Capítulo 13
Capítulo 13
Quando o sol afundou baixo no horizonte, todos os ônibus de turismo e grupos escolares foram esquecidos. Todas as conversas cessaram, os iPods foram embolsados e o local de camping foi iluminado. O laranja cresceu em intensidade contra o pano de fundo das nuvens de tempestade que partiam. O matiz mudou para um vermelho enquanto o crepúsculo permanecia até finalmente cair em um roxo escuro enquanto a última luz se desvanecia. Ainda assim, os acampamentos permaneceram em silêncio. Todos os olhos estavam nas cavernas.
Samuel enfiou a mão na mochila e pegou o frasco de prata. Ele destampou, tomou um gole e o estendeu para Daniel.
- Um gole, então está feito.
Dani pegou o frasco, mas ao invés de levantá-lo aos lábios, ele inclinou-o para ver o líquido âmbar derramar na terra. O forte cheiro de uísque subiu do chão do deserto e ele tampou o frasco vazio.
Samuca assentiu. - Está feito.
- Você sabe, uma parte de mim nunca acreditou que eu chegaria aqui - admitiu Daniel.
- Antes ou depois de você me conhecer?
- Ambos. Não, isso não é exatamente verdade - Daniel tentou explicar.
- Bem, nós conseguimos - Samuel disse, então sentou-se em silêncio por um tempo antes de acrescentar - É o que você esperava?
- Você está perguntando sobre chegar ao Coração, ou a nós?
- Ambos.
- Eu não tenho certeza do que eu esperava. Eu não acho que eu me deixaria esperar por qualquer coisa, e estou com um pouco de medo do que eu fazer agora. - Dani olhou para Samuel na luz refletida dos ônibus enquanto eles saíam do estacionamento para levar seus passageiros para seus motéis e hotéis nas cidades perto dali.
- O que você espera, Dani? - Sam perguntou baixinho.
- Você, nós, mas não consigo descobrir como isso pode acontecer.
- Eu estou meio quebrado, na verdade ainda não consertei aqui - disse Sam e bateu a cabeça.
- Eu sei. Eu também. Mas acho que estou aqui, agora - retrucou Daniel, segurando a mão de Samuca sobre o peito. Ele podia sentir o calor da palma da mão em sua camiseta, mas os olhos de Samuel estavam tristes.
- O que quero dizer é que não posso voltar para a cidade com você. Ainda não.
Daniel deixou a mão escorregar de seu peito, mas segurou o dedo com força. -Sim, eu percebi isso. Você pertence aqui por um pouco mais de tempo.
- E você pertence à cidade?
- Talvez - Dani murmurou. - Não tenho certeza de onde eu pertenço.
Samuel levou a mão aos lábios e beijou-a.
- Que tal entrarmos no saco de dormir antes que fique muito frio, e podemos enfrentar amanhã quando o amanhã chegar?
Daniel assentiu e empurrou os pensamentos sentimentais para longe. Ele chegou ao coração. Ele ainda estava vivo aos vinte e oito. E ele amava homem bom. O último pensamento veio com bastante facilidade, mas o impediu de tirar as botas no meio do caminho. Dani olhou para Samuel, que estava fechando os sacos de dormir juntos. - "Eu te amo, Samuel" - ele se permitiu pensar. É sobre isso que a historinha realmente era, certo?
Samuca deu uma olhada com uma expressão estranha. - O quê foi? - ele perguntou.
- Só pensando-, respondeu Daniel.
- Merda, agora estamos em apuros.
Mas Daniel riu e continuou com as botas. Ele se arrastou até o saco de dormir e franziu o nariz.
- Os cantos ainda estão úmidos.
- Boa desculpa para ficarmos juntos no meio.
- Esse cheiro é do seu saco de dormir ou do meu?
Samuel subiu ao lado dele e se aproximou. -Você está tentando me dar uma dica ou algo assim? - Ele deu ao piercing prata no lábio de Daniel um puxão suave, em seguida, um beijo.
- Funcionou? - Daniel sussurrou.
- Não mesmo - disse Samuca e beijou-o novamente.
- Você disse que é complicado lavar esses sacos de dormir - Dani murmurou contra os lábios macios.
- Não se incomode com isso - Samuel murmurou. - Você vai me beijar de volta ou o quê, aniversariante?
Aconchegado na privacidade de seu saco de dormir, Daniel ignorou os poucos outros campistas que decidiram passar a noite no parque em suas tendas e caravanas de luxo. Naquele momento, Samuel era a única pessoa que existia. Seus beijos não eram tão urgentes quanto no poço; isso viria, mas ainda não.
Seus lábios e línguas se encontraram lentamente, familiarizando-se com o gosto e o ritmo um do outro. Daniel colocou a mão sobre a camiseta de Samuca e cuidadosamente empurrou-a para cima. O tecido se agrupou, expondo a pele quente por baixo.
As bocas se separaram, mas apenas o suficiente para que Samuel pudesse puxar a camisa para cima e sobre a cabeça. Era difícil ver claramente sob a luz das estrelas, mas a confiança brilhava nos olhos do caminhante e Dani sorriu. Ele se abaixou sob a cobertura do saco de dormir e beijou o peito de Samuel. Dedos se apertaram nos longos cabelos negros quando os lábios pressionaram contra a pele estranhamente lisa que sinalizava a borda da cicatriz de Samuca. Houve uma ingestão aguda de ar, mas o aperto no cabelo se soltou. Os dedos de Daniel se espalharam pela pele marcada, e ele continuou a beijar e acariciar até que mãos fortes gentilmente o puxaram para cima novamente.
Dani olhou para Samuel, com medo de ter cruzado a linha, apenas para ser surpreendido com um sorriso. A camiseta foi levantada sobre a cabeça dele e caiu do lado de fora do saco de dormir. Dois conjuntos de calças rasgadas se seguiram, e eles se deitaram pele a pele no calor de seu casulo.
- Eu não tenho nenhuma camisinha comigo - sussurrou Daniel, desculpando-se.
- Eu também -, disse Samuca. - Eu não encontro homens ao lado da estrada com frequência.
- Frequência? Isso significa que você encontrou antes? - Daniel brincou enquanto sua mão deslizava entre eles.
- Bem, teve um cara - brincou Samuel, apenas para ter Dani puxando seus pelos pubianos.
- Ele era um cara grande? - Daniel perguntou e fechou os dedos ao redor do pênis crescente.
- Enorme. - Samuel ofegou quando os dedos apertaram.
- Mesmo?
- Talvez.
- Tem certeza? - Daniel deu-lhe um puxão que provocou um gemido.
- Não ... tudo bem ... você é o único que eu já peguei.
- Bom - ele disse e aliviou seu aperto.
- Feliz aniversário, Dani.
**
Daniel sentou-se no saco de dormir enrolado e observou Sam trabalhar seu charme novamente nos passageiros de um ônibus recém-chegado.
- Café da manhã no Coração - declarou do lado de uma janela. Foi ao lado de uma mão acenando que declarou - Estamos gastando a herança de nossos filhos!
Samuca tinha as xícaras de lata na mão e já estava na fila para o café quando acenou para Daniel chegar mais perto.
Com alguma relutância, Daniel foi até o grupo de aposentados e sorriu quando Samuel os apresentou a todos. Ele teve alguns nomes misturados, mas em seus poucos minutos com o grupo ele conseguiu se lembrar da maioria deles. Dani sorriu e acenou uma saudação para cada um deles.
- Claudia sugeriu que nos juntássemos a eles para o café da manhã - anunciou Samuel. - Então, que tal isso, Dani? Ovo mexido e torradas soam bem pra você?
Daniel esperava passar a manhã sozinho com Samuel, mas os cheiros que emanavam do fogareiro o deixaram com água na boca.
- Isso seria muito bom, obrigado - disse ele à mulher que ele esperava que fosse Claudia.
***
Durante a hora seguinte, sentaram-se em cadeiras dobráveis, ovos mexidos com torrada e conversaram. Samuca falou na maior parte da conversa, mas Daniel ocasionalmente se juntou. E nessas horas os olhos dele brilhavam.
Eles ajudaram o motorista a arrumar o ônibus e se juntaram ao grupo para uma foto. Daniel estava rindo quando finalmente conseguiram tirar uma que satisfez a todos. Samuel obrigou-os a enviar uma cópia e sugeriu o e-mail de Dani como seu endereço.
Quando uma carona foi oferecida para levar os dois empoeirados de volta para a fazenda, Samuel olhou para Dani e aceitou. Suas mochilas foram arrastadas até o corredor do ônibus para não sobrecarregar o motorista quando fizessem sua parada, e os homens se acomodaram no banco de trás.
Os aposentados cantavam canções e contavam piadas, mas Daniel estava sentado em silêncio observando a paisagem passar por sua janela. Ele ficou surpreso que Samuel aceitou a carona de volta, mas mesmo ele sabia que sua caminhada estava terminada. Daniel se inclinou para frente quando viu as pedras empilhadas acima do chão do sertão. Elas pareciam tão longe da estrada.
- Nós realmente andamos por todo esse caminho? - Ele perguntou baixinho e se virou para ver Samuca dormindo no banco ao lado dele. - Eu acho que nós fizemos.
Samuel dormiu a maior parte do caminho até a curva para a fazenda, mas Dani testemunhou cada quilômetro percorrido, embora parecesse errado fazê-lo no conforto de um ônibus de luxo com ar condicionado.
- Acho que estamos chegando perto - disse ele quando as primeiras poucas cabeças de gado apareceram. Ele olhou para Samuel para acordá-lo, mas os olhos do ex-policial estavam abertos, olhando pela janela.
- O que vem agora, Dani? - Ele perguntou baixinho.
- Eu estive pensando sobre isso, e não há como eu adiar. Preciso levar o carro de Sílvio de volta. - Daniel observou a pista aparecer na paisagem, sinalizando a entrada da fazenda.
- Então o que acontece?
Daniel sentiu Samuca se sentar. - Então eu descobrirei como voltar aqui. - Ele se virou e sorriu. - Pode levar uma semana ou duas para resolver tudo, no entanto. Você ainda vai estar aqui?
- Grande trabalho na construção dos poços de água - disse Samuel acima do assobio dos freios do ônibus.
- Eu tinha esse palpite. - Daniel assentiu. - Não tenho certeza se posso ajudar, mas sempre quis aprender a mover o gado.
- Mentiroso - disse Samuca e riu.
- Chegamos a sua parada, meninos - o motorista anunciou em seu microfone.
Eles voltaram pelo corredor, despedindo-se como se tivessem conhecido essas pessoas por toda a vida, e deram o último passo na entrada da fazenda. Quando o ônibus se afastou com uma explosão de buzina, Daniel se virou para olhar estrada de terra. Ele puxou a manga da camisa de Samuca.
- Como diabos ele sabia que estaríamos aqui?
O velho Beto se inclinou no portão e acenou para eles. Quando se aproximaram, ele abriu o portão e cumprimentou-os com um floreio de seu chapéu.
Daniel riu e agradeceu ao velho peão com a ponta do chapéu. - Nós conseguimos, Beto - disse ele e se virou para ver o sorriso de Samuel que era tão amplo quanto o seu próprio.
- É hora de dançar outra música, Daniel - disse o velho Beto e fechou o portão atrás deles.
**
FIM
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Olá caminhantes,
Mais uma história que chega ao fim. Agora é com eles.
Bjokas e até a próxima aventura.
P.S.: O parque nacional das cavernas do peruaçu existe mesmo. no norte de MG. pretendo ir lá quando tiver seguro para viajar novamente e aviso vcxs para nos encontrarmos lá. ; - )
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