𝟚𝟝 - ℂ𝕠𝕣𝕒𝕔𝕒𝕠 𝕢𝕦𝕖𝕟𝕥𝕚𝕟𝕙𝕠 𝕡𝕖𝕝𝕠𝕤 𝕣𝕖𝕖𝕟𝕔𝕠𝕟𝕥𝕣𝕠𝕤
- HATHAWAY -
O CÍRCULO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
Coração quentinho pelos reencontros
— Jimin, lembro que você e Vincent me falavam pra eu começar a correr atrás das coisas sozinha. Que eu tinha que parar de depender dos outros e viver por mim mesma, fazer as coisas por mim mesma. Gostaria que você estivesse aqui pra eu compartilhar essa conquista com você, mas como não está eu vou falar por mensagem mesmo, uma hora você vai ler.
— Me inscrevi em um concurso de xadrez em Sydney, eu não mandei nada antes porque foi só por hobbie, pra me descobrir, mas eu venci o concurso, a felicidade está explodindo dentro de mim de uma forma que você nem imagina, eu finalmente estou aprendendo a fazer as coisas sozinha, fique feliz comigo, Jimin.
— Quando recebi a medalha e me entregaram o microfone eu dediquei a vitória a você e a Vincent, por mais que ninguém na plateia além de Jungkook soubesse quem vocês são, eu sei e isso já basta.
Mensagens de Ava Wilson
Sete meses sem Park Jimin
O grito de Ava foi como o start tanto pra nós quanto para os demônios, os guardiões saíram com as almas e a primeira coisa que fiz antes de correr foi cortar um demônio ao meio com a minha espada. A névoa fazia seu papel de esconder dos humanos tudo o que era sobrenatural, porque o que está rolando na praia é um verdadeiro pandemônio.
Demônios escamosos, envoltos em uma névoa preta e outros das mais variadas formas nos atacavam de todos os lados pra impedir que os guardiões cheguem até a água, todos estavam tão famintos que brigavam conosco e entre si pra ter nem que seja uma pequena chance de se alimentar de uma das almas que acabamos de salvar.
Ava e eu estávamos com o trabalho pesado, ela limpava o caminho a frente com os chicotes e eu terminava de destruir os demônios que restavam, enquanto isso pouco a pouco nós caminhávamos pra frente, abrindo espaço entre os demônios pra que as almas cheguem em segurança.
— Isso tá parecendo a segunda guerra mundial, todos os salvamentos estão sendo assim? — Gritei pra Ava, ela lançou uma onda de eletricidade à frente e matou demônios o suficiente pra avançarmos um pouco e dar tempo de ela responder.
— A maioria, quase sempre os guardiões chamam reforços. — Levantei a espada e cortei ao meio um demônio que se desfez em névoa pra tentar passar por cima de Ava, ela me agradeceu com um aceno.
— Agora que entendo porquê me tiraram da cadeia. — Apesar da dificuldade, nosso plano tava dando certo, um Raper apareceu pra tentar quebrar a formação ao redor das almas, mas Jungkook e Solar partiram pra cima dele, continuávamos caminhando dessa vez com o barulho do aço das espadas como trilha sonora.
Meu corpo se encheu de vida a cada golpe que eu dava, é como se cada corte e cada movimento de braços me inundasse de energia vital tal como acontece quando a gente come a frutinha do terceiro céu. Meus movimentos passaram a ser automáticos, meu corpo já sabia onde e em que momento atacar, então eu só o deixei fazer o trabalho dele. Os golpes de Ava com seus chicotes estavam perfeitamente coordenados com os meus, o que me deixou um pouco surpreso por um momento, Ava já estava muito adiantada nos treinos na época que eu estava responsável por ela, mas hoje a garota está no nível de um puta mestre, o orgulho me inundou mais uma vez por ela.
Observei a forma que ela se movia e cada passo que dávamos pra mais perto do mar, seria até hilário comparar seus golpes de amazona com o short florido e praiano que Ava está usando, mas é assim mesmo, ela está casual e maravilhosa aproveitando com vigor o novo papel que a vida deu pra ela.
Faltavam mais alguns metros até a água, Juju e Ian tentavam controlar os demônios atrás dos guardiões que se amontoavam pra tentar passar, Jungkook e Solar sumiram de vista, provavelmente impedindo os Rapers de nos alcançar, cutuquei Ava levemente e parece que ela leu minha mente porque no mesmo momento nós dois empurramos os guardiões com as almas pra nossa frente e assumimos a retaguarda com Juju e Ian.
Os dois guardiões saíram correndo os últimos metros pra chegar na água.
— Não deixa eles passarem! Não deixa eles passarem, porra! — Juju gritou e deu um golpe com sua espada em um demônio que tentava correr atrás dos guardiões, três dos demônios superiores atacaram Ian de uma vez, ele é velho no Círculo e extremamente talentoso, mas demônios superiores são perigosos, então meu instinto de combate de quando lutei com ele nas guerras mundiais entrou em ação e eu saí da minha posição pra cobrir ele.
— Jimin! — Ouvi o grito de Ava quando me afastei.
— Cobre os dois, ainda não chegaram na água! — Gritei de volta e pulei em cima de um dos demônios que estava atacando Ian, se eu atrasasse dois segundos ele já tinha sido subjugado.
— Quanto tempo, Park Jimin. — O demônio que ataquei me cumprimentou enquanto passava a língua bifurcada nos lábios, demônios superiores são mais velozes, mais fortes e menos asquerosos, sua aparência é quase humana com exceção da língua bifurcada e da cauda como de escorpião, tão venenos quanto.
— Desculpe, não lembro de você. — Ataquei com as espadas, ele desviou o golpe com a cauda.
— Sabia que tem um prêmio no Submundo pra quem conseguir matar você? Se sinta honrado por estar em tão grande consideração entre nós, já tá na hora de deixar esse mundo, não acha? — Ele puxou papo enquanto dançávamos uma dança mortal, qualquer movimento errado meu eu estava morto.
— Dá pra parar de falar e lutar? Se quer tanto que eu morra então vá em frente, porque se eu não morrer agora quem vai desaparecer dessa existência medíocre é você.
Olhei para o lado por alguns segundos pra ver como estava Ian, aparentemente bem apesar de ter que lidar com dois demônios de uma vez, os outros guardiões controlaram a revoada de demônios inferiores, então nosso problema agora era só esses três.
O demônio aproveitou minha distração e me atacou com sua cauda, desviei do golpe rolando pela areia e fiz um corte limpo em sua perna no processo. O grito dele quase estourou meus tímpanos.
— Cansei de ser legal com você, Park. — Ele veio pra cima de mim, mas algo se enrolou em sua perna e o arrancou da minha frente.
— E eu cansei de ouvir sua voz, fedorento. — O chicote de Ava puxou meu demônio pra perto dela pela perna que ainda estava boa e ela enfiou a katana o peito do demônio depois de falar. Ele explodiu em uma névoa preta.
Me levantei do chão e bati a areia pra fora do corpo enquanto procurava Ian, meu peito se acalmou quando o enxerguei sentado na areia totalmente inteiro.
— E as almas? — Perguntei pra Ava.
— No Círculo, as duas. Quando os guardiões pularam na água eu vim dar uma força, ajudei Ian com os demônios dele e matei esse pra você. De nada. — Ela me deixou pra trás e saiu andando, simples assim.
— Ei, espera! Onde você vai? — Apressei o passo até caminhar ao seu lado.
— Preciso ver se Jungkook tá bem e se não tivemos nenhuma baixa. — Encontramos Jungkook perto do chalé, Ava o deu um abraço rápido e saiu falando com todo mundo pra fazer seu papel de líder que eu tô adorando.
Não tivemos nenhuma baixa e eu descobri que é a primeira missão conjunta em dias que ninguém morre definitivamente, saber disso me fez querer adiantar a conversa com o pessoal da divisão especial o mais rápido possível, quanto antes a gente resolver o problema no Submundo, menos pessoas vão morrer por causa do excesso de demônios nos próximos dias.
Depois de verificar se estava tudo certo Ava voltou e fez sinal pra eu me aproximar, quando cheguei perto dela ela enlaçou o braço no meu, olhei de meu braço pra ela se entender nada.
— Que foi? — Ela perguntou e me puxou pra andar, não respondi. — Jungkook me largou aqui no chalé, aquele vagabundo. Você vai me ajudar a procurar ele e quando o encontrarmos vou te deixar ir atrás do seu irmão, depois você passa no meu quarto pra gente conversar porque o seu quarto é compartilhado com o Taemin.
— Quando é a próxima reunião com a divisão? — Perguntei, Ava me respondeu logo em seguida.
— Amanhã, avisa o Taemin que ele tem que participar também, os arcanjos estão tão preocupados em escoltar vocês que esquecem de avisar as suas obrigações na missão. — Assenti.
— Beleza, antes de ir pra reunião eu passo no seu quarto pra gente conversar. — Ava sorriu e concordou, quando encontramos Jungkook ela soltou meu braço e me olhou por alguns segundos antes de me envolver em um abraço que me tomou totalmente de surpresa, envolvi meus braços ao seu redor e enterrei meu rosto em seu pescoço, pena que ela me soltou rápido demais.
— Não faz mais nenhuma merda que eu não quero te perder de novo, bom reencontro com o Vi, manda um abraço meu pra ele. — Ava me jogou um beijo no ar e saiu andando com Jungkook.
Assisti ela se afastando pouco a pouco, depois configurei meu Espelho pro portal funcionar na água novamente e fui de encontro às ondas pensando na calçada da casa do meu irmão.
Mergulhei e o mundo se tornou escuro por um momento.
[...]
Assim que desci na frente da casa de Taehyung eu senti meus olhos marejarem pela emoção, independente da falta que eu senti de Ava e da galera do Círculo, das missões, das lutas, de estar à ativa, nada chega perto da saudade esmagadora que estou do Tae.
Agora que apenas metros e um sininho me separam de o encontrar a saudade está me sufocando, como se o peso de três anos sem vê-lo caísse todo de uma vez agora. Por essa razão eu não perdi tempo, toquei a campainha da casa e esperei com a ansiedade a mil.
Ouvi o barulho da porta da garagem/galeria sendo aberta e olhei fixamente pra lá até enxergar meu irmão. E eu o enxerguei, ele estava de pé com um pincel na boca, pincel esse que caiu no chão quando ele me reconheceu.
— Puta que pariu, Jimin? — Taehyung correu pra cima de mim e me esmagou em um abraço de urso, ou eu o esmaguei? Não faço ideia, só sei que nos abraçávamos rindo e chorando ao mesmo tempo por causa da puta saudade que nos assombrava.
— Você me sujou de tinta, zé! — Falei enquanto enxugava as lágrimas, Taehyung riu e se afastou pra enxugar o próprio rosto também.
— Eu tava pintando, peguei uma tela depois de escrever mais uma carta pra você, seu fodido, saiu da cadeia quando? — Ele me puxou pra dentro da galeria e baixou a porta de novo.
— Saí ontem, desci pro ano novo com a galera e depois vim aqui ver você. Tenho tanta coisa pra te contar, Tae. E olha que dentro da cadeia não rolou nada, minhas novidades são dessas minhas horas de liberdade.
— E já tem tanto assim pra me contar? — Ele perguntou enquanto fungava, me joguei no sofá ao seu lado e o abracei, eu queria ficar perto.
— Muito, desde o momento que eu saí da prisão, a luta com Kara na arena, a conversa com Jungkook, meu reencontro com Ava, a luta com os demônios na praia... — Taehyung colocou a mãozona na minha boca me calando.
— Calma ae, só tem algumas horas que você saiu da cadeia e já se reencontrou com Ava e lutou com demônios? Puta merda, não é mito que seu nome é sinônimo de intensidade, parece que a bagunça segue você. — Fiz um bico de falso ultrage.
— Poxa, Taehyung-ssi! Você nem tá me deixando contar. — Ele me encarou com um meio sorriso.
— Voltou pra dinastia Yi com os honoríficos? Não estamos mais no século XVIII, Minie. — Eu ri.
— Não moramos mais no estado vassalo da China, mas nossa terra agora se chama Coréia do Sul e irmãos com a mesma idade usam 'ssi' como honorífico. — Taehyung bagunçou meus cabelos, agora negros.
— Eu sei que você tá querendo ser carinhoso por causa da saudade, Jimin. Mas eu não sou coreano, sou francês, e já fui libanês e brasileiro. — Revirei os olhos.
— Exibido, acompanhei cada uma dessas suas reencarnações idiotas, pelo menos você nasceu Axial no corpo mais bonito, você parecia um cão chupando manga na vida anterior. — Tae me empurrou e ficou de pé.
— Já tive meus dias de luta, maninho, agora são os dias de glória! Eu poderia ganhar a vida como modelo. — Taehyung apagou a luz da galeria e eu fiquei de pé pra ir atrás dele.
— Enfiou a humildade no cú, não foi? — Subi as escadas acompanhando a risada de Taehyung.
— Minha noiva faz questão de me lembrar todos os dias o quanto eu sou lindo e gostoso, Park Jimin. Não preciso de humildade quando o que eu falo são apenas fatos.
— E eu vou te falar mais uma vez, você é um puta exibido, se acha pra caralho.
— Eu não me acho. — Ele acendeu a luz da cozinha. — Eu sou, maninho.
Fui direto pro fogão e abri o forno pra pegar os biscoitos de chocolate que sempre estão lá. Taehyung não sabe existir sem ter uma fornada desses biscoitos pronta.
— Falando na Diana, fiquei sabendo que o casamento é esse mês. Espero que tenha um convite separado pra mim. — Peguei um dos biscoitos e joguei na boca.
— Com certeza, você vai ser padrinho. Você pode entrar com Juju? Diana fez amizade com ela e a chamou pra ser madrinha, eu falaria pra você entrar com a Ava, mas ela já vai com Yoongi, ele é padrinho também. — Tae pegou uns biscoitos também e se sentou à ilha da cozinha.
— Seus padrinhos são tudo galera do Círculo? — Ele deu de ombros.
— Minha galera toda tem ligação com o Círculo, o povo normal é do lado da Diana, ela colocou uma porrada das amigas dela pra serem madrinhas também. — Fui até ele e passei o braço por trás de seus ombros.
— Quem diria que meu irmão ia casar, tá ficando velho, hein? — Ele revirou os olhos.
— Tenho 26 anos humanos, Jimin. Não tô velho, você é que tá, vai fazer quantos anos no próximo aniversário? Duzentos e quatro?
— Duzentos e vinte e sete com muito orgulho, viu? — Peguei outro biscoito e mordi um pedaço.
— Viu? Duzentos anos a mais que eu e tá me chamando de velho, que hipócrita!
Joguei meu biscoito nele e ele jogou alguns de volta em mim. Tínhamos assuntos sérios a tratar? Sim, mas precisávamos descontrair pra matar a saudade, depois de anos eu pude simplesmente jogar conversa fora e implicar com meu irmão como se fossemos duas crianças novamente.
E isso é revigorante.
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𝕃𝕖𝕚𝕥𝕠𝕣 𝕗𝕒𝕟𝕥𝕒𝕤𝕞𝕒, 𝕖𝕦 𝕤𝕠𝕦 𝕠 𝕞𝕖𝕝𝕙𝕠𝕣 𝕘𝕦𝕒𝕣𝕕𝕚𝕒𝕠 𝕕𝕠 ℂ𝕚𝕣𝕔𝕦𝕝𝕠, 𝕔𝕠𝕟𝕤𝕚𝕘𝕠 𝕧𝕖𝕣 𝕧𝕠𝕔𝕖 𝕡𝕠𝕣 𝕒𝕢𝕦𝕚. 𝔸𝕡𝕒𝕣𝕖𝕔𝕒 𝕡𝕒𝕣𝕒 𝕠𝕤 𝕠𝕦𝕥𝕣𝕠𝕤, 𝕤𝕖 𝕕𝕖𝕚𝕩𝕒𝕣 𝕤𝕖𝕣 𝕧𝕚𝕤𝕥𝕠 𝕖 𝕚𝕞𝕡𝕠𝕣𝕥𝕒𝕟𝕥𝕖 𝕡𝕒𝕣𝕒 𝕠 𝕖𝕟𝕘𝕒𝕛𝕒𝕞𝕖𝕟𝕥𝕠 𝕕𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕙𝕚𝕤𝕥𝕠𝕣𝕚𝕒. ⭐
𝔹𝕖𝕚𝕛𝕠𝕤 𝕕𝕠 𝕁𝕚𝕞𝕚𝕟!
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