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A voz do Oceano

"Um espírito habita a imensidade:
Uma ânsia cruel de liberdade
Agita e abala as formas fugitivas. "
Redenção, Antero de Quental

Capítulo 10 – A voz do Oceano

Quando Eric acordou se sentia confuso. 

Ele estava deitado em uma cama que não era a sua e tudo parecia um borrão. Seu corpo trêmulo, sua mente confusa, seu corpo estava pegajoso de suor. Imagens dançavam na sua cabeça. Ele via Mariana e o penhasco.

 Marina e olhos heterocromáticos na água. 

Se sentia febril, seu corpo em um estado letárgico. Suas pálpebras estavam pesadas e seus olhos voltavam a fechar lentamente. Sentiu algo frio em sua testa, um som de água e se forçou a focar melhor no ambiente. 

Estava em um quarto desconhecido e de sua posição deitado podia avistar coisas estranhas pendurados em um teto baixo: ervas, redes, quinquilharias. Sentia  um cheiro estranho no ar, de maresia e incenso.

E apenas esse fato, de estar em uma cama, já lhe era confuso, pois lembrava vagamente de estar perto do penhasco. De cair dele.

E havia alguém ali com ele.

 Sua mão ergueu-se letárgica e tocou em um pulso fino da pessoa que passava um pano úmido em sua testa.

"Ariel..." Sua voz era rouca, estranha em seus ouvidos.

 A pessoa falou algo em resposta e finalmente notou que os olhos eram errados. Não eram o caleidoscópio que o perseguia em seus sonhos. Um deles era de um azul elétrico. O outro de um castanho claro. 

Olhos heterocromáticos na água. Onde estava Marina? ele não conseguia chegar até Marina. Sua irmã estava escapando de suas mãos e-

"Durma." A voz era feminina, com um tom que não conseguia distinguir. Seus olhos voltaram a se fechar, mesmo contra sua vontade. "Não cause mais problemas, Eric Prince."

Tudo desapareceu.

..................................

Max suspirou cansado. A chuva havia diminuído, apenas uma fina garoa cobria tudo. A madrugada já ia alta. Sam ressonava no sofá da sala, enquanto Linguado dormia na cama, agarrado à Ariel como se o garoto mais velho fosse um travesseiro. Ou como se temesse que ele fosse sumir durante seu sono, o que era mais provável.

Piscou os olhos, olhando pela janela para a chuva que caia, pensando na situação do filho. Sentia um medo como uma serpente gelada, o sufocando por dentro. Tudo estava saindo do controle. E não conseguia não pensar que tudo isso começara com a chegada de Eric Prince na ilha. Talvez estivesse sendo injusto, ou não. Mas desde que o homem apareceu, coisas ruins aconteciam a seu filho.  Max tinha um estranho instinto, como uma voz na sua cabeça, que não conseguia não associar as marcas no corpo de seu filho a Eric Prince. 

Esperava de verdade que estivesse errado.

Aquelas marcas, sugestivas, o faziam lembrar de uma outra situação, quando Ariel tinha quase doze anos. Ele era uma criança bonita e inocente demais para o próprio bem, um turista americano havia tentado tirar vantagem disso. Apenas pensar nisso, naquela noite, deixava Max apavorado. Todos mantiveram um olho melhor nele desde então quando estava no porto, quando alguém avistava algum olhar estranho  no garoto, Max ou Sam eram avisados de imediato.

O preocupava o fato de que Ariel apelava a alguém dessa forma. O preocupava o fato de reconhecer algo no olhar do jovem britânico. Sabia que Ariel não tinha mais doze anos, que ele sabia se defender melhor do que muitos achavam. Havia algo de perigoso em Ariel, abaixo da superfície inocente, nos olhos que avermelhavam. Tentava não pensar nisso, mas havia algo de predador nele, principalmente quando estava no mar.  Max sabia que ninguém seria capaz de machucar Ariel sem que ele tivesse sua guarda baixa. 

E por isso o medo de Max. Havia uma curiosidade no olhar de Ariel quando fitava Eric que o fazia pensar se Ariel realmente se defenderia dele. Havia algo entre aqueles dois que Max não conseguia entender e o assustado não saber onde isso iria parar. 

Batidas na porta o despertaram dos pensamentos sombrios e o deixaram alerta. E confuso. Ninguém com boas notícias, em meio a chuva, bateria na porta de alguém àquela hora. As batidas se seguiram, dessa vez mais forte. 

No sofá, Sam ergueu a cabeça, o olhando de forma alerta.

Tentou olhar pela janela, mas tudo o que conseguia ver era uma forma escura na varanda. Os dois homens trocaram um olhar. Sam buscou sua faca de pesca e Max assentiu, indo para a porta.

Antes que chegasse a ela, no entanto, a porta foi escancarada com um estrondo. Um vento forte e chuva entraram pela abertura para a sala. Os dois homens se postaram em poses defensivas quando a figura na soleira entrou. 

Sam olhou assustado e confuso quando finalmente conseguiram ver a estranha figura: Era uma mulher. Nua. Os cabelos longos e castanhos escorriam úmidos pela chuva. Os olhos eram de um verde vibrante e os encarava de forma ameaçadora. O rosto era lindo e perigoso, como um anjo vingador. Ela não carregava nada nas mãos, nenhuma arma. E ainda assim tinha a sensação de perigo em cada fibra de seu corpo.

Max empalideceu. Ele reconhecia aquela mulher, aquele rosto ao menos. O vira noites atrás no mar quando nadava com Ariel.  Diferente de Sam, ele sabia que ela não era humana antes mesmo dela começar a falar, naquela língua conhecida e ao mesmo tempo estranha. 

Mesmo sem entender as palavras, sabia que ela estava furiosa, perguntando algo. A paralisia que sentia em seu corpo também não era normal. Queria correr e tirar seu filho daquela casa, longe daquela criatura, mas não conseguia. Sam também havia derrubado a faca no chão, imóvel.

"Sam!"

O grito de Linguado atrás deles fez o outro ficar mais apavorado. Os meninos haviam acordado. Ouviu um grunhido ameaçador, que sabia vir de seu filho. Em segundos Ariel estava na sua frente, em uma pose protetora. Os olhos da mulher, de ameaçadores ficaram largos e esperançosos. Um sorriso se desenhou nos lábios bonitos.

"Ariel?" A voz falou de forma doce. Seu filho respondeu com um grunhido e o sorriso diminuiu, os olhos magoados. Ela abriu a boca e então a fechou, incerta. Quando voltou a falar, sabia que devia estar falando deles, pois Ariel se postou melhor a frente dos dois.

"Tab top!"

Houve um longo tempo de troca de olhares e então sentiu que podia se mover novamente. A mulher o olhou de forma analítica e então o ignorou totalmente, focada em Ariel. Seu filho também tinha os olhos fixos na estranha, desconfiados, mas também curiosos, menos agressivos.

Sam o olhou, sem saber o que fazer. Linguado estava estranhamente calado, assustado com a situação.

E então que algo finalmente chegou à atenção de Max.

"Ariel está falando..." Murmurou.

"Eu pensei que ele já fazia isso." Sam respondeu, ambos sem tirar os olhos dos dois na sua frente.

"Apenas dentro da água salgada. Como..."

De repente a postura de Ariel mudou totalmente, os grandes olhos  se arregalaram como se finalmente tivesse reconhecido algo na estranha. Os dois homens ficaram tensos, ainda mais. A mulher tinha um sorriso no rosto, os olhos verdes cheios de lágrimas.

"Attina? "  A voz de Ariel era incerta, mas havia algo mais ali, algo que fez o coração de Max apertar. 

A mulher assentiu, um grande sorriso no rosto.  Max se sentiu paralisado, mas dessa vez não por uma força sobrenatural, mas sim por uma dor antiga, um medo de longa duração. Ariel sorriu de volta e em segundos ele havia se atirado nos braços da mulher.

Repentinamente a chuva parou, o vento se tornou apenas uma leve brisa noturna. O som que saiu dos lábios do garoto era de pura felicidade.

"Max?" Sam e Linguado perguntaram incertos.

Não conseguia dizer nada. Mudo pela sensação de que seu maior medo finalmente se justificava: alguém havia vindo buscar Ariel de volta para o fundo do mar.

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