bronzeada do sol que pegou dirigindo até ali. Passou sua navalha através da barba escura no queixo, revelando a pele clara e pálida e uma linha da mandíbula afiada.

"Você está muito magro, cara".

— Eu sei —, Daniel murmurou para o irmão que estava a muitos quilômetros dali, em um apartamento num bairro de classe média alta de BH. Apenas um ano de diferença entre eles, mas a sintonia entre eles na infância fazia com que todos pensassem que eram gêmeos. Eles eram inseparáveis quando crianças, andando pelo bairro com suas bicicletas iguais ou construindo fortalezas no terreno baldio do lado de casa. Ambos sempre foram altos para a idade e tinham os mesmos olhos verde-claros que brilhavam em seus cabelos escuros. Se não fosse pela pequena cicatriz acima do olho esquerdo de Daniel, seus professores nunca os teriam diferenciado.

Mas, enquanto Silvio tinha certeza sobre tudo o que ele fazia, Daniel tinha dúvidas. Na puberdade, a cicatriz não era necessária para dizer quem era quem.

Daniel secou a pele limpa e desenrolou a toalha da cabeça para deixar o cabelo molhado cair e passar pelos ombros. Ele viu o corpo magro e cheio de tatuagens e sorriu.

— Bom dia, Dani! Já é um novo dia e eu estou com fome — disse ao espelho.

***

— Bom dia, luz do sol, — Mila disse alegremente quando Daniel entrou na recepção. — Você parece melhor depois de uma noite de sono.

Daniel olhou para o relógio atrás dela. — Perdi metade do dia — disse ele, chocado que era quase meio-dia.

— Você obviamente precisava disso. Agora, antes de sair, você tem que ter um dos meus famosos grandes cafés da manhã, e eu não estou aceitando um não como resposta.

Daniel sorriu; ela era tão parecida com a sua babá dos tempos de infância.

— Não sou um grande comedor logo que acordo. Que tal só torrada e um suco de laranja?

— Torrada e ovos mexidos, então.

— Isso seria bom, obrigado — admitiu Daniel. — Ah, você tem um carregador que eu possa usar emprestado?

Mila olhou para o carregador e disse — Não se preocupe. Vou ligá-lo atrás do balcão. Você escolhe uma mesa e nós podemos fechar sua conta depois do café da manhã.

Mais como almoço, Daniel pensou enquanto vagava pela área de refeição. Ele não tinha certeza exatamente a que horas adormeceu, mas imaginou que dormiu por mais de doze horas. O sono havia se tornado uma mercadoria rara e preciosa desde que ele parou de injetar merda em seus braços, então ele sabia que estava no caminho certo.

Sono ininterrupto e sem sonhos. Foi sem sonhos? Daniel se perguntou enquanto se sentava na mesma mesa da noite anterior. Fragmentos de sonhos voltaram para ele em pedaços sem sentido. O carro velho ao lado da estrada, cheio de roupas, móveis, quadros emoldurados, além de outras coisas estranhas que ele nunca tinha visto antes. Ele se afastou para seguir uma cacatua que contava histórias sobre um sapo que queria voar e dançava com sua crista amarela subindo e descendo. Daniel sacudiu a cabeça. E isso sem drogas.

Ele olhou para cima e viu um dos velhos da noite anterior empoleirado em seu banquinho no bar, enfiando-se em um prato cheio de linguiça e purê, mas não havia sinal do homem que o ajudara a abrir a porta.

Um suco foi colocado na frente dele e Daniel sorriu para Mila. Ela inclinou a cabeça em direção ao bar e disse — Seu telefone está carregando, mas não posso garantir quanto sinal você vai conseguir lá fora. O governo está sempre prometendo mais daquelas torres feias para nos ligar ao resto do mundo, mas às vezes me pergunto se isso será bom.

— Por que? — Daniel perguntou e tomou um gole do suco frio.

Mila sorriu. — Qual é o objetivo de uma peregrinação se você conectar a tudo menos a si mesmo?

— É isso que eu estou fazendo? — Ele perguntou, mais para si mesmo.

— Só você pode responder isso, luz do sol, mas a maioria das pessoas que vem aqui está procurando por algo. Alguns ficam, alguns seguem em frente, mas todos estão procurando.

— Você está procurando por algo?

— Encontrei o que estava procurando anos atrás. — Mila estendeu os braços. — Eu encontrei amor, família e uma pousada para abrigar tudo isso.

O telefone de Daniel soou várias vezes atrás do balcão quando encontrou sinal. Ele olhou para ele e encolheu os ombros. — Você não pode deixar as coisas para trás para sempre.

—Talvez você não esteja destinado a isso. De qualquer maneira, você encontrará lugares lá fora, onde o seu telefone não funcionará, mas se você ficar na estrada, estará seguro o suficiente.

***

Parado na estrada. Daniel estava de volta à beira de alguma fazenda ou sítio, olhando para o trecho de asfalto interminável. Era uma estrada perfeitamente reta, sem voltas ou curvas. Isso deveria tranquilizá-lo, mas, por algum motivo, seu objetivo tão certo quando estava na segurança do apartamento de seus pais, agora o deixava inseguro.

Quando ele deixou a Pousada da Mila, a proprietária acrescentou alguns mapas as suas coisas e garantiu que ele levasse umas garrafas de água, "por via das dúvidas". Daniel não tinha ideia de por que a velha tinha se interessado tanto por um ex-viciado. Talvez ela fosse assim com todos os viajantes desajustados? Talvez, mas ele duvidou disso.

Daniel pegou seu telefone. Havia um lembrete para confirmar sua consulta com seu psicólogo e vários textos de seu irmão. As barras de rede oscilavam entre baixo e "apenas emergência", mas ele decidiu tentar mandar mensagens de volta mesmo assim.

Voltou a encarar a BR-135. Estaria fora de alcance em breve.

Ele bateu enviar, então sorriu e acrescentou outra mensagem. "Devolverei seu carro são e salvo".

— Hora de fazer isso — disse Daniel à estrada vazia e sentou atrás do volante.

***

Duas horas de condução e a civilização acabou. Daniel não tinha visto outro carro por mais de uma hora e ainda a estrada reta como uma flecha se estendia na frente dele. O entusiasmo com a pastagem e vaquinhas havia passado.

A última música do pendrive terminou, e o constante movimento dos pneus na estrada encheu o carro para criar seu próprio ritmo de direção. Daniel bocejou. A monotonia o embalou no piloto automático. Ele não mais registrava os bois dormindo na sombra mínima das árvores esparsas ou nas placas com distâncias que não pareciam diminuir.

Uma buzina explodiu no ar. As rodas traseiras de Daniel escorregaram no cascalho da borda entre o asfalto e o acostamento.

— Porra — ele amaldiçoou em voz alta e agarrou o volante mais apertado. Um rápido olhar para o espelho mostrou apenas o cromado reluzente da grade de um caminhão que ele não notara ter se aproximado dele.

A buzina soou novamente antes que o caminhão pesado girasse para a direita e o alcançasse. Ele assistiu o caminhão seguir pela estrada, levantando poeira e uma chuva de pedras em seu rastro. O seu carro diminuiu a velocidade até parar e Daniel abriu a porta.

— Porra —, ele repetiu e quase saltou. — Caralho!

A palavra ecoou pelo silêncio e desapareceu na quietude do pasto. Daniel andou de um lado para o outro. Ele balançou os braços, a adrenalina ainda caindo nas pontas dos dedos.

— Já viu o filme 'Encurralado'? — A voz veio um pouco acima da estrada.

— O quê? — Daniel fez uma careta para o homem caminhando em direção a ele.

— 'Encurralado'. O filme sobre um cara no meio do nada perseguido por um psicopata ao volante?

— Hum, sim —, Daniel murmurou, ainda surpreso pelo súbito aparecimento do estranho. Embora ele não fosse bem um estranho, certo?

— Eu sempre penso nessa história quando os caminhões passam assim. Mais chance de ser achatado contra a estrada do que pegar uma carona. Eu sou Samuel. Nos conhecemos na pousada noite passada.

Daniel reconheceu o cara do hotel e apertou sua mão antes mesmo que ele percebesse. — Eu lembro — disse ele e recostou-se contra o carro, tentando acalmar o coração que ainda estava batendo em seus ouvidos.

Samuel tirou a mochila do ombro e jogou-a pesadamente no chão a seus pés. — Aqui — disse ele depois de abrir um cantil. — Você parece precisar de algo molhado.

Daniel exalou um longo suspiro e repetiu o processo. — Obrigado — disse ele, tomou um gole da água e balançou a cabeça. — Desculpe, eu tenho uma garrafa que ainda deve estar fria no carro. Eu te devo isso depois de me ajudar a entrar no meu quarto ontem à noite.

— Nunca digo não para agua fria. — Samuel sorriu e deslizou para se sentar na sombra contra o carro. Ele tirou o chapéu, daqueles usados por peões de gado, surrado e passou a mão pelo suor do cabelo curto. — Então, o que um cara como você está fazendo aqui?

— Um cara como eu? — perguntou Daniel enquanto entregava uma garrafa e se juntava a Samuel no pequeno abrigo que o carro oferecia.

— Sem ofensa, companheiro, mas você não se parece com os motoristas e caminhantes que vejo nessas estradas.

— É isso o que você é? Um caminhante?

— Isso é o que eu sou agora.

— E antes disso? — Daniel observou o homem mais velho tomar um longo gole e pensar sobre sua resposta.

— Antes disso, foi outro tempo e eu estava em outro descampado.

A resposta enigmática só alimentou a curiosidade de Daniel, e embora ele soubesse como o passado frequentemente precisava ser mantido lá, ele não podia resistir.

— Então você é um peão em alguma dessas fazendas?

Samuel sacudiu a cabeça e olhou para o rótulo da garrafa. — Não em tempo integral — ele murmurou, tampou a garrafa e devolveu. — Obrigado pela água, companheiro. É melhor eu seguir meu caminho novamente. Apenas recuei um pouco quando ouvi a buzina.

— Fique com a garrafa — disse Daniel. — Está muito quente aqui fora.

Samuel se levantou de modo que o sol batesse em seu rosto. Seu cabelo louro-avermelhado, ele era bronzeado dourado e tinha algumas sardas o que significava uma infância ao sol ou cabelo ruivo em algum lugar de sua genética. "Provavelmente ambos", pensou Daniel, observando os cílios claros que deixavam os olhos sombrios quase tão dourados quanto sua pele.

O homem fechou os olhos e sorriu. — Quente, sim, mas há uma brisa.

— Acho que não — disse Daniel com um bufo.

— Venha aqui — disse Samuel sem abrir os olhos e estendeu a mão.

Daniel sentou-se e olhou para a mão que era tão diferente da sua. Dedos calejados e fortes ostentando uma cicatriz enrugada que esticava o comprimento dos nós dos dedos que cobriram os dele e o puxaram para cima.

— Viu, sem brisa — Daniel disse, um pouco desconfortável que o cara ainda segurasse sua mão.

Mas Samuel apenas riu. — Cale a boca e feche os olhos.

Quando Daniel tentou dizer algo mais, o mais velho repetiu a instrução e acrescentou — Feche os olhos e sinta o ar.

Besteira hippie, Daniel resmungou para si mesmo, mas fez o que lhe foi dito. No início, a tensão em sua linha da mandíbula resistiu a qualquer sensação, mas os dedos de Samuel deram um pequeno aperto.

— Merda, cara, relaxe. Você está mais tenso do que as cordas de uma viola.

Outro suspiro e Daniel sentiu. Foi apenas um sussurro no início que poderia ter sido facilmente perdido. Não era muito forte, mas escapou da maior parte do calor para flutuar levemente contra sua pele, fazendo cócegas nas gotas de suor que se formaram para encontrar um caminho em sua garganta. Seus ombros caíram, seus braços estavam soltos ao seu lado, e Daniel sentiu a brisa morna vibrar.

Quando ele abriu os olhos, Samuel estava olhando para ele. — Você não me disse seu nome.

— É Daniel — ele respondeu, e seus lábios se esticaram em um sorriso surpreendentemente natural.

— Prazer em conhecê-lo, Dani.

Um aperto final das mãos, o homem recuou para levantar sua mochila pesada e colocá-la sobre seus ombros. — É melhor colocar o pé na estrada novamente.

Daniel observou quando Samuel colocar o empoeirado chapéu de volta à cabeça, piscar e se virar na direção da estrada.

— Espere — ele chamou. — Posso te dar uma carona? Quer dizer, a menos que você prefira esperar pelo próximo caminhão?

— Hoje não, Dani — Samuel respondeu de volta. — Hoje o dia foi feito para andar.

**

Olá caminhantes,

Mais uma Att. Na mídia Asian Dub Foundation com a música La Haine.

Até a próxima att.

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