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O grito do Oceano

O Mar agita-se, como um alucinado:
A sua espuma aflui, baba da sua Dor.

(Alberto d'Oliveira)

Capitulo 7 – O grito do oceano

Eles estavam em uma praia a oeste de Londres. Era comum irem para lá em alguns finais de semana, quando seu curso não demandava demais de seu tempo, o que era raro não acontecer ultimamente.

Marina amava ficar perto do mar e Eric não conseguia dizer não à irmã em seus melhores dias.

Caminhou pela enseada quase vazia devido ao início de um temporal se formando no horizonte, chamando pela irmã.

Quando finalmente a avistou deu um suspiro exasperado. Ela estava enxarcada. O aviso de proibição de nadar naquela área parecia não servir de nada para Marina.

A observou agachada no cais, observando algo na água atentamente.

"O que está fazendo?"

Ela desviou os olhos azuis para os seus e sorriu, a expressão em falsa inocência quando viu sua cara de desagrado.

"Ali." Ela apontou para a água. "Olhe."

Eric suspirou, mas olhou para onde ela apontava. Algo se movia na água e podia ver um brilho estranho e momentâneo. Demorou um pouco para reconhecer o que era.

"São enguias elétricas, mais um motivo para não entrar na água."

Marina deu uma pequena risada com seu tom de voz, mas parou quando o movimento se aproximou de onde estavam.

Os dois olharam intrigados quando a cabeça do animal se aproximou da superfície. Havia algo estranho nos olhos dele, de cores diferentes. O mais estranho ainda era como ele parecia estar olhando diretamente para os dois.

"Que estranho. Enfim,  vamos para a pousada. Esse temporal vai ser perigoso."

Para sua surpresa, Marina não reclamou como de costume, apenas se ergueu para segui-lo.

Até parar abruptamente na saída da orla e olhar de volta para o mar.

"Eric?"

O tom de voz dela era assustado.

Eric se virou rapidamente e viu com horror o corpo dela se tornar acinzentado, água saindo da sua boca e olhos. Correu a tempo de a segurar quando ela caiu, mas seu corpo continuava a se decompor rapidamente.

"Marina!!"

De repente o corpo em seus braços mudou, o cabelo negro lustroso se tornou vermelho, os olhos azuis mudaram para um mar conhecido.

Ariel estava em seus braços.

Olhou chocado enquanto ele se tornava espuma do mar em suas mãos.

Eric acordou no meio da madrugada com os sons dos trovões raivosos e da chuva forte que parecia balançar a casa.

Havia tido um sonho estranho, que o fizera acordar suado e ofegante. As imagens estavam nebulosas em sua mente, mas o nome de Ariel saiu de seus lábios enquanto acordava em um grito estrangulado.

Sentou-se na cama, surpreso. Seus lençóis estavam encharcados de suor, e seus músculos doloridos. Tentou acender a luz, mas percebeu que a energia havia tido um corte, provavelmente devido a tempestade raivosa.

Ergueu-se na escuridão, iluminada apenas pelos relâmpagos ocasionais que vinham pelas brechas da janela. Tateou pela parede, a casa parecia vergar-se pela força da chuva. Antes de chegar a cozinha, sentiu a umidade em seus pés. A chuva que batia pela lateral da casa, penetrava pelas frestas inundando tudo.

Xingou baixo, ainda a procura da lanterna ou velas. Havia chegado ao armário quando uma luz mais forte veio pela porta e ouviu sons de buzinas na porta e alguém gritando por seu nome.

Reconheceu apesar da chuva a voz de Sam.

Ainda com imagens de seu sonho, aproveitou-se da luz e caminhou rapidamente para a porta da frente, sentindo a casa tremer.

Quando abriu a porta um vento forte a fez escancarar-se e bater em sua testa, o derrubando no chão e o deixando zonzo por alguns instantes. Quando sua visão voltou ao foco, Sam estava o ajudando a erguer-se no chão encharcado, gritando algo. Demorou a compreender.

"... Max e Ariel..."

"Como?"  Piscou, agora totalmente alerta. Apoiando-se na porta olhou o homem que mirava sua testa. Podia sentir a umidade quente ali, devia estar sangrando, mas toda sua atenção estava no outro ao ouvir o nome de Ariel.

" Eu disse que tem um tufão vindo! A casa do Max é a mais segura, a mais resistente. Estamos indo para lá. Tem algo para pegar?"

Negou rapidamente, olhando finalmente para o jipe do outro, com algumas pessoas em cima, segurando-se contra o vento forte. Sam já estava entrando e correu, o seguindo.
O barulho era assustador.

Era a primeira vez que se via frente a algo assim. Mesmo com o barulho forte da chuva, podia ouvir o som furioso do mar contra as pedras.

"Ariel?"

Se viu perguntando, segurando-se fortemente nas barras. Sua voz saiu em um grito para ser ouvida, assim como a resposta.

"Está com Max. Linguado está lá."

Assentiu mesmo que o outro não pudesse vê-lo. Algo na voz de Sam o alertou que havia algo mais de errado, pela maneira como ele demorou para responder sua pergunta. Ainda assim não perguntou mais nada até chegarem. Temia que o carro pudesse virar com todos a qualquer momento.

Quando alcançaram a construção sólida, Max estava na porta, colocando pessoas para dentro que vinham de outro carro. Sam quase o empurrou para fora, indo ajudar os demais. Alguém tropeçou e Eric segurou, também o empurrando para dentro, sem nem mesmo olhar seu rosto. Max o olhou brevemente antes que fazer sinal para acompanhar os demais que seguiam para o porão.

Como imaginava, era sólido, feito para suportar bombardeios ou tempestades como aquela. Estava com pelo menos 30 pessoas dentro. Havia luzes de lanternas ao redor e com auxílio delas procurou os cabelos vermelhos, ainda com aquele sentimento do sonho.

Quando o avistou algo em seu peito afundou: Ariel estava desacordado, perto da parede, em cima de uma manta. A cabeça estava sobre o colo de um assustado Linguado.

Eric quase correu para lá, desculpando-se com as pessoas amontoadas pelo caminho. Quando o avistou Linguado arregalou os olhos e Eric viu que o menino estava a beira das lágrimas, segurando o choro a força.

"O que aconteceu com ele?"

Estava ajoelhado ao lado do outro antes de terminar a frase, a mão no rosto inconsciente. Ao contrário do que acontecera durante o dia, a testa de Ariel estava uma fornalha. Febre. Xingou, procurando por ferimentos visíveis.

"Sua testa..." Linguado murmurou e estava certo, a voz do menino indicava que ele estava ao ponto de se quebrar.

"Estou bem." Podia sentir o sangue seco e uma dor latejante. "Ariel?"

"E.ele já estava assim. Max pediu para cuidar dele enquanto ele colocava o resto aqui dentro." A voz dele tremeu no final. "Ele não quer acordar...Ariel..."

Sentiu pena do garoto.

"Linguado, eu preciso de algum remédio contra a febre e roupas secas. Peça a Max, mas se não encontra-lo perto da porta, não saia, volte para cá, vamos dar um jeito, ele vai ficar bem." Assegurou e o outro assentiu, trêmulo. "Me passe ele aqui."

Sentou ao lado do outro, pegando ele mesmo Ariel no colo, enquanto o menino erguia-se, limpando os olhos.

Eric voltou os olhos para o rosto pálido na penumbra causada pelas luzes. Ariel estava tremendo, a respiração rápida. Sentiu o pulso acelerado. Quando o movimentou, o ajeitando melhor, os olhos mar se abriram arregalados, procurando frenéticos ao redor. Até focar em si. Fixos, febris e com uma intensidade que o assustou.

Se viu preso de uma forma estranha, como se fosse tragado. Apenas quando sua vista se tornou um túnel notou que estava prendendo a respiração. A mão de Ariel estava em seu rosto. Deu uma tragada forte de ar, só então voltando ao rosto corado pela febre, os cabelos úmidos estavam grudados na face.

Um trovão o fez se encolher, aproximando-se de Eric e quase se assustou ao perceber que ele estava o abraçando, trêmulo. Retribuiu sem pensar duas vezes, uma mão nas costas do outro, a outra nos cabelos vermelhos encharcados, não sabia se pelo suor ou pela chuva. Apesar de estar encharcado também, o que não ajudando muito.

A respiração quente bateu em seu pescoço e um nariz, gelado apesar da febre, tocou sua pele.

Todos os sons sumiram ao redor dos dois naquele momento para Eric. Era uma situação parecida com a que vivia sempre com Marina, quando ela era criança e temia as tempestades, correndo para seu quarto por abrigo. Os pais nunca estavam por perto, era sempre ele que tinha que consolá-la.

Ele sentia essa necessidade agora, de consolar e cuidar de Ariel, mas ao mesmo tempo era de um jeito diferente.
Apertou mais o outro contra si quando um trovão o fez tremer.

Ouviu um barulho estrondoso. Ariel largou o punho que fechava em sua roupa encharcada e tapou os ouvidos. Os olhos o fitaram e a boca dele abriu como se tentasse falar, mas nenhuma voz saiu.

Sentiu seu coração bater mais forte, aproximando-se mais, tentando ver se a voz estava saindo e ele que não ouvia por conta do barulho forte, mas daquela distância era impossível.

Ariel o olhou angustiado, então suas mãos começaram a se mover, tentando lhe falar algo. Focou-se nos dedos longos, nos sinais que saiam com uma precisão que o deixavam orgulhoso, sabendo que haviam se aventurado neles há apenas algumas horas atrás.

Porém esse orgulho foi esquecido quando compreendeu o que ele tentava falar através dos sinais, repetidas vezes, os olhos nos seus estavam com o mesmo brilho febril assustador.

"Eles estão vindo."

"Quem está vindo, Ariel?" Perguntou confuso, as mãos do outro não paravam, os olhos nos seus.

"Eles vão me pegar."

"Ariel, quem são eles, você precisa me falar."

"Eles estão vindo me pegar."

Mais um trovão fez o garoto voltar a tapar os ouvidos, um grito cortante saindo de seus pulmões. As mãos cravaram nos cabelos vermelhos com fúria dolorosa, como se estivesse em dor e desespero. Eric tentou acalmá-lo, mas antes que pudesse impedir que o garoto se machucasse mais, ele havia sido tirado de si.

Reagiu na mesma hora, tentando recuperá-lo, apenas para um braço forte o impedir. Um rosnado que desconhecia saiu de sua garganta enquanto lutou contra a mão que o empurrou contra a parede.

"Calminha! Sou eu!"

A voz de Sam o fez arregalar os olhos, a luz da lanterna na sua cara. Piscou empurrando a mão do outro, mas ficando no lugar. Max estava com Ariel nos braços, o levando para o outro lado da sala com Linguado em seus calcanhares. Eric ia segui-los, mas novamente a mão de Sam o parou.

"Deixe com ele."

"Eu estudo medicina, posso ajudar."

"E ele é pai." O homem suspirou, sem sair da sua frente. "Escute garoto, eu gosto de você, de verdade. Mas Max não confia em Ariel com estranhos, ele tem motivos bons para isso. Apenas dê um espaço. Ele tem medicamentos e roupas secas, Max cuida do menino quando fica doente desde sempre, se ele precisar de ajuda, tenha certeza que vai pedir. Por Ariel ele faria qualquer coisa. Mas deixe ele cuidar disso. Dê um espaço a eles. Vai ser melhor."

Tentou ignorar como a última frase saiu com um leve tom de ameaça, sua mente focada em outra parte da conversa.

"Que motivos?"

"Hein?"

" Digo, você disse que ele tinha bons motivos, que motivos são esses?"

O outro se calou, então se afastou alguns passos na escuridão. Sua voz soou cansada.

"Pergunte a ele um dia, se tiver uma chance. Se ele vai responder...vai depender se vai se provar uma pessoa de confiança. Ariel é querido aqui, Eric Prince." Sentiu a luz da lanterna diretamente em seu rosto e desviou os olhos rapidamente. "Tome cuidado com os passos que tomar aqui em relação a ele."

Aquilo agora definitivamente havia sido uma ameaça. Mas antes que pudesse responder, o homem já havia se afastado, o deixando sozinho. Apesar de seus instintos, sentou no chão novamente, sentindo a roupa encharcada pregar em seu corpo. Tentou focar seus ouvidos, todos haviam se calado, apenas o som da chuva lá fora era ouvido e algum murmúrio ocasional, indistinto. Podia entender um deles como de Max, com uma voz gentil, ou de Linguado.
Ariel não gritou mais.

"Eles estão vindo me pegar."

Aquela seria uma longa noite.

......................

Eric dormira em algum ponto. Durante a noite cuidou de algumas pessoas feridas sob a luz de lanternas. Tentou checar Ariel várias vezes, mas Max sempre parecia pronto para dispensá-lo, sem nem mesmo o encarar. Sabia que havia algo de errado. Algo grave havia acontecido. O homem segurava o filho como se estivesse pronto para alguém tomá-lo dele. Desistiu em algum ponto, os olhos sempre vagando para os cabelos vermelhos do garoto encolhido e enrolado em uma manta entre o pai e Linguado.

Em determinado momento fechou os olhos, por segundos, apenas para acordar sendo sacudido. Os sons da chuva haviam parado e uma luz vinha das escadas.

As pessoas estavam saindo aos poucos do porão. Ergueu-se do chão, sentindo-se dolorido e encontrara o olhar cansado de Sam, com Linguado dormindo em seus braços. Por um momento estranho se perguntou ande estavam os pais do garoto em um momento como esse, mas sua boca foi mais rápida.

"Ariel?"

Sam franziu a testa e então suspirou, sorrindo levemente.

"Está bem melhor. Está ajudando Max com os outros moradores."

Assentiu, sentindo alivio e aborrecimento. Preocupação. Ariel estava em um estado terrível, correr pela ilha no outro dia não seria uma recomendação. Mas sabia que não podia dizer nada.

"Podíamos contar com uma mão. " O homem falou, ajeitando o menino no braço para lhe ajudar a levantar. Seus ossos estalaram. As roupas ainda estavam úmidas e sua testa doía pela pancada na outra noite.

"Me dê roupas secas e diga o que devo fazer."

O outro sorriu.

.................................

Durante o dia Eric tive apenas leves visões de uma cabeça vermelha correndo. Sempre que via Ariel ele estava levando algum balde, roupas secas, ou ajudando alguma pessoa. Eric estaca cuidando dos feridos, juntamente a uma senhora que era enfermeira aposentada, enquanto a guarda chegava à ilha do continente. Depois disso foi ajudar na limpeza da vila e reconstruir telhados arrancados com Sam.

O tempo estava nublado e quente e Linguado podia ser visto correndo atrás de Ariel enquanto distribuía água para os trabalhadores.

"Não vai vê-lo aqui."

A voz divertida de Sam o tirou dos pensamentos enquanto seus olhos buscavam os cabelos vermelho no meio dos outros.

Virou para o homem de modo interrogador e ele riu.

"Ariel. Ninguém é louco de deixa-lo perto dos reparos. Ele acabaria destruindo tudo tentando ajudar."

Eric riu com isso.

Quando encontrou Ariel, já anoitecia. Havia voltado para casa, iria trabalhar no que podia ser consertado, remover a água e arrumar um canto para dormir, já que sua cama estava ensopada.
Sam havia lhe dado colchonetes e consertado seu telhado.

Estava exausto quando finalmente saiu de um banho gelado, tremendo e vestido uma roupa quente. E foi nessa hora que uma batida leve o fez abrir a porta, para encontrar Ariel na soleira, os olhos sorridentes, agasalhado, um gorro cobrindo os cabelos vermelhos.

Ele trazia um depósito nas mãos, de onde vinha  um cheiro que fez seu estômago se retorcer de fome.
Ariel o ofereceu e quando liberou suas mãos, o mandando entrar enquanto levava o depósito para a cozinha, o garoto explicou que Max havia o mandado e que alguns outros moradores tinham enviado coisas em agradecimento. Isso o surpreendeu. Assim como sabia que Max mandar Ariel era uma prova de confiança, depois do dia que tiveram.

O garoto olhava sua casa com curiosidade aberta e Eric desviou o rosto da sopa, para fitar o menino parado no meio da sala, olhando ao redor.

"Pode sentar, Ariel." Ofereceu a única coisa que não estava encharcada, o colchonete. Ariel negou apontando a porta, dizendo que tinha que ir. Eric hesitou, para então perguntar.  "Ontem a noite...sobre o que me disse..."

O outro o olhou de maneira desconfortável.

"Você disse que alguém vinha buscar você. Quer me contar quem?"

O garoto o olhou sério, os olhos novamente naquela aparência afiada. Ele negou devagar. Eric suspirou.

"Imaginei isso."

Voltou o olhar para a comida, pegando dois pratos, esperando que o outro aceitasse comer com ele.
Quando virou Ariel estava bem atrás dele. Assustou-se com a aproximação repentina. O garoto olhava seu rosto com a testa franzida e quase se afastou quando ele ergueu a mão e tocou seu ferimento na testa, onde havia colocado um curativo.

"Não foi nada." Murmurou, abaixando ainda assim o rosto mais, para o outro olhar. As mãos dele estavam geladas novamente, a expressão concentrada, séria.


Eric sentiu algo na sua barriga, um calor estranho, que subia em seu peito ao reconhecer aquela expressão preocupada. Há tempos que alguém não olhava assim para ele. A dor latejante diminuiu em contato com a mão fria do outro e suspirou, ouvindo uma risada ao fazer isso. Colocou os pratos no balcão e segurou a mão do outro, a removendo de seu rosto. Ariel piscou pelo movimento, enquanto Eric o encarava sério.

"Ariel." Falou o nome devagar, com uma resolução. "Eu sei que há algo diferente acontecendo."

O menino arregalou levemente os olhos, tentando puxar a mão para longe.

"Espere! Eu não vou contar a ninguém, nem precisa me contar nada. Eu entendo a preocupação do seu pai, tem coisas minhas que também não quero que outros saibam, mas...seja o que for, se precisar de mim, eu vou ajudar."

A expressão assustada se tornou curiosa e a mão livre fez o sinal questionador.

"Porque eu gosto de vocês. Vocês me ajudaram quando cheguei aqui. Isso é o bastante para que eu seja leal. E também..."

Eric sacudiu a cabeça, engolindo o restante e voltando a encarar os olhos curiosos.

"Não importa." Falou, soltando a mão do outro devagar. "Mas se tiver com problemas, eu vou ajudar."

O outro o encarou seriamente por um tempo e então sorriu. Um sorriso diferente do que já havia visto. Era mais triste. Os olhos dele tinham certo luto que Eric não conseguia entender.

Antes que pudesse perguntar algo, o outro havia o abraçado. Ariel estava frio novamente e se arrepiou com o contato. Ainda assim retribuiu, sentindo uma força estranha, como uma energia que passava para seu corpo. O abraçou mais forte, enterrando o rosto no pescoço do outro.

Uma sensação estranha o tomou. Sua mente se tornou nublada. Os sons pareciam mais altos, o cheiro mais forte. Podia sentir seu coração acelerado e algo em sua mente apitava sem parar.

Ariel o soltou com um som confuso, o empurrando levemente e tocando seu rosto. Sentia-se zonzo, estranho. Como se estivesse embriagado.

Ouviu um som surpreso e fitou os olhos de Ariel, fixos em seu rosto, vendo algo que Eric não conseguia compreender, mas que o deixou paralisado por alguns segundos em pura surpresa.

Ariel o soltou de forma repentina, tentando afastá-lo, mas não permitiu, agarrando os braços dele com força.

Solte-o. O deixe ir.

Seu corpo agiu rápido. Prendeu a mão na nuca de Ariel, puxando seu rosto para cima, a outra mão no ombro dele o prendeu no lugar.

Isso não é você.

Sua mente entrou em um torpor. Quando deu por si, já havia empurrado o outro contra o balcão, com força. Ouviu um gemido baixo engolido por sua boca. Sentiu as mãos de Ariel arranhando seus braços, mas não sentiu dor alguma.

Pare com isso, Eric. Não deixe ela vencer.

Foi quando sentiu o choque. Repentino e  forte o bastante para empurrá-lo longe. Sentiu um tremor em seu corpo ao cair no chão, imóvel.

Olhou para cima, ofegante. O cabelo de Ariel estava bagunçado, a touca esquecida em algum lugar que havia arrancado. As roupas bagunçadas, o rosto corado, os lábios machucados pelo beijo.

Eric acordou do transe quando ele se afastou do balcão, devagar, os olhos fixos em Eric, como quem observa um animal perigoso o qual não se pode desviar o olhar para não ser atacado.

Sentiu sua respiração pausar, notando a extrema cautela e fúria nos olhos geralmente inocentes de Ariel.

Isso foi o suficiente para toda a névoa sumir de sua mente.

"Ariel..."  Arregalou os olhos, caindo em si. "Céus..."

Antes que terminasse, o outro já havia corrido. No tempo que se ergueu, ouviu o som da queda quando o garoto escorregou no chão molhado e um grito de dor.

Correu e o encontrou erguendo-se, segurando o braço machucado.

"Ariel!"

Tentou ajudá-lo, mas ele escorregou e ganhou a porta velozmente. Correu atrás dele, sentindo o impacto da escuridão e do frio da noite. Ele não estava em lugar nenhum que pudesse ver.

"Merda!"

Ele havia dado um passo errado. Muito errado

Se Eric tivesse olhado em um espelho naquele momento, ele teria visto o que Ariel havia visto, o que o deixou paralisado. 


Seus olhos, sempre azuis, por alguns momentos  haviam se tornado heterocromáticos.

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