A segunda estrela!
Voltei pra casa mais rápido do que trem-bala, o fato de Felipe me perguntar o que estava fazendo atrás da casa abandonada, e o porquê eu estava com uma garrafa de vidro na mão, me fez perder uns belos trinta minutos até inventar uma desculpa para lhe contar, que fosse convincente.
Pela expressão dele, que dizia: Não estou entendendo nada. parecia estar dando certo. Contei a Felipe que vi a garrafa cair atrás da casa e fui ver o que estava acontecendo, sem querer pisei na lama e tive de usar a garrafa para escapar.
Ele não me perguntou nada, isso me deu tempo para voltar pra casa e colocar a garrafa numa nova estante no meu quarto.
— O jantar está na mesa! — anunciou minha mãe.
Desci aquelas escadas correndo e garanti o primeiro prato. Lasanha era algo que eu amava, comi o primeiro pedaço em duas bocadas e pedi pra repetir, o segundo levou meu estômago ao limite e meu olho a direção da janela, onde outra estrela despencava do céu, na mesma localização da anterior.
O que estava acontecendo? — me perguntei. — O céu estaria desabando?
— Mãe... Posso sair? — perguntei a minha mãe que agora lavava a louça.
Felipe estava jogado no sofá e roncava tão alto que do outro lado da Baía de todos os santos seria capaz de ouvi-lo.
— Uma hora dessa? Não! — ela me respondeu, sua voz foi doce no início e depois dura ao me negar o pedido.
Não podia desobedecer minha mãe, mas também não poderia deixar a estrela lá.
Esperei que todos dormissem e com muita cautela saí até a casa abandonada, fiz o mesmo caminho, desta vez com uma garrafa de vidro na mão, já estava preparado.
Quando peguei a estrela e estava me pondo a sair dali ouvi algo, um barulho e logo em seguida uma voz revigorou acima de minha cabeça, trovejando como numa tempestade.
— Quem é você?!
Saltei para trás em cautela e olhei para o homem iluminado naquela luz amarela dos postes de Salvador; era alto, barbudo, vestia cinza e carregava alguma coisa na mão esquerda.
— O gato comeu sua língua?! — O homem levantou a arma que carregava, um revólver, ele mirou na minha cabeça e começou a me ameaçar. — Perguntei seu nome!
Naquele momento o gato parecia ter realmente engolido a minha língua, fiquei tremendo e não conseguia falar nada, o homem destravou o revólver, pensei que fosse morrer, mas algo voou na cara dele, o fazendo cair no chão.
— Quando a mãe falar para não sair de noite... À obedeça.
Felipe veio correndo em minha direção e me levou pra casa.
Coloquei a segunda garrafa na minha estante e pensei que já poderia começar uma nova coleção.
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