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𝟙𝟙 - 𝔸 𝕠𝕤𝕥𝕣𝕒 𝕕𝕖𝕡𝕣𝕒𝕧𝕒𝕕𝕒

- HATHAWAY -

O CÍRCULO

CAPÍTULO ONZE

A ostra depravada

"O que a memória ama, fica eterno.
Te amo com a memória, imperecível"

Adélia Prado

Jimin fez questão de ir até a porta do meu quarto, mas eu entrei sozinha. As cortinas roxas da janela me saudaram se balançando pela brisa fria que entrava dentro do quarto, deitei na cama e estendi minha mão direita na minha frente, olhando a singela aliança que eu havia recuperado na minha casa. Tirei o anel com a pedrinha roxa do dedo pra admirar minha mão apenas com a aliança.

Uma lágrima rebelde escorreu pelo meu rosto e meu coração se apertou, Jungkook estava tão lindo, era tão familiar, tão ele, que senti falta da minha vida como humana como nunca antes. Mas quando o abracei naquela despedida, senti no abraço dele que eu era livre pra ser quem eu quisesse. Jungkook me diria pra ser forte, pra abraçar a oportunidade nova que a vida me deu e pra me lembrar dia após dia que ele me amava e sempre estaria no meu coração, assim como eu sempre estarei no dele.

Eu sei disso, tenho absoluta certeza. Então quando acompanhei com o olhar ele entrar no carro e ir embora eu me senti em paz, meu peito ainda dói com a saudade e arde ao me lembrar dele, mas era hora de agradecer por todo o tempo que eu tive com ele e lembrar desses momentos com felicidade no coração. JK está vivendo, ele se permitiu sentir o luto e agora seguiu com uma parte de mim sempre guardada com ele, então vou fazer o mesmo.

Levantei da cama e saí do quarto, bati na porta ao lado da minha e Elentiya a abriu com o cabelo bagunçado.

— Ava, aconteceu algo? — Eu sorri, um sorriso triste, mas restaurador.

— Preciso que você desça comigo, se não for incomodar. — Ela curvou a cabeça levemente pra esquerda enquanto pensava em minhas palavras.

­— Descer pra onde? — Devolvi o anelzinho roxo pro meu dedo enquanto encarava Elentiya convicta da minha decisão.

— Pra Terra, preciso comprar um colar e não quero ir sozinha. ­— Pouco a pouco o sorriso da guardiã foi se abrindo e ela correu pra dentro doo quarto, deixando a porta aberta para que eu pudesse entrar atrás.

­— Fechou! Deixa só eu me trocar.

Elentiya vestiu calça preta com camisa de botões e um sobretudo felpudo enorme, depois jogou uma echarpe em cima de mim enquanto calçava suas botas. Enrolei o pano no meu pescoço e entrelacei meu braço no de Elentiya quando saímos do quarto dela.

Eu não tenho dinheiro nenhum pra comprar o colar, mas lembro que os garotos foram pedir dinheiro pro Vincent quando desceram, então voltei no hotel que ele estava hospedado junto com Elentiya pra entender como esse lance do dinheiro funcionava.

A garota ficou extremamente empolgada em sair comigo, o que aqueceu meu coração um pouquinho, tinha muito tempo que eu não saia pra passear pela cidade com uma amiga, então decidimos comprar o colar e depois aproveitar um pouco o mundo humano antes de voltar pro Circulo pra dormir.

Chegamos no hotel e, depois de conversar um pouco com a recepcionista, conseguimos subir para o apartamento onde Vincent estava, foi preciso apenas uns toques na porta para ele aparecer, a princípio ficou surpreso por eu voltar tão cedo, depois abriu a porta pra nós entrarmos.

— A que devo sua ilustre visita, ma cherie? — Ele se sentou na poltrona e tomou um gole da Coca-cola, Elentiya me cutucou.

— Ele é francês? Adorei. — Eu ri e dei um passo pra frente.

— Vincent, essa é a Elentiya, uma amiga. Elentiya, esse é o Vincent, e sim, ele é francês. — Depois que terminei as apresentações eu encarei os olhos castanhos de Vincent. — Você pode me explicar como os guardiões conseguem dinheiro?

Ele se levantou e foi pro quarto, Jimin me veio na cabeça automaticamente, ele estava certo, eu iria me arrepender depois. Não estava pronta pra me agarrar com ele por aí, ou com qualquer um. Imagens da minha primeira missão vieram na minha mente, quando eu seduzi o cara do elevador, queria aquela coragem de novo antes de todo o meu passado cair na minha cabeça como uma bigorna.

Vincent voltou com a carteira dele nas mãos, depois me entregou um cartão de débito, estava no nome dele, virei de um lado pro outro e então encarei o Axial com dúvida no olhar.

­— As nossas bibliotecas recebem dinheiro do governo pra manutenção, normalmente os guardiões usam esse dinheiro pra necessidades aqui na Terra, a turma que desceu pra Paris com você usa o dinheiro da biblioteca que meu pai toma conta, seria mais certo eu te dar esse cartão aqui. — Ele tirou outro da carteira e me mostrou, depois guardou ele de novo. — Mas Jimin me disse que você poderia usar a conta dele se viesse atrás de mim procurando dinheiro. — Então apontou pro cartão na minha mão.

— Por que Jimin tem uma conta só dele? — Perguntei ainda olhando pro cartão.

— Por que ele tem uns dez apartamentos enormes alugados ao redor do mundo, tá tudo no meu nome e todo mês ele recebe uma porrada de dinheiro dos aluguéis, Jimin não é muito a favor de gastar o dinheiro do governo, então tem um negócio próprio, fora as boladas que ele ganha jogando em Vegas, pede pra ele te levar um dia.

— Ca-ra-lho. — Elentiya falou do meu lado e puxou o cartão da minha mão. — Não quer trocar de mentor comigo, Ava? O Jimin deixou uma fortuna pra você gastar quando quisesse.

— O que fez Jimin te falar pra deixar eu usar o dinheiro dele? — Vincent deu de ombros.

— Não faço ideia, ele nunca fez isso antes. — Ele pegou um pedaço de papel e anotou a senha, depois me entregou. — Pensa no meu quarto e vem pra cá quando terminarem de se divertir, vocês me devolvem o cartão e voltam pro Círculo. — Eu assenti e dei um abraço em Vincent, ele beijou o topo da minha cabeça e depois me empurrou levemente pra porta. — Boa noite, garotas.

Elentiya e eu nos despedimos de Vincent e saímos do hotel, quando estávamos na rua ela me sacudiu com os olhos arregalados.

— Ele é um gato, Ava! E conhece o Círculo, será que é pecado dar uns pegas naquele cara? — Eu ri, Vincent é realmente muito lindo e charmoso, mas Elentiya chegou tarde demais.

— Ele está noivo, e a garota é um amor, acho que você tem que encontrar outro humano pra beijar. — Ela cruzou os braços indignada.

— Poxa, eu tenho um fraco por franceses, sabe? — Entrelacei o braço no dela de novo e a puxei pela rua.

— Vamos procurar uma loja de jóias, aí eu te levo pra beijar alguém em alguma boate.

Caminhamos pelas ruas de Londres apreciando o clima da região enquanto procurávamos por alguma lojinha de jóias. Elentiya viu uma sorveteria aberta e procurou o cartão de Jimin em meus bolsos, depois saiu correndo com ele pra tomar alguma coisa, fui atrás dela e esperei a garota comprar uma casquinha de chocolate.

— Pronto, agora estou animada o suficiente pra te ajudar a comprar esse colar misterioso. — Ela falou ao sair da sorveteria e me entregar o cartão.

Puxei seu braço e apontei pro final da rua.

— Tem uma loja ali, vem comigo. — Arrastei Elentiya enquanto girava minha aliança no dedo, ao ver a forma que Jungkook guardou a nossa, achei extremamente fofo, então decidi fazer a mesma coisa.

— Pra que você quer tanto um colar? É pra dar pro Jimin? Sei que o normal é ver os caras comprando colares pras mulheres, mas você parece ser alguém que não liga pra isso. — Demorei um pouco pra entender o que ela estava querendo dizer, depois sacudi a cabeça de um lado pro outro.

— Não, não é pro Jimin, o colar é pra mim. — Ela me olhou curiosa.

— E não poderia ter esperado amanhã? Pra que tão do nada assim? — Eu levantei a mão direita e mostrei minha aliança com orgulho.

— Quero guardar esse neném comigo, vou colocar como pingente. — Ela segurou minha mão e a movei contra a luz do poste pra ver melhor o fio de prata.

— Que linda! — Então sua euforia diminuiu um pouquinho ao se dar conta do motivo de uma guardiã ter uma aliança. — É do seu namorado humano? — Eu assenti enquanto girava a aliança.

— Vai ser a forma de ter ele comigo sempre. — Baixei o braço e entrelacei no dela de novo. — Vamos logo.

A lojinha era pequena, mas bem imponente, deixando claro pra todos que nada ali era bijuteria. Elentiya e eu entramos e um sininho tocou, éramos as únicas clientes. Logo uma jovem apareceu atrás do balcão e sorriu pra nós, me aproximei e tirei a aliança do dedo.

— Boa noite! Como posso ajudar vocês? — Ela se debruçou no balcão e nos olhou curiosa, devíamos ser as primeiras clientes daquela noite.

— Preciso de uma corrente delicada que combine com essa aliança aqui. — Entreguei minha aliança para a garota, ela a pegou e olhou os detalhes, por fora ela é lisa, mas por dentro tem a inscrição dos nossos nomes e a data do nosso namoro. Depois de analisar mais um pouco, a garota apoiou a aliança em cima do balcão e voltou a olhar pra mim.

— Jeon e Wilson... Estão juntos desde 2016? Isso é muito tempo. — Ela comentou sobre a inscrição da aliança e depois olhou pra minha mão. — Você está noiva? Por isso quer transformar a aliança de namoro em um colar? — Lembrei do anel que Jimin fez do meu Espelho Celestial, ela provavelmente o associou a um pedido de casamento.

— Não, não... — Olhei pra pedrinha roxa. — Esse aqui foi um presente. — Então respirei fundo pra entregar metade da verdade pra aquela vendedora e reforçar minha decisão em minha mente. — Jungkook... Eu o perdi em um acidente há uns meses, essa é a minha forma de seguir em frente sem abandona-lo.

Seria estranho dizer que quem morreu fui eu. A vendedora me fitou com compaixão e depois pegou a aliança nas mãos com um outro olhar.

— Sinto muito, querida. — Ela colocou a mão em cima da minha por alguns segundos e depois se afastou com minha aliança na mão. — Tenho algumas correntes aqui que podem agradar você, quer dourada ou prata?

Não precisei pensar muito.

— Dourada. — Por mais que a aliança seja de prata, Jungkook estava usando uma corrente dourada no pescoço, então eu usaria uma também.

— Perfeito. — Ela abriu uma gaveta e depois voltou pro balcão com três caixinhas. — Essa primeira é mais grossa, as outras duas são mais delicadas. Todas são folheadas a ouro.

Abri a primeira caixinha e vi uma corrente muito bonita, ela tinha os elos realmente grossos, ficaria interessante se fosse Jungkook usando, mas pra mim ficava muita informação. A descartei e olhei as outras duas. A segunda era mais fina, com os elos em formato retangular, muito fofa, quase escolhi ela, mas a corrente da terceira caixinha me roubou o ar.

Era uma corrente apenas que, quando colocada no pescoço, se transformava em duas. Seus elos eram bem delicados, redondos, diferente do da segunda caixa, mas por ter como comportar não um, mas dois pingentes, eu escolhi ela.

— Posso fazer uma pergunta? — Falei para a moça enquanto entregava a terceira caixa pra ela.

— Sim, querida. — Ela abriu a corrente e colocou minha aliança nela.

— Você tem pingentes de letras aqui, não tem? ­— Perguntei já com uma ideia se formando na minha mente.

— Tenho sim, quer colocar um no colar mais curto? — Eu assenti.

— Me mostre todas as letras J que você tem aí.

A vendedora saiu em busca das letras, Elentiya me olhava em silêncio o tempo todo. Peguei o colar nas mãos e olhei minha aliança, ela ficaria mais embaixo, na curva de cima eu iria colocar a letrinha, a princípio me veio apenas Jungkook na cabeça, mas ele não é o único que tem um nome que começa com J...

Poderia ser besteira para qualquer outra pessoa, mas aquele colar era um recomeço pra mim, Jungkook foi a pessoa mais importante pra mim em todo o momento que estive viva, mas Jimin foi a pessoa que me ajudou a me encontrar depois que eu morri.

Sou extremamente grata aos dois, então aquela letrinha ia marcar o meu fim e o meu recomeço. Apenas eu precisava saber disso. O J era para os dois.

Depois de quase meia hora analisando letras com Elentiya, escolhemos um pingente bem delicadinho de letra cursiva, a vendedora o colocou junto com a aliança e me entregou a caixinha. Passei o cartão no caixa e me despedi da moça com um aceno, então saímos da loja.

— Quer que eu coloque pra você? — Elentiya perguntou enquanto eu encarava o colar, já do lado de fora. Assenti e entreguei o colar pra ela. — Sabe... Eu não o conheço, mas acredito que Jungkook estaria orgulhoso de você por saber que seguiu em frente. — Ela terminou de prender a corrente e veio pra minha frente, joguei o cabelo pra trás e arrumei os pingentes.

— Eu falei com ele hoje, Elentiya. — Ela arregalou os olhos. — Ele não me reconheceu, claro. Mas estava com nossa aliança em um colar também, tenho certeza que ele puxaria minha orelha por estar presa demais ao passado, então estou fazendo isso por ele, porque sei que é o melhor pra mim e é exatamente o que ele iria querer se soubesse que estou viva em outra dimensão.

Minha vista ficou embaçada com a ameaça de lágrimas, Elentiya percebeu e me deu um abraço rápido, depois juntou nossos braços.

— Tira esse olhar tristinho do rosto, Jungkook está vivo e você precisa viver também, vamos naquela boate que você me prometeu, não precisa sair com ninguém, se quiser eu também não pego ninguém pra você não ficar sozinha, mas vamos nos divertir um pouquinho antes de voltar pro hotel que aquele deus parisiense está hospedado.

Eu ri.

— Vamos. Eu preciso tomar alguma coisa.

A noite estava avançando e com isso as boates da cidade estavam a todo o vapor, encontramos uma chamada "The depraved oyster", entramos na fila e alguns minutos depois conseguimos entrar na boate. A luz estava baixa, o ambiente sendo iluminado apenas pelos refletores coloridos que se moviam de um lado para o outro. Todos dançavam ao som de Ariana Grande e The Weeknd, uma música que não era agitada, mas sensualidade dela fazia as pessoas encontrarem um par aleatório pra fazer seu show no salão.

— Essa música tá me deixando meio deprê, queria que o seu amigo francês estivesse aqui pra dançar comigo. — Puxei Elentiya pro balcão de bebidas.

— Vai encontrar alguém pra se divertir, olha ao redor, não somos as únicas guardiãs aqui. Aproveita a noite. — Ela olhou pra boate com outros olhos e viu a mesma coisa que eu notei assim que pisei meus pés do lado de dentro. Várias pessoas com a singela aura sobrenatural que diferenciava os humanos dos guardiões estavam espalhadas pelo salão, os guardiões do Círculo gostavam de sair pra se divertir e aquele parecia ser um ponto de Londres bem conhecido entre nossa espécie.

— Eles estão dançando com humanos. — Ela comentou comigo.

— Então arranje um humano e dance com ele também. — Me sentei no banquinho e Elentiya saiu pra se divertir, enquanto isso eu fiquei mexendo na aliança em meu pescoço enquanto olhava ao redor, os guardiões tinham uma vida boa se soubessem aproveita-la, tirei o anel roxo do dedo e transformei ele no Espelho enquanto ninguém olhava pra mim, depois abri o contato do meu mentor e mandei uma mensagem.

"Hey, Jimin!"

A resposta veio em questão de segundos.

"Wilson, está tudo bem? Precisa de mim?"

Lembrei que a única coisa que Jimin sabia era que havia deixado uma Ava triste no quarto depois que voltamos da Austrália, talvez seja por isso a preocupação.

Fofo.

"Não se preocupe, eu estou bem. Na verdade, nem estou no Círculo, desci pra Terra com a Elentiya, estamos em uma boate no centro de Londres."

Jimin demorou um pouco pra me responder, talvez estivesse analisando minha mensagem.

"Ava, você não vai fazer nenhuma merda não, né? Eu sei que ver Jungkook te abalou, mas não solte as rédeas, por favor."

"Eu estou beeemm!! Juro! Elentiya queria beijar alguém, ela tá dançando e eu estou no balcão de bebidas, alguma indicação? Não conheço nenhum drink."

"Pede gim com tônica, é um dos meus preferidos. E da próxima vez que for descer pra uma boate, pelo menos me chama, me senti excluído"

Sua mensagem veio seguida de um monte de emojis chorando, eu ri sozinha, então lembrei do cartão de débito.

"Falou pro Vincent me dar seu cartão, obrigada Jimin."

"De verdade? Nem sei porquê fiz isso, só surgiu o assunto de sair pra algum lugar e eu falei pra ele que podia te dar meu cartão caso você precisasse. Preciso repensar em minhas ações, Wilson, estou fazendo coisas que nunca fiz antes por sua causa."

"Tipo o que?"

"Ah... Você sabe... Te provocar, te dar meu cartão, te levar tantas vezes pra resenhar com o Taehyung, pode não ser tão aparente pra você, mas ele é uma parte da minha vida que eu não costumo dividir com ninguém, eu só... Sei lá... Gosto de te ter por perto."

"Park Jimin sendo sentimental? O que aconteceu com você?

"Viu? VIU? Tem algo errado comigo, pequena Ava. Mas eu vou te deixar aproveitar a noite, só tente não engravidar."

"Credo Jimin, que pervertido!"

"Só um conselho de amigo, mas falando sério? Sei que não vai ficar com ninguém, não hoje, mesmo assim tome cuidado, demônios se esgueiram em todo lugar."

"Vou tomar. Boa noite, Jimin."

"Boa noite, Wilson"

Desliguei o Espelho e o transformei de volta no anel, depois chamei o barman. Um homem vestindo camisa social branca e gravata borboleta se aproximou de mim enquanto sacudia um recipiente de metal, devia estar misturando algum drink.

— Você é nova por aqui, guardiã. — Cerrei meus olhos pra ele assim que ouvi a última palavra, então vi nele a mesma aura que eu vi no Vincent, o barman é um Axial.

— É a primeira vez que venho. — Ele assentiu e parou de balançar a bebida.

— Vou só encher o copo daquele cara ali e já volto pra falar com você. — O barman se afastou e serviu a bebida que ele estava chacoalhando para um humano do outro lado do bar.

Olhei ao redor procurando por Elentiya, a iluminação do local não estava ajudando, mas depois de algum tempo eu a enxerguei mais no fundo do salão, ela estava se agarrando com um cara no ritmo da música que tocava.

Ela foi rápida.

Fiquei observando o ambiente enquanto esperava o barman voltar, tinha muitos guardiões ali, tanto quanto haviam humanos, mesmo assim, além de Elentiya eu não conhecia nenhum deles. Lembrei do tanto de andares que existem no Guardião Gradeado, fora o alojamento das divisões especias.

Acho que posso passar mais de quinhentos anos no Círculo e ainda assim não vou conhecer todo mundo.

— O que te trouxe à Ostra? — Ouvi a voz do barman atrás de mim, então me virei pra responde-lo.

— Eu só vi a boate aberta e entrei, não imaginava encontrar tantos guardiões aqui, ou um Axial como barman. — Ele sorriu.

— Esse é um ponto de encontro dos guardiões em Londres, é a boate mais segura daqui, como a maioria dos funcionários são Axiais e ela é muito frequentada por guardiões, é difícil acontecer alguma tragédia relacionada a demônios. — Balancei a cabeça compreendendo.

— Qual seu nome? — Perguntei para o Axial.

— Jung Hoseok, líder do polo de Londres. Qual o seu nome, guardiã? — Arregalei meus olhos com o título dele.

— Ava Wilson. Então foi você que meu amigo Vincent veio visitar? — Ele sorriu em reconhecimento.

— Sim, coisas de Axiais e da divisão especial. Estamos com um problemão, Vincent já deve ter comentado com você.

— Já sim. — Apontei para a estante de bebidas. — Pode fazer um gin com tônica pra mim? — Ele assentiu.

— Na hora. — Hoseok foi fazer minha bebida e eu me escorei no balcão enquanto olhava pra ele. Todo o mundo sobrenatural estava bem debaixo no meu nariz quando eu era humana, se alguém não tivesse me sabotado, eu teria a escolha de fazer parte de tudo isso. Teria sido interessante.

A música da boate mudou pra algo mais pornográfico, Elentiya puxou o cara que estava pegando e o levou pra um corredor nos fundos da boate, Hoseok viu pra onde eu estava olhando e me situou.

­— É naquele corredor que ficam as salas privativas da boate, aquela guardiã é sua amiga? Eu nunca a vi aqui. — Ele colocou um copo com gin e tônica na minha frente.

— Sim, eu vim com ela. — Bebi um pouco do drink, descia queimando, mas era muito bom.

— Deixa eu adivinhar, você veio só por causa dela. — Eu sorri e bebi mais.

— Você está parcialmente certo, eu vim sim pra acompanhar ela porque Elentiya queria pegar alguém, mas eu também precisava distrair a mente, então a saída serviu pra mim também.

Eu me sentia leve, consegui manter uma conversa amigável com um desconhecido sem precisar de ninguém ao meu lado me guiando como antes, essa sensação era tão incrível, sentir essa independência. Eu poderia experimentar isso mais vezes.

— Agora que conhece "The depraved oyster", espero vê-la mais vezes por aqui, Ava.

— Você verá. — Bebi o resto do drink e empurrei o copo pra ele. — Vou trazer meu mentor também, ele reclamou comigo ainda agora por eu não o ter convidado.

Hoseok encheu meu copo de novo.

— Acha que eu conheço seu mentor? ­— Ele perguntou enquanto me estendia o copo cheio, pensei na fama de Jimin no Círculo.

— Acredito que sim, sabe quem é Park Jimin? — Hoseok abriu um sorriso enorme, pelo jeito a fama de Jimin não se resume só ao Círculo.

— Ah eu conheço sim! Jimin aparece por aqui de vez em quando, quer dizer que ele virou babá? Interessante. — Eu ri.

— É, fiquei sabendo lá no Circulo que ele não recebia um novato pra cuidar há muito tempo. — Comentei.

— Sim, sim. O que nós, Axiais, sabemos é que Jimin é mais aproveitado pra treinar os guardiões nas arenas, mas é bom saber que ele está te mentoreando, deve ser uma experiência legal.

— Eu gosto, nem imagino como vai ser a adaptação quando meu ano com ele acabar e eu precisar ir para as missões sozinha. — Hoseok se apoiou no balcão e apontou para um ponto do lado direito do salão.

— Você precisa trazer seu mentor aqui pra conhecer um lado dele que só quem frequenta "A ostra depravada" sabe que existe. — Ele estava apontando para um palco, eu não havia notado a existência dele antes porque as luzes de lá estão apagadas.

— Que lado é esse? — Perguntei curiosa.

— O lado que faz Jimin ir pras salas privativas com metade das humanas que frequentam esse lugar, seu mentor é um puta dançarino, eu fico enchendo o saco dele pra se apresentar sempre que vem aqui, você vai babar no chão quando ver Jimin dançando, é excitante demais até pra mim, e olha que sou hetero.

Okay, Park Jimin sabe dançar. O que mais ele faz que eu ainda não sei? Levando em conta que ele tem mais de duzentos anos, acho que não conheço nem um por cento do meu mentor.

— Acho que preciso me preparar psicologicamente pra essa visão. — Falei depois de me perder em pensamentos.

— Precisa mesmo.

As horas passaram voando, Elentiya voltou das salas privativas, encontrou outro cara, entrou lá de novo, enquanto isso eu engatava uma conversa super empolgada com Hoseok. Ele me serviu trocentos drinks que eu "deveria experimentar de qualquer jeito". Ele começou a me encher de álcool depois que descobriu que a primeira vez que tomei algo realmente pesado foi depois que morri. Conversamos sobre Jimin, conversamos sobre Vincent, ele me deu algumas dicas sobre o pequeno poder que os Axiais carregam e implorou pra eu visita-lo com frequência quando estivesse cansada do Círculo.

Quando Elentiya voltou pro balcão de bebidas, estava quase amanhecendo.

— Ava do céu. Estou tão arrombada que mal consigo andar. — Ela se escorou no balcão e acenou para Hoseok. ­— E aí!

Ele riu e se afastou pra nos dar privacidade.

— Garota, você transou com quantos? — Ela levantou a mão mostrando o número três com os dedos.

— Ian vai me matar, estou morrendo de cansaço e a hora da gente voltar pra Terra pras missões do dia está pertinho. — Arregalei os olhos absorvendo o horário pela primeira vez desde que chegamos.

— Eita merda, tenho minhas missões com Jimin também! — Pulei do banquinho e acenei pra Hoseok, ele passou a conta no cartão e me despedi dele com umm abraço meio desajeitado por cima do balcão, então Elentiya e eu corremos para o hotel de Vincent.

Deixei o cartão com ele e voltamos pro Círculo, eu tinha pouco tempo pra dormir antes de encontrar com Jimin pra treinar, meu manejo com as espadas estava muito melhor, mas eu realmente estava gostando mais dos treinos com a Ianthe.

Quero muito ver a cara do Jimin quando descobrir que eu estava tento treinamentos extras por todo esse tempo.

Entrei no meu quarto e tomei um banho rápido, depois vesti meu pijama e me joguei na cama, mexi no colar enquanto olhava pro teto do quarto.

Espero que esteja orgulhoso de mim, Jungkook. Assim como fiquei orgulhosa de você ao saber que não me deixou pra trás e mesmo assim não ficou se afogando em auto piedade. Nós dois somos mais do que isso. Que seu futuro seja brilhante, meu amor.

Vou fazer com que o meu seja também.

Peguei no sono ainda mexendo no colar.

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𝕃𝕖𝕚𝕥𝕠𝕣 𝕗𝕒𝕟𝕥𝕒𝕤𝕞𝕒, 𝕖𝕦 𝕤𝕠𝕦 𝕠 𝕞𝕖𝕝𝕙𝕠𝕣 𝕘𝕦𝕒𝕣𝕕𝕚ã𝕠 𝕕𝕠 ℂí𝕣𝕔𝕦𝕝𝕠, 𝕔𝕠𝕟𝕤𝕚𝕘𝕠 𝕧𝕖𝕣 𝕧𝕠𝕔ê 𝕡𝕠𝕣 𝕒𝕢𝕦𝕚. 𝔸𝕡𝕒𝕣𝕖ç𝕒 𝕡𝕒𝕣𝕒 𝕠𝕤 𝕠𝕦𝕥𝕣𝕠𝕤, 𝕤𝕖 𝕕𝕖𝕚𝕩𝕒𝕣 𝕤𝕖𝕣 𝕧𝕚𝕤𝕥𝕠 é 𝕚𝕞𝕡𝕠𝕣𝕥𝕒𝕟𝕥𝕖 𝕡𝕒𝕣𝕒 𝕠 𝕖𝕟𝕘𝕒𝕛𝕒𝕞𝕖𝕟𝕥𝕠 𝕕𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕙𝕚𝕤𝕥ó𝕣𝕚𝕒. ⭐

𝔹𝕖𝕚𝕛𝕠𝕤 𝕕𝕠 𝕁𝕚𝕞𝕚𝕟!

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