OLÁ, PESSOAL!

Vou falar apenas uma coisa antes de lerem o capítulo: segura na mão de Deus e vai.

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Após todo o ocorrido na praia, retornamos para o TCA; Patrícia e Nathália se trocaram voando e mal tivemos tempo para conversar.

Assim que elas foram para a biblioteca junto de Daniel, logo após o jantar, restamos apenas Lucas e eu na mesa. E aqui estamos.

Com um suspiro, apenas tintilo as unhas na mesa, fitando o resto de pizza no prato; as mechas castanhas em meu cabelo vão se emaranhando com o vento.

― Então... ― murmuro.

Acho que a sobremesa já chegou: torta de climão.

― Hm, você quer dar uma volta? Amanhã é domingo, não vai fazer mal ficar até um pouco mais tarde...

― Ah, tudo bem. ― sorrio, dando uma risada nervosa.

"Ok, então, desde quando o Lucas é legal comigo?" ― penso, enquanto me levanto.

Sentindo minha garganta coçar e apenas acompanho Lucas, de vez em quando fazendo comentários sobre as tarefas e a verruga (que já tem vida própria) do professor de química.

Na parte em que estamos, não há mais ninguém; as árvores farfalham com o vento frio da noite e luzes ― na grama e ao redor da árvore, além dos pequenos postes ― iluminam o Campus.

Assim que chegamos perto de uma das fontes, Lucas aponta na direção e apenas nos sentamos na beiradinha, escutando apenas o barulho da água.

E devo admitir: eu estou nervosa.

Ainda não sei porque tudo aquilo acontece, foi tão... de repente; tudo bem, já estamos há um bom tempo na escola e já somos bastante amigos, mas não posso acreditar que eu estava a ponto de beijar o Lucas.

E ainda mais que eu queria beijá―lo.

― Você tem muitos amigos por aqui? ― pergunto, quebrando o silêncio.

― Ãhn... sim, eu acho. Por quê?

― Não, nada. É que você, Patrícia, Nathália, Daniel e eu temos andado juntos desde que nos conhecemos, então... ― dou um sorriso amarelo ― Além do mais, o clima aqui está, no mínimo, estranho.

― É, eu sei. ― ele suspira.

O silêncio se instala entre nós dois novamente e eu engulo em seco, falando de uma vez só:

― Naquela hora, na praia, se a Patrícia não tivesse me chamado... você iria me beijar?

Sinto meu corpo gelar e meu coração acelerado, mas continuo olhando para Lucas, que também me encara, surpreso.

― Sim, eu teria. ― responde, parecendo envergonhado e, ao mesmo tempo, aliviado.

― Ah.

Encaro meus pés e ao levantar o rosto novamente, vejo Lucas se aproximando rapidamente, fazendo com que eu dê dois passos para trás e quase caia.

― O que você tá fazendo? ― exclamo, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.

― O que deveria ter feito há muito tempo. ― ele sussurra, colocando as mãos ao redor da minha cabeça e erguendo meu rosto, olhando nos meus olhos.

Sentindo minha respiração ofegante e as batidas do coração cada vez mais aceleradas, apenas murmuro:

― Desculpa, é só que... eu não posso fazer isso.

Saio correndo, zonza; sem senso de direção, termino esbarrando em alguém. Dou uma pequena exclamação, mas apenas suspiro ao encarar Nathália.

― Malu! ― exclama, surpresa e ao mesmo tempo querendo rir ― O que aconteceu?

― Onde está a Patrícia? E o Daniel? Pensei que iam estudar. ― murmuro, sem responder.

― Eles ficaram lá, não estou muito no clima de estudar. Já eles... como conseguem gostar de matemática?

― Nem me pergunte. ― respiro fundo e me sento em um banquinho, junto de Nathália.

― Não vai mesmo me falar o que acontecer? ― ela pergunta, me encarando.

― Vou, mas é melhor irmos para a C.D.

Ela concorda com a cabeça e nos levantamos, caminhando na direção dos dormitórios.

***

― Eu não sou capaz de opinar. ― murmura, levando um sushi à boca.

Após chamar um "Sushi daora", pegar um refrigerante e me jogar em um dos puff's da C.D (agora vazia), terminei contando toda a história pra Nathália, que me respondeu com esta incrível frase. Realmente incrível; parabéns aos envolvidos.

― Que... não sei. Não sei o que dizer. ― rio, colocando um pouco de cream cheese no sushi ― Mas a Patrícia sempre achamos que ele gostava de você.

― Como?!

― É, Malu. Você é muito lerda. Lucas é um clichê dos livros, das séries e dos filmes; o garoto irritante, que te chama por um apelidinho e fica no seu pé. Oh, que original! ― ela ri e, ao ver meu rosto em uma sombra de sorriso, para.

― Vocês deveriam ter me contado.

― Você descobriu sozinha. ― sorriu, tomando um gole da Fanta Laranja. ― Mas, falando sério, por que não o beijou?

― Eu já respondi: não estava pronta.

― Você é BV?

Suspirei e apenas assenti com a cabeça, olhando para os lados.

― Ah, Malu, isso não é um problema. Não precisa ficar envergonhada.

― Bem, eu fico. Já tenho 14 anos... não deveria ser assim.

― Isso não quer dizer nada. Mas se quer tanto beijar alguém, por que não beijou o Lucas?

― Pela milionésima quarta vez: eu não estava pronta.

― Ah, te entendo. Também estava assim em relação ao Guilherme, mas sei lá... se você esperar estar pronta, nunca vai estar de verdade.

Apenas dei de ombros; franzindo a testa, perguntei:

― Por falar nisso, você tem falado com o Guilherme? Não escuto nada dele vindo de você desde o jogo de basquete.

― Ah. ― ela suspira, dando outro gole no refrigerante ― Pra falar a verdade, eu não sei. Eu realmente não falo com ele há um tempão, mas ontem, na praia, ele conversou comigo; disse que eu tinha me afastado.

― Vocês namoram, não é?

― Não exatamente.

Dei outra mordida no sushi.

― Não sou experiente com isso, mas você merece algo melhor, Nathália. O Guilherme parece ser um babac-

― Ele não é! ― exclama e encara o chão ― Desculpa, mas é que todo mundo... ei, o assunto aqui é você e o Lucas! Não tente me enganar!

Reviro os olhos, rindo, e elas me acompanha; enquanto tomo o resto do refrigerante, sinto o celular vibrando no meu bolso. O de Nathália faz um "bip", também.

― É da Patrícia? ― ela pergunta.

― Sim. ― respondo, mordendo os lábios e checando a mensagem.

Pati: Potter beija Potter

― Potter beijar Potter? ― Nathália dá uma risada fraca ― O que isso quer dizer?

Me levanto, pensando, e de um segundo para o outro, minha mente parece achar uma solução para o "enigma".

― Espera. A Patrícia ficou sozinha com o Daniel na biblioteca, certo?

― Sim.

― Ela gosta de Harry Potter, ele gosta de Harry Potter... ― murmuro, fitando Nathália, e ela arregala os olhos, pousando o copo em sua mão na mesinha.

― Então isso quer dizer que...

Ao mesmo tempo, dizemos:

― A Patrícia beijou o Daniel!

― Eu a sou a única do clube sem parzinho!

Olho para Nathália com um olhar de "sério?" e ela apenas dá de ombros, cruzando os braços.

Com um suspiro, apenas me jogo no sofázinho e enterro o rosto nas almofadas.

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