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𝟡 - 𝔸𝕤 𝕞𝕒𝕣𝕘𝕖𝕟𝕤 𝕕𝕠 𝕋𝕒𝕞𝕚𝕤𝕒

- HATHAWAY -

O CÍRCULO

CAPÍTULO NOVE

Às margens do Tâmisa

"Amadurecer talvez seja descobrir
que sofrer algumas perdas é inevitável,
mas que não precisamos nos
agarrar à dor para justificar
nossa existência."

Martha Medeiros

— De novo! — Jimin falou enquanto eu o atacava com a espada. Desde o começo dos treinamentos eu não havia acertado um golpe em Jimin, mas pelo menos agora eu já conseguia deixar o guardião cansado, então levei isso como um ponto positivo ao meu favor.

Sinceramente, eu não estava me dedicando tanto quanto podia aos treinos com espada, depois que Jimin confessou que sentia uma atração genuína por mim e decidimos nos afastar um pouco, descontei toda a minha frustração e ansiedade no treino com Ianthe.

— De novo, Wilson! — Ele gritou ao colocar a lâmina da sua espada em meu pescoço, afastei ela com um golpe da minha espada e dei alguns passos pra trás. — Onde você tá com a cabeça? — Ele perguntou enquanto limpava o suor da testa.

— Grudada no meu pescoço. — Devolvi, revirando os olhos.

— Palhaça.

— Babaca.

— Não vão se matar! — Kara falou pra nós quando passou por perto da arena em que estávamos, Jimin e eu ouvíamos isso com frequência.

Não sei dizer se nos afastarmos foi uma boa opção, depois daquele episódio na biblioteca há uma semana, Jimin e eu saímos da sintonia de parceria que nós tínhamos e agora parecia que esperávamos o momento certo pra assassinar um ao outro.

Ao menos as farpas que a gente trocava me fazia prestar atenção no treino em vez de ficar olhando a regata branca dele grudar em seu corpo cada vez que o guardião começava a suar. Acredite, eu olhava demais pro meu próprio bem.

Saímos pra cumprir as missões bem cedo, o Oráculo responsável pelo meu caso voltou de férias hoje, então Jimin adiantou as missões e o nosso treino de todo dia.

Logo de manhã ele perguntou se eu queria ajuda com o Oráculo, foi gentil da parte dele se oferecer pra continuar me ajudando com as buscas, mesmo com a decisão de só nos vermos se for necessário, mas acabei por recusar. Eu estava usando Jimin como muleta assim como Jungkook foi a minha por anos, então decidi começar a fazer as coisas sozinha.

Nosso treino acabou e Jimin se despediu com um aceno, embainhei minha espada e fui pra dentro da tenda azul pra trocar de arma, Ianthe já me esperava com os chicotes a postos.

— Por que adiantou suas missões? — Foi a primeira coisa que ela me perguntou ao posicionar o saco de areia, firmei o chicote na mão e lancei o primeiro golpe.

Um corte limpo, mas nem perto do corte horizontal que Ianthe me desafiou a fazer.

— Preciso conversar com um Oráculo sobre um problema com a missão em que eu morri. — Lancei outro golpe e o corte foi dois centímetros acima do que eu tinha feito.

— Olhe pelo lado bom, você está cortando o saco de areia, antes cortava as próprias pernas. — Eu ri e golpeei o saco de areia de novo. — O que aconteceu na sua missão?

— O Oráculo passou a missão pra eu ser salva, mas o Espelho Celestial da guardiã dizia pra ela trazer minha alma pro Círculo. — Outro golpe.

— Pode ter sido um erro de comunicação. — Ianthe veio pra trás de mim e arrumou a minha postura.

— Eu vou descobrir sobre esse erro assim que conversar com o Oráculo. — Encarei o saco de areia e mentalizei Jimin com aquela regata transparente sendo irritante a semana inteira, depois golpeei.

Horizontal. Dei um grito que assustou Ianthe, ela se encolheu e depois foi olhar o saco de areia.

— Como conseguiu? — A observei enquanto ela examinava o saco, o corte foi perfeito.

— Fingi que Jimin era o saco de areia. Foi um golpe de sorte, não vou conseguir fazer de novo. — Ela riu.

— Pensei que vocês dois fossem amigos.

— Nós somos, mas ele me irrita. — Dei de ombros.

— Se conseguir mais um golpe desse eu aumento o seu nível de treinamento. — Ianthe colocou as mãos na cintura e me encarou com uma sobrancelha levantada, em desafio.

Arrumei a postura e movi o chicote outra vez. Outro corte horizontal paralelo ao que eu tinha feito.

— O problema era a postura, se você lembrar da postura antes de atacar, não vai mais errar os golpes. — Ianthe pegou uns sacos menores de areia e colocou no lugar do que eu tinha picotado com o chicote, então veio pra perto de mim.

— Agora eu quero que envolva aqueles sacos e puxe pra você sem cortar um fio do tecido que reveste ele. — Arregalei meus olhos e a encarei meio besta.

— O que? — Ianthe pegou os chicotes de minha mão e fez uma demonstração, a ponta envolveu o saco e ela puxou até nós com a maior naturalidade do mundo.

Sem cortes.

— Se um de seus amigos guardiões for atacado e estiver indefeso, você pode envolver a perna dele com o chicote e o puxar pra longe do ataque. Imagine que você precisa salvar o Jimin, não vai querer arrancar a perna dele no processo, vai? — Neguei com a cabeça. — Então seu próximo treinamento é puxar os sacos sem cortar o tecido.

Ianthe guardou os chicotes, o que significava o fim do treino.

— Terminamos mais cedo? — Ela assentiu.

— Tenho coisas pra resolver no sexto céu, e você precisa encontrar com um Oráculo. Boa sorte, Ava. — Ianthe me deu dois tapinhas nas costas e saiu da tenda. Segui ela com o olhar e a vi se encontrar com um cara loiro, ele tinha a mesma pulseira roxa que ela.

São parceiros na Divisão Especial.

Guardei as armas pra ir atrás do meu Oráculo depois, mas quando saí da tenda, vi Ian e Elentiya treinando logo ao lado. Ele tinha sua pose de modelo de sempre, mas Elentiya parecia uma Amazona prestes a ir pra guerra.

Já adorei a garota.

Me aproximei da arena deles, mas com cuidado o suficiente pra não acabar sendo atingida por um golpe errado, apesar de todo guardião se curar rápido quando come a frutinha do terceiro céu, eu bem sei o quanto um corte dói.

Meu chicote e minha pele são muito íntimos, já tive a cota de demonstração de dor pro resto do século.

— Ian tá dando muito trabalho, Elentiya? — Falei alto o suficiente para que me escutassem, minha amizade com Ian era sólida o suficiente pra eu me aproximar sem a timidez de sempre.

E Elentiya... Aquela conversa no Hotel foi o bastante pra eu gostar da garota.

— Seu mentor pega pesado com você também, Ava? — Elentiya e Ian pararam com o duelo, ela embainhou a espada e veio pra perto de mim enquanto prendia os fios que se soltaram do cabelo.

— Pesado? — Ian respondeu por mim. — Jimin só deixou ela pegar em uma espada depois de um mês. A gente ficava assistindo de longe ele sentado brincando com as unhas enquanto ela se matava de correr ao redor das arenas.

Olhando por esse lado... Fui alvo de piada durante um mês no Círculo. Qual sera a pena pra um guardião que assassina o outro? Se for baixinha, Jimin está com os dias contados.

— Agora eu já pego nas espadas, Elentiya. Mas Jimin continua sendo um pé no saco. — Revirei os olhos.

— Tão ruim assim? — Ela cruzou os braços me questionando.

— Um dia eu te trago pra cá quando eles dois estiverem treinando. Jimin e Ava  não sabem, mas eles já tem até plateia. Os dois brigam como cão e gato. — Ian cochichou pra Elentiya como se eu não estivesse ouvindo.

É besta, hein!

— Eu vou indo, viu? Falem pra minha platéia que a amanhã tem mais Ava e Jimin pra todo mundo. — Me despedi dos dois e eles voltaram a treinar.

Eu só precisava tomar um banho e ir atrás do Oráculo pra tentar entender o que diabos aconteceu comigo.
Ou então piorar mais minha situação.

[...]

Engoli todo o constrangimento, a dúvida e a insegurança e dei um passo pra frentre. Estava na hora da pausa das atividades dos Oráculos desta zona e eu aproveitei para que não houvessem guardiões apressados atrás de mim.

— Olá, pode me ajudar com algo? — O Oráculo levantou a cabeça de sua própria versão de Espelho Celestial e sorriu pra mim antes de vir até a bancadinha de atendimento, onde eu estava escorada.

— Olá, querida! — Ele levantou um dedo e saiu rolando pra dentro do posto, depois voltou com uma cadeira. — Vou fechar o atendimento porque preciso comer um pouquinho, mas você pode vir aqui por trás e se sentar comigo! — Ele apontou para uma porta nos fundos e depois fechou a janelinha em que eu estava.

Esse Oráculo me pareceu muito mais simpático que o último com quem Jimin e eu conversamos, talvez eu consiga minhas respostas com mais facilidade.

Fui até a parte detrás do posto e entrei pela porta que o Oráculo havia me mostrado, ele colocou a cadeira na frente de sua bola de cristal e estava comendo pão com café.

Provavelmente algum guardião trouxe pra ele da Terra.

— Sente-se, querida! Faz tempo que eu não recebo a visita de uma guardiã tão linda pra conversar. — Eu sorri e me sentei.

Oráculo engraçado.

— Sinto dizer que o motivo da minha visita não é tão bom. — O Oráculo Edmundo me entregou um pouco de café, eu aceitei de bom grado.

— Pode falar, o que eu puder fazer pra ajudar você, pode ter certeza que farei. — Balancei a cabeça agradecendo enquanto engolia o café.

— Então... Fiquei sabendo que o Oráculo que passou meu salvamento quando eu era humana foi você. Brianna me disse que você falou que eu devia ser salva, mas quando ela chegou na minha cidade, o Espelho dizia pra ela me trazer pro Círculo. — A tristeza me invadiu um pouco ao lembrar de Brianna. — Infelizmente ela não voltou da última missão pra qual foi designada, mas me passou essas informações um dia antes e eu resolvi vir aqui pra ver se você pode me ajudar com algo.

— Qual o seu nome, querida? — Ele me perguntou e apoiou sua xícara de café em um banquinho pra ter acesso total às pilhas de documentos que todo Oráculo tem.

— Ava Jones Wilson. — O Oráculo mexeu no próprio Espelho Celestial, depois pegou uma pasta datada com o dia da minha morte e mexeu nos papéis até encontrar o meu nome.

— Aqui diz morte por afogamento, também fala o horário da morte e que a guardiã deveria salva-la. — Ele apontou para o Espelho Celestial. — Mas aqui no mesmo registro diz que sua alma deveria ser trazida para serviço no Círculo. — O Oráculo olhou pra mim. — Suspeito.

— O que é suspeito? — Perguntei sem entender muita coisa.

— Já aconteceu antes de alguns guardiões rebeldes rackearem o sistema do Círculo, acredito que foi o que aconteceu aqui, porque nosso sistema não erra em nenhum momento. Se suas informações estão divergentes, alguém pessoalmente mudou o Espelho pra que você morresse e fosse trazida.

Refleti nas palavras do Oráculo, o que faria alguém me odiar tanto a ponto de desejar a minha morte? Eu não tinha contato com ninguém no Círculo, não ataquei ninguém pra que essa pessoa chegasse longe o bastante pra burlar o sistema e me deixar morrer.

— Isso não faz sentido... — Pensei alto.

— Você pode denunciar, se quiser. Um guardião específico das Divisões Especiais vai pegar o seu caso e investigar. — Seria certo eu fazer isso?

Ter consciência de que alguém ali dentro foi contra as regras pra me ferrar me deixou muito, muito puta. Todo esse tempo sendo tudo o que as pessoas queriam que eu fosse, evitando discutir, evitando contrariar quem estava próximo de mim, tudo pra manter um clima agradável. Eu passei a porra da vida toda com medo de errar pra que um idiota que nem tem nada a ver comigo me queira morta.

Me tirou da existência na Terra que eu amava.

Então, que se foda o certo e o errado. Estou em outra dimensão, não tenho ninguém pra decidir as coisas por mim e eu perdi a companhia íntima do único amigo que eu realmente tinha aqui dentro por causa de tesão acumulado.

Que. Se. Foda.

— Eu quero denunciar.

[...]

Eu sofri um episódio de assédio uma vez, dentro de um ônibus quando eu ainda estava viva e era humana. O ônibus estava lotado e um cara ficou se esfregando na minha bunda, fiquei extremamente desconfortável, mas fingi que não estava rolando nada até chegar no meu ponto e descer.

Quando vi JK, contei pra ele o que tinha acontecido no caminho pra casa, ele ficou muito, muito puto. Eu não julgo, se eu fosse homem e um cara ficasse se esfregando na minha garota dentro de um ônibus eu ia quebrar ele na porrada se tivesse chance.

Percebi ele chateado não comigo, mas com a situação, e fiquei muito desconfortável. Jungkook estava magoado e puto por causa de uma situação que aconteceu comigo e pensei comigo mesma que seria melhor se eu não tivesse contado, porque eu odeio esse desconforto, esse clima de problema onde alguém vai se sentir mal, independente de qual lado seja. Então eu me senti um lixo por ter contado pra Jungkook o que aconteceu e muito mais por não conseguir evitar que ele ficasse com aquela cara de cu.

Eu odiava ver ele chateado.

Assim que ele me pediu pra fazer um boletim de ocorrência sobre o assédio no ônibus eu surtei. Eu só queria esquecer aquilo e continuar de boas com Jungkook como se nada tivesse acontecido, voltar ao nosso normal, não é como se eu fosse ver o cara nojento outra vez.

Isso nos traz ao hoje. Se fosse eu outra época, eu simplesmente deixaria pra lá e tocaria minha vida com as cartas que eu ainda tenho, esperando superar em algum momento, mas eu estava puta. Pela primeira vez minhas pernas não tremeram por estar sozinha e eu não gaguejei quando fui no sexto céu fazer a minha denúncia.

— Você está dizendo que alguém mexeu os pauzinhos pra que você não fosse salva quando estava na Terra? — A guardiã que me atendeu nos imensos portões de ouro do sexto céu anotou a minha reclamação enquanto me questionava tudo de novo pra não perder nada na hora de registrar.

— Isso, preciso que alguém investigue pra mim. — A guardiã assentiu.

— Já tenho um cara em mente pra designar o seu caso, assim que eu computar sua denúncia e conversar com ele eu falo pra ele te procurar, belê? — Eu assenti.

— Obrigada.

Dois guardiões saíram do elevador do Katsu e vieram andando até os portões enquanto engatavam uma conversa afoita, peguei um pouco do assunto enquanto se aproximavam.

— Precisamos de todos os Axiais, isso não é brincadeira, cara. — O mais alto olhou para o parceiro enquanto gesticulava incansavelmente com as mãos.

— Eles têm livre arbítrio, não podemos obrigar os que não quiseram se juntar à causa a fazer parte dos nossos problemas agora. Eles têm a escolha de ajudar o Círculo ou não, se ele escolheu ter uma vida normal como humano, você não pode obriga-lo.

Será que essa tal causa que eles falam é o problema com os demônios que Vincent comentou comigo e Jimin semana passada? Ele definitivamente deixou claro que todos os Axiais disponíveis eram importantes caso haja uma batalha eminente.

— Mas o Axial responsável pelo polo da Austrália morreu, Kevin! Morreu! Ele precisa assumir o posto!

— Sabe quem mais morreu? A namorada do cara, você vai obrigar um homem que não quer ter nada com a gente assumir uma responsabilidade dessa depois de nós termos fodido com o salvamento dela? Ele tá de luto, velho! — Senti dó do cara, a morte é um saco.

Eles perceberam que havia alguém no sexto céu – vulgo eu – que não estava nem um pouco ciente das merdas que aconteciam lá dentro, então calaram a boca antes de cumprimentar a guardiã que me atendia e entrar no complexo das divisões especiais pelos portões dourados.

­— Bom, eu vou indo. Me avise se descobrir alguma coisa.

A guardiã jurou que me deixaria a par de tudo e eu voltei pro elevador, pronta pra descer até o segundo céu e extravasar um pouco dessa energia ruim acumulada. Eu ainda tinha que lidar com o fato de eu supostamente ser uma Axial, fato esse que eu vinha ignorando com todas as minhas forças desde o episódio com os demônios em Paris.

Axiais enxergam demônios e guardiões, o Círculo em algum momento entra em contato com eles pra saber se querem servir a causa ou ter uma vida norma, então se eu sou uma Axial mesmo, por que nenhuma dessas merdas aconteceu comigo?

Uma puta dor de cabeça me atingiu e eu rangi os dentes, essa situação toda estava me fazendo ficar rabugenta.

Pendurei um saco de boxe no meio de uma das arenas e comecei a treinar, movimentos precisos que me eram naturais desde o momento que entrei no clube de Taekwondo da minha cidade. Os treinos com Jimin serviria muito bem pra eu equilibrar minha mente agora, eles eram ótimos. Claro, depois que ele parou de me mandar correr igual a uma maluca e começou a me ensinar coisas relevantes como manter o equilíbrio de acordo com o centro de gravidade do corpo, porque antes disso o treino era uma merda e só servia pra me irritar.

Mesmo assim, agora eu preferia fazer algo que eu já estava acostumada, algo dentro da minha zona de conforto, pra variar. Já fugi demais da zona de conforto por hoje.

Treinei meus chutes, todos os que eu lembrava, um atrás do outro, golpe após golpe, como se o saco fosse todas as minhas inseguranças e incertezas materializadas na minha frente e eu tivesse que golpeá-las vez após vez até que se tornassem pó.

Alguém me quis morta.

Chute.

Provavelmente sou uma Axial com defeito.

Chute.

Estou em um luto inverso, porque eu morri e não deixo meu namorado vivo ficar no passado.

Chute.

Tenho um tesão absurdo no meu mentor.

Chute.

— Ava?

Chute, chute, chute.

— Ava?

Golpes e mais golpes.

— WILSON!

— O QUE É! — Gritei enquanto segurava o saco de pancadas, puta porque alguém me interrompeu, quando olhei pra fora da arena, vi Jimin com os braços levantados, como se pedisse uma trégua.

­— Sou só eu, desculpa te atrapalhar. Taehyung me chamou pra encontrar ele e pediu pra você ir junto. ­— Limpei o suor da testa e o encarei, cabelo perfeitamente arrumado por seus dedos que sempre o jogam pra trás em um gesto frequente, ele estava vestido em roupas casuais, a calça de moletom marcando seus quadríceps quando ele flexionava as pernas pra arrumar a postura.

Puta que pariu, preciso parar de olhar.

— Vou tomar um banho e te encontro em trinta minutos. — Larguei saco de boxe lá mesmo e desci do ringue. Não me preocupei em encarar Jimin antes de seguir andando para o elevador do Katsu.

Infelizmente Jimin me seguiu.

— Você está estranha, foi a conversa com o Oráculo? — Não respondi, será que não estava nítido na minha cara?

Deixa pra lá, Jimin. Por favor, eu odeio magoar as pessoas e agora não é hora de você me interrogar.

— Não quer responder? Tudo bem, a culpa é minha já que foi minha decisão colocar essa distância estúpida entre nós, mas... — Jimin se interrompeu e eu inadvertidamente olhei para seu rosto pra esperar a conclusão da frase.

Ele olhou em meus olhos e deu de ombros.

— Ainda estou aqui pra você se precisar. — Então se afastou.

[...]

— Não vamos pra Paris? — Perguntei quando paramos na frente do portal para a Terra.

Tomei um banho gelado quando cheguei no quarto, então joguei toda a merda pelo ralo pra pelo menos tentar ser cordial com Jimin. Ele não tinha culpa dos meus problemas e da minha mente fodida. Na verdade, foi quem me tratou de modo mais carinhoso desde que eu cheguei aqui, com feridas emocionais e tudo.

Eu não me perdoaria nunca se o magoasse.

­— Não, Tae pegou um voo pra Londres, ele foi se encontrar com o Axial responsável de lá, provavelmente assuntos das Divisões Especiais que não cabem à nós, pobres guardiões irrelevantes, a ralé do Círculo.

— Você só está falando isso porque não entrou na Divisão ainda. — Seus olhos violetas brilharam com um divertimento afiado, senti meu estômago tremular.

­— Seu bom humor voltou, Wilson. Fico feliz.

Mantive ele sem uma resposta, apenas pulamos juntos no portal, eu estava curiosa pra saber o que Vincent queria de mim.

O endereço que recebemos era bem no centro de Londres, não foi difícil encontra-lo no meio de todas aquelas construções na capital, principalmente com o Tâmisa como ponto de referência.

— Eu lembro quando esse rio era podre, odiava quando precisava fazer minhas missões aqui, eu voltava pro Círculo com o nariz ardendo.

Lembrei de um livro que li quando era mais nova, "Às margens do Tâmisa". Era um romance que fazia uma analogia ao Tâmisa como a vida amorosa do protagonista. Leitura bacana, apesar de eu não lembrar quase nada por ter lido há muito tempo.

— Pelo menos agora ele tá limpo. — Comentei. Nossa curta conversa parou por aí.

Chegamos no endereço que Vincent marcou conosco e o próprio veio nos cumprimentar, estávamos na frente de uma biblioteca enorme, pensei que conversaríamos ali, mas Vincent começou a nos puxar pra o beco ao lado. Eu já pressentia que isso ia dar merda.

— Encontrei um Axial que morre de medo de demônios, foi em uma das minhas conversas com o líder do polo, ele me disse que o cara era um mendigo que morava nesse beco e não aguentava ter que ver demônios espreitando pelas sombras toda hora e então se dopou. — Vincent soltava as palavras como se fosse fazer algum sentido pra Jimin e eu, nós nos encaramos em confusão.

Entendi o que Vincent disse, mas não conseguia prever onde ele queria chegar.

­ — Olá amigo. — Ele se ajoelhou na frente de um senhor, ele estava deitado em cima de trapos que antes já foram lençóis limpos e inteiros, senti um pouco de pena.

— Você é o guardião que me avisaram que iria me procurar? — O mendigo perguntou com a voz rouca, a barba raspando no chão sujo.

— Não, sou um Axial, como você. — O homem revirou os olhos.

— Tanto faz, tem muito tempo que não consigo mais diferenciar vocês, e sou feliz por isso. — Ele não parecia com vontade de conversar, me perguntei mais uma vez por que diabos Vincent nos arrastou pra cá;

Olhei para Jimin e percebi que ele tinha a mesma dúvida.

— É exatamente por isso que estou aqui, pode me dar um pouco da sua erva? Eu lhe pago! — Ele revirou os olhos novamente e jogou um saquinho de tecido em Vincent.

­— Só porque me disseram que você é legal.

Vincent pegou outro saco de tecido e entregou par o homem.

­ — Acredito que aí tem dinheiro suficiente pra você. — Antes que eu pudesse acompanhar o mendigo abrindo o saco curioso, Vincent nos guiou pra fora do beco.

— Nos trouxe aqui pra comprar drogas? ­— Sussurrei exasperada quando estávamos longe o suficiente de qualquer ouvido humano que pudesse bisbilhotar nossa conversa.

­— Isso aqui, querida Ava, impede que todos os dons dele como Axial se manifestem, nada de raio, nada de visão, nem demônios nem guardiões, você se torna um ser humano normal. Pensei que você estivesse curiosa pra saber o motivo de seus dons como Axial só aparecerem agora, esse é o meu palpite. — Ele levantou o saquinho como se fosse um troféu. — Acredito que alguém vinha te drogando constantemente com isso aqui.

O queixo de Jimin caiu, já eu estava pouco me lascando depois do que passei no dia de hoje.

E a lista de pessoas que querem me foder e acabar com a minha vida só aumenta.

☁☁☁☁☁

𝕃𝕖𝕚𝕥𝕠𝕣 𝕗𝕒𝕟𝕥𝕒𝕤𝕞𝕒, 𝕖𝕦 𝕤𝕠𝕦 𝕠 𝕞𝕖𝕝𝕙𝕠𝕣 𝕘𝕦𝕒𝕣𝕕𝕚ã𝕠 𝕕𝕠 ℂí𝕣𝕔𝕦𝕝𝕠, 𝕔𝕠𝕟𝕤𝕚𝕘𝕠 𝕧𝕖𝕣 𝕧𝕠𝕔ê 𝕡𝕠𝕣 𝕒𝕢𝕦𝕚. 𝔸𝕡𝕒𝕣𝕖ç𝕒 𝕡𝕒𝕣𝕒 𝕠𝕤 𝕠𝕦𝕥𝕣𝕠𝕤, 𝕤𝕖 𝕕𝕖𝕚𝕩𝕒𝕣 𝕤𝕖𝕣 𝕧𝕚𝕤𝕥𝕠 é 𝕚𝕞𝕡𝕠𝕣𝕥𝕒𝕟𝕥𝕖 𝕡𝕒𝕣𝕒 𝕠 𝕖𝕟𝕘𝕒𝕛𝕒𝕞𝕖𝕟𝕥𝕠 𝕕𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕙𝕚𝕤𝕥ó𝕣𝕚𝕒. ⭐

𝔹𝕖𝕚𝕛𝕠𝕤 𝕕𝕠 𝕁𝕚𝕞𝕚𝕟!

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