Ícaro estava parado a minha frente. Seus olhos azuis idênticos aos de Clara fixos em mim.

Levantei-me lentamente e o abracei. No momento, a única coisa que precisava era de carinho.

_ Está tudo bem, meu amor. – sussurrou ele com os lábios próximos ao meu ouvido.

Lágrimas escorriam por minhas bochechas. A floresta era sombria. Uma leve brisa causava-me arrepios.

_ Tenho medo que... – comecei a lamentar por entre soluços, mas fui interrompida. Meu marido apertava-me cada vez mais em seus braços, dando-me conforto e segurança.

_ Clara não vai para o Caos. – afirmou. Dava para notar que Ícaro estava despejando toda a confiança que podia naquelas palavras. – Ela só precisa de um tempo para pensar.

Assenti e afastei-me dele. Como se tivéssemos novamente 15 anos de idade, meu marido envolveu-me a cintura, puxou-me novamente para perto de si e deu-me um terno beijo.

Depois, tomou certa distância e abraçou-me meio de lado.

_ Vamos para a sede? – murmurou.

Assenti.

Caminhamos em silêncio. Ao alcançar o palácio, demos de cara com Aurora e um grupo de busca em reunião no grande salão.

_ Aí está o guardião! – exclamou ela, aliviada.

_ O que está...? – murmurei, mas minha fala foi cortada ao meio e solta ao vento.

_ Vamos atrás de Clara. – Aurora tinha um tom de urgência na voz. Isso me assustou... Nunca a tinha visto assim. – Reuni meus melhores soldados. Estes são os que mais conhecem a floresta. Ícaro, vá com um dos grupos.

_ Ok. – concordou ele.

_ Eu quero ir! – exclamei por sobre a falação repentina que eclodiu no pequeno espaço em que ocupávamos.

_ Acho melhor não... – murmurou Aurora.

_ Eu lidero outro grupo. – soou a voz de Marcel do meio da multidão de buscadores.

_ Dividimo-nos em quatro grupos. – ordenei. – Aurora irá com um. Ícaro e Marcel, cada qual com mais uma cada. Eu, por fim, liderarei outro.

Todos encararam Aurora, como se esperassem uma confirmação. Meu tom era autoritário, impossível de ser contestado.

_ Tudo bem. – murmurou ela, insatisfeita.

Em alguns minutos, os líderes já estavam com seus respectivos grupos adentrando a floresta.

Antes de partir, Ícaro lançou-me um olhar apreensivo. Depois sumiu por entre as árvores.

Meu grupo foi o último a adentrar aquele local terrív.

A meu lado postava-se um dos conhecedores mais sábios daquela floresta. Lucas, um jovem de 19 anos, auxiliava-me atenciosamente a me localizar por entre os troncos e raízes.

_ Vamos achá-la, Lucy. – garantiu ele, consolando-me ternamente.

Assenti.

O resto da busca foi em silêncio.