67º Capítulo - Lucy
_ Pode começar.
Fúria, determinação e sofrimento transbordavam em excesso no tom de minha filha, fazendo-me arrepiar.
_ Não fale assim comigo, mocinha! Sou sua mãe e...
_ Tenho o direito de saber. - seus olhos faiscavam. - E melhor dizer logo...
À contra gosto, assenti. Clara conseguia ser mais teimosa que eu... Seria impossível mudar sua opinião.
_ Então tudo bem, mas antes de começar, gostaria de saber uma coisa... - murmurei, buscando coragem do fundo de minha alma para iniciar o assunto. - O que sabe sobre o passado de Jake?
_ Pouquíssimas coisas... - murmurou minha filha, hesitante. Olhei-a séria, incentivando suas palavras. - Uma vez propus a Jake que viesse para a Luz comigo, mas sua resposta foi algo como "não posso voltar para Ela"... - a expressão de Clara era aérea, como se o esforço que estava fazendo para se lembrar de tudo exigisse que seu espírito se desligasse da Terra. - Além disso, uma vez questionei o porquê de não matarmos Andrew, e Jake me disse que o homem não morria pois era o líder. Então ponderei o fato de que ele também era um líder, portanto não morria, mas - um suspiro entrecortou sua fala, seus olhos enxiam-se de lagrimas e seu rosto revelava cada vez mais sofrimento. Engoli em seco. Era terrível vê-la assim... - Mas ele me explicou que apenas O Líder era imortal... Líderes como ele poderiam ser mortos caso feridos gravemente por alguém do Caos e... E...
Sua voz foi sumindo aos poucos, sendo tragada pela dor. Minha cabeça latejava com aquelas informações.
_ Então é isso... - sussurrei.
_ Isso o quê?
_ Jake participou da batalha quando fui combatente, na época que tinha 15 anos de idade... Ele foi o responsável pelo golpe fatal que me atingiu nas costas e praticamente me levou aos braços da morte. Seu tio que...
_ Meu tio? - repetiu Clara.
Essa não... Jeito errado de contar, jeito errado de contar, jeito errado de contar...
Levei as mãos à boca e desviei os olhos.
_ Droga! - praguejei baixinho.
_ M-meu tio? - insistiu ela, gaguejando. - Mãe?
Fechei os olhos.
Jeito errado de contar, jeito errado de contar...
_ Mãe, eu e... Ele...? - melancolia transbordava de sua voz. E eu não me mexia.
Burra! Jeito errado de...
_ MÃE!
Dei um pulo do colchão onde estava sentada.
_ Sim! - exclamei em resposta, tensa. Temerosa, encarei-a. - Seu pai e Jake são... Eram... Irmãos.
O rosto de minha filha foi perdendo lentamente ainda mais a cor. Seus ombros despencaram e ela se rendeu às lagrimas.
_ Saia... - sussurrou em tom quase inaudível. - Por favor...
_ Clara...
_ Saia! - gritou.
Dei um pulo novamente e coloquei-me de pé, saindo do quarto imediatamente.
_ Droga! - praguejei. - Jeito mais que errado de contar.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro