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𝟙𝟚 - 𝔸 𝕝𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕥𝕖𝕟𝕦𝕖 𝕕𝕠 𝕡𝕣𝕠𝕚𝕓𝕚𝕕𝕠

- HATHAWAY -

O CÍRCULO

CAPÍTULO DOZE

A linha tênue do proibido

"Às vezes é preciso parar e olhar para longe
para podermos enxergar o que está perto de nós.
Foi nesse instante que acabei te vendo."

Autor desconhecido

— Eu sei que você está com medo de me enfrentar, Ian. Confesse! — Juju balançava a Katana de um lado para o outro enquanto esperava Ian subir na arena.

Ele e Elentiya acabaram de chegar das missões, um pessoal se reuniu pra treinar e agora Juju desafiava Ian pra um duelo.

E ele estava fugindo.

— Eu tô cansado, deixa pra outra hora, vai? — Ian tentava convencer todo mundo de que esse era o único motivo pra ele não querer subir, mas ninguém caiu na dele.

A real é a seguinte, Juju pode ser pequena, mas ela é um pequeno anjo vingador que consegue encontrar uma abertura na guarda de todo mundo.

Ela riu e guardou a Katana nas costas.

— E se lutarmos sem armas? — Juju chamou Ian com o dedo em desafio, Elentiya revirou os olhos e empurrou ele pra arena.

— Vai logo, o pior que pode acontecer é você perder.

Ian arregaçou as mangas e subiu na arena, Juju deu dois pulinhos comemorando e Ian assumiu uma posição de ataque, com os punhos na frente do corpo tal como aqueles caras que se preparam para socar um saco de boxe.

Quando eles se atacaram o pessoal começou a gritar e um sorriso se abriu no meu rosto involuntariamente.

Faziam três meses que eu estava no Círculo. Fazia aproximadamente um mês desde o dia que vi Jungkook. Pouco a pouco eu estava me encontrando, consegui fazer amizades novas, estive indo frequentemente em Londres pra conversar com Hoseok e participei de tantos duelos desse na arena que nem me lembro mais quantos ganhei e quantos perdi.

Nossa força aqui no Círculo é quase que equivalente, nem todo mundo tem o corpo grande e definido como o daquele cara que estava lutando com Jimin quando eu o conheci, mas as missões faziam com que ninguém ficasse sedentário. Por termos quase o mesmo nível de força, o que fazia a diferença em um combate era a técnica, o quanto você consegue prever o movimento do outro e se resguardar com seus próprios movimentos.

No começo eu achava super cansativo, agora que peguei o jeito, me parece como uma dança. Nunca ganhei de Jimin, e acho que isso não vai acontecer nem nos próximos cinquenta anos, mas já consegui dar uma boa porrada em alguns dos guardiões, então eu me sentia bem.

— Ava Wilson? — Ouvi alguém chamando meu nome atrás de mim, me virei e enxerguei um cara que devia ter aproximadamente a altura de Vincent, a pulseira no pulso dele mostrava que ele era das divisões especiais.

— Sou eu. — Falei olhando em seus olhos, eles eram negros como a noite.

— Fiquei com seu caso lá na divisão, vim trazer notícias. — Meu coração acelerou assim que ele terminou de falar. Comentei com Ianthe em um dos nossos treinamentos sobre a minha denúncia pra descobrir se haviam avançado em algo, ela me disse que eu poderia ficar despreocupada porque me procurariam quando tivessem notícias.

Agora eles têm noticias e eu não sei o que esperar depois que ouvir o que esse cara tem a me dizer.

— Sim, sim... Eu estava esperando respostas há um tempo. — Ele apontou o caminho para que nós saíssemos do meio da multidão. Paramos perto de uma arena que não estava sendo usada.

— Meu nome é Marco. — Ele estendeu a mão e eu a apertei em cumprimento. ­— Investiguei o sistema que envia as missões para o Espelho Celestial dos guardiões, não encontrei nenhuma falha nesse último mês, nenhuma brecha para que modificassem as missões e analisei todo o movimento do sistema no dia em que você morreu. Tudo estava normal.

Franzi as sobrancelhas em confusão, eu esperava qualquer coisa, menos isso. Não estava tudo normal, não tinha como... Não era pra eu morrer e eu morri, estava explícito no Espelho Celestial da Brianna, como isso não é um erro?

— Vocês vão encerrar a investigação? — Perguntei temendo ter perdido dois meses parada por nada.

— Ainda não, na verdade eu vim aqui mais pra ver como você está lidando com tudo isso. Muitos guardiões fazem denúncias e acabamos não chegando a lugar nenhum, isso os arrasa, então vim dar uma prévia pra você, vou fazer tudo ao meu alcance pra resolver isso, mas espero que não se decepcione demais caso não encontremos respostas.

Eu balancei a cabeça compreendendo, ele está com meu caso as mãos há um tempão, e está se esforçando, isso pra mim basta.

— Tudo bem, mas continue investigando, por favor. Tente olhar o sistema no posto do Oráculo Edmundo e o Espelho Celestial da própria Brianna, se ele ainda existir, no caso, já que ela morreu em uma missão.

— Sinto muito. — Marco curvou a cabeça em respeito.

­— Tudo bem, eu não a conhecia realmente. Obrigada por dedicar tempo ao meu caso, Marco. — Ele sorriu.

— É o meu trabalho. Tenha um bom treino, Ava. — Ele fez outra reverência e saiu andando. Cara educado, gostei.

Voltei pra arena em que Ian lutava com Juju enquanto eu pensava nas palavras de Marco. Eu queria saber por que me mataram? Óbvio que eu queria, mas depois de um tempo vivendo aqui, eu me acostumei e passei a gostar do lugar, então eu não via mais como algo ruim ter morrido.

Será que eu conseguiria seguir em frente mesmo sem respostas?

O pessoal gritou e eu olhei pra arena, Ian conseguiu incapacitar a Juju. Fim da luta. Juju aceitou a mão estendida de Ian e se levantou do chão rindo, depois os dois saíram da arena mancando.

— Foi uma boa luta, parceiro! — Juju deu um soco no braço de Ian e ele gemeu de dor.

— Eu preciso comer A.P.E.S.T.E. urgentemente. — Todo mundo começou a rir e os dois foram pro elevador do Katsu pra subir pro terceiro céu e recuperar as forças.

— Quem vai lutar agora? — A garota do rabo de cavalo que desceu com a gente pra Paris gritou, o nome dela é Ariana. Todo mundo olhou pro meu rumo, pensei que estivessem cogitando a possibilidade de eu subir pra lutar hoje, mas depois de prestar mais atenção, percebi que não era pra mim que estavam olhando, mas pra algo atrás.

Virei de costas e percebi o motivo da atenção de todos, Jimin estava se aproximando com as mãos nos bolsos em uma pose totalmente relaxada. Acho que todo mundo ali queria ver o guardião em ação.

Não que fosse raro Jimin lutar nessas arenas, ele se exercitava até demais, a questão é que ninguém se cansava de assistir ele lutando e gravar na memória os diversos golpes impressionantes que Jimin usava pra ganhar de seus adversários.

— Não pensem que eu vim lutar. — Jimin levantou a mão se explicando e depois se sentou no chão com as costas escoradas do lado de uma tenda. — Eu vim assistir.

Pouco a pouco o pessoal desviou o olhar de Jimin e começou a discutir pra ver quem entraria na arena agora, depois de um tempo uma das guardiãs gritou e todo mundo calou a boca. Eu ri.

— Sabe o que eu acho? Que vocês deveriam colocar o Devon e a Ava pra lutar, os dois foram novatos do Jimin, vamos ver o quanto aprenderam. — Eu estava pra negar aquela loucura, mas todo mundo começou a colocar lenha na fogueira e, quando olhei pra Jimin pra pedir ajuda, o viado estava na bagunça junto com o povo. Parece que ele queria ver a discórdia.

— Eles não vão calar a boca enquanto a gente não subir. — Devon colocou o braço nos meus ombros e me puxou pra longe. — Vamos pegar logo as armas na tenda e acabar com isso.

— Só tente não me eliminar tão rápido, não tô afim de passar vergonha. — Devon riu.

— Eu venho acompanhando seus treinos com o Jimin, Ava. Vou ter trabalho pra te derrubar, você está avançando muito rápido. — Arregalei os olhos com o elogio, Devon me puxou pra dentro da tenda e pegou um bastão de madeira enorme. — O que acha? Vai dar um bom show pra eles e não vamos precisar nos desgastar com espadas.

Peguei outro bastão e testei o peso, dá pra uma luta bacana.

— Vamos logo. ­— Saímos da tenda com os bastões, todo mundo já tinha se arrumado ao redor da arena. Jimin continuava jogado no chão nos olhando com uma sobrancelha levantada e um sorriso sacana, que vontade de ir lá tirar aquele sorriso da cara dele.

Devon e eu subimos na arena e adotamos a nossa posição defensiva, lembrei de todos os ensinamentos de Jimin sobre o centro de gravidade do corpo e a atenção à luta, então me concentrei até que todo o barulho se tornasse um ruído no fundo e sobrasse apenas Devon, eu e nossos bastões.

Curvei o meu bastão o suficiente pro lado esquerdo e arrumei a postura, eu não daria o primeiro golpe de jeito nenhum, preciso estudar os movimentos de Devon antes de fazer qualquer coisa. Nós dois fomos treinados pela mesma pessoa, ele por um ano inteiro, mais a experiência que ele tem por estar há bastante tempo no Círculo. Tecnicamente eu estou em desvantagem, mas eu também fui treinada por Ianthe, e as técnicas dela ninguém conhece.

É isso que vou usar.

Devon lançou o primeiro golpe na minha mão com o objetivo de quebrar meu contato com meu bastão e o arrancar de mim, joguei a perna direita pra trás e girei o bastão pra bloquear o ataque, depois aproveitei a força que Devon usou pra atacar a parte debaixo de meu bastão como alavanca pra jogar a parte de cima contra ele, o guardião pulou pra longe do ataque, mas meu bastão raspou no ombro dele.

Um a zero.

Rearrumei a postura, meus treinos com o chicote só ressaltavam ainda mais a importância de manter a postura durante uma luta, dei três passos pra frente atacando a cada um deles, Devon desviou de todos os golpes, então soltei a mão direita e desferi um soco no maxilar dele, absorvi a dor nas articulações de minha mão enquanto recebia uma rasteira nas pernas. Nós dois caímos.

Tentei recuperar meu bastão, mas Devon largou o dele pra trás pra ganhar tempo e veio pra cima de mim com as mãos livres, virei pro lado segundos antes do guardião socar o lugar aonde estava o meu rosto.

Eu não conseguia nenhuma abertura pra atacar, Devon era muito rápido, a única coisa que eu conseguia fazer era desviar dos seus socos enquanto tentava pensar em uma forma desesperada de recuperar meus ataques. Eu estava quase no limite da arena, percebi o que Devon pretendia fazer tarde demais, a luta termina se um dos dois cair pra fora da arena, ele estava tentando me empurrar por debaixo das cordas de proteção.

Os dois bastões estavam longe demais pra eu pegar um deles, quando parte do meu corpo já estava no limite da arena uma ideia absurda se passou pela minha cabeça, mas eu precisava do tempo de pelo menos um dos ataques de Devon pra dar certo.

Deixei que um dos seus socos acertasse minha clavícula pra que eu pudesse ter minhas mãos livres, gemi de dor enquanto sacudia a corda de proteção pra ela se soltar da outra extremidade, quando senti a corda livre eu a usei pra me puxar pra longe e lancei a ponta nos bastões.

Quando a ponta se enrolou no bastão de Devon, senti outro de seus socos na minha costela, dei um grito e puxei a corda com toda a força que eu tinha, o bastão de Devon veio preso na ponta da corda e acertou o guardião nas costas, ele caiu por cima de mim e eu atraquei minhas pernas em volta dele pra tentar alguma vantagem.

Tentei meu primeiro ataque depois de apanhar pra caramba procurando um jeito de revidar, mas Devon fugiu da minha cotovelada se jogando pro lado, como minhas pernas estavam presas nele nós dois capotamos pro lado de fora da arena, já que a corda que dificultava a queda estava enrolada na minha mão.

A gritaria de todo mundo me atingiu como um baque, Devon se levantou primeiro e depois me puxou, minha clavícula estava latejando do soco de ainda agora, Devon movia o maxilar de um lado pro outro.

— Acho que foi um empate. — Levantei com a mão enrolada no corpo, minhas costelas doíam.

— Onde aprendeu aquele lance com a corda? — Devon me encarava curioso, dei de ombros. Eu não ia responder.

— Segredo de Estado. — Ele começou a rir e voltou a mexer o maxilar.

— Aquele soco doeu. — Ariana foi até a arena pra prender a corda de proteção de volta no lugar. Me despedi de Devon enquanto o pessoal já empurrava mais dois azarados pro meio da arena.

Me sentei no chão do lado de Jimin, ele estava sorrindo.

— Você melhorou, mas tinha abertura pra derrubar Devon no segundo movimento de pernas. — Revirei os olhos.

— Eu não sou você, Jimin. Esqueceu que até três meses atrás eu era apenas uma iniciante no Taekwondo? — Ele me empurrou de lado com o ombro.

— Eu sei disso, só estou brincando. — Eu ri e olhei pra arena, Elentiya subiu com uma outra garota novata pra lutar, quando viu que eu estava assistindo, ela piscou pra mim.

­— Wilson? — Jimin me chamou, curvei meu corpo na direção dele sem deixar de olhar pra Elentiya na arena.

— Hum?

— Visitei seu garoto em Sydney ontem. — Deixei de olhar pra arena e encarei Jimin na velocidade da luz.

— Você foi ver o Jungkook? — Ele assentiu.

— Marcamos de lutar Taekwondo, ele é muito bom, aliás. Mas decidi te contar porque ele falou de você. ­— Senti meu coração acelerar. — Sei que você está lidando muito melhor com sua situação com Jungkook depois que o viu, achei até fofo o seu colar. — Levei a mão até a aliança automaticamente. — Mas acredito que ouvir o que ele disse pode te deixar ainda mais tranquila do que você já está.

— Jimin... — Coloquei a mão no ombro dele.

— Oi?

— Você está me deixando nervosa, desembucha logo. — Ele riu e olhou pra frente, a luta já havia começado.

— Eu contei pra ele sobre a última garota que eu me apaixonei, não com todos os detalhes porque eu sou um guardião e ele não pode saber sobre o Círculo, mas isso deu abertura pra ele comentar sobre você. Ele usou as palavras "Ela era maravilhosa" e "Você ia amar conhece-la" o que eu não discordo. — Eu não consegui tirar o sorriso da cara enquanto escutava Jimin.

— Aí ele começou a contar de quando vocês eram crianças, sobre sua festa de quinze anos e que ele mantém as memórias boas pra não se abalar demais com o acidente, depois me disse "Se ela estivesse me vendo de alguma outra dimensão, não iria gostar de me ver sofrendo, então eu estou seguindo em frente, mas isso não me impede de lembrar dela com carinho". — Jimin balançou a cabeça sorrindo. — Ele falou isso tudo enquanto me dava um monte de chutes, mas vi muito da sua personalidade nele, acho que foi a convivência que vocês tiveram. Tem algum problema se eu roubar seu namorado pra mim?

Eu gargalhei com a audácia de Jimin, a risada fez minha costela doer, então eu apertei a mão no lado do corpo pra diminuir a dor.

— Ele não é mais meu namorado, Jimin. Acho melhor nós dois nos acostumarmos a chamar ele de ex... Mas não, você não pode roubar ele. ­— Jimin arregalou os olhos com um ultrage fingido.

— Por quê? — Eu o empurrei com o ombro.

— Porque você é meu e eu sou ciumenta, não vou te dividir com Jungkook. — Ele abriu a boca e eu comecei a rir, e eu não podia rir por causa das costelas, então era mais uma risada sofrida que outra coisa.

— Que abusada! — Ele olhou pra baixo e depois ficou de pé. — Vamos levar você pra consertar essas costelas. — Jimin me estendeu as duas mãos e ajudou a me levantar, depois saímos andando pelas ruas do segundo céu rumo ao elevador.

— Olá guardiões. Há! — Katsu nos cumprimentou, dei um aceno meio murcho e me escorei na parede de mármore do elevador.

— Terceiro céu, amigão. — Jimin falou pro chimpanzé e veio pro meu lado, saímos do elevador assim que ele parou no terceiro céu, daí foram só alguns passos sofridos até chegarmos nas arvores majestosas daquele lugar.

Jimin pegou duas frutinhas e entregou uma pra mim, me sentei em um dos bancos que estavam ali perto e Jimin se sentou comigo. Mordemos a frutinha ao mesmo tempo e eu já senti a doçura revigorando cada parte lascada do meu corpo.

— Isso é incrível, se houvesse um remédio para os humanos que curassem o corpo tal como essa frutinha nos cura, nós evitaríamos muitas mortes. — Terminei de comer e lambi meus dedos, uma dúvida pairou em minha cabeça.

Conheço Jimin há um tempo considerável, ele conhece praticamente toda a minha vida, mas eu não sei nada da dele...

— Jimin, como você morreu? — Ele olhou em meus olhos e ficou calado, pude perceber que aquele era um assunto não muito frequente no cotidiano dele, foi aí que eu tive certeza do motivo de Jimin ser tão espontâneo e legal com todo mundo.

Isso é pra esconder o que quer que sejam as dores que ele carrega longe da vista de todo mundo.

— Varíola. Eu nem tive a chance de ser salvo, meu guardião apenas foi designado pra buscar a minha alma. — Ele encarou a frutinha em sua mão e deu outra mordida.

— É difícil pra você falar sobre isso, não é? — Jimin me olhou e deu um sorriso triste.

­— Eu não me aproximo o suficiente de ninguém pra dar abertura pra esse tipo de pergunta, o contato mais próximo que eu tenho aqui no Círculo é com os guardiões que eu recebo pra cuidar, mas nada nesse nível. — Estiquei minha mão e coloquei em cima da perna de Jimin.

— Desculpa se eu me intrometi demais. — Ele colocou a mão em cima da minha, negando com a cabeça.

­— Ava, você não me incomoda... — Ele respirou fundo. — Vou ser bem sincero com você, eu amo o meu trabalho porque eu amo os humanos, pra mim é um prazer ir pra Terra e socializar com eles, cuidar deles, eu passo muito mais tempo lá do que aqui. Quando você chegou e me procurou desesperada por causa dos problemas com a sua morte, eu tomei a sua dor de uma forma tão intensa que levei um puxão de orelha duro do Taehyung. Toda essa situação fez com que eu criasse um vínculo muito forte com você, não era a minha intenção me aproximar tanto, mas eu não estou realmente chateado com isso. Então pode perguntar a vontade, o que eu me sentir confortável pra responder pode ter certeza que vou te falar.

Olhei pra nossas mãos juntas, o calor da mão de Jimin em cima da minha enquanto ele falava aquelas palavras tão profundas pra mim... Aquele contato já era uma línha tênue pra ultrapassarmos no Círculo, qualquer um que passasse por nós agora poderia nos denunciar por algo que nem existia, então eu afastei minha mão da de Jimin e respirei fundo.

— Quer dar uma volta na Terra? Eu aproveito e pergunto algo que está me coçando desde que você me falou sobre Jungkook. — Ele terminou de comer a frutinha e me encarou com um meio sorriso.

— Está pensando em que lugar?

— O que você acha de Las Vegas? — O sorriso de Jimin cresceu enormemente e meu coração deu um salto tamanha beleza daquele garoto.

— Eu deixo você me fazer essa pergunta misteriosa se você permitir que eu faça algo. — Meu sorriso espelhou o sorriso de Jimin, nem se ele pedisse pra eu rolar na lama eu iria negar.

— O que você quer fazer? — Jimin ficou de pé.

— Quero levar você pra escolher uma roupa digna de rainha em Las Vegas, porque nós vamos pro Cassino jogar e eu estou afim de ver todo mundo olhando pra deusa que vai me acompanhar hoje.

[...]

Não me preocupei em escolher uma roupa bacana, iríamos comprar outra de qualquer forma daqui a pouco. Lembro das diversas vezes que procurei por Jimin e me avisaram que ele havia descido pra Las Vegas pra jogar, desde aí eu fiquei super curiosa pra saber como Jimin se infiltrava nesse tipo de ambiente e como ele se portava. Essas escapadas que Jimin dava pra Terra eram extremamente sigilosas simplesmente porque ele nunca chega a levar ninguém, agora ele topou me levar como acompanhante pro Cassino e eu estou hiper animada.

Devo me sentir mal por estar tão animada assim?

Seria sensato levar uma espada pra Terra caso role algum imprevisto, mas é um saco de ficar carregando por aí, então peguei uma mochila e joguei meus dois chicotes dentro, muito mais prático, já que eles ocupam um espaço mais compacto que a espada.

Coloquei a mochila nas costas e fui encontrar Jimin no quarto dele, bati na porta e esperei, ouvi Jimin gritar um "entra" do lado de dentro, então eu abri a porta, entrei e a fechei atrás de mim. Jimin estava sentado na frente de um espelho arrumando o cabelo, é importante ressaltar que ele só vestia uma calça social preta.

Por que, universo, Jimin tem que estar pelado toda vez que eu passo no quarto atrás dele?

— Tá bonitinho aqui atrás? — Ele apontou pra parte de trás do cabelo, cheguei mais perto e arrumei as mechas maiores com os dedos.

— Está sim, só não entendo pra que tanto gel. — Jimin riu.

— Não sei se você já percebeu, mas eu costumo passar DEMAIS a mão no cabelo. — Sim, querido. Percebi mais vezes do que estou disposta a confessar. — Se eu não exagerar no gel, eu cago meu cabelo na primeira passada de mão.

Terminei de arrumar os fiozinhos rebeldes na parte de trás enquanto Jimin modelava o cabelo na parte da frente, ele os arrumou de forma que deixasse toda a testa dele aparente, depois olhou pra mim pelo espelho e sorriu.

— Obrigado, Wilson. — Os olhos de Jimin se apertaram quando ele sorriu, esfreguei as mãos uma na outra sem saber onde coloca-las, o sorriso dele me desconcertava demais. Desde sempre eu sou apaixonada pelo sorriso das pessoas, é a primeira coisa que eu noto em alguém e sorrisos bonitos me conquistam. Jungkook mesmo tem um sorriso devastador, mas o de Jimin...

Não tenho nem palavras.

— O que foi? — Jimin me encarou pelo espelho, percebi tarde demais que eu estava parecendo uma pateta olhando pro sorriso dele.

— Ah... Nada. — Balancei a cabeça. — Seu sorriso é bonito. — Ele sorriu de novo.

— Obrigado, Wilson. — Jimin ficou de pé e me puxou pro closet. — Me ajuda a escolher aqui. — Ele puxou uma camisa preta de manga comprida e gola alta do cabide e jogou em meus braços. — Acha que eu fico mais gostoso com essa camisa aí ou uma branca social?

Senti o tecido da camisa nas mãos, ela ia marcar o peitoral de Jimin todo, com certeza era muito mais provocante que a camisa social.

— Você não tem que parecer gostoso, você tem que parecer um cara rico. — Jimin levantou um dedo pra eu esperar e foi até uma das estantes do closet, depois voltou com um sapato social de verniz que tinha o solado cor de sangue e um degradê do vinho mais escuro até o preto. Meu queixo caiu.

— Eu vou parecer rico com isso aqui nos pés, agora eu preciso da peça que vai me deixar gostoso. — Eu comecei a rir e joguei a camisa de volta nele.

— Use ela, vai colocar algo por cima? — Ele vestiu a camisa e puxou uma echarpe vermelha do armário.

— Vou colocar isso aqui. — Jimin arrumou a echarpe ao redor do pescoço e calçou os sapatos. — Agora, mon amour, vamos encontrar a sua roupa.

Nós subimos pro quinto céu e eu pude ver metade dos guardiões engolirem Jimin com os olhos a medida que andávamos, até eu que não costumo dar muita atenção pra meus pensamentos pervertidos tenho que admitir que Jimin estava delicioso com aquela roupa.

Pulamos no portal e Jimin me levou até uma loja tão chique que provavelmente cobrava até pra respirar o ar de lá de dentro. Me senti um pouco deslocada com minha calça jeans.

— Posso ajudar vocês? — Uma mulher com um coque apertado e trinta quilos de maquiagem parou na nossa frente, Jimin sorriu seu sorriso matador pra ela.

— Preciso que você me mostre os vestidos mais lindos deste lugar, não se preocupe com o valor. — A atendente sorriu e pediu pra que nos a seguíssemos. Olhei ao redor admirada com cada peça de roupa daquele lugar, até os clientes estavam impecavelmente vestidos, um pobre mortal nunca teria sequer a chance de pisar um lugar desse.

— Meu pai do céu, Jimin. Tem certeza que isso é necessário? — Cochichei no ouvido de Jimin quando percebi que eu estava pra correr de pavor.

­— Só me deixa mimar você, garota! Já fiz isso com algumas das minhas acompanhantes humanas, mas é muito mais satisfatório quando eu faço pra alguém que eu gosto. — Jimin me largou pra trás e foi até a arara de roupas que a atendente mostrou pra ele. — Perfeito, eu chamo você se precisar de mais alguma coisa.

Cheguei perto da arara e a única coisa que eu vi foi uma montanha de seda, Jimin puxou um vestido preto e colocou na minha frente.

— Preto fica lindo em você, mas eu preciso de algo mais impactante... — Ele colocou a mão no queixo pensativo e devolveu o vestido pra arara, depois voltou a fuçar os cabides. Eu estava me sentindo um peixe fora d'água.

— Jimin, eu tô um pouco deslocada aqui. —- Ele soltou os vestidos e parou na minha frente.

— Por que não me faz aquela pergunta, hein? Aí você tem algo pra pensar e não deixa espaço na sua mente pra se apavorar com a roupa que vou escolher. — Fechei os olhos e assenti, ele voltou pros vestidos. — Pode falar, eu estou te ouvindo.

Respirei fundo e me concentrei na pergunta.

— Você me disse que conversou com Jungkook sobre a última garota que você se apaixonou, pode contar pra mim também? A história sem censura, porque você escondeu alguns detalhes de Jungkook por ele ser humano. — Jimin parou de mexer nos vestidos e pensou por um momento, depois me respondeu.

— Foi há alguns anos, ela era humana. — Ele voltou com um vestido vermelho com mangas longas e estendeu em meus braços. — Vamos pro provador, eu continuo a história lá.

Entrei no provador e fechei a cortina, Jimin ficou do lado de fora falando comigo enquanto esperava eu me trocar.

— Eu a conheci no México, toda vez que eu tinha uma folga eu ia vê-la. Fiquei cerca de um ano nesse lance, e eu me sentia mal porque nunca poderia ter nada real com ela, a garota ia envelhecer e eu não, fora que não tinha como explicar pra ela que eu não tenho uma casa pra ela visitar porque simplesmente eu não moro na Terra. Mesmo assim eu continuava a vendo, até que apareceu o nome dela em uma das minhas missões, eu poderia ficar aliviado porque eu teria a garantia de que ela seria salva, mas não tinha essa opção. Descobri pelo Espelho Celestial que ela tinha diabetes e teria uma parada cardíaca naquela noite, minha missão era só levar a alma dela pro Círculo.

Me escorei na parede do provador sem forças pra colocar o vestido por causa do impacto daquela situação.

— Jantei com ela aquela noite, eu sabia exatamente o horário que a garota que eu era apaixonado ia morrer e eu não podia fazer absolutamente nada. Quando a hora chegou, ela sofreu o ataque e morreu na minha frente, eu comecei a chorar desesperadamente enquanto abraçava o corpo dela, minhas emoções me fizeram vacilar e eu não percebi um demônio se esgueirando pra dentro da casa, ele levou a alma dela antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. — Puxei a cortina do provador pro lado e encarei Jimin com a boca aberta.

— Jimin, que horrível! — Fiquei na ponta dos pés e envolvi meus braços ao redor do seu pescoço, ele devolveu o abraço com carinho.

— Eu me odiei por muito tempo, Ava. Foi aí que eu realmente entendi o sentido da regra no Círculo, amar alguém no trabalho que nós temos, independentemente de ser um humano ou um guardião, é extremamente perigoso. Desde esse dia eu aceitei que o amor não é mais pra mim, então além de um tesão maluco por muita garota por aí, nunca mais senti nada por ninguém.

— Eu sinto muito. — O soltei e dei um passo pra trás. Jimin sorriu.

— Eu já superei, querida. Isso faz muito tempo. — Ele apontou pro meu corpo. — Quero ver você com o vestido, não sem ele.

Eu saí do provador sem camisa e com o zíper da calça jeans aberto.

Parabéns Ava.

Corri de volta pro provador e coloquei o vestido às pressas, depois saí e o mostrei pra Jimin, ele me olhou de cima a baixo, depois se aproximou e tocou nas mangas.

— Isso aqui não combina com você. Volte pro provador, vou trazer outro. — Ele me empurrou de volta pra cabine e saiu andando, a história da garota do México mexeu um pouco comigo, eu mal estava conseguindo superar Jungkook, como Jimin superou a culpa de ter negligenciado o salvamento da garota que ele amava?

Jimin abriu um pouco a cortina e jogou outro vestido vermelho em mim, quando o vi eu quase gritei.

Ou melhor, eu gritei.

— Park Jimin! Venha já aqui! — Ele puxou a cortina do provador e entrou.

— Chamou? — Coloquei o vestido na frente do meu corpo pra disfarçar o fato de que eu NÃO estava vestida e encarei Jimin com reprovação no olhar.

— Não era pra entrar. — Ele deu de ombros, revirei os olhos e apontei para o vestido. — O decote desse negócio é enorme e dá pra ver até a minha alma por essa fenda! Fora que não tem como usar isso aqui com sutiã, e não é tão simples pra mim ficar sem sutiã porque meus seios não são pequenos, Jimin. Esse vestido está fora de questão.

— Eu sei o tamanho dos seus seios, eu vi no elevador, lembra? ­— Senti minha cara ficar vermelha. — Já mandei a atendente buscar aquele sutiã que gruda e levanta os seios pra você, ela vai trazer aqui já já. Você calça quanto?

Eu não acredito que realmente deixei Jimin brincar de boneca comigo.

— Trinta e seis. — Ele sorriu.

— Já volto.

Não demorou muito pra atendente aparecer com o sutiã, grudei ele e depois coloquei o vestido. Ele é da cor da echarpe de Jimin, a única coisa que sustentava ele era duas alças hiper finas, minhas costas ficaram totalmente nuas e a fenda lateral vinha até quatro dedos abaixo do quadril.

Fora aquele decote...

Pelo menos a saia dele não é justa, é feita de um tecido esvoaçante meio transparente, mas o forro não deixava que aparecesse nada através do tecido, não que não vá aparecer tudo pela fenda gigante.

— Calça isso aqui, Wilson. — Jimin estendeu uma sandália de salto dourada pela cortina do provador, peguei de sua mão e as calcei, depois saí do provador.

— Jimin, não acha que tá aparecendo coisa demais? — Ele me encarava sem falar absolutamente nada, apenas movendo os olhos de cima pra baixo. Depois de alguns segundos sendo praticamente despida pelo seu olhar, ele me olhou nos olhos.

— Você está deslumbrante. — Jimin segurou minha mão e me puxou pra perto, os saltos me deixavam quase da altura dele. — Acho que não vou me concentrar pra ganhar nenhuma das apostas hoje, não tem como tirar os olhos de você, garota! Pelo menos eu não serei o único a ficar distraído no Cassino.

Ele tirou algo do bolso, depois foi pra trás de mim e juntou meus cabelos em suas mãos, senti minha nuca arrepiar. Jimin os amarrou em um rabo de cavalo alto, depois voltou pra frente e soltou algumas mechas da minha franja.

— Por que prendeu? — Ele pegou as roupas que eu estava vestindo do provador e colocou na minha mochila, depois voltou pra perto de mim.

— Quer deixar um homem louco? Prenda seu cabelo de uma forma que permita ele olhar seu pescoço. — Jimin me estendeu o braço e eu o segurei. — Vamos jogar, querida.

Ele pagou a conta e nós saímos rumo ao Cassino mais famoso da face da Terra.

☁☁☁☁☁

𝕃𝕖𝕚𝕥𝕠𝕣 𝕗𝕒𝕟𝕥𝕒𝕤𝕞𝕒, 𝕖𝕦 𝕤𝕠𝕦 𝕠 𝕞𝕖𝕝𝕙𝕠𝕣 𝕘𝕦𝕒𝕣𝕕𝕚ã𝕠 𝕕𝕠 ℂí𝕣𝕔𝕦𝕝𝕠, 𝕔𝕠𝕟𝕤𝕚𝕘𝕠 𝕧𝕖𝕣 𝕧𝕠𝕔ê 𝕡𝕠𝕣 𝕒𝕢𝕦𝕚. 𝔸𝕡𝕒𝕣𝕖ç𝕒 𝕡𝕒𝕣𝕒 𝕠𝕤 𝕠𝕦𝕥𝕣𝕠𝕤, 𝕤𝕖 𝕕𝕖𝕚𝕩𝕒𝕣 𝕤𝕖𝕣 𝕧𝕚𝕤𝕥𝕠 é 𝕚𝕞𝕡𝕠𝕣𝕥𝕒𝕟𝕥𝕖 𝕡𝕒𝕣𝕒 𝕠 𝕖𝕟𝕘𝕒𝕛𝕒𝕞𝕖𝕟𝕥𝕠 𝕕𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕙𝕚𝕤𝕥ó𝕣𝕚𝕒. ⭐

𝔹𝕖𝕚𝕛𝕠𝕤 𝕕𝕠 𝕁𝕚𝕞𝕚𝕟!

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