Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

O tom do Oceano

"Onde puseram teus olhos
A mágoa do teu olhar?
Na curva larga dos montes
Ou na planura do mar?"

Armando Côrtes-Rodrigues, in 'Planície Inquieta'

Capítulo 11 -  O tom do oceano

Na segunda vez em que Eric acordou, ele estava sozinho. Sua casa, antes semidestruída em seu ataque de fúria, estava limpa e arrumada, os objetos quebrados em uma caixa perto da porta. A lareira, que pensou estar desativada, estava acessa. Já era noite.

Ergueu-se devagar, ainda levemente tonto, e a manta que o aquecia na cama deslizou pelo seu corpo. Notou autoconsciente que estava sem roupas. Havia alguns arranhões em seu corpo, leves, e seus músculos estavam doloridos.

"Finalmente acordou."

E aparentemente não tão sozinho afinal.

A pessoa misteriosa que o ajudou estava ali no umbral da porta, o olhando de forma profunda. Era uma mulher, e por mais que tentasse, não conseguia pensar na idade que teria. Havia ali um rosto belo e atemporal, longos cabelos quase vermelhos em uma trança e olhos heterocromáticos que o fitavam sem uma emoção definida. Nas mãos ela tinha um cesto, carregando algo que não sabia o que era, mas que tinha um cheiro estranho e forte. 

Eric continuava a encarando em silêncio, confuso. Sem saber como ela havia entrado na sua casa, como havia o levado até ali, já que lembrava claramente de ter estar em outro lugar quando acordou da última vez.

A mulher suspirou de forma quase dramática, deixando a cesta no chão e se aproximando da cama.

"Foi uma grande pancada que levou na cabeça. Da próxima vez que quiser nadar, tente em um dia mais limpo." Sentiu a mão gelada em sua testa e segurou o pulso fino, a removendo devagar. A mulher o olhou nenhum pouco impressionada, mas removeu a mão. "E tente escolher um lugar mais baixo para praticar saltos."

Havia um implicação ali, na forma como ela falou "praticar saltos". 

Eric desviou os olhos, se sentindo exposto e desconfortável.

"Não conheço você." Falou o obvio, ouvindo sua voz muito rouca. 

A mulher deu uma pequena risada que não entendeu, mas que fez seu desconforto aumentar. Se sentia, de repente, uma criança conversando com um adulto que lhe achava particularmente inocente ou idiota.

"Oh, eu sei que não." Ela deu de ombros como se não tivesse importância.  "Mas eu conheço você. Eric Prince, novo morador, o escritor que o filho do capitão Max jogou no mar no outro dia."  Ela sorriu de uma forma estranha ao dizer isso, os olhos, por um momento, pareciam de ter um brilho diferente. "O pequeno e charmoso Ariel."

Uma sensação ruim percorreu seu corpo por segundos com a expressão do rosto belo na sua frente, mas logo ela lhe sorria levemente. Sentiu uma onda letárgica estranha. 

Sentia-se confuso com aquela mulher ali, sentada na sua cama, como se fossem velhos amigos. 

"Como..."

" Ah sim, como veio parar aqui. Estava pegando umas ostras perto das pedras, quando você resolveu nadar." Ela deu de ombros. "De nada por salvar a sua vida. Embora eu tenha percebido que você achou que eu era outra pessoa."

O sorriso dela era estranho, como se estivesse se deleitando com uma piada interna. A mão dela brincava com um dos colares estranhos de conchas que tinha no pescoço, o olhando. Eric se sentiu estranhamente atraído pelo movimento, o objeto prendendo seu olhar, o barulho das conchas batendo parecendo estranhamento alto nos seus ouvidos. 

A mão parou de forma abrupta e balançou a cabeça, recebendo um sorriso que o deixou ainda mais desconfortável.

"Obrigado."  Murmurou, desviando os olhos.

Quando voltou a fitá-la, ela ainda o olhava, a expressão agora sem humor. 

A mão dela voltou a sua testa, e dessa vez não a removeu, mesmo quando tentou se moveu.

"Deite. Agora."

Eric sentiu-se ainda mais letárgico e sonolento, cansado, enquanto ela o incitava a voltar a deitar. A notou sorrir, como se sua obediência fosse algo esperado e apreciado. 

"Melhor, bem melhor. Você é um homem interessante, Eric Prince." Ouviu o murmúrio, resvalando para o sono. "Me pergunto o quanto sabe do que está de fato acontecendo nessa ilha."

.................................

"Não sei nem por onde começar a perguntar."

 Sam murmurou ao lado de Max, os dois observando Ariel aninhado nos braços da mulher misteriosa – e perigosa – que parecia bem feliz vestida em uma roupa de Max e sentada na cama dele, as costas recostadas na cabeceira, a cabeça vermelha de Ariel em seu colo, adormecido. Linguado dormia no quarto de Ariel, exausto depois de toda a comoção, mas os dois homens estavam bem acordados de olho na bela estranha, que também parecia estar de olho nos dois, os olhos tão parecidos com os de Ariel os fitando pensativos.

"Somos dois então." Max murmurou, de forma ausente. A cena a sua frente apesar de terna lhe trazia uma sensação amarga. Os dois se mediam, Max cruzou os braços. " Você é do povo dele."

Falou, mesmo sem saber se a mulher o entenderia. Ariel não parecia entendê-lo no começo, não sabia se com ela seria diferente. Uma sobrancelha suave se ergueu, um olhar de desafio.

"E você é o humano dele".

Arregalou os olhos com isso. A voz era bela e clara, mas tinha certeza que a boca dela não havia se movido. Olhou para Sam, que parecia não ter ouvido, pela sua falta de reação. Apenas olhava a mulher intrigado.

"Como... " Perguntou confuso.

"Max? " Sam o olhou estranho.

"Ele não lhe contou?" Os olhos verdes estavam intrigados, a boca não se movia, mesmo que a voz ecoasse clara em sua mente.

"Ariel nunca falou comigo assim. Ele não consegue falar nada além da língua de vocês, eu suponho."

"Max, o que diabos..."

A expressão dela ficou confusa, para então parecer horrorizada, olhando para o garoto dormindo, os olhos torturados.

"Então eles fizeram isso. Eles roubaram a voz dele. Roubaram tudo dele. E por isso..."

"Max..."  Sam parecia perdido.

"Ela está se comunicando comigo. Sobre Ariel."  Os olhos dos dois voltaram a se encontrar, e ela pareceu medi-lo profundamente, como Ariel fizera na primeira vez que o vira tantos anos atrás.

"Você o ama."

Não era uma pergunta, e Max não precisou pensar.

"Mais do que qualquer coisa no mundo. Ele é meu filho."

A testa dela franziu suavemente. As mãos finas pararam no cabelo vermelho.

"E ele a você."

Max sentiu a tensão diminuir ao ouvir isso. A mulher sorriu suavemente, um belo sorriso, porém que não alcançaram os olhos. Ela olhou de Sam, para Max, e então para Ariel. Quando a suave voz o alcançou dessa vez, saiu da boca dela, clara como se ela tivesse vivido entre eles por toda a vida.

"Sou Attina, rainha e governante de Atlantis." Ela falou solene.  "Primogênita, e irmã mais velha de Ariel. O legitimo rei de Atlantis."

...............................

Quando Eric acordou pela terceira vez, foi pelo sons das janelas abertas batendo contra a ventania e o frio repentino. A lareira estava apagada. Ergueu-se, zonzo, e  segurando-se nas paredes frias caminhou pela casa até as janelas, as fechando com esforço.  Já amanhecia.

Estava vestido com uma calça leve, que não lembrava de ter colocado. Na verdade, não lembrava de muito, além de ter voltado para casa dos ajustes na vila. Devia estar exausto e ter ido para cama.

Sentia uma letargia estranha, como se estivesse embriagado. Algo em sua mente tentava lhe alertar da estranheza de toda a situação, como os arranhões que não lembrava de terem estado em seu corpo antes. 

Lavou o rosto na pia da cozinha e colocou a água no fogo para um café. Acendeu a luz fraca da cozinha enquanto cortava o pão. Com a caneca pronta e fumegante sentou na mesa, sentindo certa tristeza no silêncio sufocante ao redor, como se faltasse algo essencial ali.

Foi quando notou o livro sob o balcão. Não teria o notado, se não fosse a capa vermelha desbotada. Franziu a testa, reconhecia todos os seus livros. Ergueu-se até ele, e o trouxe, vendo que o título havia sido desbotado pelo tempo, mas que começava com "A".

Abriu, sorvendo o café, e viu na contracapa, de folhas amareladas "Atlantis". O livro inteiro parecia ter sido escrito a mão, como um diário. Franziu a testa, folheando-o, procurando o nome do dono em vão, até que ele parou em uma página que estava marcada. Havia um desenho ali, feito a carvão, de uma criatura meio humana, meio peixe. Lembrou imediatamente do livro que encontrara na casa de Max. Havia pego alguns livros emprestados sobre a a ilha, talvez tenha findo junto sem querer.

Olhou a figura por mais tempo, sentindo algo estranho, como uma ideia que quisesse se formar mas não encontrasse a saída exata para fazê-lo.

Por alguma razão, ao sair para a caminhada matinal, levou o livro consigo.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro