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A troca do oceano

"Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Escuto em mim, - oiço a grita da rude gente aflita:

- Senhor Deus, misericórdia!

- Virgem Mãe, misericórdia!

Doidos de fome e de terror varados,

gritamos nossos pecados,

e sai de cada boca rouca e louca a confissão!

- Senhor Deus, misericórdia!

- Misericórdia, Virgem Mãe!

e o vento geme

no bulcão

sem astros;

anoitecemos sem leme,

amanhecemos sem mastros!

E o mar e o céu, sem fim, além...

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar."

Afonso Lopes Vieira

Capítulo 18 – A troca do oceano

Eric estava em um estado de mera consciência. Conseguia sentir a chuva forte em suas costas e o corpo pequeno apoiando o seu, mas o resto parecia apenas um sonho febril. 

A medida que caminhava se sentia melhor: O vento salitrado, mesmo na tempestade, parecia o fazer respirar mais facilmente. Ainda assim, não era o suficiente.

"Quase lá." 

A voz suave o firmou, seus olhos piscando enquanto sua visão se afunilava.

De repente os pés dele pararam e os dois quase caíram. Sentiu o corpo tenso e voltou a abrir os olhos.

Estavam na praia. A água bateu em seus pés e de repente sentiu uma necessidade extrema de entrar na água. De alguma forma sabia que se ouvisse esse chamado, poderia finalmente tirar o peso em seu peito, a mão que o sufocava a garganta.

Um peixe fora da água.

Ele era um peixe fora da água, com a pressão danificando-o internamente, o matando sufocado. Era irônico como semanas atrás ele havia entrado no mar para morrer, agora sentia a necessidade de auto-preservação o tomar, tinha que estrar no mar para viver.

Tomou um passo em direção a água, mas Ariel o segurou mais firmemente, o impedindo de ir adiante.

"Eles estão aqui."

Não entendeu até que ele o puxou com força para trás, os dois caindo na terra.

No lugar onde antes estavam, tocando o mar, algo...alguma coisa se arrastava. A principio não sabia  oque era, até perceber que era um tentáculo monstruoso. Mesmo na chuva, conseguia notar a sombra gigantesca na água enquanto ele se retraia.

Por um momento, uma parte racional de seu cérebro pensou que a falta de oxigênio estaria o fazendo alucinar com a criatura que via sombreada, como o monstruoso Cthulhu de Lovecraft.

"Não podemos tocar na água."  Ariel já o erguia, novamente a força dele o surpreendendo. "Temos que entrar no barco. Se não tocar na água, eles não podem atacar. Quanto mais próximo ficar do oceano melhor, Eric."

"O que está acontecendo?"

Já conseguia pensar de forma mais coerente, apesar da terrível dor que sentia ao se afastar da água.

Ariel respirava forte enquanto o arrastava.

"Eles querem me arrastar. E a você também, porque você faz parte de mim agora."

Nada disso fazia sentido, ainda assim sentiu algo em seu peito ao ouvir isso.

"Não temos muito tempo. Se eles estão aqui, ela também está."

"Ela?"

..........................................

"A superfície não sabe sobre nós?"

"Não Attina, querida. Eles já souberam, há anos e anos atrás. Hoje, Atlantis é apenas uma lenda."

"Mas como eles puderam esquecer, mama?!"

"Os humanos têm uma memória curta, Allana."

"Tritão!"

"Mas é a verdade. Eles esquecem os próprios erros, sempre acabam os repetindo. Todos os erros cometidos pelo povo da superfície já foram cometidos antes, e eles nunca aprendem. E é por isso que vocês não devem ir a superfície nunca. Entenderam? Está ouvindo Ariel?"

Seu irmão balançou a cabeça em concordância, mas Attina viu um certo brilho em seus olhos, como eles sempre brilhavam quando falavam da superfície.

Ela tinha que ficar de olho nele, como sempre. Havia notado que ele sumia mais e mais do castelo, o que nunca era bom.

"E quanto a ,você sabe, as almas?"  Aquata perguntou hesitante. "É verdade?"

Viu seu pai olhar sua mãe de relance, de forma hesitante. Eles sete haviam tido lições recentemente sobre isso, mas Aquata e, não surpreendentemente Ariel, pareciam os mais interessados. Como o futuro rei, afinal, ele precisava saber dos segredos, mesmo ainda sendo tão novo.

"Ah, as almas." Sua mãe falou, um pequeno sorriso no rosto. "São a essência dos humanos."

"Como kagin?" Os olhos de Ariel estavam ainda mais interessados. Ele nadou para mais perto da mãe, os dois mirando os olhos daquela forma particular dos dois.

"Parecido, mas não exatamente. Quando uma sereia morre, seu kagin se torna espuma com ela, e passamos a ser um só com o oceano, para sempre. Quando um humano morre, sua alma continua existindo. Apenas seu corpo padece."

"E o que acontece se um Atlantis possuir uma alma humana?"

"De onde ouviu  sobre isso?"

"Nas escrituras, papa."

Seu pai franziu o cenho. Ao que parece não deveriam ter aprendido isso ainda.

"Athena..."

 "É verdade." Sua mãe ainda olhava Ariel. "O que dizem. Uma sereia pode conseguir uma alma humana, mas há um preço a se pagar."

"Acha que devíamos contar isso a eles? " Seu pai parecia contrariado. As outras nadaram para perto, também intrigadas agora.

"Eles precisam saber, querido. Escutem bem, pois muitos Atlantis se perderam e se corromperam por isso. Uma sereia pode possuir uma alma humana, ao entregar seu kagin a ele, e depois o afogar. É isso o que aprenderam certo?"

Ariel assentiu ainda nos braços da mãe, mais e mais intrigado.

"Em parte, isso é verdade."

"Em parte?"

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Ariel o arrastou para um dos barcos menores no cais,  o derrubando dentro.

"Desculpe!"

Teria rido se fosse outra situação.

Grunhiu, sentindo uma dor nas costas. A chuva ainda os castigava, parecendo mais feroz. O mar, mesmo ali no cais estava violento. Todos os barcos estavam ancorados, não havia ninguém fora na terrível tempestade. Os ventos sacudiam os sinaleiros e o farol estava ligado.

Sentou contra a proa, e o viu puxar a âncora e desamarrar o barco facilmente. O motor demorou a pegar e o viu bater nele algumas vezes.

Fechou os olhos, o corpo a deriva por alguns segundos. O desejo ainda potente de se jogar na água. De retornar.

De responder ao chamado.

O barulho do motor e uma mão rapidamente segurando seu punho o fizeram abrir os olhos. Ariel estava na sua frente.

"Não toque na água."

Só então notou que estava na beirada do barco, a mão estendida.

"Respire."  O barco se movia e ele o puxou para perto, os dois sentados no chão do barco. Os braços dele o rodearam, fazendo suas costas encostarem no peito dele. A boca perto do seu ouvido, as mãos segurando as duas de encontro a seu peito. "Sinta o oceano e respire."

Obedeceu, conseguindo finalmente respirar.

"Está indo bem, Eric. Está indo bem."

"O que está acontecendo comigo?"

Ele suspirou perto do seu ouvido, as mãos ainda massageando seu peito.

"Você está sentindo o que eu sinto, mas não está acostumado."

Sua respiração paralisou ao ouvir isso.

"Não, respire. Apenas respire."

O ar dentro, fora.

"Você sente isso?" 

Sua voz tinha um tom de desespero quase histérico. A pressão no peito, o gelo nas veias, a sensação de estar sufocando. O terrível chamado.

Um peixe fora da água.

"Constantemente."

"Como? Como consegue?"

"Prática." Ele murmurou, a voz suave. "Muita prática."

O ar dentro, fora. A tempestade parecia mais distante. Se acalmando, para uma chuva constante.

Conseguia respirar. Ignorar o chamado era mais difícil.

"O que está acontecendo comigo?"  

Perguntou novamente, querendo  uma resposta mais clara. As últimas horas da sua vida haviam sido um caos de memórias estranhas e acontecimentos que não conseguia explicar. Havia mais, havia alguma coisa a mais, tentando retornar da sua memória, sobre Ariel.  Algum detalhe crucial, que ligava tudo aquilo, mas que não conseguia alcançar.

Ariel continuava o abraçado, o nariz gelado em sua bochecha.

"Eu vi o livro no balcão, Eric."

Livro? Por um momento ficou confuso, até aquele pensamento vir a sua mente.

A pele de Ariel é sempre tão fria

Aquela sensação aumentou, as memória de quando eram crianças tentando ficar mais claras.

"O que tem ele?"

"Você o leu, certo? Sabe o que está acontecendo."

Eric pensou em tudo que leu e tentou se agarrar aos últimos resquícios de sua racionalidade e lógica. 

"V.você... isso não faz sentido."

Ariel não respondeu a isso, o nariz gelado ainda em seu pescoço, as mãos nas suas.

Eric sentiu seu coração se acalmar, focando no toque dele. Sua voz saiu em um sussurro distraído.

"Como pode falar agora?"

Apesar da situação, ouviu algo suspeitosamente parecido com uma pequena risada perto do seu ouvido. Eric repuxou seu lábio também em resposta ao som.

"Eu podia falar antes."

"Não na minha língua."

Ouviu um suspiro, a voz dele saindo mais baixa e séria:  "A partir de agora, sempre vamos entender um ao outro, é como o kagin funciona. Ela roubou minha voz, achou que assim nunca pertenceria. Agora eu posso falar com você porque faz parte de mim, como antes ela fazia. O que ela ordenou não serve mais para mim."

"Ela? Kagin? Quer dizer o colar?"

Nada daquilo fazia sentido. Sentiu uma risada histérica brotar de seu peito.

"Eu estou sonhando tudo isso? Alucinando?"

"Me desculpe, Eric. Eu vou dar um jeito."

A voz dele estava tão triste.

"Isso é seu agora."  Ele murmurou, soltando uma de suas mãos brevemente. Sentiu algo se enrolar em seu pulso e ele voltou a as segurar. Fitou o colar entranho amarrado em seu braço e virou o rosto, o olhando confuso. "Kagin."

Ele sorriu, mas ainda parecia triste. Os olhos assustados no rosto muito pálido. Eric sentia que ele apenas tentava lhe tirar a mente da situação estranha, do medo absurdo, do chamado terrível.

"Ao que parece ele é seu já há algum tempo, mesmo que não tenha sido por minhas mãos." Ariel murmurou. "E por isso é tão difícil ficar longe de você."

Havia um tom suave ali, tão doce que sentiu seu rosto corar em resposta. Eric sentiu um sorriso pequeno tomando seus lábios. 

"Cuide bem do meu coração, Eric."

Apertou sua mão, virando o rosto e o beijando. Apesar de tudo, não queria que isso fosse uma alucinação.

Ariel soltou suas mãos, segurando seu rosto entre as palmas geladas.

Foi um erro.

Um erro de segundos o fazendo se virar, ainda durante o beijo. Seu corpo cobrindo o dele no barco estreito e raso, suas mãos segurando na bancada.

O chamado.

"Eric! Não!"

A boca dele largou a sua, a mão tentando segurar seu pulso quando com os olhos ainda vagos tocou na água.

De repente o barco sacudiu com força. Sentiu algo agarrar seu braço e foi engolfado pelo oceano.

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"A alma humana é uma coisa poderosa. Dizem que uma sereia com uma alma humana nunca irá envelhecer, ou morrer naturalmente." Sete pares de olhos curiosas a fitavam com fascínio. Tritão revirou os olhos, mas suspirou resignado. Athena, afinal, sempre tinha uma razão para as coisas. "Porém, ela também nos corrompe."

"Corrompe? como?"  Aquata perguntou quietamente, agarrando a mão de Adella com força.

" É algo que não nos pertence,  por isso aos poucos vai nos consumir e consumir até que...mudamos."

"Mama? O que acontece?"

"Lembra o que seu pai falou sobre nunca ir as profundezas. Sobre os monstros que tem lá?"

Todos assentiram rapidamente.

"Isso é o que acontece."

Ariel agarrou-se mais a mãe, as irmãs se olharam de forma assustada. Attina não estava gostando mais dessa história.

"Há exceções."

"Athena..."

"Exceções?"  A voz de Ariel estava mais quieta, olhando a mãe de forma curiosa. "Que exceções?"

"Uma exceção."

Athena sorriu.

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Ele não sabia o que era em cima ou embaixo. A correnteza poderosa o sacudia, enquanto tentava se livrar do que o agarrava e o puxava.

Não havia nada do alivio que pensou que sentiria.

Por segundos imaginou que ao abrir a boca poderia respirar, mas tudo o que aconteceu foi a água o consumindo. Seus olhos arderam, enquanto sufocava. As bolhas saiam da sua boca em um grito, enquanto tentava lutar contra a letargia.

Era uma sensação já conhecida. Sabia que se aceitasse ser consumido pela escuridão e o cansaço, nunca mais abriria os olhos. Um puxão mais forte em meio a água e com desespero ele encontrou olhos heterocromáticos.

 A mulher lhe sorria dentro da água, de forma distorcida e cruel, enquanto se aproximava dele.

Tão cruel como quando ela matou Marina.

Paralisou por segundos, seu último ar escapando.

Uma mão agarrou a sua e o puxou na direção oposta a dela. Virou, encontrando olhos da cor do mar revolto. Seu anjo. Era seu anjo. 

Sentiu um puxão para o fundo e Ariel mostrou os dentes pontiagudos, os olhos se tornando escarlate, como na noite anterior. Não havia sido sua imaginação, como havia tentado se convencer. Em um movimento rápido dele, uma substância escura tomou a água onde um dos
tentáculos  havia sido cortado. 

Dos braços dele, guelras afiadas haviam surgido.

Eric arregalou os olhos azuis, notando finalmente os detalhes. Os dentes. As escamas. 

"Você o leu, certo? Sabe o que está acontecendo."

A cauda. Verde e grande, se movendo rapidamente ao redor dele.

"Haviam alguns detalhes sobre mudança de conformação corporal – em machos da espécie – como forma de adaptação e caça."

Com um puxão forte, a guelra cortou o outro tentáculo que ainda o agarrava. Mais substância negra tomou a água e a mulher gritou, o sorriso dando lugar a um rosto furioso.

Mãos frias o agarraram e uma boca foi de encontro a sua, lhe dando oxigênio, que recebeu com desespero.

Rapidamente era arrastado pela água, até emergir com um arfar desesperado.

Os braços gelados o sustentavam. Os cabelos vermelhos como sangue, da cor dos olhos dele que olhavam ao redor em desespero. Notou as guelras atrás dos ouvidos, as escamas em seu peito.

"O barco."  Ele gritou no meio da tempestade que agora estava em revolta. "Temos que voltar ao barco!"

"Controle do tempo. Essa característica não era encontrada em todos da espécie. Apenas os de hierarquia mais alta, o que incluía a realeza e membros da guarda."

O grito monstruoso se fez ouvir e algo emergiu da água metros adiante. O rosto da mulher havia mudado. A boca dela estava mais larga, se abrindo em proporções impossíveis. O rosto se deformando, tentáculos saindo da água. Saindo dela.

"Ela se deixou consumir." Ariel murmurou ao seu lado.

"NÃO PODE FUGIR DE MIM, ARIEL!"

A voz saiu estranha, como se fossem várias vozes de uma vez. Um grito monstruoso que não deveria sair de uma pessoa.

"ELE É MEU! E VOCÊ TAMBÉM!"

"Que diabos..."

"Lá vem, se agarre em mim."

Não teve tempo de dizer nada, obedecendo automaticamente.

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Sempre houvera algo diferente em Ariel. Além do que sabia ser óbvio, Max notou ao longo dos anos que ele nem sempre conseguia definir seu próprio filho.

Ariel era inocente em boa parte do tempo. Como uma criança vendo o mundo pela primeira vez, em uma ótica diferente dos demais. Ele era fascinado com o mundo além da ilha, e por aprender tudo o que conseguisse colocar as mãos.

Ao mesmo tempo, havia o lado perigoso que via quando nadavam. Quando os olhos escarlates se tornavam predatórios. E ás vezes, fora da água ele conseguia ver isso também. O rosto dele perdia a inocência quando pensava que não estava sendo observando. Os olhos verdes pareciam mais velhos, a expressão distante enquanto fitava ao longe, e Max não conseguia o alcançar.

Ele lembrava bem daquele dia no deque, no galpão. De entrar lá com Sam ao ouvir os gritos,  o procuravam quando ele sumiu no meio da madrugada. 

A maioria das pessoas na ilha sabiam do caso. Haviam visto os homens suspeitos naquele dia, haviam visto a maneira como olhavam Ariel. 

Boa parte dessas pessoas sabia do caso, de como eles haviam arrastado a criança para dentro do galpão, como foram pegos antes de conseguirem concretizar a intenção por Max e Sam.

Algumas pessoas da ilha contavam o caso, de como houve o lixamento por alguns pescadores quando chegaram no local, e por isso os homens foram levados tão feridos para o continente pela polícia.

Poucos deles sabiam que quando Max e Sam chegaram no galpão, Ariel não estava precisando de socorro. Os ferimentos não foram dados pela população. Na verdade, Max tinha certeza que se não tivessem chegado lá, aqueles dois homens podiam estar mortos.

O sangue deles estavam nas mãos de Ariel. A expressão dele furiosa e predatória, que nunca pensou, até aquele dia, que veria no seu filho.

Não, Max não conseguia definir Ariel.

Ainda assim, ele era a pessoa mais importante para ele na vida.

Ele não iria perder seu filho.

"Entre no barco." Não esperou para ver se a mulher tinha feito isso, desamarrando Dolce Merinda rapidamente. Os gritos haviam parado, mas sabia a direção deles.

"Max!"

A voz de Sam o fez se virar e xingou baixo. O homem o fitava, ensopado, enquanto corria no cais.

"O que diabos faz aqui!?"

"Eu estava no farol quando os vi pegar o barco. Eu vou com você."

"Sam..."

"Não estou pedindo."

Pensou em negar, mas sabia que se confiava em alguém naquele momento, seria Sam. 

"Me ajude a puxar a âncora."

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Um dos tentáculos veio na direção dos dois. Ariel ergueu a mão e uma onda forte os afastou longe, ainda o segurando firmemente. Eric fechou os olhos ao ouvir um grito estridente, mais substância negra veio até eles quando um tentáculo parou no meio do ar e se contorceu, explodindo.

"Controle da água. Não se limitando somente a água em si, mas a parte liquida em si, o que incluía todos os fluídos, como o sangue."

"Você é uma sereia."

Falou de forma idiota. Era aquilo que faltava. Aquilo que não lembrava, até então. Anos atrás, os dois na água, Ariel nadando entre os barcos, sua cauda agitada. Era a informação que a mãe de Ariel havia se esforçado tanto para reprimir nele.

 Ariel não se dignou a o olhar, os olhos vermelhos furiosos nos inimigos ao redor.

"Tritão."  Mais substância negra. Gritos. "Tem muitos deles. Temos que voltar ao barco."

O som do sinaleiro cortou a tempestade.

"ARIEL!"

Havia uma luz à frente, no meio do mar revolto. Não conseguia ver o que era, mas Ariel sim.

"Tab top!"

Os olhos vermelhos ficaram aterrorizados  nos seus, toda a luta dando lugar a medo. Os cabelos vermelhos ensopados, o rosto pálido. 

Os sons ao redor pareceram sumir quando ele o fitou daquela forma. Nunca queria ver Ariel assim. 

O abraçou com mais força na água, suas pernas agitadas, tentando se manter na superfície.

"Ariel. Vai ficar tudo bem."

Ariel o apertou com força em resposta, se acalmando. Quando falou, sua voz era firme.

"Segure firme em mim. E segure o ar."

"Ariel!?"

Foi engolfado pela água, que se moveu velozmente. Suas costas bateram em algo duro com força e sem cuidado. Tossiu em desespero, perdendo o pouco ar que tinha.

 Mãos o seguraram e o puxaram para a cima. De repente estava dentro de um barco.

"Ariel!"

Abriu os olhos atordoado, reconhecendo a voz que gritava.

"Você está bem?" Sam o fitava de forma preocupada, ensopado.

"Sam! Segure o leme!"

Novamente aquela voz. Max.

Sam o soltou e correu. Logo Max estava correndo na proa. Uma mulher desconhecida estava na bancada do Dolce Merinda, uma mão estendida.

"Ariel."  Murmurou se erguendo rapidamente. Apenas a tempo de o ver tentar entrar no barco, a mulher quase o alcançando. Apenas para ser puxado de volta para a água.

"Ariel!"  Max e a mulher gritaram ao mesmo tempo. Eric correu até a proa, quase caindo com o balanço terrível do barco. Tentou o avistar, tendo um vislumbre do cabelo vermelho por alguns instantes.

"Eles estão tentando o arrastar de volta." A mulher gritou no meio do barulho da tempestade.

" O que é essa coisa?!"

Os dois miraram a criatura-mulher que emergia, soltando um grito enfurecido. A substância negra na água indicava que Ariel havia a atingido novamente.

"Isso... é Úrsula."

A mulher subiu na bancada, ao mesmo tempo que a cabeça de Ariel emergiu. Eric viu com horror o tentáculo ao redor do torso dele o erguer no ar, o jogando com força contra a água.

A mulher ergueu a mão e para sua surpresa um brilho o ofuscou momentaneamente e viu um tridente na mão dela.

Atrás dele Sam xingou surpreso.

Ariel ressurgiu, lutando na água. Eric sentiu seu peito pesado, sem ar e caiu e joelhos. Uma dor aguda tomou seu corpo.

"Você está sentindo o que eu sinto"

"Ariel."

Ainda na bancada, a mulher ergueu o tridente, apontando em direção a luta. Max agarrou a mão dela com força.

"Você está apontando para os dois."

"Não tenho tempo de..."

"NÃO VOU DEIXAR O MACHUCAR."  Os dois se olharam, respirando rapidamente. "Eu vejo em seus olhos, majestade. Não está tentando salvar meu filho, ou já teria entrado nessa água."

A expressão da mulher caiu, e esperou ela negar.

Max também parecia esperar, e o silêncio era sua resposta.

.........................................

"Ele é seu irmão! Disse que o amava!"

"Você não entende."  Ela implorou, a mão que segurava o tridente, trêmula. Ela podia a puxar facilmente, mas por alguma razão, tinha que fazer aquele homem entender.

Como se a permissão lhe eximisse mais da culpa do que estava prestes a fazer.

"Não, não entendo!"

Os olhos azuis furiosos a fitaram de volta. Desesperados.

"Se ela pegar o kagin dele, será o fim! Se ela o controlar de alguma forma, Atlantis vai se acabar, e nem a superfície vai estar segura!"

"Kagin?"

Uma voz os interrompeu, e os dois saíram da sua bolha e fitaram o homem que estava se segurando na bancada. Os olhos azuis firmes, uma mão estendida aos dois.

"Isso?"

Enrolado no braço dele, lá estava. Ela reconhecia-o, claro. Nunca esqueceria do kagin de Ariel.

"Como..."

"Ele me deu."  Ele falou, mas então balançou a cabeça. "Não, não é verdade. Ela." Ele apontou para a água. "Ela me entregou. Ariel disse que era meu sempre, e então quando ele tocou nele..."

A voz dele morreu, e Attina notou como ele se segurava na bancada, não para se proteger, mas seu corpo se inclinando.

Como se quisesse pular na água.

Mesmo com todos os monstros ao redor da balsa, ele queria entrar na água.

"Você está ouvindo o chamado do oceano."

O homem assentiu, a expressão levemente confusa.

"Foi isso que ele me disse."

"Attina?"  A voz de Max parecia menos furiosa, mas ele não soltou sua mão.

"Ele tem o kangi de Ariel." Attina fitou o homem. "Ela não está atrás apenas de Ariel, ela está atrás dele."

"E isso muda algo?"

Mudaria? Se Úrsula deixou a kagin na mão desse homem, ela sabia que ele acabaria de volta com Ariel. Ela não sabia como ele havia ido parar na mão de Úrsula em primeiro lugar, mas isso explicava Ariel estar amaldiçoado e ela ter sumido anos atrás. Não havia ligação entre eles.

Já esse homem... O fitou, de forma calculista. Max ainda a segurava, o tridente tremia em sua mão, sentindo que ela estava prestes a o usar contra o verdadeiro dono.

Úrsula devia ter descoberto que a única forma de conseguir controle sob Ariel seria por meio desse homem, ou não teria feito isso. Isso queria dizer que devia haver uma ligação real entre ele e seu irmão. Ela quebraria a maldição entre os dois, e haveria dois possíveis resultados.

Primeiro, Ariel se recusaria a consumir a alma dele e acabaria morrendo. Se ele morresse o controle do oceano iria para quem possui seu kagin.  Attina não sabia a razão de Úrsula mesmo não ter tentado matar Ariel, não tinha todos os fatos, mas isso ficava claro. Esse desconhecido teria o controle do oceano, e Úrsula estava confiante o bastante disso, então ela possuía algum meio de o controlar.

Ou Ariel consumiria a alma dele e se corromperia. Ele teria poder o bastante para destruir Úrsula facilmente, porém o oceano estaria nas mãos de alguém como a Úrsula de qualquer forma. E se ele passou por tanto tempo ligado a Úrsula pelo kangi já...era certo o que aconteceria.

E Úrsula estava confiante o bastante sobre o que seu irmão sentia por esse homem para descartar essa segunda possibilidade.

Quem era esse homem?

"Quem é você?"

"Max!"  Sam gritou. "O que estão conversando?! Não temos tempo!"

"Eric Prince." Ele gemeu, segurando a lateral dos eu corpo, os olhos fitando o caos de forma frenética. "Ariel!"

Eric Prince.

Ela conhecia esse nome.

Ela havia o ouvido bastante, lembrava do caos que havia gerado quando Ariel desobedeceu a seu pai e foi para a superfície. Era o garoto que ele tinha salvo. O garoto que mantivera contato, contra todos, até sua mãe ter que intervir. 

Talvez Úrsula não estivesse errada, mas...

"Há exceções."

"Athena..."

"Exceções? Que exceções?"

...Úrsula não sabia de tudo.

"Attina!"

"Eric Prince, você pode o salvar."

Os olhos azuis a fitaram de forma frenética. E ela soube ali, que estava certa.

"Apenas me diga como."

..................................

"Uma exceção."

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