5.2 WILLIAMS
Williams Júnior
Seis anos atrás, foi o estopim para que eu realmente surtasse de vez, as brigas em casa eram cada vez mais constantes, a mulher que eu amava e chamava de mãe, estava cada vez mais insuportável. Por causa dele.
Cada dia que passava ele se tornava cada vez pior. Eu já havia reparado as cicatrizes nela sempre que ela vinha me por para dormir.
Ela sempre dava as desculpas de sempre e se acabava em coisas fúteis. Até se esquecer das várias amantes e o dinheiro que sua família havia juntado com tanto esforço ir cada vez mais pelo ralo.
Depois do próprio padrasto a tratar como lixo, era vez do próprio marido fazer a mesma coisa. Não era mais do que apenas um objeto.
Depois de um tempo por mais que quisesse não voltava a sorrir. Se tornou fria e arrogante uma pessoa que não poderia ser contrariada.
Mas profundamente triste.
Lembro quando ela sempre cantava pela casa, hábito normal que sempre teve, após abandonar a carreira para se casar.
"Twenty-five years and my life is still
Vinte e cinco anos e minha vida continua a mesma
I'm trying to get up that great big hill of hope
Estou tentando subir aquela grande colina de esperança
For a destination
Procurando por um destino
I realized quickly when I knew I should
Eu percebi logo quando soube que
That the world was made up for this
O mundo era feito para essa
Brotherhood of man
Irmandade dos homens
For whatever that means
Seja lá o que isso signifique
And so I cry sometimes when I'm lying in bed
E então eu choro algumas vezes quando estou deitada na cama
Just to get it all out what's in my head
Apenas para tirar tudo que está em minha cabeça
And I, I am feeling a little peculiar
E eu, eu estou me sentindo um pouco peculiar"
What's up - 4 Non Blondes
Ele havia acabado com a felicidade dela e eu o odiava por isso. Eu jamais o perdoaria.
Eu era uma criança para compreender a maioria das coisas, mas no dia que eu vi, a surra, a gritaria.
Foi o estopim.
Eu nunca mais fui o mesmo, eu não queria ser igual aquele monstro, eu o negaria até o fim. Ela depois de um tempo me dava cada vez mais raiva, sempre o defendendo por tudo. Eu sabia que o nome e o status contavam, mas a esse ponto?
Eu só queria fugir do meu mundo quando "à encontrei".
Não queria ficar em casa eu era um pré-adolescente que estava começando a entender o significado das coisas.
Eu estava triste na praça em frente ao restaurante, não queria jogar futebol naquele dia nem jogar vídeo game. Mas eu não era o único com esse sentimento,
A garota de cabelo comprido cor de Mel e olhos azuis, estava sozinha na praça também, mas se aproximou .
— Qual o seu desenho favorito? — Perguntou.
Após o silêncio, ela mesma prosseguiu:
— Os meus desenhos favoritos são os de super heróis, porque no fim eles sempre derrotam todos os vilões.
Eu mesmo meio tímido e carrancudo perto da garota a perguntei.
— Você acha que existem heróis na vida real?
— Eu acho que não como nós desenhos ou nos filmes.
Então eu pensei no meu maior vilão. Mas sem que me deixasse concluir qualquer pensamento ela começou a cantar.
"Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky"
A voz doce de uma garotinha de 12 anos, mas não só isso. Ela tinha emoção, eu sentia que não era uma música cantada ao vento.
Esqueci qualquer coisa naquele momento e a gente voltou a conversar sobre assuntos "sutis" da própria infância, até que ela fez uma sugestão:
— Vamos brincar de pega pega? — Ela perguntou animada.
— Não sou mais criança. (Pelo menos não queria ser na época)
— Vamos, vai ser legal.
Ela era tão fofa... E parecia não aceitar um não como resposta. Acabei cedendo.
Depois de umas três rodadas onde já havia perdido duas e insistido em uma melhor de cinco.
Nunca a encontrei.. E eu não queria perder pra uma garota.
Mas esse não era o meu maior arrependimento, por mais que não quisesse perder, eu queria ter perguntado o nome dela.
Alissa? Beatriz? Sempre imaginei qual seria seu nome.
Queria ouvi-la cantar outra vez. Naquela festa, eu pude ir a loucura por ela. Em toda minha vida tentei esquece-la, mas nenhuma garota era como ela.
Procurei entre todas que pudessem se parecer com ela, eu sei que fui um babaca por pegar todas as líderes de torcida, mas não que acredito que elas não gostaram, se é que me entendem.
Meu pai? Continuei a odiá-lo e me tornei um rebelde, tudo para provoca-lo.
O meu maior prazer foi poder dar-lhe um belo soco na cara.
Suas amantes sempre estavam longe, mas naquele dia, pude perceber uma arrogância maior, um clima tenso, não condizia com aquela festa.. Se não houvesse uma de suas prováveis amantes ali. E eu não estava errado, percebi quando ele, aquele monstro que um dia chamei de pai, chamava a garota que poderia ser sua filha, para dormitório.
A coloquei contra parede depois, mas nem precisava que ela me confirmasse para saber da verdade...
Eu só sentia raiva o tempo todo, nem mesmo nossa briga, fez com que pudesse relaxar, nenhum alívio, mesmo depois, foi um belo soco, mas mesmo assim...
Eu sinto que me tornava mais como a mulher que me criou, um arrogante. Eu sei que havia me perdido em algum momento.
Nem a fama, nem mesmo quando ganhava qualquer jogo, status, dinheiro . Nada daquilo realmente me trazia qualquer felicidade.
Meu pingo de esperança estava em acha-la outra vez. E agora que a encontrei naquela festa só penso em acha-la de novo.
Observação : A Ju viu toda situação de uma maneira diferente de como aconteceu, mas foi como ela interpretou.
Esse capítulo é muito especial para mim, pois prova que nenhuma pessoa é aquilo que pensamos, vocês com certeza acharam que a mãe do Will era a vila da história .
Mas pessoas são complexas, cada uma com a sua história, que as fizeram agir da maneira que julgaram melhor.
Não acredito em vilões ou heróis, existem escolhas.
Mas diz aí, quem vocês acham que é a garota mistériosa?
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