12. Luz, câmera, teatro!
"O bolo de chocolate tem brigadeiro, mas o de morango, aaah... tem chantilly! Isso é impossível, isso é totalmente impossível" ― é apenas o que eu penso, enquanto analiso os dois deliciosos pedaços de bolo na minha frente.
― Malu, anda! ― exclama a voz de Patrícia atrás de mim.
― Shhh! Pati, não consegue entender que essa é uma decisão crucial? Que tudo pode mudar com isso?
― Acredite, Malu, eu sei. Mas não quero me atrasar pra aula de teatro, então, largue seu espírito libriano e escolhe logo!
Apenas solto um gemido, escolhendo o pedaço de bolo de morango e sussurrando um "eu vou voltar" para o de chocolate.
Rindo, Pati apenas me puxa até a mesa onde estão Nathália, Lucas e Daniel; me sento na parte que está sombreada por uma árvore nem tão alta, e abocanho meu café-da-manhã.
― Por que demoraram tanto? ― Daniel pergunta, me encarando.
― Um grande dilema entre o bolo de morango e de chocolate.
Lucas ri, quase cuspindo o suco que bebia para fora, e eu dou um sorriso irônico.
― Então, ansiosos para a primeira aula de teatro? ― Nathália sorri.
― Um pouco. ― Daniel dá de ombros.
― Por mim, tanto faz. Eu acho aquela professora meio maluca pra falar a verdade. ― Lucas coça o cabelo, dando um suspiro.
― São tempos sombrios, não há como negar. ― murmura Pati, fitando Lucas, enquanto balança a cabeça em sinal negativo.
Apenas olho para Nathália, que sorri quase ao mesmo tempo que eu; assim que terminamos, pegamos nossas mochilas e vamos caminhando na direção da sala de aula.
Caminho ao lado de Pati, observando Lucas, Daniel e Nathália numa animada conversa; fito Pati e sussurro:
― Você encontrou o garoto? O "lonely boy"?
― Ah, não. Ainda não. Aparentemente, ele não tem muitos amigos, e essa escola tem mais alunos do que a população de um pequeno País.
Rio sozinha e sou surpreendida com as cabelereiras ruivas de Guto e Leo se aproximando, com um sorriso, exclamo para os dois, correndo para um abraço.
― Malu! ― exclamam juntos, rindo.
― Sim, sou eu. ― dou uma risada baixa, me desvencilhando do abraço ― Mas então, como vão as coisas? Aproveitando?
― Sim, bastante. ― Guto sorri ― Temos aula de educação física, agora. Aliás, temos que ir para o vestiário. Tchau, Malu!
― Tchau! ― Leo exclama, correndo junto de Guto.
Apenas reviro os olhos, sorrindo; mal os vejo ultimamente, e quando acontece, é sempre de uma forma... conturbada.
― Ai-ai, ótimos compradores... ― murmura Pati ao meu lado, sorrindo de forma boba.
Arregalo os olhos e franzo a testa.
― O quê?!
― Ãhn? ― ela pisca, parecendo confusa, e logo depois balança a cabeça ― Quer saber, esquece. Vamos andando ou vamos chegar atrasadas!
A observo correndo para longe e coloco a mão nas alças da mochila, dando uma risada de canto e voltando a andar.
***
A sala de aula de teatro é simplesmente incrível.
Minha boca fica completamente aberta ao encarar o local; paredes e chão pretos, cobertos por um carpete, com pequenas luzes alaranjadas nas paredes.
Bancos e puffs coloridos formando uma espécie de roda, com uma grande outra cadeira no meio. Em outro canto, um pequeno palco, de onde posso ver uma espécie de camarim cheio de figurinos, cenários e etc.
― Meu Deus, isso é... eu não o que é isso, mas é. ― murmuro para Daniel, que está logo ao meu lado.
― Você se empolga com tudo por aqui. ― diz, sorrindo.
― Parece que à cada dia é uma nova descoberta. ― sorrio de volta, mordendo os lábios.
― Tenho a impressão de já ter escutado essa frase... ah, sim, a música dos Backyardigans.
Rio alto e sou interrompida por Lucas, que se vira na minha direção e na de Daniel:
― Não foi engraçado. ― bufa.
― Tudo bem, senhor especialista-em-coisas-engraçadas.
― Isso também não foi engraçado. ― dá uma piscadinha e vira-se para frente.
Fito a parte de trás de sua cabeça, confusa, e logo a voz de Pati sussurra em meu ouvido:
― Ele tem razão e, aliás, sua risada parece a de uma hiena morrendo. ― a olho e ela apenas dá três batidinhas em meu ombro.
Daniel apenas ri, indicando uma das cadeiras, onde me sento ao seu lado e ao do senhor especialista-em-coisas-engraçadas/Lucas; Nathália e Pati completam a "fila", também.
Após alguns minutos em silêncio e todos os alunos entrarem, as luzes se apagam e tudo fico escuro; rapidamente, meu coração começa a acelerar e eu estou pronta para perguntar "o que está acontecendo?" quando a voz de Lucas sussurra em meu ouvido:
― Relaxa, Maluzinha, você praticamente saltou da cadeira. ― ri baixo ― É só a entrada "triunfal" que a professora faz todos os anos.
O olho, com cara de enterro, murmurando:
― Obrigada pela... informação.
Ele apenas sorri cinicamente.
Ao olhar para frente, noto que uma fumaça começa a se formar no pequeno palco e uma mulher alta, de cabelos ruivos e cacheados, usando um vestido florido aparece, murmurando de maneira... teatral:
― "Afinal, o que é teatro?", essa é a pergunta que muitas pessoas se fazem. ― ela faz gestos exagerados com as mãos, me fazendo sorrir ― Mas a resposta é muito simples: nós somos o teatro. Todos os gestos, todos os diálogos, tudo que fazemos, tudo que somos... isso é o teatro. Mas há muito mais a se aprender e hoje, queridos pupilos, a jornada começará.
Ela fecha os olhos, juntando as mãos, e balançando a cabeça. As luzes novamente se acendem e a fumaça para, de repente.
Ao abrir os olhos, ela sorri.
― Primeiramente... obrigada por ajudar, Carlos. ― um homem usando o uniforme de funcionários sai de trás de uma cabine ao lado do palco, fazendo um joinha para a professora; assim que ele sai da sala, voltamos a atenção para a professora, que sorri: ― Queridos alunos, bem-vindos à mais um ano nesta jornada; para os que não me conhecem, me chamo América, mas podem me chamar de Meri. E não, eu não li A Seleção, Patrícia. Todo ano eu respondo isso. ― Pati parecia estar prestes a falar no momento que Meri fala isso.
Todos riem e Patrícia apenas dá de ombros.
― Continuando: vocês, novatos, podem saber que eu não sou apenas a professora de vocês, mas também uma amiga; podem contar comigo para tudo, mas saibam que não tolero brincadeirinhas de mau-gosto em minha aula. Bem, parece que não temos tantos rostos novos nessa turma, exceto... você. ― ela olha para mim, sorrindo ― Se bem que seu rosto não me parece tão estranho... ah, sim, lembrei. Você foi uma das chamadas lá no palco pelo diretor, certo?
Apenas concordo com a cabeça, um pouco envergonhada.
― Pois bem, vou poupá-la de uma apresentação aqui na frente da sala, ok? Vamos começar a aula, que é o que mais importa aqui. Para um aquecimento, quero que formem duplas e improvisem um roteiro rápido. Vamos, vamos!
Ao olhar para Pati, vejo que ela já está fazendo dupla com Nathália; Lucas faz dupla com um de seus outros amigos, logo, restamos apenas Daniel e eu.
― Então, tudo bem para você se formos uma dupla? ― pergunta, parecendo envergonhado.
― Claro! ― sorrio ― Bem, não faço a mínima ideia do que interpretar, então...
― Podemos fazer a cena de Romeu e Julieta!
― Mais clichê? Impossível. ― ele fica vermelho e eu dou duas batidinhas em seu ombro ― Não é um problema. Vamos lá, então. A cena da morte? É uma das poucas que sei as falas.
Daniel assente com a cabeça e logo vamos caminhando na direção dos figurinos.
***
Após 20 minutos, a rodada de apresentações finalmente começa; depois de muitas, chega a vez de Patrícia e Nathália, que usam chapéus e paletós, e Nathália carrega uma lupa nas mãos.
― Elementar, meu caro Watson. ― murmura, sentada em uma poltrona em cima do palco.
― Mas então, Holmes, qual a seria a resposta para este caso? Realmente, não consigo entender. ― Patrícia alisa seu "bigode".
― Nenhuma, Watson, nenhuma. Creio que desta vez, Irene Adler tenha nos superado... mas eu não esperaria menos dela.
― Queria dizer que estou triste, mas pela primeira vez, me sinto feliz por termos "perdido".
― Eu também. ― finaliza a cena, observando o horizonte.
O resto da sala aplaude, e eu também; a professora Meri corre para abraçá-las, parecendo contente.
― Ah, Patrícia, você nunca decepciona. Apesar de Sherlock Holmes não ser exatamente uma peça, a releitura ficou muito boa, ainda mais para um improviso; muito bem, a próxima dupla é... Marie Lu e Daniel.
Respiro fundo, caminhando até o palco junto de Daniel, e quase tropeçando no vestido que peguei entre os figurinos; meu coração está um pouco acelerado e eu estou mais que nervosa com toda a sala me olhando.
Fico na posição já combinada entre Daniel e eu e me deito na madeira, um pouco fria, logo posso escutar a voz de Daniel:
― Ó tu, piloto desesperado! lança de um só golpe contra a rocha escarpada teu
barquinho tão cansado da viagem trabalhosa. Eis para meu amor. ― não vejo, mas nessa parte ele deve beber o "veneno" ― Ó boticário veraz e honesto! tua droga é rápida. Deste modo, com um beijo, deixo a vida.
Largando o frasquinho no chão, ele dá um rápido beijo em minha bochecha, caindo sobre meu corpo.
Pensando bem, a cena foi um pouco rápida, mas foi o melhor que conseguimos no pouco tempo que tivemos.
Quebrando o silêncio, todos aplaudem, e logo nos levantamos, dando as mãos e agradecendo com uma reverência; Pati e Nathália fazem joinhas e Lucas apenas me fita, com uma expressão um pouco séria.
A professora caminha até nós, sorrindo, e diz:
― Daniel, você foi ótimo, espero que tente algum papel na peça do fim do ano ― Meri sorriu novamente e logo me olhou ― Malu, você não teve falas e não fez muita coisa, mas creio que tem um grande talento. Espero te ver atuando verdadeiramente nos próximos trabalhos, tudo bem?
O sinal toca quase que ao mesmo tempo que ela termina de falar e o resto da sala corre para se trocar.
― Vocês foram incríveis! ― exclama Pati, sorrindo, e Nathália concorda com a cabeça ― Mas que eu saiba, o beijo do Romeu era na boca.
Apenas reviro os olhos, enquanto Daniel parece querer se enfiar no buraco mais próximo (espero que isso não tenha soado errado).
― Ha-há, muito engraçado, Patrícia. ― cruzo os braços, dando um sorriso irônico ― Vamos nos trocar, essa roupa pinica... e muito.
Junto das duas, caminho na direção do "camarim", logo depois de sorrir de volta para Daniel, que ainda me observava de longe.
I\R
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OLÁ, PESSOAL!
Primeiramente: fora Temer <3, segundamente: O QUE ACHARAM DO CAPÍTULO????? :v Respondam, porque eu hambei (amei) muito ele, e tive ideias incríveis, mas também queria saber: o que vocês acham desses trechos mais comuns, tipo, falando das aulas, do dia-a-dia e etc? Gostam, normal, hambam (amam) ou acham meio pombo? Digam, porfas sz
Espero que vocês estejam gostando da história, obrigada por todos os comentários e tovos; vou ficando por aqui, até breve.
Âncoras, pipocas, doces e beijocas!
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