Ato I - A Prisão de Uma Alma - Parte I
Aled fica bem mais do que satisfeito ao ouvir as palavras de Samara, pois, confia cem por cento nas habilidades dela. Eles se conhecem há anos, e, por isso mesmo é que ele pode dizer com todas as letras que, se ela diz que Elissa estará morta até o amanhecer, é porque isso realmente irá acontecer.
Há alguns anos, em uma viagem que tivera de fazer por ordem de Andreas, o seu caminho se cruzou com o dela. Não demorou muito para que os dois se tornassem amigos e descobrissem algo em comum, a sede por poder.
E, foi justamente esta sede que fez com que os dois se tornasse aliados. Além de, é claro, um confiar nas habilidades do outro.
― Confio em milady. – Aled se vê falando.
― Sei disso. – um discreto sorriso surge nos lábios de Samara – E, pode ter certeza de que não irei decepcioná-lo. E, digo mais, tão logo os primeiros raios de sol tragam um novo dia, poderemos chamar aquele paspalho do Damon e começar os preparativos para os ritos funerários de Elissa. Ele, como um adorável irmão mais velho, deverá chorar no túmulo da irmã, e, por favor, que ele seja bem convincente ao demonstrar toda a dor que ele sente pela morte da adorável irmãzinha.
― Quanto ao Damon, não há com o que se preocupar, ele fará exatamente o que eu mandar, milady sabe disso.
― Sei sim, meu caro. E, confio inteiramente em milorde com relação a isso, pois, é capaz de manipular Damon como ninguém. Só deixe bem claro para ele que, durante todo o funeral de Elissa, é imprescindível que ele mostre todo o seu sofrimento pela irmã, e que deixe bem claro que ele nunca a invejou por ela ser a filha legítima de Andreas e ele apenas um bastardo. Muito pelo contrário, para o povo, ele deve ser o irmão que está sofrendo horrores pela morte de sua única e amada irmãzinha.
― Pode ter certeza de que assim será.
Samara continua a olhar através da janela, para o céu de uma noite sombria e, um sorriso se forma em seus lábios. Por muito tempo, ela vem esperado por este momento e, saber que ele está prestes a se tornar realidade faz com que ela se sinta bem, como há muito não se sentia.
Há exatamente três anos ela e Sir Aled vem planejando a morte de Andreas e Elissa, a fim de que possam colocar Damon no trono do reino de Limmura e assim eles, de fato, possam juntos vir a governar.
A morte de Andreas fora planejada com todo o cuidado do mundo, e, ela precisou de tempo para conseguir as ervas certas, vindas de sua terra, para que, pouco a pouco, pudesse envenenar Andreas sem que nenhum curandeiro desse reino sequer desconfiasse da origem da doença que matou o rei.
Felizmente, a grande maioria das pessoas tem medo dos mistérios de sua terra, e, por isso mesmo, eles pouco sabem da cultura de lá, bem como os tipos de veneno que ali são cultivados. Ela passou boa parte de sua vida estudando. Estudando venenos e suas propriedades. Estudando plantas e antídotos para cada um deles. E, principalmente, estudando magia. Mas, não esta magia ridícula que Saphyre ensina para as magas que ela educa. Não mesmo! Ela estuda uma magia muito mais poderosa do que isso! Ela estuda uma magia que, desde o início dos tempos, é considerada proibida por deuses idiotas como Ulath, que, dizem proteger o reino de Limmura.
Tolo.
Grande proteção essa, que, deixa que mulheres como ela se infiltrem neste reino e assassinem o rei.
Neste tempo em que ela veio para o reino de Limmura na companhia de Aled, o que ela verdadeiramente descobriu é que Ulath não passa de um deus tolo e que, seus poderes, não chegam nem perto dos poderes dos deuses de sua terra. Estes sim, são poderosos o bastante para acabar com Ulath e toda a dita proteção que ele diz colocar sobre o reino de Limmura.
Lembra-se do dia da coroação de Elissa como rainha e, de como Vince, o líder da Ordem dos Cavaleiros da Igreja garantiu que Ulath derramou suas bênçãos sobre Elissa. Que bênçãos são essas que permitiram que ela fizesse o que fez a rainha? Isso só mostra o quanto Ulath é tolo e fraco e que, acima de tudo, ele não se importa com o reino de Limmura, tampouco com Andreas e sua linhagem, a quem ele presenteou com o lendário Coração de Rubi.
O Coração de Rubi...!
Pensar na lenda desta pedra faz com que o sorriso que Samara tem em seus lábios aumente ainda mais, assim como aflora em seu coração a curiosidade sobre todo o poder que esta pedra diz possuir. A julgar pelo poder que ela presenciou no anel de Elissa, que, dizem ter sido forjado com uma das lascas da pedra, deve ser mesmo poderoso.
Está aí algo que ela gostaria muito de poder ver um dia, o lendário Coração de Rubi.
Mas, no momento, não é com uma lenda que ela tem de se preocupar e, sim com a realidade, pois, fez uma promessa a Aled e precisa cumprir com ela ainda esta noite.
E, com este pensamento em mente, Samara começa a caminhar, a fim de deixar a sala do trono.
― Onde você vai? – questiona Aled, vendo que a aliada está se retirando.
― Cumprir a promessa que eu lhe fiz. – Samara simplesmente diz – E, se eu fosse milorde, iria agora mesmo atrás de Damon, a fim de começar a prepara-lo para o dia de amanhã, a fim de que ele comece a chorar muito pela morte de sua amada irmãzinha.
Samara então pisca para Aled, deixando a sala do trono em seguida, e, sabendo que esta noite será longa para ela. Será um esforço muito grande de sua parte, mas, no final, valerá muito a pena e, para ela, é simplesmente isso que importa.
Esta noite, A rainha Elissa Russel encontrará a morte e, não há ninguém neste mundo capaz de impedir isso!
Um sorriso perverso se forma nos lábios de Bethanie, enquanto, pouco a pouco, ela começa a sentir a força voltando a seus músculos. Fecha os olhos por um momento e, se esforça para mexer os dedos de suas mãos, e, ao abri-los, percebe os movimentos de suas falanges.
Então, conforme ela imaginara, o poder daquela maga ridícula é temporário. E, ao que tudo indica, é mais temporário do que ela havia julgado, visto que seus movimentos já estão retornando.
Tem certeza de que, até o amanhecer, todos os seus movimentos já terão retornado e, com isso, ela estará plena novamente, e, mais importante, pronta para lutar!
Esta noite, aquela maldita maga chamada Ethel a pegou completamente desprevenida, e, por isso mesmo é que ela caiu no truque dela, porém, isso jamais irá voltar a acontecer!
Agora, ela já conhece todos os truques daquela maldita e, por isso mesmo é que ela não irá cair neles novamente! Muito pelo contrário, da próxima vez que as duas se enfrentarem, ela estará totalmente pronta para a sua inimiga, e, não irá parar até que a vida daquela maldita Ethel seja ceifada!
E, será ela a ceifar a vida dela e mais ninguém, pois, Ethel agora é sua inimiga mortal e, não há mais ninguém neste mundo que ela queira mandar diretamente para a morada dos mortos, a não ser aquela maldita maga, e, não importa quanto tempo leve, ela simplesmente não irá parar até que consiga cumprir com este seu objetivo!
― Vai mesmo querer brincar com isso? – Teodor questiona de forma irônica.
Em um dos salões de treino do palácio, o Cavaleiro olha com um ar zombeteiro para Nivriti que, com uma espada em mãos, apenas encara o homem a sua frente, sem se deixar abater pelas provocações dele.
― E por que não? – Nivriti simplesmente não consegue deixar de questionar - Se aquela rainha ridícula pega em uma espada, por que eu não posso? Em que ela é melhor do que eu?
― Milady é melhor do que ela em tudo.
― A não ser que, é claro, milorde não saiba como ensinar. Pelo que eu soube, foi o cãozinho da rainha que a ensinou a pegar em uma espada. Vai me dizer que você, ao contrário dele, não sabe ensinar uma dama a pegar em uma espada? – a mulher simplesmente não consegue deixar de provocar.
A simples menção em Stefan faz com que a fúria tome conta de Teodor e, ele encara Nivriti no fundo dos olhos da mulher, para então voltar a dizer:
― Se é assim que milady deseja, eu a ensinarei a lutar. Mas, que fique bem claro que não me responsabilizo por qualquer ferimento que venha a sofrer, tampouco irei pegar leve, pois não me importo que seja uma dama.
― E quem disse que quero que pegue leve comigo, Sir? – Nivriti simplesmente não consegue deixar de sorrir.
― É assim que eu gosto! – Teodor volta a falar, um sorriso cruel tomando conta de seus lábios.
Em seus aposentos privativos, Damon acaba de dispensar um dos curandeiros que deu uma olhada em seu ferimento quando Aled adentra o recinto sem se dar ao trabalho de bater na porta.
― O que deseja? – Damon não consegue deixar de perguntar, sem conseguir conter o ligeiro tom de irritação em sua voz.
― Primeiramente, tenha mais respeito ao se dirigir a mim, Damon. – fala Aled, de forma fria – Lembre-se de que, se não fosse por mim, você jamais estaria aqui.
― Perdoe-me, eu só estou um pouco irritado. Mas, a que devo o prazer de sua visita?
― Esta noite, deverá descansar bem, Damon, pois, amanhã pela manhã, a morte de Elissa será anunciada e você, deverá se mostrar a corte como um irmão desesperado por perder sua única irmã.
― Não posso fazer isso. Sabe muito bem o quanto sempre odiei Elissa.
― E você acha que eu me importo com isso? Em seu coração, pode odiá-la o quanto quiser, mas, para o mundo, deverá chorar e sofrer pela morte dela. Se quiser o apoio de seu povo, deverá sofrer pela morte dela.
― Não me importo com o povo. Não preciso deles para governar.
― Precisa de um povo calmo. Ou quer que seu reinado comece com uma revolta? Não se esqueça de que a Ordem das Magas e a Ordem dos Cavaleiros da Igreja estão contra nós, portanto, se quiser evitar futuros problemas, seria inteligente ter o povo a seu favor. E, por isso mesmo é que eu digo, se quiser ser coroado rei, amanhã irá chorar a morte de sua irmã!
Por sorte, Leon conseguira enganar a todos os seus inimigos com sua ferida, e, após receber os devidos cuidados de um dos curandeiros do palácio, está em seu pequeno quarto na ala militar, pensando no que pode fazer para ajudar os aliados da rainha, pois, ficar parado, não é uma opção!
Cada minuto que ele perde ficando parado é um minuto de desperdício e, ele simplesmente não tem tempo a perder, pois quer ajudar o máximo possível sua rainha e seu reino.
Sente que, sozinho, pouco pode fazer e, se lembra de que, naquela noite em que tivera de dobrar os seus joelhos em "lealdade" a um bastardo, que mais alguém também o fizera de forma forçada. Talvez, se os dois unirem forças, possam ajudar a rainha de forma mais significativa.
Com este pensamento em mente, Leon deixa seus aposentos e, com pressa, caminha até o quarto do colega que, ele tem certeza de que irá se aliar a ele. Ali chegando, bate algumas vezes na porta e, como ninguém atende, será que ele está dormindo?
Resolve abrir a porta e ver o que está acontecendo.
E, no momento em que faz isso, se surpreende ao ver o corpo de Wahum sob uma grande poça de sangue, e um corte profundo sob seu peitoral, exatamente na altura de seu coração.
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