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A mentira do Oceano

"E eu compreendo a vossa língua estranha,

Vozes do mar, da selva, da montanha...

Almas irmãs da minha, almas cativas!"

Redenção, Antero de Quental

Capítulo 16 - A mentira do oceano

Eric comparava a si mesmo como um barco. Por sua vida inteira ele havia sido esse barco, pequeno e perdido em meio ao vasto oceano. Sempre seguindo na mesma direção, lutando contra as ondas e correntes. Não havia terra à vista, apenas o grande oceano. 

No decorrer de sua vida, esse pequeno barco foi sendo surrado pelos elementos. Ele havia perdido suas velas (seus pais), seu leme (Marina) e a terra nunca surgia. Nunca havia descanso, apenas a luta árdua contra a  corrente. Até o dia que ele deixou de lutar contra ela.

Eric havia sempre feito o que sera suposto ser feito, o que todos esperavam que fizesse: Ser o filho perfeito, ser o irmão que nunca cometia erros, o sobrinho que orgulharia a família. As únicas coisas em toda a sua vida que havia feito por ele mesmo foram sair daquele hotel mais de uma década atrás procurando desvendar o mistério de seu salvamento e ter entrado no mar para morrer semanas atrás.

Essas duas coisas o levaram ao mesmo destino: Ariel.

Eric havia se cansado de lutar contra a corrente, de procurar uma terra que nunca chegava. Ele estava apenas tão cansado. Talvez aquilo fosse um erro, mas estava mais do que disposto a pagar por ele. 

Ariel estava ali abaixo do seu corpo na cama pequena, as mãos frias passando por seu peito, a boca na sua de forma afoita e quase desajeitada. Era a romã que o prenderia o inferno, que o fizera ficar ali quando tudo gritava para que fosse embora, ele sempre havia sido sua romã. 

Seus olhos varreram pelas sardas que desciam do pescoço para o peito dele, os músculos longos embaixo da pele que percorria com os dedos. Uma pele fria, mesmo que ele mesmo estivesse quente. 

Puxaram as roupas úmidas para fora do corpo, ignorando o colchão molhado abaixo dos dois ou como seus dentes trincavam quando tocava na pele dele. Nada importava, não com Ariel erguendo o tronco em sua direção, procurando seu calor. 

Ariel era tão delicado em comparação a ele. Seu corpo praticamente o cobria por inteiro,  as mãos segurando em seu ombro podiam ser facilmente engolfadas pelas suas. O beijo era afoito e seus dentes batiam no dele, em pura inexperiência. Isso o fez parar de forma momentânea, olhando nos olhos dele. Os olhos que o fitaram de volta o fizeram perder o ar: a cor que tanto estava acostumado, o caleidoscópio que o manteve cativo por todo esse tempo, estava mesclado com um tom avermelhado, semicerrados. 

Eric havia visto coisas estranhas o bastantes nas últimas horas para aquilo o deter apenas por alguns segundos, a pergunta que faria morrendo em sua boca quando ele subiu em seu colo, o corpo frio se moldando ao seu. Os braços dele se enrolaram em seu pescoço, permitindo que ele comandasse quase de forma languida. 

A boca encontrou a sua novamente, as mãos agarrando seu cabelo de forma quase dolorosa. Eric o segurou pelo quadril, o movendo contra ele, engolindo os gemidos  na sua boca, ignorando tudo mais, a tempestade lá fora, suas perguntas, suas dúvidas.

Eric não lutou mais contra a corrente e se deixou levar.

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Athena já havia aceitado a morte.

Desde que Tritão se fora ela sabia que não iria sobreviver sem ele. Ela havia sentido cada um de seus filhos morrer, exceto Attina e Ariel. Naquele ponto a única coisa que poderia fazer seria dar uma chance a eles.

Ariel estaria seguro, o oceano o protegeria.  Attina iria receber seu último presente quando ela se fosse e poderia proteger seu irmão até chegar a hora de ele assumir seu papel em Atlantis.

Ela sabia que seu povo não iria se curvar, só precisavam de tempo. E ela os daria.

"Finalmente deixou de correr, Athena."

Úrsula viera pessoalmente, em toda a sua natureza horrenda que só denotava o quanto ela havia caído por poder. Sua cauda se fora dando lugar a tentáculos, as criaturas monstruosas do abismo estavam em seu comando. 

Athena havia aceitado a morte, mas ela não facilitaria as coisas.

Por isso ela lutou e destruiu o máximo de monstros que podia, sabendo que só precisava de espaço para chegar até aquela terrível criatura. Úrsula, mesmo com todo o poder roubado não teria um combate direto com ela por uma razão. Mesmo enfraquecida, ela ainda tinha o mar ao seu lado, mesmo com seu Kagin destruído.

Infelizmente ela não chegou a tanto. Logo sentiu seu corpo paralisar de forma repentina na água. Olhou para baixo e viu os olhos multicoloridos das terríveis criaturas. O segundo choque a rendeu totalmente,  sabia que não havia mais nada a ser feito.

Ouviu a risada de Úrsula, sentiu a sombra do monstro acima do seu corpo, os tentáculos a envolvendo em um aperto mortal.

"Mama!"

Arregalou os olhos, a única parte que conseguia se mover.

'Não.'

Devia saber que Ariel não a obedeceria.

Viu de forma horrorizada seu filho, seu pequeno Ariel tentar nadar na sua direção apenas para ser pego pela terrível mulher, que parecia claramente surpresa por ele ainda estar vivo.

Ao invés do medo que sabia que ele estava sentindo, os olhos dele estavam furiosos enquanto se debatia.

"O que temos aqui? Quer salvar sua mama, príncipe?"

'Não Ariel, não'

"Solta ela! Solta!"

O mar, mesmo dali podia o sentir em fúria. Os monstros pareciam retroceder. Athena quase sorriu com a surpresa da bruxa. Ela não tinha ideia do que Ariel era capaz. Do que ele seria com alguns anos apenas.

"Então é verdade."  A bruxa murmurou, ainda segurando seu filho. E Athena sabia que ela não iria o matar, não com a prova viva ali, de quem ele era.

Tudo pareceu parar naquele momento, enquanto tentava reunir qualquer força que ainda tivesse para salvar seu filho.

"Vamos fazer um trato, pequeno." A voz sedosa se fez ouvir e sentiu seu sangue gelar com isso. Conhecia aquele tom de Úrsula, sabia o que viria. "Eu deixo o ser que comanda o mar vivo, e em troca...você me entrega seu Kagin."

Os olhos de Ariel procuraram os seus e Athena teve certeza de três coisas ao ver os olhos de seu filho:

Primeiro, ele não havia percebido a armadilha nas palavras de Úrsula.

Segundo, no entanto ele havia percebido que ela não sabia o que de fato estava pedindo. A bruxa imaginava que com o Kagin de Ariel teria o comando do oceano ao o controlar. Ela não sabia que não se pode entregar um Kagin a pessoa a que ele não é destinado sem que ambos acabem amaldiçoados. Aquilo era um conhecimento apenas da realeza.

Terceiro, Ariel iria fazer isso, mesmo sabendo das consequências para ele, porque mesmo com apenas 6  anos, ele havia sido treinando como rei. E um rei sabe que no fim, ele está fadado ao sacrifício.

'Não, Ariel, não.'

"Sua palavra." A voz baixa e cautelosa, infantil se fez ouvir. "Faça o voto, bruxa."

A bruxa sorriu e tocou o próprio Kagin no voto que não poderia ser quebrado por nenhum de seu povo.

"Eu não matarei ou ordenarei a morte do herdeiro do oceano, desde que Ariel, príncipe de Atlantis me entregue seu Kagin."

O cordão foi removido do pescoço dele devagar,  como uma força de fúria do próprio oceano as águas ficaram ainda mais turbulentas.

Úrsula pegou o colar com um sorriso no rosto, a outra mão segurando o rosto do seu filho.

E então ela a olhou nos olhos e Athena sabia exatamente o que vinha.

"Matem."

Ela, afinal não era mais a herdeira do oceano. Era Ariel.

Sentiu uma dor absurda por segundos, e então mais nada.

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A pele de Ariel era tão fria.

Eric beijou seu pescoço devagar, sua boca varrendo cada pedaço de pele que encontrava no caminho com beijos enquanto se moviam juntos. Soltou uma mão do quadril pálido e agarrou na nuca dele, nos fios vermelhos e molhados de suor e de água da chuva. 

As pernas dele se enroscaram mais em sua cintura, as mãos frias se agarrando em suas costas enquanto os dois se encaminhavam para o clímax. O apertou mais forte, mais perto, quase como desespero no momento, o mesmo desespero com que sussurrava o nome dele. 

Sua visão pareceu escurecer por alguns segundos, o corpo dos dois tensionou até relaxarem, ainda enlaçados, a respiração arfante. 

Uma mão sua se espalmou no colchão, segurando seu peso, a outra desceu da nuca para as costas dele em uma carícia e foi como se finalmente pudesse sentir algum calor vindo dele. Ergueu o rosto e o fitou nos olhos, agora totalmente vermelhos e semicerrados, ignorando o quanto ele mesmo se sentia gelado no momento. 

A boca vermelha pelos beijos se retorceu em um pequeno sorriso. Eric sorriu de volta e beijou a ponta do nariz dele e foi presenteado com o famoso nariz franzido que tanto adorava. 

Era o mais feliz que já havia se sentido em muito tempo.

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"Mama!"

Ariel gritou, se debatendo contra os tentáculos da bruxa.

"Você mentiu, mentiu!"

Por que ela não estava morta, se havia mentido?

"Eu não menti, pequeno."  A mulher falou quando os gritos, seus e de mama, pararam. "Eu não vou matar o herdeiro..."

Mama explodiu em espuma na sua frente, o mar estava ainda mais revolto. Seus olhos se arregalaram e ele paralisou nos braços da bruxa do mar.

"...Afinal, vamos comandar esse oceano juntos agora, não vamos?"

Seu corpo tremia. Aquilo não podia estar acontecendo.

Olhou a mulher com ódio nos olhos, seu corpo pequeno vibrando de tantos sentimentos que não conseguia conter. Ele abriu a boca para comandar o oceano, que agora, sem mama, estava todo sob o seu comando.

A mulher pareceu prever isso, os tentáculos se enrolando em sua garganta.

"Ah, não, não vamos precisar disso. Eu dito agora, meu pequeno. E por isso..."  Ela sorriu perto do seu rosto, os olhos ficando de uma cor diferente, heterocromáticos assim como os de seus terríveis monstros. Ariel sentiu seu peito se comprimir, sua boca se abriu em um grito estrangulado. "Me dê sua voz."

Podia sentir algo ser arrancado de seu peito. Perder algo de si, como havia sentido no momento que entregou seu coração aquela mulher. Seu corpo pequeno tremeu pelo estresse e gritou sem voz.

O pânico fez o mar ainda mais revolto e, mesmo sem saber, em seu terror, sua dor e sua raiva Ariel fez algo que nunca nenhum herdeiro conseguiu antes.

'Ajude.'

Ele comandou o oceano sem a voz, sem nem mesmo a intenção, nada além do mais puro instinto de autopreservação.

Ouviu o grito da mulher, sentiu a tormenta ao seu redor enquanto seu corpo rodopiava brutalmente dentro do redemoinho.

E ele foi jogado em direção a superfície, ao desconhecido.

O oceano viera em socorro de seu herdeiro.

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Eric acordou sentindo frio.

Por alguns segundos ficou confuso, sem lembrar do que havia acontecido. Até lembrar e se erguer rapidamente, procurando Ariel.  Por alguns segundos desesperadores pensou que ele havia saído, que ele havia fugido de novo, que havia feito algo de errado.

Ele não estaria errado nisso, Eric Prince. Ponderou enquanto procurava as calças rapidamente no chão.

Ariel era mais novo e inexperiente que ele. Inferno, Eric pensou que ele era mais novo ainda quando o viu pela primeira vez! Ele havia feito sexo com Ariel e quando Max descobrisse era um homem morto. 

Porém, nem essa ameaça de morte iminente o tiraria da nuvem de felicidade. A única coisa que faria isso seria perder Ariel por isso, seria Ariel o odiar pelo o que haviam feito. 

Correu do quarto, tropeçando no chão molhado, apenas para suspirar em alívio ao chegar no fim do pequeno corredor.

Ariel não havia ido embora. Ele estava de pé reclinado no balcão de madeira, vestido e ao que parecia havia feito café.  Eric não sabia o quanto ele havia dormido, a chuva lá fora ainda não havia parado e tudo estava escuro pelo tempo nublado, mas imaginava que já houvesse amanhecido

Sorriu, ignorando o quanto tremia de frio, o quanto toda a casa parecia gelada. Apenas quando chegou muito perto, notou que Ariel fitava algo de modo fixo.

"Ariel?"

Ele não o olhou, uma xícara de café na mão, que parecia estar já fria. 

Por alguma razão sentia a sensação gelada em seu peito. Havia algo de errado. 

"Ariel, o que está olhando?"

Os olhos verdes o olharam de volta e pausou. Os olhos dele pareciam perigosos, o mesmo predador que havia visto na gruta horas atrás. Eric quase deu um passo para trás, mas se manteve firme, a expressão confusa pelo o que teria causado isso.  

Horas atrás eles estavam bem. Eles haviam deitado juntos, Eric conversando até dormirem. Agora ele parecia procurar algo em seu rosto, cauteloso de cada movimento seu. 

"Eu...eu fiz algo de errado?"

Como resposta Ariel voltou o olhar para algo no balcão e viu agora que as mãos dele apertavam a beirada de madeira com força.

Finalmente seus olhos encontraram o que ele tanto fitava.

Era o colar que havia achado naquela manhã, junto com o livro estranho. O colar que havia o deixado tão frustrado, que havia o trazido as primeiras memórias sobre Ariel, de alguma forma.

Engoliu em seco, se sentindo tenso. O ar parecia ainda mais gelado e Ariel não o fitava mais, os olhos no colar em concentração absoluta.

"Sabe o que é isso?"  Perguntou de forma incerta. "Apenas apareceu nas minhas coisas."

Ariel voltou a olhar com isso, procurando sinceridade em sua voz. Ele relaxou minimamente as mãos quando pareceu a encontrar.

Eric franziu o cenho, se perguntando a razão de isso ser tão importante, era só um colar, talvez do antigo dono da casa?

Não.

Pausou, lembrando que já havia o visto antes. A mulher, a mulher que havia cuidado dele dias atrás. Era o colar dela, ele tinha certeza, havia ficado fixado o bastante nele para lembrar.

"Ariel." Perguntou de forma mais cautelosa. "O que é isso?"

Os olhos dele estavam fixos na peça novamente, a voz melodiosa formou apenas uma palavra.

"Kagin."

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Notas finais

Algumas coisas sobre esse capítulo: muitas pistas de coisas que já foram faladas.

Eu não sei escrever cena sexy direito.

Finalmente sabemos como Ariel perdeu seu kagin e como a rainha Athena morreu. E sim, Ariel estava roubando o calor de Eric e de forma consciente, não que Eric estivesse reclamando da situação... enfim. 

No próximo, ação.

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