_ Cuide de tudo para mim, está bem? – pediu mamãe a tio Marcel, fechando a porta do carro.

Estávamos parados à beira da estrada, prestes a seguir caminho rumo a surpresa que papai preparava à sua esposa. Mal sabia ela o que a esperava...

_ Você já me pediu isso uma centena de vezes, Lucy. – brincou meu tio, com as mãos na cintura, parado do lado de fora do carro, ostentando um sorriso sincero no rosto.

_ É que eles nunca ficaram tanto tempo sem um líder e...

_ Mãe, pare. – a interrompi.

_ Clara está certa, meu amor. Pare de se preocupar e deixe Marcel ir. – ponderou papai. – Vamos nos atrasar.

_ Atrasar? – questionou ela, franzindo a testa.

_ Tchau, tio! – exclamei, colocando o cinto e reprimindo uma risada.

_ Boa viagem e divirtam-se! – desejou o rapaz, lançando-me uma piscadela.

Papai acelerou enquanto acenava, com uma das mãos para fora do vidro do carro.

_ Divirtam-se? – repetiu minha mãe, intrigada.

_ Relaxe, Lucy. Tire uma soneca, curta o caminho... – pelo retrovisor, pude ver meu pai sorrindo. – Confie em nós.

×××

_ Não. Acredito. Nisso! – cada palavra saiu dos lábios de mamãe pausadamente. – Q-quem teve essa ideia?

_ Papai. – afirmei, sorrindo.

Pelo canto dos olhos, pude ver seu sorriso escondido e o fascínio desenhado em sua expressão. Era tão lindo vê-lo feliz por fazer minha mãe feliz...

_ Como... Como lembrava que meu sonho era trazer Clara aqui? – encantada, desviei os olhos ao vê-la lançar-se aos braços de papai, envolvendo-o num abraço agradecido.

_ E como não lembrar, Lucy? – perguntou ele, baixinho.

Dei alguns passos lentos e afastei-me do casal, para deixa-los à vontade. Perdida em meio à tanta animação, corri os olhos pelo lugar.

_ Uau... – exclamei.

Nunca havia visitado um parque de diversões. Zoológicos, parques aquáticos e clubes sim, mas jamais aquele tipo de parque.

Era enlouquecedor.

Uma enorme roda gigante roubava todo o destaque em meio ao céu azulzinho que nos presenteava naquela manhã. Montanhas-russas alucinantes chamavam minha atenção, enquanto risos e conversas alcançavam meus ouvidos e enchiam minha alma de vida. Barco Viking, carrossel, sorveteria, tiro ao alvo, lanchonete, roleta da sorte e outras milhões de atrações dotadas de letreiros luminosos faziam minha cabeça girar. Eu estava paralisada.

Um dia inteiro para curtir...

_ Vamos aproveitar! – exclamou minha mãe de repente, fazendo-me levar um susto.

Papai soltou uma risadinha e eu levei as mãos ao coração.

_ Ai, que susto... – comentei. – Estava entretida observando os detalhes do parque.

_ Ah! Entretida vai ficar quando entrar nele. – brincou papai, parando a meu lado. Mamãe caminhava calmamente logo atrás dele. – Não quero perder nem mais um minuto. Vamos?

Assenti sorrindo e encarando os dois.

_ Vamos!