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O coração do Oceano

Junto do mar, que erguia gravemente

A trágica voz rouca, enquanto o vento

Passava como o voo do pensamento

Que busca e hesita, inquieto e intermitente.

(Oceano Nox)

Capítulo 15 - O coração do oceano

Não havia sinal de Ariel.

A chuva parecia ainda mais potente. Attina parecia tentar controlá-la de alguma forma, mas demonstrava estar com dificuldades.

"Sempre soube que Ariel seria o mais forte de nós dois." A mulher falou com o olhar resignado para a encosta.

Max não sabia o que fazer. O único lugar que tinha certeza que poderia encontrá-lo era no farol, mas chegando lá estava tudo vazio.

"Ariel..."  Murmurou em desespero, os dois parados olhando os desenhos nas paredes, os brinquedos quebrados, as conchas tão bem arranjadas. Seus olhos ficaram duros e virou para a mulher com raiva. "Ele não queria ir."

"Eu sei."

"Você nem mesmo tem certeza se isso vai salvá-lo, não é? Eu vi em seus olhos. Não minta para mim, me deve isso ao menos."

Ela pareceu ponderar cuidadosamente sua pergunta. Pela primeira vez notou a fragilidade em seu rosto. Os dois continuaram se encarando, observou ela tocar o colar em seu pescoço, para então se virar para a parede, tocando nos desenhos. 

Quando ela finalmente falou, sua voz era suave e resignada.

"Nós não temos o que vocês chamam de alma. Quando um atlanti morre, seu corpo se torna parte do oceano. Espuma. Nós somos o oceano e voltamos para ele."

"Espuma?" Pensou no ferimento de Ariel e empalideceu.

"Nós não temos alma, o mais próximo disso, é o que chamamos de Kagin." Ela tocou no colar, o mostrando.  "O mais próximo da tradução para vocês seria coração. Quando um atlanti nasce, o oceano o presenteia com uma peça em que está o seu Kagin. Ninguém pode tirá-lo a força, mas você pode entregá-lo a alguém. Trocar o seu kagin com alguém, faz com que você se conecte com esse alguém para sempre. Ele se torna parte de você."

"Ariel...Ariel não tem nada parecido."

Ela fechou os olhos, a expressão dolorida:  "E por isso ele está morrendo."

Max sentiu seu coração pesar em angústia, fechando os olhos em dor na mera possibilidade de Ariel morrer. Quando finalmente conseguiu falar, sua voz era apenas um sussurro. 

"O que aconteceu com o dele?"

Attina suspirou, ainda olhando os desenhos na parede, a expressão distante.

"Há uma história de terror contada entre meu povo. Eu sempre pensei que não passasse disso. Que fosse apenas uma forma de nos assustar, mas conta o que acontece se você entregar seu Kagin a pessoa errada. Você não pode voltar ao oceano, você não pode fugir para a superfície. Tanto a pessoa que entregou o Kagin, como a pessoa que o tem, são amaldiçoados: Quando seu coração entregar, tenha cuidado de com quem ele estará, sem coração seu corpo irá desmanchar, e logo se tornará espuma do mar."

"Ariel está amaldiçoado?" Sentou-se no chão frio, a mão no rosto, a voz ainda em um sussurro desesperado. "Como isso aconteceu? Ele só tinha 6 anos, como...alguém roubou dele?"

Ela o olhou e o seguiu devagar, também sentando no chão frio, os dois olhando a parede cheio de lodo, a chuva caindo pela abertura do farol.

"Kagin não pode ser roubado do dono, ele tem que ser entregue. Ariel o entregou a alguém. Achei que...tivesse sido a você."  A olhou alarmado. A mulher sorriu levemente.  "Ele ama você, eu disse."

"Não dessa forma."

Dessa vez ela riu da sua cara levemente horrorizada.

"Não precisa ser dessa forma. O importante é que você ame essa pessoa e que ela te ame de volta exatamente como você é. Nem todo amor tem que ser romântico. "

Ela o olhou como se o achasse muito estranho por pensar diferente e Max teve que concordar. Deu um breve sorriso com isso. Um amor incondicional. Algo difícil de se encontrar.

"No entanto." A voz dela perdeu o humor. "Não se pode entregar um Kagin para um humano. Para isso ele teria que dar algo de igual valor em troca."

"Igual valor?"

Os olhos dele fitaram seu rosto de forma grave, os dois ignorando a chuva os ensopando. A voz dela assumiu o mesmo tom grave de seu rosto ao falar:

"A alma."

Max engoliu, desviando os olhos de volta para a parede.

"Eu estaria morto se ele tivesse me entregue."

"Não necessariamente." A resposta dela foi vaga, um tom levemente divertido. "Há destinos piores do que a morte."

"Como sabe disso tudo?" A olhou confuso. Toda aquela história era tão mais confusa e obscura do que sempre imaginou. Só queria que seu filho ficasse bem.

"Existem...histórias. Entre meu povo e humanos. Essa não é a primeira vez que interagem. Tenho certeza que vocês tem as lendas também, sobre nós."

"O canto da sereia seduzindo os homens para o mar. Os afogando."

Dessa vez Attina realmente riu, um som nada digno para sua posição de realeza e a situação em que estavam. Max quase rolou os olhos, a fitando de forma exasperada.

"Ah, desculpe. A história foi deturpada, mas tem sua essência. Se um de nós entregar o kagin a um humano,  se torna espuma se não levar esse humano para o mar. Vai contra a natureza ter uma metade sua, que isso que ele se torna, na superfície. O oceano não aceita isso."

"Então, para um de vocês ficar com um humano, tem que...matar ele no final?"

"Inevitavelmente."

Ela falou isso com tanta simplicidade que Max ficou desconfortável. 

"Então por que tentar?"

"Nós não temos uma alma, como disse. Não como vocês. Algo que nos torne eternos de alguma forma. No entanto, ao trocar seu kagin com um humano, tudo é compartilhado."

"Foi o que quis dizer em dar a alma em troca." Completou em entendimento. A mulher o olhou de modo satisfeito por sua dedução, com certa surpresa também, que era quase ofensiva. 

"Exato. Mas nós somos feitos de algo diferente de vocês. Como pode ter percebido, há certas leis da superfície que não se aplicam à nós."

"Como fazer tempestades, mudar de conformação e jogar fora todas as leis da física." Resmungou baixo.  Ela o ignorou.

"Entenda a alma como uma essência, o que os torna eternos, mas para vocês não é no mesmo sentido que para nós."

"O que exatamente quer dizer com isso?" Perguntou de forma impaciente. Tinham que achar seu filho, não discutir sobre existencialismo no meio da chuva.

"Eu quero dizer, Maxwell, que o atlanti que possuir uma alma...ele nunca vai se tornar espuma. Nenhuma morte natural vai o levar. Ele vai realmente ser eterno."

Silêncio. 

Sentiu um arrepio percorrer sua espinha, o rosto doce de Ariel em sua mente. 

"Claro..." Attina acrescentou após um tempo. "Nunca ninguém conseguiu fazer isso sem terríveis consequências. É algo abominável, matar alguém para se obter isso, o preço a se pagar chega a altura do que foi cometido."

Max não sabia se queria saber sobre essa consequência, pela expressão dela não era algo que iria querer saber.

"Isso deveria ser o bastante para impedir que alguém tentasse." Ela acrescentou com amargura.  "Mas isso não importa no momento, não é o que precisa saber."

Balançou a cabeça. Tinha uma prioridade no momento. Apenas uma. E uma pergunta crucial.

"Você disse que ele não pode voltar ao oceano.  Como você ia levá-lo?"

A olhou com escrutínio e cautela. A mulher pareceu ponderar alguns segundos, quando falou, sua voz estava cansada.

"Ariel é o rei legítimo. O oceano o quer de volta, a todo custo. Não houve nenhum acidente quando ele nadou alguma vez? Além das tempestades."

Os monstros tentando o arrastar. A cauda ensanguentada, os gritos na água. O horror com certeza se desenhou em seu rosto, pois ela o olhou de forma triste.

"O kagin de um rei de Atlantis é poderoso, quem quer que o tenha, se conseguir o usar e se conectar com Ariel...vai ter o controle total do oceano."

Havia algo que ela ainda não estava contando. Attina não era muito diferente do irmão, Ariel sempre foi bom em dispersam. Sentia isso no arrepio em sua nuca ao notar olhar dela tão distante. Max tinha um pressentimento sobre as pessoas, ele sabia que havia algo a mais que ela estava deixando de fora.

"Eu preciso o levar de volta." Os olhos dela parecia lhe implorar. E pedir desculpas.

O que quer que estivesse acontecendo, tudo o que Max queria era salvar seu filho. Mesmo que tivesse que confiar em Attina.

Por enquanto.

.....................

Era como se nunca tivesse ido embora.

Eric sentia seu coração finalmente voltar a se aquecer ao conversar com Ariel, agora finalmente compreendendo a razão de ele o fazer se sentir tão vivo. Dessa vez não havia névoa estranha ou pensamentos obsessivos, nada daquele fascínio anormal ou sentimentos sem controle e contraditórios. Só havia Ariel e suas mãos que se moviam contando histórias, seus olhos atentos enquanto o ouvia falar sobre Londres e todas aqueles anos entre os dois. 

Sem a máscara, Ariel mostrava sua intuição em cada expressão, olhos inteligentes e mais velhos do que se podia imaginar, humor mais ácido do que teria previsto, do que mesmo lembrava da criança de anos atrás. Havia algo mais sombrio nele, com certeza. 

Então ele franzia o narizinho em desgosto quando Eric falava algo que julgava particularmente idiota, ou o fitava de forma desconfiada quando achava que estava exagerando, ou seus olhos se abriam mais, de forma excitada enquanto suas mãos se moviam e aquilo era tão Ariel.  Não tão inocente quanto ele tentou se mostrar no início, mas havia certa inocência nele, na sua essência, que fazia Eric sorrir como não havia sorrido em tanto tempo. 

Mesmo com suas lembranças ainda retornando aos poucos, mesmo tentando remontar seus últimos dias, suas intenções, descobrir quem havia o levado até aquela ilha e porque, Eric ainda sentia mais alívio do que em muito tempo. 

A noite havia caído quando finalmente saíram da gruta. A chuva parecia ainda pior enquanto corriam pela encosta em direção a sua casa. Não se via praticamente nada, as luzes ainda falhas pela tempestade. A mão de Ariel estava gelada na sua enquanto o guiava em meio ao temporal.

Sentia um frenesi estranho, seu coração parecia querer sair por sua boca. Nunca havia se sentido tão nervoso na vida com uma situação assim. Sua boca ainda formigava dos beijos, e uma ansiedade o tomava o fazendo apressar o passo. Sabia que no momento estava quase o arrastando em direção a casa.

Olhou para trás e viu o rosto dele, o cabelo ensopado em cima dos olhos, parecendo atento para não tropeçar enquanto quase corriam as cegas. E isso também era tão Ariel.

Os olhos o fitaram e ele sorriu, a mão apertou a sua de leve. Seu coração pareceu escapar uma batida e Eric sentia uma chama em seu peito que parecia apagada há tanto tempo queimar.

Se sentia vivo.

Quando finalmente chegou na porta da sua casa, os dois ensopados enquanto tentava rodar a chave que sempre travava. Ariel estava tremendo ao seu lado. Levou alguns segundos para ficar preocupado enquanto abria a porta e o fazia entrar. Teriam que ferver água para se esquentar, e trocar de roupa rapidamente...seus pensamentos foram interrompidos no momento em que foi praticamente empurrado contra a parede, com uma força que não imaginava que Ariel podia ter. A expressão dele era longe da inocente que estava acostumado. Os olhos nos seus pareciam mais velhos, perigosos, as cores dançando de forma quase hipnótica em seu rosto.

Mas dessa vez, o sentimento que tinha não era medo.

"Ariel o que..." Sussurrou, mas foi interrompido.

A boca estava de volta na sua no mesmo momento.

........

Attina olhou da porta do farol a noite escura, cortada apenas pelo brilho dos relâmpagos  e a luz da lanterna que vinha da direção da casa de Ariel, onde o humano, Max, havia ido as pegar. 

Ela não tinha certeza de onde seu irmão estava no momento, mas ela sabia que Ariel estava vivo. Desde muito pequeno ele foi extremamente obstinado, desobedecendo frequentemente ordens em que não acreditava. Attina lembrava do caos de quando ele se envolveu com a criança humana e foi descoberto, da sua mãe ter que ter ido a superfície para limpar a bagunça que ele fez. 

Mesmo com tudo isso, ele nunca se mostrou arrependido. Seu único arrependimento foi ter sido pego. 

Attina lembrava na época de se questionar como alguém que nunca seguia regras poderia ser rei, apenas anos depois ela via o quanto Ariel era parecido com a mãe deles, os dois sempre foram imprevisíveis e teimosos. Sobreviventes. Como ela havia aprendido a ser. 

Sim, Ariel estava vivo. Ele havia sobrevivido todos esses anos na superfície contra tudo que conhecia ser possível. Com tão pouco tempo permitido no mar, com a maldição na cabeça dele o exilando, ele tinha que estar tirando a força de algum lugar. Attina tinha medo de saber como. Havia algo sobre Ariel, algo nele que era tão diferente da criança que havia conhecido, que não sabia nem o que pensar. Ele ainda era seu irmão, em essência, mas ele também era um predador perigoso o bastante que  fazia seu instinto gritar em alerta. 

Não havia como ele sobreviver por muito mais tempo depois de alcançar  a idade em que herdaria o trono, não importava qual cláusula seu irmão havia conseguido quebrar. Ele não tinha mais muito tempo, de qualquer forma. Era isso que estava repetindo como um mantra a si mesma.

Attina sabia que estava tomando a decisão correta, por todo o seu povo. Ela viera ali com a esperança de levar Ariel para casa, de finalmente poder sair do trono. E mesmo sendo perigoso, um predador, ele ainda era o irmão que amava. Em essência ele ainda era a mesma criança teimosa e terrivelmente esperta que havia conhecido, com os ensinamentos que aprendeu como herdeiro ainda lá, acrescentados com tudo o que o humano havia o ensinado durante todos esses anos. Um humano, tinha que admitir, que era possivelmente brilhante por ter o escondido por tanto tempo. Ariel teria sido um rei perfeito.

Suspirou de forma trêmula, pedindo perdão a sua família, a sua mãe, a Ariel.

Governar vinha com as decisões mais difíceis. Aquela era a mais difícil que já havia tomado, mas era aquilo ou o risco de seu povo inteiro ser mergulhado em um banho de sangue novamente. Ela não poderia arriscar isso.

Sua mente corria procurando outra saída, mas entre a vida de alguém – mesmo a pessoa que mais amava – e seu povo inteiro, sua escolha já estava feita.

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